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Holismo (Holism)

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1 UMA UNIDADE COM RACHADURAS EXPOSTAS

1.2 AS TRÊS TEOLOGIAS DA MISSÃO SEGUNDO DONALD A McGRAVAN

1.2.4 Holismo (Holism)

Para McGravan, o holismo, ou missão integral – designação mais difundida por seus precursores, como René Padilla, não passa de uma nova roupagem do que ele chama de paralelismo e representa uma causa do ‘nevoeiro universal’ para a igreja na compreensão do que vem a ser a realização de sua missão e o alcance de seu objetivo. Assim como acontece com o evangelho social, a relação serviço e evangelização se destaca na avaliação dos teólogos da colheita acerca do holismo.

A second result is that parallelism is seen as the right policy in mission. This doctrine, conscious or unconscious, that all the many activities carried on by missions are of equal value. They are parallel thrusts. No one of them has priority. Recently parallelism is being camouflaged under the new attractive term ‘holism’. ‘It would be narrow and partisan,’ say some influential leaders, ‘to that evangelism had the highest priority. Rather Christians should hold that all works of the church are equal of value. This is holism’. I disagree. Certainly many things should be done. The task is extremely complex; but this complexity must never be made to mean an aimless parallelism. World evangelization is a chief and irreplaceable work of the church”. (McGRAVAN, 1990: 64, 65)

Pouca atenção se dá ao holismo, talvez por se tratar de uma teologia subalterna, advinda da América Latina, ou por causa da luta contra um inimigo que aos seus olhos é maior, o liberalismo cristão. De qualquer forma, ambas as correntes para eles causam um embaçamento da compreensão do propósito da missão. O evangelho social, como visto na compreensão da Escola de Fuller, traz a primazia do serviço para o bem comum e estabelecimento da paz e justiça no mundo como ação de maior importância, levando o evangelismo para conversão de fé como algo relegado para o segundo plano. Já o holismo, ou missão integral, na visão de McGravan, considera que todas as atividades da missão, tanto as de evangelismo como as ações de responsabilidade social devem ser tratadas com a mesma importância, recebendo a mesma atenção e o mesmo investimento. Não há na missão ação que seja mais importante do que a outra.

Pouco é falado e discutido por McGravan e seus discípulos sobre a questão, visto que sua abordagem se dá de forma bastante pragmática, ou seja, qual ação se escolhe de forma a obter o melhor resultado na realização da missão, qual seja, obter o maior número de convertidos e adeptos engajados em igrejas. Nesse sentido, eles já partem do pressuposto que evangelização (proclamar o evangelho verbalmente) e serviço (ação para o bem do próximo necessitado) são facetas distintas da missão. E como foi discorrido, a evangelização tem superioridade sobre o serviço ao próximo (que para eles é uma preocupação imediata em cristianizar a ordem social) que é uma consequência natural do aumento de igrejas.

Para os seguidores de McGravan, a questão do paralelismo já está muito bem definida para a prioridade da evangelização visto que tal posição bíblica “was reaffirmed both in the Consultation on the Relationship between Evangelism and Social Responsability held in Grand Rapids, Michigan, in 1982 and in Lausanne II Congress held in Manila in 1989” (McGRAVAN, 2012: 23). O que de certa maneira, para eles, comprovava o seu posicionamento teológico diante da divergência entre a teologia do crescimento de igrejas e a missão integral, já que “The Grand Rapids report stresses that while many human agencies can relieve social needs, only Christians have the message that saves souls. It recognizes that, in the final analysis, eternal salvation is more important than temporal well-being”. (McGRAVAN, 2012: 23) Por que não focar os esforços naquilo que só a igreja pode proporcionar? A salvação de almas.

Entretanto, René Padilla, apesar de não negar os esforços que as correntes mais conservadoras tiveram na Consulta de Grand Rapids (1982) e em Lausanne II, Manila (1989) para dar uma reinterpretação ao Pacto de Lausanne em que a preponderância da evangelização fosse nitidamente percebida, ressalta que a força da missão integral se fazia perceber cada vez mais. (PADILLA, 2014: 30)

Há três conclusões que René Padilla ressalta sobre o documento gerado de Grand Rapids: a primeira é que a ação social é uma consequência da evangelização pois ela é feita por pessoas que já são cristãs, ou seja, já foram evangelizadas e que foram salvas para as boas obras e, que assim estas seriam realizadas como objetivo da evangelização; a segunda é que a ação social é meio para a evangelização, pois é demonstração do amor de Deus e cria pontes para que a comunicação do evangelho ocorra entre as pessoas; e a terceira, decorre da prática, onde a ação

social é um companheiro da evangelização e a ela se une como cônjuges no casamento. (PADILLA, 2014: 25).

Desse modo, para Padilla, ao se salientar o que as define, tal fato não se dá em absoluto, mas em relação lógico-conceitual, e de fato num sentido limitado, pois se ação social é consequência e propósito da evangelização, esta a precede, mas não em grandeza e sim no tempo de agir, visto que em última análise reflete a necessidade humana premente de uma vida plena por meio do evangelho de Jesus Cristo.

Porém, a solução hermenêutica que Padilla dá ao documento não se mantém diante de uma análise mais detida e cuidadosa do texto, e abre caminho para as afirmações teológicas do movimento de crescimento de igrejas, que se opõe a ele. O próprio teólogo latino-americano reconhece a não superação da dissociação entre evangelização e ação social, declarando que a evangelização genuína é inseparável da ação social cristã e vice-versa na realização da missão. Para ele a missão é cristã “na medida em que se orienta para a plena satisfação das necessidades humanas básicas, tanto espirituais como psicológicas, físicas e materiais, tanto pessoais como sociais, tanto privadas como públicas”. (PADILLA, 2014: 26).

É nesse embate entre uma teologia que está firmada na concepção de missão como uma ação única e exclusivamente de salvação de almas por meio da comunicação oral do evangalho de Jesus Cristo como Senhor e Salvador e a aceitação desta realidade por meio da consciência do indivíduo, e a teologia que percebe a missão não só como salvação da alma, mas da vida plena por meio do evangelho de Cristo e que procura unir palavra e ação em um casamento indissolúvel na realização do que entende ser missão.

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