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Parte V Ponto de chegada e futuras viagens

Anexo 4 Grupo de discussão

Transcrição do grupo de discussão (focus group)

A conversa entre o professor-investigador e o grupo de estudantes ocorreu dois anos depois (2018) da experiência de ensino do DD sobre a recensão (2016), quando os estudantes em causa já não eram alunos do professor-Investigador. Partindo de um ficheiro áudio que é possível consultar, o professor- investigador transcreveu a conversa tida com o grupo de discussão para o texto que a seguir se transcreve. Nesta transcrição, arrumou-se o registo dos estudantes, de acordo com os temas tratados, e assinalou-se, a negrito, as formulações mais significativas.

Tema 1:Identificação dos membros do grupo de discussão

DKL - Eu chamo-me DKL, tenho 21 anos. Frequentei o ensino primário na escola do bairro ferroviário das Mahotas, O ensino médio na escola secundária Eduardo Mondlane, em Maputo. Tenho como língua materna o português.

I – E sabe outras línguas?

DKL – Sei falar changana também. I – E em casa?

DKL – Português e um pouco de Changana.

NAS – O meu nome é NAS, eu frequentei o ensino primário, em Maputo, na escola primária de Laulane. Depois passei para o ensino secundário, na escola Força do Povo e, por fim, escola secundária de Laulane. Tenho como língua materna Português e falo também changana.

I – Qual é a língua de casa? NAS – Português e Changana.

I – A Socialização também é em Português e Changana? NAS – Sim

I – Com os amigos?

NAS – Com os amigos português, mas há outras pessoas, vizinhos...um pouco de changana...com pessoas mais velhas.

BLF – o meu nome é BLF, tenho 20 anos, frequentei o ensino básico na escola secundária franciscanos hospitaleira até 11ª e 12ª. Falo português, mas a minha língua

materna é changana e falo também Xitsua, pela parte dos meus pais. Em casa falo as três línguas, falo português, falo changana...

I – Mistura as três línguas ou fala com uma pessoa...

BLF – Sim, com uma pessoa português, com uma pessoa changana, com um pessoa Xitsua.

I – E com os amigos?

BLF – Com os amigos português. Com os vizinhos changana, A maior parte dos familiares falam xitsua, então ...

I – Fala três línguas? BLF – sim

JJO – Chamo-me JJO e frequentei o ensino básico na Escola Primária da Rua Sete e o Ensino Secundário na Escola Secundária Quisse Mavota. Tenho como língua materna changana....changana e português.

I – A língua que começou a falar qual foi? JJO – Português.

I – Mas em casa?

JJO – Em casa é português. I – E com os amigos?

JJO – Com os amigos é changana e português.

I – Indiferentemente? ... Ou tem pessoas com quem fala português e pessoas com quem fala changana? ...Ou mistura?

JJO – Misturo...

I – Diz umas coisas em português e umas em changana?

JJO – Não, por vezes estamos a conversar , assim, podemos falar português, então de repente, uma palavra em changana e assim sucessivamente...

CPC – O meu nome é CPC, eu tenho como língua materna português. Eu falo português, inglês e changana.

I – E em casa?

CPC – Em casa falo português, changana falo assim com pessoas....com amigos muito pouco. E tenho falado inglês com tios e amigos.

CPC – Tive um tio que esteve muito tempo nos Estados Unidos. Então quando ele veio para cá ensinou-nos a falar inglês. Então adotamos aquele sistema de falar inglês quando estamos estre nós falamos inglês.

I – E a escola fez aonde?

CPC – Eu fiz a escola primária em três escolas. Primeiro fiz a escola primária na Escola

Completa do Jardim, depois fui para a Comunidade sete em Luís Cabral e, por último, fiz na Escola Primária Completa de Malahzine. O ensino secundário foi na Escola Secundária de Laulane.

I – Portanto, Maputo, não é? CPC – tudo em Maputo.

I – E vocês todas, também tudo em Maputo, não é? Sim (todas)

SFN – Sim, eu chamo-me SFN, tenho como língua materna português. Também falo português, falo changana em casa, mas falo muito mais português em casa. Fora falo mais changana, por causa de vizinhos, amigos, e falo também inglês. Aprendi inglês por causa de igreja. Na minha igreja o nosso líder fala somente inglês. Então fui aprendendo a falar inglês. Fiz ensino primário também em duas escolas, aqui mesmo em Maputo, de primeira até 5ª classe fiz na Escola Primária do Língamo, na Matola e 6ª e 7ª classes fiz na escola Primária do Triunfo, lá mesmo na Matola e Ensino Médio Secundário fiz na Escola Secundária da Machava.

