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HISTÓRICO DA UTILIZAÇÃO DA INFORMÁTICA NO PROCESSO JUDICIAL

5 O PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO NA JUSTIÇA DO TRABALHO

5.2 HISTÓRICO DA UTILIZAÇÃO DA INFORMÁTICA NO PROCESSO JUDICIAL

O meio físico e de materialização do processo judicial foi condicionado pelo tradicional princípio da escritura (“quo non est in actis non est in mundo”), em voga desde o século XIII no processo canônico, a partir da Decretal de 1216 do Papa Inocêncio III. A ferramenta de escrita do meio físico do processo judicial passou por evolução: do texto manuscrito, passando à datilografia até chegar à utilização dos recursos da informática. A utilização do registro em papel sempre preponderou nas etapas de evolução da formalização processual. O processo judicial eletrônico inaugura uma fase do processo sem papel, com visualização de dados e tramitação virtuais. Esse aspecto acarreta alterações importantes na seara processual.

Vale ressaltar, no entanto, que à implantação do processo judicial eletrônico, que envolve a informatização do processo como um todo, precederam legislações que permitiram a prática de algum ato do procedimento utilizando um meio tecnológico.

Pioneira nesse aspecto foi a previsão de possibilidade de realização do ato de comunicação processual (citação) por meio de fac-símile (fax), de acordo com o artigo 58, inciso IV da Lei n° 8.245/1991, que disciplina a locações de imóveis urbanos e procedimentos a ela relativos.39 O referido dispositivo autorizava a citação por fac-símile, dentre outras formas elencadas, nas ações de despejo, consignação em pagamento de aluguel e acessório da locação, revisionais de aluguel e renovatórias de locação, desde que autorizado no contrato.

Posteriormente, a Lei n° 9.800/199940, conhecida como “Lei do Fax”, autorizou a transmissão de peças processuais por essa via ou similar. Segundo

39

BRASIL. LEI N° 8.245, DE 18 DE OUTUBRO DE 1991. Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8245.htm>. Acesso em: 18 set. 2016. 40

BRASIL. LEI N° 9.800, DE 26 DE MAIO DE 1999.Permite às partes a utilização de sistema de transmissão de dados para a prática de atos processuais. Disponível em

Claúdio Brandão, Minisitro do TST, a “Lei do Fax” inaugurou muito mais do que a possibilidade de prática dos atos processuais à distância, mas previu que outros meios de realização deles pudessem ser utilizados no processo (PAMPLONA, 2016)41. Nesse ponto, vale salientar que, posteriormente, a jurisprudência não considerou o “e-mail” no conteúdo do termo “similar” utilizado pelo legislador.

Em seguida, em 12 de julho de 2001, foi publicada a Lei n° 10.259 que instituiu os Juizados Especiais Federais e previu a prática de atos processuais por meio eletrônico em diversos dispositivos como, por exemplo no artigo 2442 que autorizou a possibilidade de tramitação de processos totalmente eletrônicos. Através dessa legislação, inaugurou-se o sistema denominado E-processo nos Juizados Especiais Federais. Esse pode ser considerado o embrião do que num momento posterior seria o sistema do PJe, idealizado pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (que abrange os estados da região Nordeste com exceção da Bahia) e adotado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para todos os órgãos do Poder Judiciário.

A Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) foi o próximo degrau na previsão de utilização de meios eletrônicos de informática para a prática de atos processuais, com disciplina pela Medida Provisória n° 2.200-2/2001 (BRASIL, 2001).43

No Código Civil de 200244, o artigo 225 autoriza que as reproduções em geral, mecânicas ou eletrônicas, de fatos ou de coisas, fazem prova plena destes, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão.

Com a promulgação da Emenda Constitucional n° 45/2004 que introduziu ao artigo 5o da Carta Magna de 1988, no rol de direitos fundamentais, o princípio da duração razoável do processo e o direito aos meios que garantam a celeridade de

41

Papeando com Pamplona/Processo Eletrônico (1a temporada). Recife: CERS Cursos Online, 2016. 12:25. Disponível em: https://youtu.be/dnHTgnFkknM. Acesso em: 10 jan. 2017.

