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Academic year: 2021

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(1)11. UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E HUMANIDADES. PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO. DOUGLAS ALONSO GONZALEZ MEDEIROS. O REINO DE DEUS E A IGREJA NA TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL DE RENÉ PADILLA. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2016.

(2) 12. DOUGLAS ALONSO GONZALEZ MEDEIROS. O REINO DE DEUS E A IGREJA NA TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL DE RENÉ PADILLA. Dissertação apresentada no curso de mestrado à Universidade Metodista de São Paulo, Escola de Humanidades para conclusão do curso de mestrado em Ciências da Religião Área de concentração: Religião sociedade e Cultura Orientação: Prof. Jung Mo Sung. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2016.

(3) 13. FICHA CATALOGRÁFICA. Medeiros, Douglas Alonso Gonzalez M467r. O Reino de Deus e a Igreja na Teologia da Missão integral de René Padilla / Douglas Alonso Gonzalez Medeiros -- São Bernardo do Campo, 2016. 120fl. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Escola de Comunicação, Educação e Humanidades, Programa de Pós-Graduação Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo Bibliografia Orientação de: Jung Mo Sung 1.. Missão (Teologia) 2. Padilla, C. René - Crítica e interpretação 3. Reino de Deus 4. Igreja - Crescimento I. Título CDD 266.

(4) 14. A dissertação de mestrado intitulada: “O REINO DE DEUS E A IGREJA NA TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL DE RENÉ PADILLA”, elaborada por DOUGLAS ALONSO GONZALEZ MEDEIROS, foi apresentada e aprovada em 29 de setembro de 2016, perante banca examinadora composta pelo Prof. Dr. Jung Mo Sung (Presidente/UMESP), Prof. Dr. Nicanor Lopes (Examinador/UMESP) e Prof. Dr. Ricardo Bitun (Examinador/Mackenzie-SP).. ____________________________________________________ Prof. Dr. Jung Mo Sung Orientador e Presidente da Banca Examinadora. ____________________________________________________ Prof. Dr. Helmut Renders Coordenador do Programa de Pós-Graduação. Programa: Pós-Graduação em Ciências da Religião Área de Concentração: Religião Sociedade e Cultura Linha de Pesquisa: Religião e Educação.

(5) 15. A dissertação de mestrado intitulada: “O REINO DE DEUS E A IGREJA NA TEOLOGIA DA MISSÃO INTEGRAL DE RENÉ PADILLA”, elaborada por DOUGLAS ALONSO GONZALEZ MEDEIROS, foi apresentada e aprovada em 29 de setembro de 2016, perante banca examinadora composta pelo Prof. Dr. Jung Mo Sung (Presidente/UMESP), Prof. Dr. Nicanor Lopes (Examinador/UMESP) e Prof. Dr. Ricardo Bitun (Examinador/Mackenzie-SP).. ____________________________________________________ Prof. Dr. Jung Mo Sung Orientador e Presidente da Banca Examinadora. ____________________________________________________ Prof. Dr. Nicanor Lopes Banca Examinadora. ____________________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Bitun Banca Examinadora.

(6) 16. Dedico este trabalho a Deus, a minha amada esposa, Daniela Medeiros, e a todos aqueles que devotam suas vidas à luta por um mundo melhor, mais justo, solidário e fraterno, em busca da paz a todos os homens..

(7) 17. AGRADECIMENTOS. A Deus que é o meu refúgio e fortaleza, consolo bem presente na angústia, meu sustentador em meio às águas revoltas da vida.. A minha esposa, Daniela Nasu Monteiro Medeiros por sua paciência, apoio e incentivo em cada etapa deste longo caminho. Não consigo imaginar fazer o que fiz sem ela ao meu lado. Eu te amo! A minha família, que sempre carrego comigo, e que sei que torce por mim, pelo carinho, pelas orações e pelas palavras de incentivo. A minha querida amiga e mentora Analzira Nascimento, minha grande incentivadora, que confiou e acreditou em mim desde o início e fez este sonho se tornar realidade.. Ao meu orientador Dr. Jung Mo Sung pelo conhecimento partilhado, respeito, amizade e por tudo que fez por mim ao longo desta caminhada de aprendizado e crescimento pessoal. Sem sua orientação este projeto não seria possível.. Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, pela excelência.. Ao CNPQ cujo auxílio, por meio da bolsa de estudos, tornou este trabalho viável..

