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Primeiras menções da família na mídia impressa no Rio Grande do Sul

A construção do nome Gerdau como público aparece pela primeira vez em 1888, onde João Gerdau faz uma doação – de montante considerável de 1$000 réis – a um asilo da cidade de Porto Alegre juntamente com cerca de 100 personalidades importantes da cidade, entre artistas, comerciantes, políticos e outras figuras. Essa passagem aparece em matéria de 25/01/1888, no jornal A Federação, órgão do Partido Republicano do Rio Grande do Sul. A informação mostra que João participa como membro da sociedade e já detentor de capital econômico significativo e rede de relações estabelecida pela sua função profissional como comerciante.

João passa a figurar o periódico A Federação em outras ocasiões, como em 1890 em que é noticiada a volta de João e seus dois filhos de viagem, sem informar o local para onde foram ou a intenção da viagem mas dentro do território nacional, e novamente em 1892 e 1893. Numa época em que as pessoas não tinham acesso à viagens, achegada ao porto era motivo de destaque. Dois anos depois, o jornal noticiava a compra de um imóvel em sociedade em Jacuhy e no ano seguinte sobre a emissão de passaporte e viagem à Europa.

Figura 12 – Notas de viagens de João Gerdau e compra da casa de secos e molhados. Fonte: Jornal A Federação.

A compra da Casa de Secos e Molhados de Cachoeira, cidade que se situa entre Porto Alegre e a região da Colônia Santo Angelo, é noticiada em 4 de janeiro de 1895, sob o nome Casa de Secos e Molhados João Gerdau e Naschold. A partir de então, as importações de rolos de arames e outros artigos são constantemente vistos no jornal, assim como viagens, demonstrando a importância do comerciante e o crescimento do negócio.

Figura 13 – Excerto exemplares de importações de João Gerdau & Filho ocorridas entre 1903 e 1905. Fonte: Jornal A Federação, entre os anos 1903 e 1905.

João Gerdau deixa sociedade da Casa de Secos e Molhados e abre sociedade com seu filho Hugo Gerdau, João Gerdau & Filho. O número de matérias no periódico aumenta, indicando a importação de rolos de arames de ferro e aço que eram usados para a produção dos primeiros pregos. Já que no Brasil não havia produção consistente de materiais para a construção civil, João Gerdau percebeu aí um nicho de mercado a ser explorado. O arame era cortado na pequena fábrica de pregos manualmente e tinhas uma das pontas achatadas, moldando assim os pregos.

No mesmo ano João Gerdau integra como diretor da Associação Promotora dos Interesses Econômicos do Rio Grande do Sul, com mais 33 integrantes. A sociedade com o filho recebe, no mesmo ano, prêmio por venda de utensílios de cozinha, que eram vendidos na casa de secos e molhados. Em 1907, recebe outros dois prêmios, uma medalha de bronze e outra de prata durante comemoração em exposição sobre a cidade de Milão que homenageava o rei da Itália, em Porto Alegre.

Figura 14 – Excerto de reportagem sobre entrada de Hugo Gerdau em posição de representação em Centro Econômico do Rio Grande do Sul.

Fonte: Jornal A Federação, 18/09/1909.

A notoriedade de Hugo Gerdau cresce ao longo do tempo, elegendo-o membro do conselho administrativo do Centro Econômico do Rio Grande do Sul, em 1909. Cinco anos depois, assina ata de instalação da Cia. Geral das Indústrias – produtora de fogões e equipamentos para cozinhas industriais que se manteve ativa até o ano de 2002 – ajudando na sua organização junto com o proprietário Waldomiro Shapke, e onde em 1934 vai atuar como conselheiro fiscal.

Atua no mesmo ano e na mesma posição na Bromberg S.A. – uruguaia especializada em maquinaria para a metalurgia – e como administrador do Centro de Indústrias Fabril do Rio Grande do Sul – surgida em 7 de novembro de 1930, o CINFA, cujo nome original foi substituída por Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul, CIERGS.