42

BRASIL. LEI N° 10.259, DE 12 DE JULHO DE 2001. Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10259.htm> Acesso em: 18 nov. 2016. 43

BRASIL. MEDIDA PROVISÓRIA N° 2.200-2, DE 24 DE AGOSTO DE 2001. Institui a Infra- Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, transforma o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação em autarquia, e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/Antigas_2001/2200-2.htm>. Acesso em: 15 maio 2015. 44

BRASIL. LEI N° 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10259.htm>. Acesso em: 18 nov. 2016.

sua tramitação, os Poderes da União passaram a buscar meios para a efetivação dessa norma.

Em 14 de abril de 2004, o STF, através da Resolução nº 28745, permitiu a prática de atos processuais (petições ou documentos) por e-mail.

Em 2006, com a Lei n° 11.38246, que alterou dispositivos do CPC/1973 sobre a execução, houve a regulamentação pelo Poder Legislativo da penhora on line, que já era praticada por meio de convênios celebrados entre o Banco Central e os Tribunais (através do BACENJUD), desde 2001 (começou com o STJ e o Conselho de Justiça Federal; em 2002, foi firmado o Convênio entre o TST e o Banco Central). A Lei n° 11.382/2006 inseriu no CPC/1973 dispositivos (artigo 655-A) que autorizam expressamente o uso de meio eletrônico para fins de constrição de dinheiro.

Além do BACENJUD, o RENAJUD (sistema que faz a constrição eletrônica de veículos, através de convênios firmados entre os tribunais e o DENATRAN) e o INFOJUD (sistema que ajuda a obter, através de um sistema eletrônico, informações de declarações fiscais dos devedores em processo, através de convênios firmados entre o Poder Judiciário e a Receita Federal) também são ferramentas que utilizam a tecnologia e sistemas de informação para otimizar o sistema processual, mas especificamente a execução das decisões judiciais.

Também em 2006, entrou em vigor a Lei n° 11.419/2006 (BRASIL, 2006)47, que dispõe sobre a informatização do processo judicial, alterando o Código de Processo Civil de 1973. Essa Lei se originou de um projeto de lei de iniciativa da Associação dos Juízes Federais (AJUFE), apresentado na Câmara dos Deputados, em 2001, e que após cinco anos de tramitação foi promulgada pelo Presidente da República, em 19 de dezembro de 2006.

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BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RESOLUÇÃO N° 287, DE 14 DE ABRIL DE 2004. Institui o e- STF, sistema que permite o uso de correio eletrônico para a prática de atos processuais, no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Disponível em:

<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=processoResolucao>. Acesso em: 15 maio 2015.

46

BRASIL. LEI N° 11.382, DE 06 DE DEZEMBRO DE 2006. Altera dispositivos da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, relativos ao processo de execução e a outros assuntos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l11382.htm>. Acesso em: 15 maio 2015.

47

BRASIL. LEI N° 11.419, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2006. Dispõe sobre a informatização do processo judicial; altera a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-

Em 2009, a Lei n° 11.90048, de 8 de janeiro, autorizou a videoconferência para realização de interrogatório e de outros atos no processo. Também em 2009, no mês de fevereiro, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou as dez metas49

a serem alcançadas neste ano pelo Poder Judiciário (PEREIRA, 2012). Vale destacar que seis dessas metas se referiam à informatização do Judiciário no Brasil. Ainda no ano de 2009, em 26 de maio, como já supramencionado, foi firmado por representantes dos três poderes da União o “II Pacto Republicano de Estado por um Sistema de Justiça Mais Acessível, Ágil e Efetivo”50

, que identificou a necessidade de agilização da prestação jurisdicional através da informatização, dentre outros compromissos.

Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça instituiu o Processo Judicial Eletrônico (PJe) como sistema informatizado único de processo judicial no âmbito do Poder Judiciário. O sistema de informática do PJe foi baseado noutro criado no Tribunal Regional Federal da 5ª Região (que possui jurisdição sobre o estado da Bahia), denominado Creta (BRANDÃO, 2013, p. 03).

