• Nenhum resultado encontrado

2 TI – Tecnologia da informação

CAMADA DE NEGÓCIO 5.4.9 Modelo de Negócio

5.4.10 Gestão Legal

A DFM de gestão legal tem como objetivo prover orientações iniciais com base na legislação brasileira referente à software bem como apontar algumas licenças internacionais que podem ser utilizadas. Uma consulta a um especialista jurídico é considerado como de extrema importância de forma a se evitar problemas gerais legais / jurídicos antes, durante e depois de finalizado o projeto de inovação.

O seguinte texto apresenta um resumo das leis brasileiras que estão ligadas à proteção de diretos dos produtos chamados de softwares: a Lei nº 9.609 de 19 de Fevereiro de 1998, (chamada lei de software), a Lei nº 9.610 de 19 de Fevereiro de 1998 (lei dos direitos autorais), e a Lei 9.279/96... (Lei da Propriedade Industrial).

Em se tratando dos serviços de software que vão compor inovação e, portanto, o produto SOA, é possível ter três tipos de situação:

 Utilização de serviços de software já existentes das empresas que compõem a OV;

 Alterações em serviços de software já existentes, de forma colaborativa (empresas parceiras na OV trabalhando em serviços já existentes criados por outra empresa).

A Lei nº 9.609 de 19 de Fevereiro de 1998 dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no País, e dá outras providências. Essa lei define o programa de computador da seguinte maneira:

Art. 1º Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados (BRASIL, 1998b).

A definição que a lei 9609/98 cede ao programa de computador está alinhada com o produto da inovação que o modelo apresentado nesse trabalho deseja abordar, estando, portanto, suscetível a essa lei.

O regime de proteção dos direitos à propriedade intelectual está descrito no artigo 2 da lei 9609/98, o direito à exploração comercial do software para a empresa que desenvolveu o serviço de software, ou seja, o código fonte:

Art. 2- O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País, observando o disposto nesta Lei:

1- Não se aplicam ao programa de computador as disposições relativas aos direitos morais, ressalvado, a qualquer tempo, o direito do autor de reivindicar a paternidade do programa de computador e o direito do autor de opor-se à alterações não autorizadas, quando estas impliquem deformações do programa de computador que prejudiquem a honra ou a reputação.

2- Fica assegurada a tutela dos direitos relativos aos programas de computador pelo prazo de cinquenta

anos, contados a partir de 1 de Janeiro do ano subsequente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação.

3- A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.

4- Os direitos atribuídos por esta Lei ficam assegurados aos estrangeiros domiciliados no exterior, desde que o país de origem do programa conceda, aos brasileiros e estrangeiros domiciliados no Brasil, direitos equivalentes. 5- Inclui-se dentro os direitos assegurados por esta Lei e pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País aquele direito exclusivo de autorizar ou proibir o aluguel comercial, não sendo esse direito exaurível pela venda, licença ou outra forma de transferência da cópia do programa. 6- O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos casos em que o programa em si não seja objeto essencial do aluguel (BRASIL, 1998b).

Segundo esta lei, a proteção dos diretivos sobre o software independe de registro, mas caso a empresa deseje o software, deve ser registrado junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), órgão do governo federal brasileiro que controla registros e patentes.

Sobre patentes, trata-se de uma concessão pública que garante ao seu titular a exclusividade para explorar comercialmente uma inovação tecnológica. O INPI não realiza o registro de patente de software “puro”, pois a lei 9.279/96 (Lei da Propriedade Industrial) dita que: “Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade:... V - programas de computador em si” (BRASIL, 1996).

Isso significa que as funcionalidades de um software podem ser copiadas, mas o código fonte continua protegido. Na prática, um concorrente pode copiar o comportamento de um serviço de software desenvolvido, ou até mesmo o comportamento do produto SOA inteiro, desde que não utilize o código fonte de cada serviço de software da OV. A exceção a essa lei se dá quando o software desenvolvido está ligado diretamente a uma solução de hardware, mas nesse caso a patente é do hardware, que abraça também o software que o faz funcionar.

Outro aspecto importante no modelo é a possibilidade de co- autoria. A co-autoria pode acontecer quando uma empresa da OV trabalhar em um serviço de software já desenvolvido por outra empresa (adaptando-o ou modificando o serviço de software), ou ainda quando

duas ou mais empresas trabalharem em conjunto para desenvolver um serviço de software completamente novo. Quanto à co-autoria, a lei 9610/96 diz o seguinte:

Art. 15. A co-autoria da obra é atribuída àqueles em cujo nome, pseudônimo ou sinal convencional for utilizada.


§ 1o Não se considera co-autor quem simplesmente auxiliou o autor na produção da obra literária, artística ou científica, revendo-a, atualizando-a, bem como fiscalizando ou dirigindo sua edição ou apresentação por qualquer meio.

§ 2o Ao co-autor, cuja contribuição possa ser utilizada separadamente, são asseguradas todas as faculdades inerentes à sua criação como obra individual, vedada, porém, a utilização que possa acarretar prejuízo à exploração da obra comum (BRASIL, 1998a).

Isso significa que, caso a contribuição para o serviço de software modificado possa ser facilmente separada do código original, a empresa que trabalhou nesse código tem direito de registrar o código adicionado como de sua propriedade.

Ainda sobre co-autoria, tem-se o artigo 17 da mesma lei:

Art. 17. É assegurada a proteção às participações individuais em obras coletivas.


§ 1o Qualquer dos participantes, no exercício de seus direitos morais, poderá proibir que se indique ou anuncie seu nome na obra coletiva, sem prejuízo do direito de haver a remuneração contratada.
 § 2o Cabe ao organizador a titularidade dos direitos patrimoniais sobre o conjunto da obra coletiva.
 § 3o O contrato com o organizador especificará a contribuição do participante, o prazo para entrega ou realização, a remuneração e demais condições para sua execução (BRASIL, 1998a).

Para novos serviços de software feitos colaborativamente, uma pessoa jurídica deve ser indicada como organizadora e um contrato deve ser feito para indicar o remuneração dos co-autores. Os fluxogramas abaixo (Figuras 29 e 30) ilustram as possibilidades quanto ao direito de

exploração (direito patrimonial) dos serviços de softwares que podem vir a ser desenvolvidos para compor a inovação.

Esses fluxogramas servem para ajudar nas discussões de questões de direitos legais quanto aos serviços de software que compões a inovação, devendo devem ser assessoradas por especialistas jurídicos.

Ainda sobre a questão de direitos autorais, para simplificar as discussões, as empresas que compõem a OV podem optar por utilizar licenças denominadas de software livre. Com o uso desse tipo de licenças, os novos serviços de software podem ser utilizados posteriormente por todas as empresas envolvidas na OV e até por membros externos à OV, criando uma comunidade que futuramente pode dar suporte à inovações incrementais do software. Detalhes sobre essas licenças de software podem ser consultadas no Apêndice E.

Figura 29 - Direito e reuso de serviços de softwares existentes

Fonte: autor (2015). Re-uso de serviço de software existente Serviço de software modificado por parceiro?? Direito de exploração garantido a empresa dona original do serviço de software Não Sim Contribuição ao Serviço de software

pode ser utilizada em separado? Sim Não Direito de exploração garantido a organizador (empresa original) , contrato de remuneração as co-autoras Direito de exploração da contribuição garantido a empresa que criou a contribuição

Figura 30 - Direito em novos serviços de softwares

Fonte: autor (2015).