(8) 18. “Venha a nós o vosso reino” (Mt. 6.10).

(9) 19. MEDEIROS, Douglas A. G. O Reino de Deus e a Igreja na Teologia da Missão Integral de René Padilla, 2016. 120p. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião), Escola de Comunicação, Educação e Humanidades, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP.. RESUMO. . Este trabalho tem por objetivo realizar uma análise dos conceitos de reino de Deus e igreja na teologia da missão integral de René Padilla por meio de uma pesquisa bibliográfica do referido autor, como também do seu contraponto teórico mais importante, o movimento de crescimento de igreja, principalmente na figura de seu fundador Donald McGravan, identificando as causas que fizeram René Padilla escrever acerca da temática em questão, estabelecendo qual a importância que estes conceitos têm em relação às questões da teologia da missão da igreja e demonstrando em que medida sua proposição se mostra como uma continuidade da teologia predominante ou rompimento. A análise bibliográfica terá como foco principal os textos produzidos por René Padilla, principalmente aqueles que abordam discussões acerca do reino da Deus e da igreja na missão da igreja. Serão apontadas as definições de reino de Deus e igreja, bem como, as repercussões que a relação entre eles desempenha na formulação da teologia da missão integral do teólogo latino-americano e outras teologias da missão.. Palavras-chave: René Padilla; Missão Integral; Reino de Deus; Igreja; Crescimento de Igreja.

(10) 20. MEDEIROS, Douglas A. G. The kingdom of God and the church in Rene Padilla´s Integral Mission Theology, 2016 120p. Thesis (MA in Religious Studies) School of Communication, Education and Humanities Methodist University of São Paulo, São Bernardo do Campo, SP.. ABSTRACT. . The goal of this paper is to analyze de concepts of ‘kingdom of God’ and ‘church’ in the integral mission theology of René Padilla by a bibliographic research of the mentioned author and also of his most important theoretical counterpoint, the Church Growth Movement, mainly about its founder’s writings, Donald McGravan, in order to identify the causes that made Padilla write about this subject, demonstrating the importance that these concepts had in relation to the matters and discussions of the church’s mission theology, and also pointing to what extend his propositions show a continuity or rupture of the mainstream theology of mission. The bibliographic research will be focused on the main writings produced by René Padilla, mainly those that approach the subject of the definition of kingdom of God, and of church, and the repercussions that their relation reflects on the Latin American theologian’s formulation of integral mission theology and of other theologies of mission.. Keywords: René Padilla; Integral Mission; Kingdom of God; Church; Church Growth.

(11) 21. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 11 1 UMA UNIDADE COM RACHADURAS EXPOSTAS ....................................................... 18 1.1. O EMBATE TEOLÓGICO DA MISSÃO ..................................................................... 19. 1.2. AS TRÊS TEOLOGIAS DA MISSÃO SEGUNDO DONALD A. McGRAVAN ........ 22. 1.2.1. A Teologia da Busca (Search Theology) ................................................................. 23. 1.2.2. A Teologia da Colheita (Harvest Theology) ........................................................... 26. 1.2.2.1 O Princípio das Unidades Homogêneas................................................................28 1.2.3. Evangelho Social ..................................................................................................... 30. 1.2.4. Holismo (Holism) .................................................................................................... 34. 1.3. A DEFINIÇÃO DE MISSÃO......................................................................................... 36. 1.4. A DEFINIÇÃO DE EVANGELIZAÇÃO ...................................................................... 41. 1.5. MOVIMENTO DE CRESCIMENTO DE IGREJAS: UMA SÍNTESE CRÍTICA ....... 45. 2 REINO DE DEUS NO PENSAMENTO DE RENÉ PADILLA ......................................... 48 2.1. O REINO DE DEUS: REALIDADE TRANSCENDENTE .......................................... 49. 2.2. O REINO DE DEUS: REALIDADE DIVINA MEDIATA? ......................................... 52. 2.3. O REINO DE DEUS E O TEMPO ................................................................................. 54. 2.4. O REINO DE DEUS E SEU LUGAR ............................................................................ 55. 2.5. O REINO DE DEUS, O EVANGELHO E O MUNDO ................................................. 59. 2.6. O REINO DE DEUS, PALAVRA E AÇÃO .................................................................. 66. 3. A IGREJA NO PENSAMENTO DE RENÉ PADILLA ...................................................... 75 3.1. A IGREJA COMO SINAL DO REINO DE DEUS. ...................................................... 76. 3.2. . EVANGELISMO E SERVIÇO .................................................................................... 79. 3.3. . A IGREJA E O ESPÍRITO ........................................................................................... 81. 3.4. . O CRISTIANISMO-CULTURA EM RENÉ PADILLA ............................................. 84. 3.5. . A MISSÃO DA IGREJA .............................................................................................. 92. 3.6. . A IGREJA E O REINO DE DEUS .............................................................................. 96. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 100 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 106 ANEXO 1 .................................................................................................................................... 109 ANEXO 2 .................................................................................................................................... 111 ANEXO 3 .................................................................................................................................... 112 ANEXO 4 .................................................................................................................................... 113.