O Conselho Superior de Justiça do Trabalho (CSJT) editou em 2014 a Resolução de n° 13651, que revogou a Resolução n° 94/201252 sobre a

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BRASIL. LEI N° 11.900, DE 08 DE JANEIRO DE 2009. Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, para prever a possibilidade de realização de interrogatório e outros atos processuais por sistema de videoconferência, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l11900.htm>. Acesso em: 17 maio 2015. 49

As metas do Conselho Nacional de Justiça para o ano de 2009: 1. Desenvolver e/ou alinhar planejamento estratégico plurianual (mínimo de 05 anos) aos objetivos estratégicos do Poder Judiciário, com aprovação no Tribunal Pleno ou Órgão Especial; 2. Identificar os processos judiciais mais antigos e adotar medidas concretas para o julgamento de todos os distribuídos até 31/12/2005 (em 1º, 2º grau ou tribunais superiores); 3. Informatizar todas as unidades judiciárias e interligá-las ao respectivo tribunal e à rede mundial de computadores (internet); 4. Informatizar e automatizar a distribuição de todos os processos e recursos; 5. Implantar sistema de gestão eletrônica da execução penal e mecanismo de acompanhamento eletrônico das prisões provisórias; 6. Capacitar o administrador de cada unidade judiciária em gestão de pessoas e de processos de trabalho, para imediata implantação de métodos de gerenciamento de rotinas; 7. Tornar acessíveis as

informações processuais nos portais da rede mundial de computadores (internet), com andamento atualizado e conteúdo das decisões de todos os processos, respeitado o segredo de justiça; 8. Cadastrar todos os magistrados como usuários dos sistemas eletrônicos de acesso a informações sobre pessoas e bens e de comunicação de ordens judiciais (Bacenjud, Infojud, Renajud); 9. Implantar núcleo de controle interno; e 10. Implantar o processo eletrônico em parcela de suas unidades judiciárias.

50

BRASIL. II PACTO REPUBLICANO DE ESTADO POR UM SISTEMA DE JUSTIÇA MAIS ACESSÍVEL, ÁGIL E EFETIVO, DE 26 DE MAIO DE 2009. Disponível em:

<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Outros/IIpacto.htm>. Acesso em: 17 maio 2015.

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BRASIL. Conselho Superior da Justiça do Trabalho. RESOLUÇÃO N° 136, DE 29 DE ABRIL DE 2014. Institui o Sistema Processo Judicial Eletrônico da Justiça do Trabalho – PJe-JT como sistema de processamento de informações e prática de atos processuais e estabelece os parâmetros para sua implementação e funcionamento. Disponível em:

regulamentação do PJe. A Resolução n° 136/2014 do CSJT foi criada para harmonizar-se com a Resolução n° 185/2013 53 do CNJ e prevê no artigo 18 que os Tribunais do Trabalho deverão manter, no âmbito das respectivas unidades judiciárias, estruturas de atendimento e suporte aos usuários do PJe. Ademais, a Resolução n° 136/2014 do CSJT também disciplinou a tempestividade da petição eletrônica integralmente enviada até as vinte e quatro horas do último dia, harmonizando com a Lei n° 11.419/2006.

Sobre o Novo Código de Processo Civil54

, que entrou em vigor em 15 de março de 2016, criou-se expectativas de o mesmo suprir as deficiências das breves disposições da Lei n° 11.419/2006 sobre o processo judicial eletrônico, principalmente pelo fato dessa Lei conferir extensa margem de regulamentação para os tribunais.

Da larga margem de regulamentação conferida aos Tribunais pela Lei n° 11.419/2006, decorre a existência de vários tipos diferentes de processos judiciais eletrônicos com regras peculiares e sistemas eletrônicos distintos, causando insegurança jurídica para advogados e partes. Na Bahia, por exemplo, existem Projudi, o PJe, o e-saj (no TJ/BA); PJe e o e-samp da Justiça do Trabalho. As expectativas das regras do novo CPC sobre o processo judicial eletrônico foram, em parte, frustradas: foram feitos aprimoramentos no projeto de lei, mas nem todos os problemas foram solucionados. Como assevera Ana Amélia Menna Barreto (2014), o Código de Processo Civil de 2015 possui poucos dispositivos que disciplinam a tramitação processual por meio eletrônico, mesmo depois de nove anos de vigência da Lei n° 11.419/2006 que instituiu o processo judicial informatizado, sem uniformizá-lo. A referida autora afere que desde março de 2007 o <http://www.csjt.jus.br/c/document_library/get_file?p_l_id=986956&folderId=1007294&name=DLFE- 26043.pdf>. Acesso em: 17 maio 2015.

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BRASIL. Conselho Superior da Justiça do Trabalho. RESOLUÇÃO N° 94, DE 23 DE MARÇO DE 2012. Institui o Sistema Processo Judicial Eletrônico da Justiça do Trabalho – PJe-JT como sistema de processamento de informações e prática de atos processuais e estabelece os parâmetros para sua implementação e funcionamento. Disponível em:

<http://www.csjt.jus.br/c/document_library/get_file?uuid=a243534c-4a5c-464b-bfb4- 6521cc0bfb3d&groupId=955023>. Acesso em: 17 maio 2015.

