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Fundamentação teórica

No documento Centro Universitário UniProjeção (páginas 33-36)

DA HISTÓRIA

2.1 Fundamentação teórica

Discorrer sobre temas como ensino de Cultura Afro-Brasileira e História da África é uma questão de suma importância. Deve-se traba- lhar a partir de uma perspectiva voltada para compreender as possibi- lidades do ensino com as temáticas de matriz afro, tanto como analisar relatos específicos sobre o assunto. Tendo isso em vista, trabalharemos a partir da fala de pesquisadores especialistas no trato com tais ques- tões, analisando também obras de professores/pesquisadores da rede de ensino, almejando uma maior compreensão sobre as possibilidades de trabalho, do contexto escolar e dos entraves presentes no ensino de

elementos étnico-raciais. Obras como “Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?” de Kabenguele Munanga, “Re- fletindo sobre a identidade negra e currículo nas escolas brasileiras: contribuições do multiculturalismo” de Ana Canen, “Memória D’Áfri- ca: a temática Africana em sala de Aula” de Carlos Serrano e Maurício Waldman e “Africanidades e diversidades no ensino de História: entre saberes e práticas” de Arilson Gomes, dentre outras, são fundamentais para a compreensão de como se desenvolvem práticas efetivas em sala de aula acerca dos conteúdos étnico-raciais, além do trato com possibi- lidades de trabalho. Somado a estas obras, faz-se necessário observar também os “Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Pluralidade Cultural. Ensino Fundamental. Terceiro e quarto ciclos”, além da Lei 10.639, almejando adquirir uma compreensão mais aprofundada so- bre o assunto em questão. Apesar da existência de ações positivas no âmbito do ensino de Cultura Afro-Brasileira e de História da África, ainda se configura como um desafio trabalhar com tal temática. Seja pela pressão do currículo escolar, seja pela falta de apoio da direção ou até mesmo devido aos preconceitos do professorado. Faz-se necessário compreender sobre os conteúdos étnico-raciais principalmente devido a questões de pertencimento e de dívida histórica, trabalhando com a noção de que temos diversas culturas de matriz afro presente em solo brasileiro. Segundo Gomes

Para o Brasil que, com a escravização forçada de várias etnias africa- nas, recebeu nagôs, jejes, benguelas, fulos, fulas, tuaregues, iourubás, mandingas, minas, háussas, adamauás entre outros – identificar essas pessoas somente como negros é desconsiderar a profundidade étnico- -cultural desses povos. (GOMES, 2007, p.196).

Tendo isso em vista, percebe-se o papel do ensino de História da África e da Cultura Afro-Brasileira, que não é de somente discorrer so- bre conceitos vagos, mais sim sobre uma diversidade de origens, povos e questões culturais próprias, elementos que dificilmente conseguem ser trabalhados dentro da compartimentação estanque dos currículos programáticos.

Para além das leituras voltadas para o ensino das questões étni- co-raciais, trabalharemos com a didática da história, tendo em vista o

papel que possuí na análise dos processos de aprendizagem histórica. Compreender como a didática da história vai se configurando como campo disciplinar não é uma tarefa fácil. Analisar os mecanismos pre- sentes na mesma configura-se como uma viagem a partir de conceitos e de construções teóricas. Utilizar-se-á de artigos como “Didática da his- tória: passado, presente e perspectivas a partir do caso alemão” de Jorn Rüsen, “Para uma definição de Didática da História” de Odilmar Car- doso, “Os conceitos de consciência histórica e os desafios da didática da história” de Luis Fernando Cerri, dentre outros. A partir das discussões presentes nestes ensaios, tentaremos compreender como a didática da história se desenvolve acerca dos processos de aprendizagem históri- ca e como que a mesma compreende a disciplina histórica. Questões como a presença da consciência histórica e sobre o papel da mesma se apresentam nas obras analisadas. Observar como ocorrem os proces- sos presentes no que se refere à consciência histórica, aos insights e o papel do professor nessas problemáticas se apresenta de fundamental análise. Segundo Cardoso,

[...] a expressão ‘consciência histórica’ pode definir o pensar segundo conceitos e métodos históricos — pelo desenvolvimento de uma repre- sentação da disciplina História e da forma de pensamento disciplinar que lhe é subjacente —, o entender-se parte de uma história, o situar-se no tempo, o fundamento do conhecimento histórico e talvez a consci- ência de que há uma diferença entre os acontecimentos e sua narrativa. (CARDOSO, 2008, p. 161).

Compreender a presença de elementos históricos, ter competên- cias narrativas e conseguir ler o mundo a partir do pensamento históri- co configuram-se como parte da consciência histórica. Seja por meio do contato com filmes, novelas, pinturas, músicas, conversas com amigos, visitas a museus históricos, dentre outros, a consciência histórica vai se tornando cada vez mais aguçada, fazendo com que o sujeito compre- enda que a possui, que até mesmo por meio de suas próprias narrati- vas estará construindo e reformulando seus processos de compreensão histórica. Nota-se que não é somente na escola que se pode construir uma noção de que se possui consciência histórica, mas em diversos ambientes, nos quais surgem aprendizagens e maneiras diversas de

formular as experiências a nível de processos históricos. A disciplina de didática da história, por meio de seus mecanismos teóricos e meto- dológicos tenta compreender como se desenvolve a consciência histó- rica nos indivíduos, tendo em vista também os processos de educação histórica. Apresenta-se possível assim, observar como os processos de ensino dos conteúdos de matriz afro podem ocorrer a partir de diversas maneiras, seja por meio de contações de histórias, seja por meio de ofi- cinas e de diálogos com movimentos sociais, sendo o ensino de Cultura Afro-Brasileira e de História da África possível de formulação tanto em ambientes escolares, quanto em ambientes extraescolares.

No documento Centro Universitário UniProjeção (páginas 33-36)