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Capítulo III O Estudo Investigativo

1. Justificação e Contextualização

“Se:a:escrita:e:a:leitura:fazem:parte:do:quotidiano:familiar:de:muitas:crianças:que:assim:aprendem: para que serve ler e escrever, todas as crianças deverão ter oportunidade de ter estas experiências na educação pré-escolar”:(OCEPE,2009,p. 69).

A Prática Supervisionada em Educação Pré-Escolar constituiu uma fase fundamental para a essência de qualquer futuro profissional no mundo da educação. Tive a oportunidade e a sorte de ser colocada numa instituição com excelentes profissionais e, por isso mesmo, aprendi bastante ao longo dos três meses em que estive inserida naquela comunidade escolar. Consegui estabelecer boas relações com as crianças daquele grupo e, deste modo, com aprovação da educadora e da direção, foi com elas que desenvolvi o presente estudo. De mãos dadas com este ambiente de excelência e facilitador de boas aprendizagens, tive a oportunidade de planear, implementar, observar e refletir sobre os trabalhos das crianças em diversas áreas de conteúdo. Todas elas me pareciam apetecíveis de serem desenvolvidas e exploradas com este grupo, contudo, o Domínio da Linguagem Oral e da Abordagem à Escrita foi sem dúvida o mais marcante e revelador de interesse de pesquisa, trabalho e investigação.

Vários:foram:os:momentos: em:que:observei:crianças:“lendo”:e:explorando:livros:no:cantinho:da: leitura e da educação literária em que escutei conversas sobre um ou outro conto ouvido em casa; em que visualizei tentativas de escrita, em forma de desenho ou na fase pré-silábica. A rotina diária do preenchimento da tabela de presenças aproximava o contacto com aspetos emergentes da escrita e da leitura e era o que as crianças mais apreciavam. Questionando o porquê deste gosto tão maioritariamente definido, o grupo respondeu, por outras palavras, que gostavam de descobrir o nome e:a:consequente:perceção:das:letras:de:“ler:o:nome”:e:de:fazer:a:cruz:Também era notório o gosto por descobrirem o nome do colega seguinte e essa repetição diária motivava-as, sentindo-se felizes ao poder antecipar esse dado, acertando sempre (Marques, R. (1993)). Esta tarefa rotineira proporciona às crianças diversos contactos com aspetos fulcrais na emergência na leitura e na escrita.

Assim, decidimos enveredar por este caminho e, de algum modo, sistematizar o que já foi apreendido pelo grupo, propondo alargar estes conhecimentos, porque tal como referem Nunes, C., Silva, A. & Sim-Sim, I. (2008, p.7): “a: educação: pré-escolar, ainda que de frequência facultativa, é o primeiro degrau de um longo caminho educativo com um peso decisivo no sucesso escolar e social dos jovens, e o jardim de infância configura-se como um espaço de tempo privilegiado para aprendizagens estruturantes e decisivas no desenvolvimento da criança. Nesse processo, são inquestionáveis o papel e a importância da linguagem como capacidade e veículo de comunicação e de acesso ao conhecimento sobre o mundo e sobre a vida pessoal e social”

Seguindo este raciocínio, temos em mente abordar diversas tipologias textuais como suporte de apoio à emergência da leitura. Esta opção surgiu pelo facto de sabermos que os diferentes tipos de texto não são trabalhados em igual proporção, quer na educação pré-escolar quer no 1º ciclo do ensino básico. Sabemos que a priori o tipo de texto mais trabalhado é o narrativo e ao desenvolver atividades ligadas a outros tipos de texto, julgamos estar a criar uma motivação inicial nas crianças. Permite uma maior fluidez no decorrer das tarefas seguintes e também a apropriação de diversas competências facilitadoras na emergência na leitura, conseguindo promover a literacia já na primeira infância que, tal:como:refere:a:UNESCO:“a:literacia:():é:uma:prática:altamente:complexa:e:dinâmica:um:processo: de aprendizagem que se desenvolve em si mesmo ao longo da vida”

Com isto, queremos dizer que todos os tipos de texto possuem particularidades diferenciadas que permitem construir diversas capacidades pois:“hoje:sabemos:que:nenhuma:criança:urbana:de:6:anos: começa a escola na mais completa ignorância acerca da linguagem:escrita” (Martins, M & Niza, I., 1998, p.48, citando Ferreiro (1990)) e, portanto, nesta fase podem não ler por si mesmas textos divergentes mas podem conhecer as suas características” (Curto L. et al., 2000, p.49).