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BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. RESOLUÇÃO N° 185, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2013. Institui o Sistema Processo Judicial Eletrônico - PJe como sistema de processamento de informações e prática de atos processuais e estabelece os parâmetros para sua implementação e

funcionamento.Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=2492>. Acesso em: 17 maio 2015.

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BRASIL. LEI N° 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 18 maio 2015.

exercício da advocacia em meio eletrônico deve se condicionar ao domínio das regulamentações díspares de cada um dos vinte e sete Tribunais de Justiça, dos cinco Tribunais Regionais Federais, do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, além da Justiça Trabalhista. O novo CPC não logrou promover a unificação e uniformização das regras da tramitação judicial por meio eletrônico. Ficará a cargo do Conselho Nacional de Justiça a incumbência de regulamentar supletivamente as resoluções dos tribunais no que tange à prática e à comunicação oficial de atos processuais por meio eletrônico.

No artigo 196 do novo Código de Processo Civil, há a previsão de o Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, os tribunais, regulamentarem a prática dos atos processuais do processo eletrônico e prezarem pela compatibilidade dos sistemas. De fato, não foi resolvido o problema da falta de uniformização normativa que implica na existência de variadas espécies de processos eletrônicos.

Os artigos 193 a 199 do novo CPC tratam da prática de atos processuais por meio eletrônico. Fica claro o apego do legislador ao papel e à digitalização (ao invés da virtualização) ao estabelecer que “os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de forma a permitir que sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico, na forma da lei.” (BARRETO, 2014).55

A solução da nova Lei ao problema da inclusão digital foi a previsão, no artigo 198, de que os tribunais deverão manter gratuitamente em suas dependências, à disposição dos interessados, equipamentos de informática necessários à prática de atos processuais, à consulta e ao acesso ao sistema.

Ademais, o novo CPC (artigos 183, §1°, 232, 246, V e §1°, 272, 275) valorizou as intimações eletrônicas e previu o fim do prazo em dobro para os litisconsortes com procuradores em escritórios de advocacia diferentes no processo eletrônico (artigo 229, §2°). Nesse último ponto, o legislador merece elogios, pois desnecessária a computação do prazo em dobro se os autos ficam à disposição dos procuradores no sistema. Quanto às intimações eletrônicas, que têm como objetivo a celeridade, muitos advogados criticam-na e caracterizam-na como prejudicial.

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BRASIL. LEI N° 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 18 maio 2015.

O novo CPC foi elaborado num período de transição entre os processos de papel e a ampliação do processo judicial eletrônico e não intentou sanar problemas já existentes da regulamentação do último. A sensação é que o novel Código Processual perdeu a oportunidade de atentar para as mudanças no meio de tramitação e na forma de visualização processuais.

Como visto acima, o processo judicial eletrônico (PJe) possui como finalidade a informatização do Poder Judiciário, com a prática e visualização de atos jurídicos de forma virtual. A Justiça do Trabalho adotou o PJe através de convênio firmado entre o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e o Tribunal Superior do Trabalho (TST).

A adesão oficial ao projeto para a adoção e implantação do processo judicial eletrônico (PJe) na Justiça do Trabalho ocorreu em 29 de março de 2010, quando da celebração do Termo de Acordo de Cooperação Técnica nº 51/2010, firmado entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT). O referido projeto objetivou a elaboração de um sistema único de tramitação eletrônica de processos judiciais na Justiça do Trabalho.

Nessa ocasião, foi assinado o Acordo de Cooperação Técnica nº 01/2010 entre o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e os 24 Tribunais Regionais do Trabalho (TRT’s). Dessa forma, todos os órgãos da Justiça do Trabalho passaram a integrar e se comprometeram a aderir ao projeto de implantação de um sistema único de tramitação eletrônica de processos trabalhistas.

O CSJT criou em maio de 2010, para coordenar a adequação do sistema PJe à Justiça do Trabalho, um comitê gestor destinado ao desenvolvimento, implantação, treinamento e manutenção do sistema de forma padronizada e integrada em todas as instâncias. As atribuições do comitê foram definidas pelo Ato nº 69/2010 - CSJT.GP.SE.

