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2 TI – Tecnologia da informação

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.4 REDES COLABORATIVAS DE ORGANIZAÇÕES

3.4.1 Organização Virtual

Uma OV é uma cadeia de valor que se forma dinâmica e temporariamente pela união estratégica de empresas autônomas, com foco em complementaridades e/ou escala, para atender ou mesmo criar uma dada oportunidade de negócios ou de colaboração (seja do mercado, seja do próprio ACV as quais pertencem), oferecendo um conjunto de serviços como se ela fosse uma única empresa. Nela, há um compartilhamento de riscos, custos e benefícios, e sua operação é sustentada por relacionamentos e por um coordenado compartilhamento de competências, recursos gerais, informação e conhecimento (do ACV e

entre os membros da OV) através de um intenso uso de redes de computadores. Uma OV se desfaz após a entrega do “produto” (objetivo) e após terminadas todas as obrigações legais envolvidas. Ao longo do ciclo de vida de uma OV, novos membros podem entrar e/ou membros ora existentes podem sair (ALVES-JR; RABELO, 2013).

Uma OV pode ser uma pessoa jurídica ou não, dependendo da legislação fiscal e tributária existente na região ou País onde ela legalmente é estabelecida ou presta o serviço. Por exemplo, pela legislação fiscal brasileira, uma OV se encaixa como sendo uma organização do tipo “consórcio” (CANCIAN; TEIXEIRA; RABELO; 2015). Já em relação a um tipo muito comum de rede, as Cadeias de Suprimento (Supply Chain), as principais diferenças é que numa OV nem o produto a ser feito nem os parceiros que comporão a cadeia produtiva são previamente conhecidos ou serão sempre os mesmos. E mesmo que um produto análogo precise ser fabricado posteriormente, não necessariamente os membros da OV serão os mesmos; por exemplo devido a especificações qualitativas do negócio, ou da falta de interesse e/ou capacidade produtiva e/ou tempo livre para voltar a fazer parte daquela mesma OV (SEIFERT, 2009).

Uma OV pode ser entendida por meio de dois pontos de vista: funcional e institucional. Do ponto de vista institucional é uma combinação das competências essenciais de empresas independentes que cooperam entre si, onde cada membro pode ter acesso aos recursos existentes em toda a rede. O lado funcional aborda o como tais competências são coordenadas de forma dinâmica e orientadas para a solução de problemas (OLAVE; NETO, 2001). Além disto, do ponto de vista do usuário/cliente, ele “enxerga” a OV como sendo uma entidade única (ODENDAHL; SCHEER, 1999).

Segundo Olave e Neto (2001) a criação de uma OV depende de três aspectos principais: confiança, competência e tecnologia da informação. A confiança envolve aspectos ligados à cooperação entre empresas, compreendendo aspectos culturais e de interesse de pessoas e empresas. A competência está relacionada ao nível e área de conhecimento dos membros, e a tecnologia da informação é a que provê as bases da agilidade do fluxo de informações.

Cinco conceitos básicos devem ser observados na concepção e implementação de uma OV (KATZY, 1998; KUPKE, et al., 2002; LATTEMANN; SCHULZ, 2005):

 Oportunidade de agregar valor ao negócio: força que determina a criação de uma OV através da combinação de competências dos mais diversos tipos de atores a serem envolvidos;

 Sucesso de uma OV: depende de como ela é estabelecida, ou seja, depende do critério de seleção dos parceiros e dos processos/atividades aos quais estarão afetos;

 Operações de OVs: agregam experiência, confiança e geram conhecimento, que são os motivadores para que novas formas de OVs possam surgir;

 Redes de longo prazo: a maioria dos arquétipos de OVs é proveniente de redes mais estáveis, de longo prazo (como os ACVs), atuando como um locus de parceiros qualificados e que podem mais agilmente e com maior confiança formarem OVs;  Dinamismo das oportunidades: através de um processo contínuo e criativo, e amparadas por adequadas infraestruturas de comunicação e sistemas de suporte, permite que as OVs, mesmo sendo temporárias, possam se reestruturar e mudar relações funcionais e de poder durante sua operação, consoante seus objetivos correntes, regras vigentes, problemas ocorridos e requisitos de negócio.

Para Odendahl e Scheer (1999), existem várias barreiras a serem trabalhadas no âmbito de OVs, tais como: a questão da confiança como a base da colaboração; os modelos de contratos e garantias entre os membros que, quando demandados, precisam ser estabelecidos rapidamente; o fato de um ou mais membros de uma OV participar em mais de uma OV poder gerar conflitos de interesse; a transparência e adequados critérios de gerenciamento dos membros; e a transparência e adequados critérios e métodos de busca e seleção de parceiros.

Ciclo de Vida de uma OV

Uma OV possui um ciclo de vida bem definido, composto por cinco fases básicas (RABELO; COSTA; ROMERO, 2014):

 Criação: fase inicial, na qual uma OV é criada e configurada. Alguns dos processos realizados nesta fase incluem: seleção de parceiros, negociação de contratos, definição de níveis de direitos de acesso e de compartilhamento, entre outros.  Operação: fase na qual a OV está efetivamente em atividade,

realizando seus processos de negócios para alcançar os objetivos. Alguns dos processos realizados nesta fase incluem: mecanismos para troca de dados de forma segura, direitos de acessos e compartilhamento de informações, gerenciamento de pedidos, planejamento e supervisão da produção, entre outros.

 Evolução: fase na qual ocorre o tratamento de problemas de uma OV. Quando uma OV encontra-se em operação, alguns refinamentos podem ser necessários, ou seja, ela “evolui” no sentido de se adaptar a uma nova realidade. Situações de conflitos, quando for necessária a inclusão, exclusão ou substituição de um parceiro, em mudanças nos contratos/acordos, ou ainda uma alteração nos direitos de acesso/visibilidade de informação. A ocorrência desses problemas pode se dar por vários motivos, como incapacidade de um parceiro na execução de sua tarefa, ou ainda necessidade de aumentar a carga de um trabalho específico. Problemas considerados “insolúveis” dentro de uma OV podem levá-la a ter que ser dissolvida.

 Dissolução: fase na qual a OV encerra seu processo de negócio. Duas situações podem ocasionar a dissolução de uma OV. A primeira acontece quando todos os objetivos foram realizados, ou seja, o negócio fora executado plenamente pelos parceiros. A segunda acontece quando a colaboração não pode prosseguir pela ocorrência de uma grave exceção na execução de alguma parte do processo de negócio. É importante observar que um negócio não termina necessariamente quando o produto é entregue ao cliente final. Dependendo do tipo de produto e das leis vigentes, pode acorrer que a colaboração tenha de se manter por um certo tempo para fins de garantir serviços de pós-venda.  Pós-Venda: fase na qual a OV realiza operações contratadas referentes ao pós-venda ou entrega do produto-objetivo da OV. Tais operações envolvem garantia, devolução, reciclagem, manutenção, assistência técnica, entre outros. Tais serviços nem sempre são realizados pelos parceiros “originais” da OV, mas sim por parceiros de negócios ligados àqueles.

Durante as fases do ciclo de vida de uma OV, um membro pode desempenhar diferentes papéis. Assim, vários tipos de atores podem ser encontrados dentro e auxiliando uma OV, atuando, por exemplo, como Coordenador da OV, membro da OV, prestador de serviço da OV, entre outros (CAMARINHA-MATOS; AFSARMANESH, 1999).