I – Tudo zona de Maputo, província de Maputo.

MJM – o meu nome é MJM, tenho 23 anos e a escola primária do 1º ciclo fiz na Escola Primária Felipe Samuel Magaia, em seguida fiz a 6ª e 7ª classes na 7 de Setembro e depois a 8ª, 9ª e 10ª fiz na escola Secundária de Magoanine. A 11ª e 12ª na Escola Secundária de Malhazine.

I – Tudo província de Maputo. MJM – Sim..

I – Língua materna e outras línguas?

MJM – Português. Falo um bocado de changana. Em casa tento falar changana com a minha avó. Aliás aprendi changana exatamente por causa dela. Ela até consegue falar

português, mas nem tudo ela consegue dizer em português. Daí a necessidade de eu ter de aprender também. Embora fale mal, mas falo...

I – E com os amigos?

MJM – Com os amigos é sempre português.

Tema 2: As aulas de Português na Escola Secundária

I - Como foram as aulas de Português na escola secundária?

DKL - Agora consigo perceber que lá na escola secundária não adquiri a essência de 1 aula de Português ...porque os professores limitavam-se apenas em fazer com que o aluno leia um determinado texto, compreenda e resolva as perguntas de leitura e compreensão.

I – E a escrita?

DKL – Era só responder às perguntas e para eles o importante era só ver a resposta daquela pergunta sobre a compreensão do texto.

I – Então um texto propriamente dito não trabalharam na escola secundária? DKL – Não. Era só para ler e compreender.

I – Alguma de vocês teve uma experiência diferente?

BLF– os textos que escrevíamos na escola secundária eram redações, perguntavam como é que fora as férias ...sim...esses são os textos que produzíamos, nós individualmente, mas textos...como trabalhar como aprender, só aprendíamos só a estrutura, que a primeira parte tem isso, a segunda parte tem isso e terminava por aí. Produzirmos os próprios textos, não.

SFN – eu tive um professor um pouco diferente na 12ª. Não sei sé pelo facto do professor ter sido formado aqui na Universidade Eduardo Mondlane .... então ele controlava muito a escrita, controlava tudo o que nós escrevíamos e riscava e para nós aquilo era um escândalo, tudo o que nós escrevíamos, ele lia tudo e riscava, porém eu acho que onde residia a falha, ele não tinha tempo para nos explicar ou para nos dizer porque é que ele riscava tudo aquilo. E nós não compreendíamos porque é que estávamos a escrever mal. Então eu acho que para mim no ensino secundário tive uma pequena diferença, por exemplo na 10ª classe é o que a DKL esteve a dizer, o professor somente se limitava a dar textos de leitura e compreensão e responder, responder, responder, mas para mim já na 12ª foi um pouco diferente porque o professor controlava muito a escrita, mas i erro residia no facto de não dizer porquê ou o que nós devíamos fazer para melhorar.

BLF – só para completar...eu na 11ª tive um professor completamente parado. Ele era ausente em tudo, mas na 12ª tive uma professora muito dinâmica. Escrevemos muito

nessa cadeira de português, quase todos os temas transversais , ela nos organizava em

grupos, e tínhamos que investigar sobre aquele tema, e tínhamos que escrever. Os

trabalhos eram manuscritos, não eram digitados, então ela fazia a correção tanto do

trabalho, da apresentação oral, tanto do texto escrito. E no texto escrito, ela fazia muitas correções, mas ela por baixo escrevia a opção correta, se escrevêssemos mal uma palavra, ela riscava e a vermelho fazia a correção.

I – E depois vocês faziam a melhoria do texto? BLF – Geralmente, não. Não tínhamos tempo.

NAS – Para o meu caso, não é diferente do caso da DKL. Porque o desenvolvimento da escrita, eu vim aperfeiçoar aqui na faculdade, porque lá na escola secundária, era só sobre a compreensão do texto apenas. O professor dava-nos textos, mandava-nos tirar cópia, nós tínhamos que ler e perceber do que é que fala o texto, tínhamos que dar aquelas respostas.

