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A situação social e econômica da sociedade na Palestina no século I, e como funciona a pesca,

CAPÍTULO II O Reino de Deus na perspectiva da Palestina no século I, na Época de

1 A situação política da Palestina na época de Jesus, sob dominação romana

1.1 A situação social e econômica da sociedade na Palestina no século I, e como funciona a pesca,

beneficiários

Em Israel, constata-se que a terra pertence a Deus. Porém esta convicção não dispensa os homens de se organizarem. Em Israel passou de sistema tribal de nômades do deserto para o clã sedentário, proprietário de um quinhão de terreno. A estrutura patriarcal (A situação social que o pai, chefe da família, goza de intensos direitos sobre a família) e as leis de trocas de mulheres visavam a favorecer a conservação dos bens. Só os filhos de sexo masculino tinham direito a herança, uma dupla parte cabia ao mais velho. Parece que era provável que as terras ou ficavam todas com o mais velho ou permaneciam sem divisão. As filhas que herdavam, quando não havia descendentes masculinos, deviam se casar no clã. Quando não

havia filhos, não se transmitiam a herança para viúva (Exceto em Jerusalém), mas para os consanguíneos do lado paterno.

O novo casamento das viúvas sem filhos ocorria no clã do defunto. O irmão ou um parente próximo do morto deve tomar a viúva como esposa e o primeiro filho que nascer, e esse será, legalmente o filho do que morreu. Cada último de um período de sete anos era sabático. Os escravos judeus recobravam a liberdade, e deixavam a terra em repouso, seus produtos eram dos pobres, as dívidas de patrícios eram perdoadas. Cada quinquagésimo era jubilar. A terra alienada ou vendida, as casas (salvo na cidade) voltavam aos seus primeiros proprietários. Estas disposições objetivavam fazer de Israel um homem livre e proteger a propriedade de base do clã, mas, exceto entre as pessoas mais fervorosas, elas permaneceram letra morta.

Então, a partir do templo de Davi e Salomão, um mecanismo estatal, facilmente observável I Samuel 8, 11-17, foi implantado em seu lugar. Uma classe dirigente controlava a produção e apoderavam diretamente dos excedentes. Desde as origens da monarquia até tempo de Jesus, constituíram-se grandes propriedades privadas. Mas, em nenhum caso, tinham a extensão dos imensos latifúndios do Brasil. Jeremias escreveu a propósito da Galiléia: “não somente todo vale superior do Jordão, e provavelmente as margens norte e noroeste do lago de Genesaré, mas também uma grande parte das montanhas da Galiléia eram então, latifúndios.”. De maior parte pertencia a proprietários estrangeiros. Na Judéia também grandes proprietários, mas, em toda a Palestina existiam pequenas propriedades. Em tal situação sabe-se, normalmente, como se realiza a transferência de terra. Por toda parte se encontrava grandes números de pessoas arruinadas ou simplesmente sem propriedade privada desde o nascimento.69

Na época de Jesus na Palestina havia grandes grupos de agentes sociais, definidos como grupos comuns econômico, político ou ideológico na divisão social no trabalho, mais é determinante, em última análise, o nível econômico. Nesse período também haviam aldeias constituídas de pequenos proprietários camponeses que viviam em regime de auto- subsistência. Desde a conquista por Roma, desenvolveram-se os latifúndios onde trabalhavam assalariados e escravos. Nas cidades, sobre tudo em Jerusalém havia muitos artesões e comerciantes. Os latifundiários, os grandes mercadores e arrecadadores de impostos constituíam aristocracia leiga e sacerdotal e se identificavam com o Estado. Este Estado se

apropriava. Conforme já dissemos do produto excedente das comunidades camponesas sob a forma de impostos e dízimos.

Latifundiários, eram durante o reinado de Herodes, o grande e o de seus filhos (37 a C- 39 dC) aumentaram os latifúndios em toda Palestina, sobre tudo na Galiléia, sobre a influência do escravismo romano. Muitos espertalhões acumularam terras, comprando ao preço baixo dos camponeses endividados, ou mesmo, tirando-as deles por falta de pagamentos das dívidas. Também Herodes o grande, despojava os proprietários de terra para favorecer os seus colaboradores com grandes propriedades. Também eram aquinhoados assim alguns signatários romanos.