(12) 11. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo apresentar os conceitos de reino de Deus e a igreja no pensamento do teólogo latino-americano René Padilla, procurando expor as razões que o levaram a escrever sobre estas questões, o que desembocou na formação daquilo que ficou conhecido como Teologia da Missão Integral e que se iniciou no seio dos cristãos evangélicos protestantes latino-americanos na década de 70, com a declaração do pacto de Lausanne (1974)1, e tem sua continuidade até os dias de hoje sem, contudo, haver uma uniformização adequada da teologia prática diante dos desafios à frente. O Congresso de Lausanne foi singular, pois pela primeira vez a igreja protestante evangélica da América Latina trouxe contribuições substanciais para a redação da declaração do pacto que foi firmado entre as igrejas que participaram deste congresso para evangelização mundial. Entretanto, a ala mais conservadora liderada principalmente por instituições protestantes evangélicas norte-americanas (Associação Billy Graham e a World Evangelical Fellowship Fraternidade Evangélica Mundial), financiadores e apoiadores do Congresso de Lausanne, procuraram nitidamente arrefecer o impacto da voz latino-americana no Congresso Lausanne II em Manila em 1989. Cria-se, então, de um modo geral, um desacerto entre as teologias conservadoras. E, como será demonstrado, esse é o embate que se dará mais enfaticamente entre a teologia conhecida como teologia do crescimento de igrejas, com seu expoente na escola de missão mundial, do Seminário Teológico Fuller, em Pasadena, na Califórnia, pelo Deão fundador e teólogo missionário, Donald McGravan. E a teologia da missão integral2, com seu expoente, objeto deste estudo, o teólogo latino-americano, René Padilla, que envidou esforços nas discussões que se seguiram, com o objetivo claro de expor as contradições da argumentação teológica do movimento do crescimento de igrejas. 1. O Congresso de Lausanne de 1974 foi um dos congressos internacionais de evangelização mundial de maior amplitude com mais de 150 nações representas pelas igrejas evangélicas ali presentes. Esta reunião tem por objetivo discutir o rumo da igreja no campo protestante evangélico nas áreas de missão e evangelização. https://www.lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/pacto-de-lausanne-pt-br/pacto-de-lausanne. 2 Um dos motes que ficou bastante conhecido da Teologia da Missão Integral foi “o evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens, e em todo lugar” e seus maiores precursores são: René Padilla, Samuel Escobar, Pedro Arana.