I – E esse textos eram normalmente de que género? NAS – narrativo, era mais narrativo.

I – Texto literário e narrativo NAS – narrativo e dramático

BLF – Todas as tipologias previstas... I – Todas? Não literário também? BLF – Normativos, expositivos... I – Sim, notícias , reportagens..?

NAS – mas esses não davam com muita frequência. Davam mais importância aos textos literários, narrativos...

BLF - Nós, lembro-me que sobre o artigo de opinião, té hoje não esqueço. A professora deu de uma forma muito diferente. Como era uma tipologia que estava sendo introduzida no ensino na 12ª classe... então ela arranjou um artigo com um tema muito polémico, então abordámos muito, até hoje nunca me esqueci daquele texto (sorriso)..

I – Porquê? ... Porque discutiram muito o texto?

BLF - Sim, discutimos muito o texto. O tema sugeria muito debate... I – Ainda se lembra do tema?

BLF – Apelo ao veto do presidente da república. Foi quando instituíram que os presidentes da república deviam ter mais regalias, depois alguém escreveu apelando para que o presidente recusasse aquela proposta, aquela lei. Então ele recusou na Assembleia da República.

JJO – A mim na escola secundária, na 8ª 9ª classe, nós só respondíamos... só fazíamos a interpretação do texto. Nós só respondíamos às questões que o professor dava. Na 12ª vimos um bocadinho do desenvolvimento da escrita. Tive uma professora em que explorava muito a gramática, então ali, ela dava .... era para sabermos como escrever uma certa palavra....

I – Portanto era mais a gramática, não propriamente a organização de um texto, não é?

JJO – Sim, o organização de um texto, foi mais na 8ª, 9ª classe.

CPC – Na escola secundária ... não foge muito dos colegas. Nós só analisávamos textos, literários, dramáticos, narrativos e normativos. E a escrita, no entanto que tal, consistia na elaboração de respostas. E se o professor mandasse elaborar um texto, baseava-se sempre numa redação. Mandava produzir redações. E não dava a tipologia textual ... produzíamos redações .... Diferentemente do que vim cá aprender em que um professor manda produzir um texto tem que dar a tipologia textual e na escola secundária isso não acontecia. Apenas o professor mandava produzir textos. O aluno não tinha bases de onde começar ... por onde ... como faz seguir o texto.

I – Então o professor dava o tema e vocês escreviam?

NAS – Sim... o professor não deixava bem claro quais eram as ponderações, não deixava claro se naquela redação que ele mandou fazer ele vai considerar, a ortografia , a acentuação ou também a tipologia do texto. Se nós tínhamos que fazer uma narrativa, um texto expositivo-explicativo ou argumentativo. Ele não deixava bem claro, Era só mandar: Façam redação sobre as férias. Nós só escrevíamos, tudo. Chapávamos tudo.

I – E Maura, como é que foi a sua experiência de escrita nas aulas de Português do Ensino Secundário? Que experiência é que traz? Como é que foram as aulas? Que atividades?

MJM – Relativamente à escrita no ensino secundário não enfrentei assim tantas dificuldades, primeiro porque sempre gostei muito de ler, porque sempre apreciei a leitura. Então não apresentei assim tantas dificuldades se calhar por aproveitar daquilo que eu ia

lendo e tentar passar para a própria escrita. Mas, um dos problemas que enfrentei na minha saída do ensino secundário para o superior era em relação aos clíticos. Porque é um dos aspetos que não se aborda no ensino secundário, daí que eu não sabia como fazer uso dos pronomes clíticos. Então esse foi um dos impasses que tive quando lidei com a escrita académica, porque lá no ensino secundário, a escrita não era assim tão cuidadosa. Nós escrevíamos, mas os professores não faziam uma avaliação rigorosa da escrita, diferente daqui. Porque aqui já era diferente, temos o exemplo da professora Y que nos testes fazia muitas anotações, porque está a faltar acento aqui, porque aqui fez mau uso do pronome clítico .... então lá não se fazia tanto esse acompanhamento. Só se olhava para a palavra como tal, se está bem escrita ou não.

I – E textos escritos, aprendeu a escrever textos na escola secundária?