Nos ciclos de desenvolvimento da empresa, João Gerdau foi o fundador do empreendimento. Passou a direção da fábrica de pregos para o filho Hugo Gerdau, que teve como sucessor o seu genro Curt Heinrich Paul Johannpeter. Hugo não tinha filhos homens e precisava de um sucessor para os negócios da família. Porém, a sucessão não aconteceu logo após o casamento, Curt assume a direção somente após o fim da Segunda Guerra Mundial, mesmo a morte do sogro tendo ocorrido em 1939. Durante o período, gerenciaram a fábrica os funcionários antigos e principalmente por Waldomiro Schapke e Roberto Nickhorn.

Durante uma reunião na Sociedade Germânica da cidade de Porto Alegre, onde as famílias de origem alemã se encontravam, a família Gerdau conhece Curt, inspetor de um banco alemão que estava de passagem pelo Brasil rumo à Argentina. Helda, a filha mais velha de Hugo casou-se com o inspetor meses depois.

João Gerdau possuía também outro filho, Walter Gerdau. Quando inicia a sociedade com Hugo no negócio de secos e molhados e depois de pregos, João apoia Walter no desenvolvimento de uma loja de venda de móveis. Os móveis Gerdau eram feitos em estilo ―vienense‖, uma novidade na época, e eram enviados para todo o Brasil, reconhecidamente pela qualidade dos produtos.

Durante a pesquisa foram encontradas diversas propagandas de vendas desses produtos em jornais de estados diversos do país, certificando a fama da boa procedência dos móveis Gerdau, da Fábrica de Móveis Walter Gerdau. Walter também aparece em participações em rodas da alta sociedade rio- grandense, inclusive em eventos beneficentes.

Seu filho, Egon Gerdau, torna-se presidente da empresa após a saída de seu pai do controle das operações do negócio e figura nas notícias econômicas até meados de 1950. Egon participa também da direção dos negócios do tio, Hugo Gerdau, na metalurgia.

Hugo Gerdau se casa com Ottilia Bins (Tilly), mulher da sociedade Rio Grandense, irmã do prefeito de Porto Alegre, Alberto Bins, e do industriário, Rodolpho Bins. Ottília e Hugo têm uma filha em 22 de fevereiro de 1910, Helda Gerdau e, dois anos depois, em 24/2/1912 a mulher falece.

Essa relação com a família Bins influencia Hugo a circular entre pessoas da sociedade e a participar de entidades beneficentes de Porto Alegre. As relações não demonstram ter gerados benefícios diretos aos negócios da família, mas certamente cultivou a importância de estabelecer rede de relações com pessoas chave da sociedade. Assim ele conheceu pessoas e trocou experiências.

Alberto Bins, antes de ser prefeito, foi empresário. Porto Alegrense filho de alemão, nascido em 1869, Alberto Bins inicia suas atividades empresariais quando volta da Europa, onde estudou na Inglaterra e Alemanha. Seu pai tinha sido levado por ele para a Alemanha para cuidar da sua saúde e com a morte do pai decide estudar. Ao voltar ao Brasil, torna-se sócio da Bins & Friedrichs, negociadora de ferro e materiais para a construção (SPALDING, 1969).

A primeira metalúrgica do Rio Grande do Sul – fabricante de camas, fogões e cofres – foi fundada pelo Alemão Emmerich Bertha em 1871, na avenida que vai ser chamada de Avenida Voluntários da Pátria em Porto Alegre. Alberto Bins compra a maior parte da empresa em 1893, tornando-se sócio majoritário.

Figura 15 – Imagem do interior da fábrica de Alberto Bins na década de 1910.

Fonte: http://ronaldofotografia.blogspot.com.br/2011/09/primeira-grande-metalurgica-do-rio.html Acessado em junho de 2017.

Em 1930, Hugo Gerdau participou da criação do Centro de Indústrias Fabris do Estado do Rio Grande do Sul – que daria origem à FIERGS – e ainda

conheceu aquele que seria o responsável pela grande expansão dos negócios da Gerdau: o alemão Curt Johannpeter. Genro de Hugo, Johannpeter assumiu em 1946 a direção da empresa do sogro e deu início a uma nova fase da empresa. Em 1947, a metalúrgica da família tornou-se sociedade anônima e, no ano seguinte, Johannpeter adquiriu a Siderúrgica Riograndense. Foi o começo dos investimentos no aço (BUENO, 2008).