Como já referimos anteriormente, vamos propor aliar às tipologias textuais a emergência da leitura:pois:pensamos:que:“só:se:adquire:o:específico:da:linguagem:escrita:em:contacto com textos de uso social. Os livros de contos, outros livros infantis, cartas, notas escritas, jornais, revistas, folhetos, cartazes, etc. são modelos autênticos sobre:as:propriedades:da:linguagem:escrita”(Curto:L:et:al:2000: P.49).

Assim, ligada à emergência da leitura surge o desenvolvimento da linguagem oral associada à diversidade textual e “esta:recolha de material diversificado permite um certo aprofundamento de um mesmo tema e sobretudo a sua abordagem sobre diferentes pontos de vista. Esta forma de aprendizagem multifacetada favorece a compreensão aprofundada dos conceitos assim abordados, porque a sua verificação foi promovida pelo número maior de sentidos possíveis implicados”:(Rigolet: S. 1998, p.101).

Por último, pensamos ser importante referir que ao caminhar neste sentido não queremos de todo escolarizar a educação pré-escolar, ou seja, não é nossa intenção desenvolver trabalho que seja próprio de uma sala de aula do 1.º Ciclo do Ensino Básico. É sim nosso propósito criar um clima de aprendizagens significativas que permita atenuar o caminho para esta passagem, facilitando a entrada «no mundo das letras», tentando estabelecer pontes entre estes dois ciclos, não no sentido de transformar o Jardim de Infância numa preparação para a escolaridade formal, mas com o objetivo de desenvolver, de forma otimizada, as potencialidades reais de cada criança (Rigolet, S., 1998).

1.1.Identificação da Temática

A Emergência da Leitura na Educação Pré-Escolar: Diversificação do Corpus Textual.

1.2.Questão Problema e Objetivos da Investigação

Para que a investigação faça sentido, é fundamental que depois do tema escolhido seja elaborada a questão problema e, posteriormente, se proceda à determinação dos objetivos do estudo. Deste modo, a questão problema que orienta o trabalho aqui apresentado é a seguinte:

 De que forma o recurso às diversas tipologias textuais (diversificação textual) poderá ser um facilitador da emergência da leitura, criando aprendizagens significativas, em Educação Pré- Escolar?

De seguida apresentamos os objetivos que pretendemos atingir com este trabalho de campo. Segundo Lakatos, E. & Marconi, M. (1990, p.155):“toda:a:pesquisa:deve:ter:um:objectivo:determinado: para: saber: o: que: se: vai: procurar: e: o: que: se: pretende: alcançar: (): O: objectivo: torna: explícito: o: problema:aumentando:os:conhecimentos:sobre:determinado:assunto”

Assim, os objetivos a atingir são:  Objetivo geral:

 Conhecer e caracterizar a diversidade do corpus textual utilizado no processo ensino- aprendizagem;

 Objetivos específicos:

 Identificar os contributos dos vários tipos de texto na integração das diferentes áreas de conteúdo;

 Conhecer mecanismos de integração didática que promovam o interesse pela emergência da leitura significativa e crítica, utilizando os materiais didáticos disponíveis na instituição, bem como os meios de comunicação e informações que a mesma dispõe;

 Conhecer em que medida a diversificação textual promove o interesse pela emergência da leitura;

 Promover, dentro do espaço de sala de atividades, um contacto motivado e eficaz da criança com os diversos tipos de textos;

 Conhecer elementos de intertextualidade que confiram se a área de Expressão e Comunicação é um espaço transversal.