MJM - Era sobretudo responder às questões sobre o texto. Em relação a aprender a escrever textos completos, não posso dizer que aprendi como tal, o que nós fazíamos era uma espécie de cópia, copiar aquilo que outro autor fez relativamente....

I - Na escola secundária também?

MJM – Sim, na escola secundária também. Por exemplo, me recordo que na 12ª classe havia um inquérito. Então nós não aprendíamos a fazer um inquérito como tal, mas copiávamos aquilo que já havia sido feito.

I – Alguém mais tem esta experiência?

CPC – Nós aprendíamos a estrutura sem alterar nada, no que diz respeito ao próprio inquérito.

I – Não era só a estrutura. Era a estrutura e o conteúdo. Se faziam igual... Sim, sim, sim....

I – Todas vocês têm esta experiência de copiar uma coisa pedida pelo professor? Sim, sim, sim... (todas)

Tema 3: Perceções face à escrita

3.1. Perceções dos sentimentos face à escrita

I – E porque é que referiram estes sentimentos negativos “medo, ansiedade, nervosismo, stress. Muitos de vocês referiram isto no inquérito, quando se perguntou que sentimentos tinham relativamente à escrita ...

CPC – eu em particular referi esse sentimento de ansiedade, medo e crítica, pois eu quando escrevia na escola secundária, eu não tinha em conta, não sabia o que era escrita, na verdade .... que tinha que prestar atenção a todos os níveis, acentuação, ortografia, pontuação. Eu posso assim dizer que escrevia de qualquer maneira. Não seguia à risca a uma regra.

I – E isso criava em si esse sentimento?

CPC – Sim, comecei a criar esse sentimento quando entrei para a faculdade, em que tive mesmo de ser rigorosa na escrita e isso criou dificuldades, pois ainda não tinha esse pensamento. Eu quando escrevia no ensino secundário, só escrevia. Não controlava os parágrafos, a pontuação não era correta, as vírgulas... E quando cheguei cá, senti esse medo, sentia o medo de escrever pelo facto de pensar que podia estar a errar. Por não ter o hábito de fazer o uso na escola...

(MJM chega atrasada....e faz a sua apresentação que se colocou no início desta transcrição)

I - Qual a razão desta insegurança, deste medo, destes sentimentos negativos face à escrita?

DKL – Eu também me vou identificar com o que a CPC disse. Na escola secundária era só escrever por escrever. Não reparávamos para a ortografia, acentuação, pontuação e tal. Já quando chego aqui à universidade, os professores vão-me falar ortografia, acentuação, pontuação.... Às vezes quando eu escrevia, eu ficava na incerteza. Essa palavra será que está correta ou não? E aí aparece o sentimento de nervosismo, incerteza daquilo eu própria escrevi.

NAS – Eu irei acrescentar também que só pelo facto de eu ter chegado aqui para um curso de língua portuguesa e isso para mim já criava uma insegurança na própria escrita. Como escrever, o que escrever, se isso está correto. Se eu devo escrever a palavra assim, de um jeito ou de uma outra forma. Então como é que o professor vai ler e vai receber esse texto. Ficava com medo se eu escrevo desta forma ou de uma outra forma. E que forma é essa que devo escrever, como se diz, a escrita académica. Já não podíamos escrever daquela forma que nós usávamos anteriormente. Tínhamos que adaptar uma nova forma de escrever. Era mais ou menos por isso que tinha medo...

JJO – Sim, na escola secundária não escrevíamos com aquela rigorosidade ... isso fez com que eu ficasse um bocadinho com medo cá, porque aqui já sabia que tinha de escrever um texto coeso... e tinha medo de não conseguir.

SFN – Eu sinceramente até hoje quando escrevo, tenho o hábito de controlar: Será que o que eu escrevi faz sentido? É assim como se escreve? O que vai ser de mim se eu for a errar nessa palavra ... no nível em que eu estou? Logo que eu entrei aqui ...eu vi que não .... Aqui a realidade já é outra ... Lembro-me que no primeiro ano, quando tive a professora X. Eu fui descobrir que não sabia escrever. Porque ela detetou tantos erros, que eu olhei para o meu texto e disse: Será? Fui eu que escrevi isto? De tanto ela riscar....E lembro-me também que ela deu um trabalho em que eu falei sobre pronomes clíticos. E o meu trabalho estava tão riscado, tão riscado .... Cheio de problemas. Mas mesmo assim ela disse: vão aprender... não tenham medo de errar...

