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A expressão Reino de Deus no tempo de Jesus, e as suas correntes apocalíptica

CAPÍTULO II O Reino de Deus na perspectiva da Palestina no século I, na Época de

3 A expressão Reino de Deus no tempo de Jesus, e as suas correntes apocalíptica

Em relação a expressão Reino de Deus no tempo de Jesus, afirma-se que para resolver esta afirmação, convém não perder de vista que na época de Jesus, entra de cheio o que se domina (Época Apocaliptica), ou sejas, o tempo que vai do levantamento dos Macabeus no ano 167 aC até a guerra Judaica no ano 70 dC. É uma época de insegurança religiosa, política e social, época de angústia.

O povo Judeu suportava vários séculos de dominação estrangeira. Esta situação contradizia as esperanças messiânicas de libertação. Nessa situação dura e difícil foi surgindo

102 MONLOUBOU, L. e DU BUIT. F.M, Dicionário Bíblico Universal. Petrópolis: Santuário-Vozes, 1997,

p.262.

103 JEREMIAS, Goachim, Jerusalem no Tempo de Jesus (Pesquisa de História Econômica-Social no período

e trazendo ao povo uma esperança que deu origem ao movimento Apocalíptico. O sistema, a situação presente, esta chegando ao seu fim, significando que Deus colocará um final nisso tudo, fazendo com que possa surgir uma nova situação, com a preparação e a intervenção de Deus na história, ou seja, do Messias.104

Um elemento importante na motivação dos Judeus que persistiam na devoção a lei foi provavelmente o seu ardente desejo do cumprimento das antigas promessas de Deus a Israel: que poderiam viver sem ser molestados na terra prometida, que seriam um grande povo e até que através deles outros povos receberiam as bênçãos divinas (Is 42,1-7; 49,1-6). Continuaram na ideia tradicional de que o cumprimento das promessas de Deus estava condicionado ao cumprimento das disposições da aliança mosaicas da parte deles. Mas também sabiam que sua falha em guardar a aliança não podia ser a única causa do seu sofrimento e perseguição.

No decorrer de toda crise eles tinham permanecidos fieis. Contudo, estavam sendo perseguidos e marginalizados precisamente porque aderiram a Lei, mesmo quando a sua alta aristocracia Sacerdotal, em aliança com as autoridades Imperiais, a tinham abandonado. Era necessário encontrar uma interpretação mais transcendente para sua perseguição. Estavam numa crucial necessidade de uma revelação de sua história, estava se tornando tão desastrosa.105

3.1 O Genêro Literário e a Literatura apocalíptica e as suas estruturas de Jesus

Enquanto os profetas utilizavam-se das palavras para receber e anunciar as mensagens divinas, pregando aos ouvintes de seu tempo, Apocalíptica se utilizará de imagens e parábolas, em obras literárias, para transmitir esta mensagem. Isto irá requerer um detalhamento de interpretação para objetivo final ser alcançado, mesmo que utilizando como tática o segredo, o que a torna mais atrativo. E ainda por traz de nomes famosos do passado, como Henoc, Moises, Daniel e Esdras e entre outros, esconde-se pessoas e grupos anônimos, os verdadeiros apocalípticos judaicos. Tem como método de utilização de histórias passadas, como se o homem de Deus tivesse previsto os pormenores.106

104 DOMINGUES, José, SÁEZ, Júlia. O Homem de Nazaré, Petrópolis: Vozes, 1987, p.129.

105 HANSON, Jhon S. & Horsley, Richard A. Bandidos, Profetas e Messias. Movimentos populares no tempo

de Jesus. São Paulo: Paulus, 1995, p.33-34.

As profecias passadas se realizaram, e também se realizarão as futuras relacionadas ao fim, se crer estar bem próximo. A literatura apocalíptica propriamente dita segue um estilo de escrita presente no mundo judaico aproximadamente por 350 anos, encerrados por volta do ano 100 dC, mas retomados continuamente por nós no mundo atual. Além do gênero apocalíptico, abarca também outros gêneros constitutivos do mesmo ambiente.

