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Fundamentação e Descrição do Processo de Investigação

Capítulo III O Estudo Investigativo

3. Fundamentação e Descrição do Processo de Investigação

“Num:estudo:de:âmbito:qualitativo:torna-se relevante definir questões que orientarão ao longo do seu desenvolvimento. É fundamental que se enuncie a problemática, os objectivos e as questões problemáticas para que se dê a conhecer o que se pretende – saber, elucidar para conhecer:melhor” Quivy & Campenhouldt (1992)

3.1.Descrição de Procedimentos Metodológicos - Caracterização

do Tipo de Metodologia

O estudo investigativo que integra este relatório tem como ponto de partida o grupo de crianças onde se desenvolveu a Prática Supervisionada em Educação Pré-Escolar, inserida no presente mestrado. Foram desenvolvidas variadas atividades promotoras da emergência da leitura e da iniciação à educação literária relacionadas com as diversas tipologias textuais, visando atingir os objetivos da investigação. Neste sentido, decidimos construir planificações semanais e diárias tendo em atenção o desenvolvimento da temática aqui referida e, por outro lado, contatar com comportamentos e comentários das crianças relativos à emergência da leitura.

Para que todo este processo decorresse de forma harmoniosa e obtivéssemos dados possíveis de ser examinados, tivemos a colaboração da educadora cooperante, dos encarregados de educação e da colega de par pedagógico. Com diferentes funções nesta investigação, todos estes agentes interferiram neste processo contribuindo de forma positiva para a obtenção de produtos proveitosos.

Nunca é demais referir que se trata de uma investigação em contexto educativo, ou seja, se por um lado o papel de educador enquanto divulgador de conhecimentos e condutor das tarefas de aprendizagem estava presente, a outra face de investigador, enquanto ser preocupado em observar e questionar também estava diariamente na instituição. Com isto queremos salientar o quanto importante é esta «dupla profissão» onde o trabalho não fica completo se não se estiver em constante avaliação, evolução e melhoramento da prática educativa. No fundo, um professor investigador deve ser curioso por natureza, gostando de saber sempre mais e buscando a melhoria efetiva da sua ação para que as crianças adquiram conhecimentos, competências e capacidades, tirando o melhor partido possível do processo de ensino e aprendizagem. Foi nesta busca pela melhoria da prática profissional que se deu a escolha da temática conducente a esta investigação. Deste modo, Quivy & Campenhoudt (2005) refere que investigar é caminhar no sentido de melhorar o nível de conhecimentos, aceitando todas as etapas presentes neste processo. O professor investigador deve definir obrigatoriamente uma linha orientadora simples, clara e concisa, de forma a facilitar o processo investigativo e transmissível de novas aprendizagens.

Julgamos que a metodologia que se enquadra melhor no tipo de investigação que propomos desenvolver, será a metodologia de investigação de natureza qualitativa. Assim, e tendo em atenção os objetivos que propusemos alcançar pensamos que a opção metodológica mais adequada será o paradigma interpretativo que, como referiu Erickson (1986), citado por Martins, E. (1996,p.5) este tipo de:metodologia:“centra-se:no:estudo:dos:significados:das:acções:humanas:e:da:vida:social” Portanto, “apesar: das: dificuldades: inerentes: a: todo: o: processo de investigação rigoroso, a investigação

natural. No âmbito educativo revela-se numa metodologia adequada para revelar/difundir novas concepções dos processos:educativos:mostrar:a:“cultura:escolar”:as:implicações:do:“currículo:oculto”: e os problemas que apresentam a nível consciente ou inconsciente nas instituições educativas em que estão presentes nas intervenções educativas de âmbito formal, não formal: e: informal” (Martins, E., 1996,p.38).

De acordo com o referido, pensamos que a melhor opção seria o estudo via investigação-ação a qual: “tem um compromisso para superar o: binómio: da: teoria: e: prática”: ou: seja: atua: no: sentido: de: fazer com que a prática e a teoria se: encontrem: num: espaço: comum”: citado por Serrano, G. (2004,p.160). Assim, no que diz respeito ao campo educativo, a investigação-ação não é mais do que um compromisso entre a prática que se vive na sala de aula, o professor como papel ativo, reflexivo e investigativo e a atividade educativa que leva ao desenrolar dos objetivos que conduzem a um hábito melhorado e eficaz. Com isto, concluímos que este tipo de investigação visa provocar mudanças na prática educativa, com base em formulações de hipóteses, e que posteriormente a uma fase de experimentação, reflexão e avaliação, se tomará medidas para que sejam argumentos válidos e adequados para aquele quotidiano educativo (Stenhouse, 1987). Por outras palavras e de acordo com (Latorre, 2003) os objetivos primordiais deste tipo de investigação são: provocar uma melhoria ou uma transformação no contexto educativo, refletindo sobre a ação, sendo os professores os agentes investigativos; articular a investigação, a ação e a formação, desenvolvendo progressivas mudanças.