MJM – Relativamente à escrita no ensino secundário não enfrentei assim tantas dificuldades, primeiro porque sempre gostei muito de ler, porque sempre apreciei a leitura. Então não apresentei assim tantas dificuldades se calhar por aproveitar daquilo que eu ia lendo e tentar passar para a própria escrita. Mas, um dos problemas que enfrentei na minha saída do ensino secundário para o superior era em relação aos clíticos. Porque é um dos aspetos que não se aborda no ensino secundário, daí que eu não sabia como fazer uso dos pronomes clíticos. Então esse foi um dos impasses que tive quando lidei com a escrita académica, porque lá no ensino secundário, a escrita não era assim tão cuidadosa. Nós escrevíamos, mas os professores não faziam uma avaliação rigorosa da escrita, diferente daqui. Porque aqui já era diferente, temos o exemplo da professora Y que nos testes fazia muitas anotações, porque está a faltar acento aqui, porque aqui fez mau uso do pronome clítico .... então lá não se fazia tanto esse acompanhamento. Só se olhava para a palavra como tal, se está bem escrita ou não.

Tema 3.2: Perceção da utilidade da aprendizagem da recensão

I – Vocês sentiram a utilidade daquilo que aprenderam na recensão, sentiram que foi útil para outras disciplinas ou foi só útil pra a disciplina de português?

CPC – Eu acredito que foi útil para outras disciplinas. Agora quando o professor manda resumir um texto ou falar de qualquer texto, eu primeiro vou à procura do autor, depois vou à procura de informações sobre o autor, ver quais são as obras que o autor

escreveu para poder relacionar com o texto sobre que vou escrever. E acho que a recensão crítica foi muito útil.

I – Vocês sentiram isso em termos de notas? Sentiram que os outros professores apreciaram esse conhecimento? Ou são só vocês a sentirem?

BLF – Os outros professores também. Porque agora fazemos trabalhos mais autónomos. Já não são copiados. Sim conseguimos parafrasear muitas partes do texto. Acho que citações diretas já evitamos muito e os professores já reconhecem que temos desenvolvido muito .

I – Vocês sentem a diferença com outros colegas que não tenham tidos aulas sobre a recensão?

Sim, Muito (reação de todos)

CPC – Têm aquela nossa ideia antiga de fazer resumo, até mesmo cá na faculdade tenho alguns amigos que são doutros cursos e quando estamos aí para fazer resumo eles perguntam como é que fazem o resumo. Eu para mim, primeiro, vejo o título, retiro as ideias principais, depois disso aí começo a frasear. Então eles dizem, isso para mim é difícil, eu nem sequer sei o que é parafrasear, é só aquela ideia antiga de retirar o que eu acho que é importante. Agora sobre a recensão crítica, muitos deles nunca ouviram falar.

I – Têm alguma experiência concreta que queiram dar como exemplo? Que se tenha passado convosco, que queiram contar?

BLF – Noutra cadeira de literatura portuguesa, o professor pediu que produzíssemos recensões críticas. Então foi fácil produzir, porque já sabíamos como é que devíamos fazer a recensão a recensão crítica. Então foi muito fácil. Nós já sabíamos que devíamos ler a obra, resumir e procurar apresentar a obra.

I – Havia outros colegas que não tinham tido estas aulas sobre a recensão? Sim, havia.

NAS– Outros fora pegar recensões da internet. Eles foram tirar o resumo das próprias obras e entregaram ao professor como se fosse uma recensão. Eles tinham muita dificuldade em fazer uma recensão. Não sabiam o que era isso. Então para nós ajudou.

I – E o professor fez algum reparo sobre isso ou não? Aceitou as vossas recensões? Vocês tiveram uma boa nota nas recensões? Tiveram uma boa apreciação?

CPC – o professor aceitou, embora não tenha corrigido e nem devolvido. Simplesmente levou e ficou com elas.

I – Portanto vocês não têm nenhum feedback sobre a recensão? Não (todos)

I – Mas sentiram-se à vontade a fazer a recessão? Sim (todos). Muito...

SFN – Já tínhamos aquela bagagem do português....

Tema 3.3: Perceção sobre a escrita, depois da aprendizagem da recensão