Em 10 de fevereiro de 2011, após a fase de desenvolvimento de funcionalidades e treinamento de servidores, foi lançado um módulo piloto do sistema do PJe trabalhista, em Cuiabá-MT. A primeira versão do PJe trabalhista constante nesse módulo piloto priorizou a fase de execução das ações trabalhistas.

Uma segunda fase na implantação do PJe trabalhista se deu a partir de 29 de março de 2011, sob a presidência do ministro João Oreste Dalazen. Nessa data, o CSJT, o TST e os 24 TRT’s firmaram o Acordo de Cooperação Técnica nº 01/2011. Através desse ato foi formada uma equipe integrada de cinquenta servidores (dentre analistas e técnicos, cedidos de diferentes órgãos da Justiça do Trabalho) para o desenvolvimento do sistema na fase processual de conhecimento. Essa equipe ficou subordinada ao Comitê Gestor do Processo Judicial Eletrônico da Justiça do Trabalho – CGPJe/JT, instituído em 25 de abril de 2011, mediante o Ato Conjunto nº 9/2011. Esse comitê é constituído por quatro magistrados, secretários e assessores de Tecnologia da Informação, além de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Ministério Público do Trabalho (MPT). O mesmo Ato criou a coordenadoria executiva do projeto, no âmbito da Justiça do Trabalho.

Ademais, foram criados ainda dois grupos de trabalho para desenvolver o aprimoramento e planejamento do PJe-JT nas instâncias da Justiça do Trabalho: o “Grupo de Trabalho de Especificação de Requisitos para o Processo Judicial Eletrônico da Justiça de Trabalho de 1º Grau” (cuja sigla é GRPJe/JT1), composto por três juízes e três servidores e criado pelo Ato do CSJT denominado e numerado como GP.SG nº 97/2011; e o “Grupo de Trabalho de Especificação de Requisitos para o Processo Judicial Eletrônico da Justiça de Trabalho de 2º Grau” (GRPJe/JT2), composto por três desembargadores e três servidores, instituído pelo Ato do CSJT “GP.SG nº 114/2011”.

O Tribunal Superior do Trabalho e o Conselho Superior de Justiça do Trabalho conjuntamente, através do “Ato Conjunto nº 16/TST.CSJT.GP”, criaram o “Grupo de Trabalho multidisciplinar” com a finalidade de montar uma proposta de estratégia de implantação do PJe trabalhista. Esse grupo foi constituído por uma equipe com responsabilidade de implementar o plano de ação do projeto, que inclui, além das estratégias de implantação, as diretrizes e metas de capacitação, suporte, manutenção, divulgação, segurança, cooperação e promoção da saúde no âmbito do PJe.

A fase subsequente (terceira etapa) foi a da implantação e instalação do PJe trabalhista nas “Varas Pilotos”. A primeira unidade judiciária trabalhista a instalar o PJe de forma piloto foi a Vara do Trabalho de Navegantes (SC), em 5 de dezembro de 2011. Nessa ocasião, foram testados e realizados de forma eletrônica todos os

procedimentos, até mesmo a Ata de inauguração do sistema, assinada de forma digital. Em seguida, em 16 de janeiro de 2012, foi a vez da Vara do Trabalho de Caucaia no estado do Ceará, a segunda Vara do Trabalho a instalar o sistema do PJe. Outras duas varas também foram eleitas para a instalação do PJe trabalhista nessa fase piloto: a terceira foi a de Várzea Grande (MT), em 8 de fevereiro de 2012, e por fim a Vara do Trabalho de Arujá (SP), em 27 de fevereiro de 2012, quando se encerrou essa etapa do projeto.

A quarta fase de implantação do PJe trabalhista é a etapa de expansão. Em 19 de março de 2012, o TRT da 12ª Região (Estado de Santa Catarina) começou a utilizar o PJe no 2º grau com o primeiro recurso recebido eletronicamente da Vara do Trabalho de Navegantes e distribuído para a 3ª Câmara do Regional. Em seguida, os demais Tribunais Regionais do Trabalho que tiveram as varas pilotos da fase anterior instalaram o módulo de 2ª instância nas seguintes datas: TRT-CE (7ª Região), em 23/04/12; TRT-MT (23ª Região), do dia 07/05/12; e o TRT-SP (2ª Região), em 14/05/12.

Em prosseguimento a essa fase de expansão do projeto de instalação do PJe-JT, em 21 de março de 2012, o PJe trabalhista foi instalado na Vara do