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A siderurgia nacional tem início com a instalação de uma fábrica de produção de ferro em São Paulo, em 1557. Desde então, muitos obstáculos impediram que o Brasil se desenvolvesse na metalurgia aproveitando as reservas naturais, a ausência de políticas de apoio e a falta de conhecimentos na área não contribuíram com as iniciativas interessadas na metalurgia brasileira.

O Brasil colônia se submetia às decisões que favoreciam a economia portuguesa em detrimento da brasileira, como se qualquer indústria no país fosse uma grave ameaça à terra da coroa no mercado externo para exportações. O Brasil não possuía mercado interno, portanto o que se produzia tinha um destino natural na exportação.

Em 5 de janeiro de 1785, D. Maria I determinava a proibir a produção têxtil nacional: ―Em primeiro lugar, a decisão real estava de acordo com a lógica mercantilista da ‗Viradeira‘ e fazia parte do que se convencionou chamar ‗antigo sistema colonial‘. A proibição visava estimular a indústria têxtil em Portugal‖ (BUENO, 2008). Essa proibição se estendeu à todo tipo de produção brasileira.

Após revogar o decreto da mãe, D. João lança outra norma, em 28 de abril de 1809, dando alvará e isenções para o uso de matérias-primas pelas fábricas brasileiras, obrigatoriedade de uso de artigos brasileiros na fabricação de uniformes oficiais e isenção de impostos para exportação de artigos da manufatura brasileira, sinalizando uma abertura moderada ao início da indústria.

Em 1810 foi criada a Real Fábrica de Ferro Ipanema. Com a importação de tecnologias da Suécia, a produção de ferro se desenvolveu. Na Guerra do Paraguai, a demanda cresce e a indústria se subordina ao Ministério da Guerra. A chegada da Família Real ao Brasil possibilita o incentivo à criação de empresas privadas de extração de ferro, acompanhando a exploração do ouro.

As dificuldades com a geografia, infraestrutura locais, transportes e defasagem tecnológica forçaram à desistência de projetos em locais mais afastados, gerando lentidão ao despertar do setor. Obviamente, no período citado não havia ainda no país uma ocupação territorial satisfatória que possibilitasse a abertura de

estradas, nem mesmo os transportes eram ideais para as viagens. Assim, a exploração das regiões e dos espaços para a extração e instalação de fábricas demandava um esforço que o governo não demonstrava querer dispor pela colônia.

As divergências entre Brasil e Portugal, sobre qual nação deteria maior poder sobre o mercado mundial, foram as responsáveis pelas elaborações decretos de permissão e proibição do setor enquanto colônia e mesmo após a independência. A estratégia portuguesa era manter o Brasil à sombra das suas políticas que negligenciavam o avanço econômico da colônia.

O entendimento de que o Brasil seria um país de ―vocação agrícola‖ impediu a industrialização. Durante o período colonial, havia algumas forjarias de ferro que não usavam de técnicas elaboradas para grande produção nem mesmo para a transformação de fero em estado líquido, o que limitava o manejo. As disputas de mercado com produtos estrangeiros melhor confeccionados eram desleais (PRADO JR, 1969).

Na década de 1840, decretos assinados por D. Pedro II facilitaram a queda nas taxas de importação, principalmente em transações com a Inglaterra. O contexto internacional de comércio entre os dois países desanimou os pretendentes à investidores no setor. Visconde de Mauá – quando ainda era conhecido somente por Irineu Evangelista de Souza – fundou, com o auxílio de um sócio escocês, a primeira fundição de grande porte no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara. A fábrica Ponta de Areia fornecia produtos para a infraestrutura e seu principal cliente era o governo. Os empregados eram estrangeiros europeus (BUENO, 2008).

Visando a demanda que começava a surgir no país, em 1876 é fundada a Escola de Minas de Ouro Preto. Logo após, durante as décadas de 1880 e 1890, munidos de mão-de-obra especializada, foi criada a Usina Esperança em Itabirito e depois em Ouro Preto, ambas em Minas Gerais, para produção de ferro gusa – ferro bruto.

No período, as oficinas que trabalhavam o ferro eram pequenas e muitos produtos usados eram importados em versão acabada, desde arames a peças mais elaboradas. O ferro gusa era então exportado para o exterior, onde haviam fábricas de transformação do ferro em aço. Como o Brasil não tinha uma

tecnologia adequada para a produção de aço, o país exportava ferro e importava o aço (FURTADO, 2012).

A Primeira Grande Guerra Mundial gerou uma estagnação econômica inclusive no Brasil. O ferro que era até então exportado viu sua demanda em decadência e a oferta de aço, que era importado, entra em declínio. O mercado se viu então encurralado para a implantação de uma siderúrgica no país.

Em 1921 é criada a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira. O nome se dá pela associação de um empresário brasileiro a dois belgas, que trazem o conhecimento para a produção de aço. Como o aumento da produção industrial nacional era evidente após a década de 1920, pelos obstáculos em importações de produtos diversos causados pela crise econômica e a Primeira Guerra Mundial, a demanda por aço aumenta e em 1931, no Governo Getúlio Vargas, é lançado o Plano Nacional de Siderurgia, que visava incentivar o setor e desenvolver a economia atendendo as necessidades do mercado interno (NEVES & CAMISASCA, 2013).

A crise mundial de 1929 muda as perspectivas políticas para a economia brasileira. O Estado amplia sua contribuição no mercado e incentiva a industrialização, visando um rápido desenvolvimento para substituir importações e proteger a economia dos efeitos da crise mundial (GREMAUD, VASCONCELLOS e TORNETO JR., 2005). As medidas de auxílio à economia surgiram como incentivo a financiamentos para a iniciativa privada. O marco dessa nova fase foram as ações de protecionismo à produção de café nacional e controle do câmbio em 1931.

Na década de 1930 haviam muitas pequenas oficinas de siderurgia que não davam conta da demanda nacional. Com o advento do Estado Novo, o intervencionismo para impulsionar a industrialização no país fez com que o governo tomasse uma série de medidas para beneficiar a indústria de base. Foram criadas muitas comissões e estudos sobre a viabilidade de grandes indústrias estatais, mas o fator decisivo foi a Segunda Guerra Mundial.

Em 1942, uma comissão formada por técnicos estadunidenses e brasileiros pesquisaram sobre a fundação de uma grande indústria de coque, seguindo as primeiras impressões das comissões constituídas em anos anteriores e

que não tiveram êxito. Assim, a Companhia Siderúrgica Nacional começa a virar realidade e outras são incentivadas.

Então, foi fundada em 1942 a Companhia de Ferro e Aço de Vitória – Cofavi, em 1946 a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN – em Volta Redonda no Rio de Janeiro, a Aços Especiais Itabira – Acesita – em Itabira, Minas Gerais, em 1951, e a Companhia Siderúrgica Mannesman, em 1952.

2.2 Os incentivos no desenvolvimento da siderurgia na segunda metade