O sistema econômico e político imposto pelos romanos excluíam os pobres dos benefícios da sociedade ao mesmo tempo em que privilegiava os mais ricos, concentrando a renda. Estes mesmos eram excluídos do mundo religioso, centrado no sistema de pureza praticado pelo templo e na prática da lei compreendida pelos Fariseus. Historicamente, Jesus toma partido nos conflitos da sociedade, não permanecendo alheio a eles. E seu partido é a favor dos menores e excluídos, pois: por isso ele come com os pecadores, vive no meio deles, curas doentes, a todos acolhe e diz que tem parte com Deus. Não se trata simplesmente de uma boa ação ou virtude, mas sim de tomar partido nos conflitos. Afinal, ao mesmo tempo em que defende esses grupos acusa também os donos do poder, seja do poder religioso, e seus debates com os Fariseus e Saduceus o demonstram; seja do poder político econômico, e seus embates com Herodes, o Sinédrio e Pilatos também o demonstram.70

A dominação romana da Palestina judaica começou com uma conquista violenta seguida de um prolongado período devastador e luta pelo poder. Nessa época, o controle da área era disputado por facções asmoneias rivais, e pelo Império dos Pontios a leste e até facções rivais de guerra civil romana, que então assolavam o Mediterrâneo oriental e a Itália. Depois do governo duramente opressivo dos reis dependentes de Roma (Herodes e seus filhos) seguiu o governo direto dos governadores do império estrangeiro, algo que os judeus não tinham experimentado desde a conquista babilônica. Além disso, após meados do século I depois de Cristo, o comportamento da aristocracia sacerdotal judaica foi predatória.

Para os camponeses desde a dominação de Herodes e Roma, geralmente significava pesada tributação e, mais do que isso, foram expulsos da terra, significativamente o período de mais interesses em relação aos movimentos e líderes populares, como Jesus de Nazaré está enquadrado por rebeliões camponesas de grande escala: as insurreições que seguiram a morte

de Herodes no ano IV a.C.; e a maciça revoltam contra Roma em 66-70 d.C., seguida de uma segunda grande revolta contra Roma em 132-135 d.C.71

Os latifundiários, comerciantes, arrecadadores de impostos, que não eram sacerdotes, eles constituíam a aristocracia lega da Palestina nesse período. Eram denominados leigos, aqueles que eram chefes de famílias nobres de Jerusalém e faziam parte do Sinédrio, “senadores ou anciãos”.

Em Lucas (19,47) refere-se a eles como chefes do povo. A aristocracia sacerdotal era composta pelo sumo-sacerdote em função, e pelos que haviam sido sumo sacerdotes anteriormente. Também faziam parte dela o chefe do templo, os sete vigias e os três tesoureiros; eram junto com o sumo-sacerdote em função, uma espécie de comissão permanente do Sinédrio. Os 24 chefes dos turnos semanais dos sacerdotes e os 158 chefes dos turnos diários também fazem parte da aristocracia sacerdotal.

Normalmente os latifundiários eram comerciantes, e às vezes, arrecadadores de impostos. Os latifundiários durante o reinado de Herodes, o Grande, e os seus filhos (37 a.C. – 39 d.C.), aumentaram os latifúndios em toda Palestina, sobretudo na Galileia, sob a influência do escravismo romano. Muitos espertalhões acumularam terras comprando-as preço baixo dos camponeses endividados, ou mesmo tirando- deles por falta de pagamento das dívidas. Também Herodes, o grande, despojava os proprietários de terra para favorecer seus colaboradores com grandes propriedades, e por isso eram aquinhoados assim alguns dignitários romanos.

Os proprietários rurais também tinham grandes propriedades de gados, eles cultivavam os campos e tratavam dos gados explorando o trabalho escravo, e dos assalariados que eram judeus livres. Nas praças dos povoados e cidades haviam muitos camponeses e trabalhadores braçais, parados e esfomeados, desejosos de vender suas jornadas de trabalho por um ordenado (Mt 20,4). Esse salário era insuficiente para uma família que tinha acima de dois filhos.

Alguns proprietários viviam nos povoados e ocupavam-se das terras e dos gados. Outros moravam nas cidades e entregavam suas propriedades a administradores, que queriam enriquecer, explorando ainda mais os escravos e enganando o patrão72.

71 HORSLEY, Richard A. & HANSON, John. Bandidos, profetas e messias. São Paulo: Paulus, 1995, p. 47. 72 DOMÍNGUEZ, José & SÁEZ, Juliá. O homem de Nazaré. Petrópolis: Vozes, 1987, pp. 19-20.

1.2 O funcionamento da Religião e do Templo, e o papel dos sacerdotes, o grande