• Nenhum resultado encontrado

Capítulo III O Estudo Investigativo

5. Tratamento e Análise dos Dados

5.3. Triangulação de Dados

Como referimos anteriormente, a observação foi um fator determinante para a obtenção de dados no que concerne a este estudo. No que respeita à exploração dos diversos géneros textuais ou à construção de textos com o grupo foi um trabalho de cariz cooperativo e colaborativo. Visando facilitar a exposição dos resultados obtidos, tentando torná-la simples e direta, decidimos dividir os momentos relativos à observação e notas de campo em três passos:

1- Envolvimento das crianças no cantinho da leitura e da mantinha;

Objetivo Categoria Questão

Unidade de

contexto (resposta) Unidade de registo

Objetivo 5: Compreender a importância da temática para a Educação Pré- Escolar Importância da temática para a Educação Pré- Escolar

12- Qual pensa ser a importância desta temática para a Educação Pré- Escolar?

“É: fundamental: É: pelo mundo dos livros, com as suas histórias, fantasia e encantamento, que as crianças aprendem a ser adultos curiosos, interessados e atentos:ao:mundo” - Importância da temática, dado que, é através do contacto com livros (histórias, enredos, fantasias, encantamento provocado por este suporte escrito) que a criança se transformará num adulto curioso, interessado e atento ao mundo. Concluir a

entrevista - Agradecimento formal;- Indicação que a validação da entrevista será feita da seguinte forma: cópia na íntegra da gravação para texto, leitura da mesma pela educadora e rubrica final.

áreas). O cantinho da mantinha era ocupado no início de todas as manhãs para efetuar o registo das presenças (código escrito) mas também para estabelecer conversas, diálogos debates sobre os mais variados temas. Contudo, este espaço foi apropriando-se de uma dupla função - para além do ato comunicativo estar presente o ato reflexivo dividiu esta área. Sempre que a criança queria ter o seu momento de reflexão, estar sozinha ou explorar um livro noutra posição que não sentada, podia livremente fazê-lo neste espaço. Um só cantinho possibilita ao grupo o domínio de dois aspetos tão importantes para a convivência social - a comunicação e a reflexão.

O cantinho da leitura era ocupado apenas por duas crianças de cada vez (dois lugares sentados), continha suportes escritos relativos às várias tipologias textuais e estava situado num dos locais mais acolhedores da sala - junto à janela (contacto com a luz natural a fim de não afetar a visão). Foram criadas diversas histórias, problemáticas e dramatizações a partir das ilustrações observadas, do reconhecimento de uma letra, entre outros aspetos. «Leio assim (apontando de cima para baixo). É assim que se lê sempre. O M. às vezes põe o livro ao contrário e diz que lê na mesma mas sabes ele está a imaginar que lê!», «Isto é a história de uma menina que não queria comer a sopa. Sei porque está aqui escrito.» «Este livro tem letras muito pequeninas e não tem desenhos. Serve para procurar coisas que não sabemos (referindo-se ao dicionário) este aqui também mas tem números, não sei bem para que serve (relativamente a uma lista telefónica).» Frases como estas foram obtidas através do contacto com esta área e com a colocação de questões. Pensamos ser pertinente referir que as crianças se comportavam de modo diferente quando estavam no cantinho da leitura. Falavam baixo e pediam várias vezes aos colegas para fazer silêncio. Destaca-se o excelente trabalho desenvolvido pela educadora neste domínio. De facto, não é só necessário a apropriação do ato de leitura mas também o contacto com os diversos espaços destinados a este efeito, tendo desde cedo presente o respeito pelo outro.

2- Registo de observação relativo à motivação face à exploração da diversidade do corpus textual; Vários foram os momentos em que as crianças estavam interessadas e motivadas nas abordagens a diferentes suportes escritos, contudo destacaram-se dois que julgamos ter sido os mais prazerosos para o grupo, na íntegra: a exploração do texto instrucional - a confeção de uma receita e o texto informativo - a construção de um cartaz.

Abordámos o texto instrucional - a receita em duas situações: na confeção de um bolo e de uma salada de fruta. Em ambos os momentos as conclusões foram as mesmas - o gosto por colocar em prática o que estava a ser lido. O facto deste tipo de texto permitir passar do abstrato para o concreto é de facto cativante para a emergência da leitura. Já a elaboração do cartaz não foi planeada por nós. Tratou-se de uma atividade sugerida por uma criança do grupo assim como a temática da mesma. Aproveitando o facto de uma criança ter levado para o infantário um gafanhoto para mostrar aos colegas e de todos quererem saber mais sobre aquele animal, surgiu a pesquisa em enciclopédias, na internet, a observação direta com recurso a lupas, o planeamento do que era pretendido informar, etc. De facto as aprendizagens significativas são essenciais para o desenvolvimento correto da criança e o educador deve aproveitar os saberes já adquiridos pelas crianças para conduzir outros novos, partindo do interesse do grupo, valorizando as ideias e opiniões de todos.

3- Referências à emergência da leitura e da literacia, enquanto alavanca das diversas áreas de conteúdo;

Ao utilizar-se diversas tipologias textuais, o educador não está somente a expor as crianças às funções correspondentes a cada texto. Ao utilizar-se diversas tipologias textuais, o educador desenvolve a consciência linguística e a representação gráfica do grupo.

- O desenvolvimento da consciência fonológica e fonética (segmentações sonoras - as sílabas) facilita a correspondência entre o termo gráfico e o sonoro, isto é, ao dividir silabicamente as palavras as crianças associam a grafia ao som, compreendendo que o que diz é o que se escreve e vice-versa. Assim, através de palavras conhecidas do grupo efetuámos, ao longo deste percurso, diversas atividades planeadas ou espontâneas relacionadas com a divisão silábica (divisão de uma palavra em sílabas com recurso ao batimento de palmas; ordenação crescente de palavras consoante o número de sílabas; escrita da palavra no quadro e «escrita silábica»; entre outras). O facto de partirmos de palavras conhecidas de todos impede a criação de dúvidas, dado que, é conhecido o significado dessa palavra. Também a atribuição de um círculo a uma sílaba permitiu passar do abstrato ao concreto, sendo uma etapa fundamental no Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita. De facto, todas as atividades desenvolvidas visando desenvolver competências nesta área foram bem recebidas pelo grupo e exploradas num clima propício de trabalho.

Visámos utilizar a literatura enquanto veículo integrador e motivador para as diferentes áreas de conteúdo. De facto este mecanismo de trabalho era fortemente utilizado pela educadora cooperante e decidimos continuar com esta exploração. O grupo tem grande facilidade em compreender os textos, em retirar as ideias principais dos mesmos e o trabalho dos três momentos de leitura (antes, durante e depois) eram automaticamente abordados. Aliás, em várias observações efetuadas no cantinho da leitura percecionámos a exploração da capa do livro, a imaginação de um título, entre outros aspetos que eram desenvolvidos nos momentos antecedentes e posteriores à leitura.