(13) 12. E assim, é dessa tensão que surge e se desenvolve a teologia da missão integral como uma proposição dos teólogos latino-americanos de uma nova face da missão. Uma face da missão que visa abarcar as necessidades do homem todo por meio de uma proclamação do evangelho todo, que reúne a palavra e a ação da igreja em sua existência no mundo. A influência dessa missão, contudo, no seio das igrejas evangélicas é ainda muito tímida, mas cada vez mais ela tem feito parte dos círculos de debates tanto acadêmicos quanto eclesiásticos no campo protestante evangélico ortodoxo. Há, portanto, durante o século XX e início do século XXI, uma grande disputa sobre o significado do que vem a ser missão, a definição tanto da teoria como da prática da missão da igreja, e, neste trabalho opta-se por estudar essa noção sob a compreensão da formulação do conceito de reino de Deus e igreja firmados por René Padilla. Tal temática se mostra importante, pois abrange uma discussão que se sucede até a atualidade na igreja protestante evangélica e que ditará os rumos de como esse segmento religioso abordará a ação da igreja diante da sociedade, tanto doméstica quanto estrangeira, estabelecendo os fundamentos da teologia da missão, os pressupostos da missão da igreja e os fatores que a determinam. A metodologia deste trabalho se dá por meio de revisão bibliográfica, principalmente sobre os escritos de René Padilla e Donald McGravan com o intuito de, ao observar a definição dos principais conceitos com que trabalham em suas teologias, respectivamente, a teologia da missão integral e a teologia do crescimento de igrejas, poder estabelecer a definição dos conceitos de reino de Deus e igreja que se encontram na teologia da missão integral de René Padilla. Traz-se também à luz da discussão os pensamentos do teólogo católico José Comblin, cujas contribuições acerca da constituição da mentalidade da modernidade sob o trinômio razão, felicidade e liberdade, expondo o assalto que fizeram desses temas da concepção cristã da vida e a constituição da Reforma Protestante na centralidade da palavra, mostram que René Padilla luta não só contra seu Espírito de época, mas seu próprio berço teológico, o que demonstra a necessidade que ele possui de não só estabelecer as bases de seu pensamento, mas também a necessidade de ressignificação da própria definição de palavra de Deus para construção de sey pensamento teológico..

(14) 13. Além disso, serão também exploradas as possíveis contribuições que as definições de palavra e de ação trazidas do tratado pneumatológico de José Comblin, principalmente de dois dos livros que compõe este tratado, “A Força da Palavra” e “O Tempo da Ação”, podem ajudar a esclarecer ou trilhar possíveis caminhos para o pensamento de Padilla, visto que há algumas aproximações entre seus pensamentos e que serão apontadas ao longo do trabalho. A teologia do crescimento de igrejas é uma teologia que promove o seu foco em resultado, a saber, o crescimento numérico de igrejas, e estabelece como unidade de medida a conversão de pessoas à fé cristã e a sua adesão a uma igreja cristã. Ela tem como objetivo promover a eficiência da atuação das igrejas na obtenção dessa meta e estabelece uma relação direta entre o aumento de igrejas e a benção de Deus sobre a realização do trabalho cristão missionário e sobre todo o mundo, ou seja, se há o aumento de igrejas, há sucesso e, por conseguinte, há, ali, a ação do poder de Deus sobre a vida das pessoas no mundo. O crescimento numérico de igrejas é a régua de medida do sucesso da missão e deve também determinar a direção de realização da missão pela igreja. A definição de reino de Deus é essencial na crítica de René Padilla ao movimento do crescimento de igrejas, pois ele vai estabelecer a diferença que existe entre reino de Deus e igreja, e portanto já de início procura criticar a lógica da teologia do crescimento de igrejas que define que a quantificação de igrejas é uma forma de medir a ação de Deus no mundo. Para Padilla, a única realidade que é essencialmente de Deus é a realidade do reino de Deus, que não pode ser reduzida a uma unidade para ser passível de quantificação e consequentemente de medição, ela é um acontecimento antecipado na história, no advento de Jesus Cristo, que ao ser encarnado leva o ser humano a uma crise e a um inevitável conflito com a realidade do mundo, que se coloca em oposição a Deus. René Padilla denuncia ainda a aquiescência e a resignação da igreja com os “padrões do mundo”, ou seja, tudo aquilo que age em contrariedade ao reino de Deus e seu senhorio em Jesus Cristo. Por meio da abordagem desses conceitos o teólogo vai construir, de maneira negativa, o que ele entende que a igreja deva ser. A mundanalidade é descrita pelo teólogo em alguns conceitos que analisaremos, tais como: o cristianismo secular, o cristianismo-cultura, o individualismo, a sociedade do consumo e a absolutização da técnica. Em cada um destes.