Para que se pudesse realizar a investigação aqui referida, foi necessário proceder-se a um determinado conjunto formal de pontos de ordem. Inicialmente escolhemos um tema que se adequasse ao grupo de crianças onde estava a ser realizada a PSEPE. Traçados os objetivos desta investigação decidimos elaborar as declarações para que a diretora técnica, a educadora cooperante e os encarregados de educação tivessem conhecimento do estudo que iria ser realizado e dessem o seu consentimento. Posteriormente, foi necessário elaborar uma pesquisa teórica, aqui referida como enquadramento teórico e traçar as linhas gerais conducentes à recolha de dados (planificação; escolha e validação dos recursos a utilizar; implementação dos mesmos direcionando para a recolha de dados; análise e reflexão crítica dos resultados obtidos; conclusões finais).

3.2.Local de Implementação

Como anteriormente referido, a investigação em análise decorreu no semestre dedicado à Prática Supervisionada em Educação Pré-Escolar, compreendido entre os meses de março e junho de 2012. Neste sentido, a amostra foi o grupo com o qual desenvolvemos a unidade curricular acima referida, pertencentes a uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) da cidade de Castelo Branco. Relembramos que o leitor poderá consultar o capítulo I, ponto 1.2. do presente Relatório de Estágio para saber mais sobre o jardim de infância onde decorreu o estudo investigativo.

3.3.Participantes no Estudo/ Amostra

Foram parte integrante deste estudo dezoito crianças, sete meninas e onze meninos, de 4 e 5 anos da instituição já mencionada. Pensamos ser importante referir que quando começámos a prática supervisionada a sala era composta por 20 crianças contudo, e ainda na primeira fase da investigação (na elaboração do enquadramento teórico), duas crianças deixaram de frequentar este jardim de infância (motivos: falta de comparecimento sem aviso prévio e mudança de cidade).

3.4.A Realidade da Diversidade do Corpus Textual em Educação

Pré-Escolar

Ao longo das semanas de trabalho direcionadas para a prática pedagógica tivemos o cuidado de variar as tipologias textuais, sabendo desde cedo o vasto contributo dos diferentes tipos de texto para a emergência da leitura. Partindo deste princípio e dado que o estágio é um período de experimentação, decidimos desde da primeira semana de implementação investigar mais neste sentido. Claro está, que a alavanca deste estudo foi acionada com o interesse geral do grupo por este domínio. De facto, tal como afirma Ferrinho, B. e Sardinha, M. (in Azevedo, F. e Sardinha, M., 2003, p.164) “ler:para:as:crianças, ler com as crianças e proporcionar múltiplas oportunidades de contacto e exploração da leitura de textos e leituras variadas, incentivando todas as suas tentativas de leituras variadas, incentivando todas as suas tentativas de leitura, foi a forma que encontrámos de promover a entrada:da:criança:no:mundo:da:literacia”

De acordo com a temática integradora de cada semana, cabia-nos escolher os conteúdos e os objetivos que pretendíamos atingir. Como elemento fundamental da criação de unidades didáticas coerentes surgiam os textos que eram potencialmente motivadores para novas aprendizagens. Não houve uma atribuição direta de um tipo de texto a cada semana, ou seja, tínhamos a preocupação de diversificar o corpus textual ao longo da PSEPE contudo foi um processo efetuado de forma espontânea e aleatória.

Para elucidar de forma clara os textos explorados com a amostra envolvida no estudo, iremos apresentar uma tabela onde constatará a correspondência entre a tipologia textual e o género textual, segundo a classificação referida no enquadramento teórico do presente relatório de estágio (consultar 2.4.2.).

Salientamos o facto de que todos os géneros textuais a seguir apresentados (tabela 61) foram escolhidos pelo par pedagógico e pela educadora cooperante, ou seja, foram textos trabalhados ao longo do período que decorreu a prática pedagógica, quer fosse a minha semana de intervenção, da minha colega ou da educadora cooperante. Não faria sentido direcionar a investigação apenas para os recursos textuais que iam sendo abordados na minha semana de prática pois todos eles têm influência na amostra do estudo e, como sabemos, o facto de numa semana as crianças se apropriarem das características de uma destas tipologias influencia o trabalho a desenvolver na semana seguinte, tratando-se de um processo contínuo.

Tabela 61 - Tipologias e géneros textuais utilizados no processo de investigação (fonte: Inês Sim-Sim, adaptado de

Duke, Purcell-Gates, Hall & Tower);

Tipologia Textual Géneros Textuais

(utilizados no período corresponde à PSEPE)

Texto Informativo Notícia;

Cartaz; Ficção Narrativa Texto dramático; Contos; Histórias infantis; Trava-línguas; Lengalengas;

Poesia Poemas diversificados;

Texto instrucional Receitas de culinária;Instruções;

Biografia Registo biográfico;

Texto Epistolar Convite;

Recado; Anúncio;

Listagens Lista de compras;