A visão apocalíptica era sobrecarregada de sonhos, visões, símbolos, metáforas e alegorias associadas a fértil imaginação popular. Inclui aspectos cósmicos as visões, enaltecendo ainda mais o fim dos tempos com imagens de animais chifrudos, dragões que soltam fogo, nascimento assustadores, além de montanhas, rios e terremotos espetaculares. Daí, o futuro passou a ser encarado como desafio em que a prosperidade e a liberdade política poderiam ser finalmente realizadas de maneira radical107. Uma mudança dramática estava para acontecer e ela somente não ocorreria se a estrutura social não se modificasse em primeiro lugar. O escrito apocalíptico mais antigo foi transmitido sobre o nome de Daniel.108

3.2 A situação do messianismo e o apocalípticismo

Em relação ao surgimento do Apocalipticismo, com a derrota dos Seleucidas, promovidas pelos irmãos Macabeus, aconteceu algo na história dos Judeus, esta vitória passou a ser símbolo do messianismo incorporado pela redenção Judaica, o que arrastou muita gente para linha revolucionaria. Devido às diversas perseguições políticas, toda a situação vivida pelos Judeus no exílio da Babilônia, durante a opressão romana, torna compreensiva a esperança messiânica vivida no primeiro século da nossa era. Uma expectativa válida como revigoramento para continuar a vida sobre expectativa de uma intervenção divina por meio de seu enviado, o Messias que irromperia na história.

O Messias esperado surgira para restaurar o tão sonhado estado Judaico, liberar a terra outrora prometida aos antepassados pelo Deus do povo eleito109. Entretanto, somente antes da destruição do segundo templo vemos o crescimento do número de pretendentes messiânicos. Para a comunidade de Qumriam toda história bíblica, era vista como preparação do que viria que não era outra coisa da comunidade da nova aliança, composta por eles próprios110 e tudo

107 SCARDELAI, Donizete. Movimentos Messiânicos no Tempo de Jesus-Jesus e outros Messias, São Paulo:

Paulus, 1998,p.29.

108 LOHSE, Eduard. Contexto e Ambiente do Novo Testamento, São Paulo: Paulinas, 2000 ,p.59.

109 SCARDELAI, Donizete. Movimentos Messiânicos no Tempo de Jesus-Jesus e outros Messias, São Paulo:

Paulus, 1998,p.30.

110 MARTINEZ, Florentino Garcia e BARRERA, Júlio Treboli. Os Homens de Qumran-Literatura,

que é justo adere a eles. O Messias descrito nos seus documentos é difícil de ser identificado como um personagem histórico concreto, sendo no máximo Sacerdote legítimo e concreto.

A esperança apocalíptica representada pelo essenismo aspira pelo cumprimento, bem diante de uma brusca intervenção divina, num moral atemporal ou meta histórica (Escatológica), prefixada na lei que prevê a restauração de Israel; a corrente legalista, representada pelo Farisaísmo, propugna o cumprimento minucioso e fiel, por parte da comunidade judia, duma moral de realidade intra-histórica contida ou encaminhada pela Lei de Tora.

Durante todo período intertestamentário muito se especulou sobre a vinda do reino messiânico que seria inaugurado pelo próprio Deus, ora com ajuda de seus Messias ora sem ela. A natureza e identidade deste Messias são muito limitadas porque se dá pouca importância aos Messias. Seu papel era muito limitado, sendo possível considera-lo como homem mortal. Mas considerando-se a expectativa popular da época presente na Palestina, a visão que se tinha era de ser um rei guerreiro vitorioso, salvador e libertador do julgo dos romanos, além de destruidor dos ímpios e suas nações.

3.3 As condições sócio-econômicas do banditismo social judeu na Palestina

A obrigação primária dos camponeses Judeus era o tradicional dízimo. Sustento do sistema Sacerdotal e do complexo aparato do templo em Jerusalém era entendido como uma obrigação para com Deus. Praticamente desde os primórdios da civilização no antigo oriente médio, a terra era vista como propriedade do deus da área específica ou do deus da sociedade em geral. Os templos eram as casas dos deuses, e os seres humanos, eram o mito Babilônico da criação.