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É importante ressaltar a figura do primeiro antecessor da família no Brasil, porque é designada a ele – pela história – a responsabilidade de ter criado o espírito empresarial que orienta seus sucessores.

Nascido em Altona-Elke, província de Holstein, Prúsia, João Gerdau migra para o Brasil no ano de 1869 em função de uma promessa de trabalho aos 19 anos. Ao chegar em Porto Alegre, a fábrica que o contrataria já não existia mais. Resolve, então, ir para a Colônia de Santo Ângelo, na margem esquerda do Rio Jacuhi. Estabelece-se no local e passa a comercializar produtos na colônia.

A história da Gerdau se iniciou em 1869, quando Johann Heinrich Kaspar Gerdau – ou simplesmente João Gerdau – desembarcou com 20 anos no porto de Rio Grande (RS). Instalado na Colônia de Santo Ângelo, começou como tantos outros imigrantes: investindo no comércio.

Adquire uma casa em Agudos (RS) onde passa a habitar e abre uma casa comercial onde negociava a produção da colônia e outros artigos.

Em Cachoeira, abre uma Casa de Secos e Molhados, em 1883, e passou a comercializar loteamentos de terras nas áreas próximas de Varzea Agudo, onde os proprietários cultivavam arroz pela qualidade do solo. Assim, com mais dois sócios, Antônio Peixoto Oliveira e Polycarpo Pereira de Carvalho e Silva, fundou a João Gerdau e Cia.

No ano de 1891, a Companhia Fábrica de Pregos Pontas de Paris foi inaugurada na Rua Voluntários da Pátria, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Pela composição de 70 sócios de diferentes origens e funções, a indústria nascia para suprir a grande demanda de mercado que existia, naquela época, de materiais para a construção civil. No período, acontecia a expansão urbana da cidade e forte industrialização, criando a carência de pregos. A matéria-prima era importada como rolos de arames, cortada e moldada na fábrica.

João Gerdau compra a fábrica em 16 de janeiro de 1901. Seu filho, Hugo Gerdau, com 25 anos, passa a dirigir a empresa e, em 1903, muda sua razão social para João Gerdau & Filho. O arame, matéria-prima, vem da Alemanha; os pregos produzidos abastecem o mercado da região Sul.

No final dos anos 1880, João Gerdau mudou-se para Porto Alegre e, em 1901, trocou o comércio pela indústria ao comprar a Fábrica de Pregos Pontas de Paris. Sob o comando de Hugo, filho mais velho de João, a fábrica – que então passou a ostentar o nome da família – fez com que o Rio Grande do Sul deixasse de depender da importação de pregos da Europa. Com um talento para os negócios herdado do pai e um conhecimento adquirido nos países que visitara, Hugo Gerdau tornou-se também um dos sócios-fundadores da Cia. Geral das Indústrias – que daria origem aos Fogões Geral.

Por causa da carência do produto em todo o território nacional, a venda dos pregos se estende para as regiões nordeste e para o Rio de Janeiro. Isso porque o arame utilizado na produção era todo importado, não havia produção de arame nacional. Quando o arame chegava ao Brasil, requeria cuidados como limpeza de ferrugem nos rolos de oitenta quilos de fio, o que demandava custos adicionais.

Figura 16 – Fábrica de Pregos Pontas de Paris. Fonte: SITE RELAÇÕES INTERNACIONAIS GERDAU. Acessado em março de 2014.

João Gerdau realiza a compra a sede, as instalações e o maquinário de uma fábrica de móveis falida em 1907. Seu filho Walter consegue alavancar a empresa por meio da introdução de uma técnica que aprendera na Áustria — o uso de vapor para a produção de móveis vergados, desenvolvida por Michael Thonet.

No ano de 1914, foi instituída a Companhia Geral de Indústrias, organizada por Hugo Gerdau. Na década de 1930, acontece a inauguração da filial da João Gerdau & Filho em Passo Fundo.

Curt Johannpeter, genro de Hugo Gerdau, tem planos de evoluir da metalurgia para a siderurgia. Em 1948, compra a única indústria desse ramo na região Sul, a Usina Riograndense S.A., em Porto Alegre. Com a compra da usina, assegura o fornecimento de arames para a sua fábrica de pregos, livrando-se da dependência de produtos da Cia. Belgo-Mineira, única grande produtora nacional.

A necessidade de fundos para realizar reformas técnicas e administrativas, porém, obriga-o a hipotecar sua residência pessoal. Mas seus esforços atingem o êxito: as pequenas usinas siderúrgicas operadas com sucata, lançadas no Brasil por Johannpeter, seriam largamente testadas e aprovadas, posteriormente, em países da Europa e nos Estados Unidos.

A família Gerdau soube manter e ampliar seus negócios por quatro gerações. Seus empreendimentos incluem o comércio, a agricultura, o setor imobiliário, a indústria (pregos, móveis, fósforos e fogões) e a siderurgia. A gestão

da quarta geração, iniciada na década de 1980, transformou a Gerdau em uma das empresas brasileiras mais internacionalizadas.

João Gerdau morre em 1916 deixando, portanto, o legado da ampliação dos negócios da família aos filhos homens. Anteriormente ao seu falecimento, seu filho Hugo mudou a razão social da fábrica de pregos para Hugo Gerdau.

João Gerdau é figura central para o entendimento do que se chama aqui de gênese da cultura empreendedora da família dirigente do Grupo Gerdau. Quando ele decide sair de Altona em busca de oportunidades no Brasil, ele já portava o espírito empreendedor.

5.

1970: expansão dos negócios e ditatura militar e a

visibilidade nacional do nome Gerdau.

Figura 17 – Foto de Médici em Volta Redonda, RJ, em pronunciamento sobre siderurgia. Fonte: Jornal do Brasil, 08/01/1971.

A partir da década de 1960, as matérias que relacionadas à Metalúrgica Gerdau tornam-se mais frequentes. Esse fato acompanha a notabilidade que a empresa vem ganhando na economia brasileira. Os balancetes econômicos assim como as cotações das ações nas bolsas de valores são divulgados com mais frequência, notas sobre a empresa e opiniões de agentes ligados ao grupo aparecem com mais constância.

A siderurgia no período é observada com maior atenção pelo poder público. Como visto em seção anterior deste trabalho, a história do grupo apresenta sua evolução em importância na economia nacional, em especial a siderurgia, logicamente.

A empresa ganha nova denominação a partir de 1969, passando a se chamar Grupo Gerdau para designar o conjunto de empresas que compunham a estrutura acionária da holding Metalúrgica Gerdau.