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Uma Igreja dos excluídos a partir de uma reflexão da Teologia da Libertação 

CAPÍTULO III O Reino de Deus é a referência e a centralidade para os Teólogos da

5 Jesus para os cristãos na América latina a partir do contexto dos pobres, marginalizados e

5.3 Uma Igreja dos excluídos a partir de uma reflexão da Teologia da Libertação 

A teologia da Libertação é uma corrente teológica que mais tem referendado a solidariedade para com os excluídos e oprimidos,189 E essa é uma das maiores contribuições que nossa igreja Latino-americana tem dado a toda Igreja católica. Diante de um Deus que é parcial para o lado da justiça, a opção pelos pobres se transforma na bandeira do compromisso da Igreja latino-americana enquanto o mundo deles se torna o lugar primordial da Teologia da Libertação em nosso continente. Isto exige praticamente que a reflexão não só nasça dele, mas

188 BOFF, Clodovis. Como Trabalhar Com os Excluídos, São Paulo, Paulinas, 1998, p.82-106.

189 HOP, Paulo N Thai. Pobres e Excluídos-Neoliberalismo e Libertação Dos Pobres, Aparecida, Santuário,

que se dirija decididamente a ele.190 A irrupção do pobre é o fato de maior relevo para a Teologia da Libertação.

Para o autor José Maria Vigil191 optar pelos pobres significa compromisso com a igreja latino-americana, e por isso existem alguns critérios, ou seja, renunciar a perspectiva dos ricos. Ao fazer essa opção nos implicamos ideologicamente,assim como opção pelos ricos,pois, tanto uma como outra coisa implica a opção por um modelo de análise da realidade social. Outro ponto interessante de refletir é optar pelos marginalizados significa escolher o lugar social deles olhar a vida, a sociedade, a história, a liberdade, as próprias possibilidades, tudo a partir desse lugar, desta perspectiva dos pobres, em função de seus interesses de troca de sociedade, e não em função de interesses de sustentação e consolidação do sistema que beneficia aos que têm interesses contrários a esses povos desfavorecidos.

Na verdade optar classes mais fracas não é, pois, em questão de preferências prefiro os pobres, embora não deixe de optar pelos ricos, mas uma questão de alternativa excludente: quem opta pela perspectiva e o lugar social dos oprimidos não pode partilhar, por sua vez,a perspectiva e o lugar social dos opressores.

Optar pelos pobres significa acolher pela pessoa do pobre em si,e não excluir a pessoa do rico. Optar pelos pobres é acolher uma causa, sua perspectiva, seus interesses, sua forma de ver a sociedade, tornando-se solidário com ele ao participar de suas lutas e compartilhar da utopia que os anima em seu compromisso libertador. Optar por esse grupo significa isto sim excluir a perspectiva dos ricos seus interesses privados e privatizantes, seus projetos de consolidação do atual sistema que lhes favorece na base da exploração dos pobres. 192

O século XXI pode ser considerados e qualificado como fascinante e cruel. Fascinante para todos que os que possuem um certo nível social, e que, reúnem condições de participar dos níveis de ponta do conhecimento tecnológico. Mas cruel para os pobres, para a massa que sobra, e que se torna descartável no contexto neoliberal. A sorte desses pobres continua sendo o desafio fundamental da missão evangelizadora da Igreja, em nossos dias. Devemos ressaltar as perspectivas ecológicas diante das destruições suicidas do meio ambiente. Elas nos tornam mais sensíveis a todas as dimensões do bom da vida e nos ajudam a ampliar o horizonte da solidariedade social, que deve compreender um respeitoso vínculo com a natureza.

A opção pelos pobres e sua teologia permanecem firmes e irrevogáveis, tendo constituído a contribuição de maior destaque de nossa igreja ao conjunto universal das Igrejas.

190 TAVARES, Sinivaldo S. A Cruz de Jesus e o Sofrimento do Mundo, Petrópolis, Vozes, 2002, p.165. 191 VIGIL, José Maria. (Org) Opção pelos pobres, São Paulo, Paulinas, 1992, p. 73-750.

Talvez, justamente por isso, uma tentativa de domesticação, disciplinarização. A opção que se faz pelo pobre não é somente teológica, mas teocêntrica, fundamentada no próprio Deus. Deus a fez em primeiro lugar, de tal forma que é impossível para um cristão perfeito não fazer a opção pelos pequenos.

O acesso a Jesus mostra suas virtualidades universais em diversas situações históricas. Na América latina, a Teologia de Libertação foi orientada para o Jesus histórico porque ela surge de uma experiência e práxis de fé vivida num projeto libertador.

6 Conclusão

Podemos verificar que o Reino de Deus, oferece no mínimo aquilo que é máximo para os pobres, ou seja, a própria vida. Ai se observa uma divisão fundamental entre aqueles que já tem a vida e a sobrevivência garantida, e aqueles em que as quais ainda não é garantido. Por isso o conteúdo religioso da boa nova do Reino de Deus fundamenta-se necessáriamente da libertação material e todo tipo de injustiça. Afirma-se que a boa nova, só se tornar-a uma boa notícia quando ela efetivamente ocorrer de fato a libetação daqueles que através dela deixa-se de ser oprimidos, e vivem a justa distribuição dos bens. Portanto, a boa notícia aos pobres é a notícia de que eles deixaram de ser pobres.

Assusta a oficialidade religiosa o fato de que este Reino toma partido dos pobres e marginalizados, dos fracos e desprezados e, frente aos qaue mumuram contra a bondade e a misericórdia de Deus.

Em toda pregração de Jesus a realidade última para ele sempre foi o Reino de Deus. O próprio Deus era visto como uma realiadade mais ampla. Entrento, ele nunca define concretamente o que é o Reino, mas diz que esta próximo, além de acentuar sua novidade, sua exigência, sua excânda-lo. Por isso, o intuíto de tentar desenvolver neste capítulo a proximidade do Reino na época de Jesus, com a situação dos marginalizados do continente da América Latina nesse período, pois, os mesmo que sofreram naquela época, hoje os excluídos não são tratados de maneiras diferentes do que aquelas pessoas.

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