(15) 14. conceitos, está uma crítica direta ao pensamento da teologia do crescimento de igrejas, vista como um cristianismo-cultura da sociedade de consumo moderna. René Padilla parece demonstrar grande atenção ao abordar a questão do cristianismocultura, que, para ele, se trata de uma ameaça à missão da igreja, talvez porque seja a mais sutil e a mais difícil de combater no seio da igreja. Em simples palavras, dentro da lógica de Padilla, o cristianismo-cultura ocorre quando a igreja interpreta determinados valores culturais da sociedade, em que está inserida, e pressupõe que estes valores são próprios do reino de Deus, quando na verdade são justamente valores que se opõe a essência deste reino. Isto pode acontecer em qualquer igreja de qualquer cultura. Contudo, René Padilla, é enfático em sua crítica ao que chama de “American way of life”, um tipo de cristianismo-cultura bastante influente. A crítica que René Padilla levanta tão expressamente ao cristianismo-cultura norteamericano decorre do fato da importante influência que essa realidade cristã desempenhou e desempenha até os dias de hoje no cristianismo mundial. Os EUA são detentores dos recursos, da tecnologia e também da influência nos processos de expansão do cristianismo protestante evangélico3 e, por isso, por vezes se confundem os valores da sua sociedade com os valores do evangelho. Um exemplo deste cristianismo-cultura é a imagem do bom cristão projetada como a imagem do homem de negócios próspero, de conduta ilibada e que constitui uma família moralmente aceitável, possuindo, portanto, a fórmula da felicidade e que está disposto a compartilhar gratuitamente com outros. Essa imagem faz-se presente em diversos lugares onde houve processo de evangelização missionária norte-americana. É contra esse pensamento advindo de todo esse processo de colonização cultural que o autor vai direcionar seus esforços em busca de alcançar o que considera os reais valores do evangelho do reino de Deus. Outro valor de antirreino da sociedade americana é o individualismo, o qual é muito criticado por René Padilla em duas faces distintas: na exaltação do indivíduo no bojo da pósmodernidade, desembocando no perspectivismo e no relativismo contemporâneo, e na presença que este apresenta dentro da cultura norte-americana, como o “self-made man” numa sociedade construída na competição entre indivíduos e a grande mentira de que o homem é dono de seu. 3 Ibid. p.56.

(16) 15. próprio destino. Tudo isto prejudica a noção da dimensão social da realidade cristã e projeta um cristianismo abstrato e vertical, em detrimento do aspecto horizontal. Outra crítica de René Padilla se direciona à sociedade de consumo e como o materialismo presente nela tem levado à destruição da criação, ao empobrecimento de uma massa de pessoas e ao desmedido enriquecimento de outras, à objetificação do homem e à ostentação como reconhecimento de valor. A realidade da igreja também se transforma em um mercado onde se predomina o discurso superficial, que nega a radicalidade do discipulado de Cristo, objetivando o alcance do maior número de pessoas, dando-se prioridade ao crescimento numérico da igreja. Assim, a igreja passa a ser, segundo o autor, um lugar onde o indivíduo pode encontrar alívio e merecer sua paz interior e receber a prosperidade material que a religião promete entregar, evita-se o conflito e o incômodo, tudo para que as pessoas se sintam confortáveis na igreja. Para ele, essa mentalidade tem ocupado o seio da igreja, submersos em uma obsessão pelo êxito individual, egoísmo cegante e materialismo como regra de medida do valor alheio e próprio. O autor faz, ainda em sua crítica à sociedade de consumo, a conjugação da absolutização da técnica que projeta a igreja em uma mecanicidade para tornar a promoção da fé mais eficiente. Formula-se um discurso padronizado que massifica o conteúdo cristão, o evangelho, e superficializa a vivência e a experiência de fé dos adeptos, fazendo com que haja uma repetição na concentração de poder e controle de quem detém a técnica, os meios e os recursos. Na construção dessas críticas, René Padilla faz outra denúncia contra a igreja contemporânea e escancara a discrepância presente entre reino de Deus e igreja. Esta, que deveria ser, segundo o teólogo latino-americano, agente antecipatório do reino de Deus na história, está mais preocupada com o acúmulo de riquezas, domínio político, expansão de suas fronteiras e na aquisição de adeptos mediante técnicas de persuasão. Há um direcionamento da eficiência da igreja em termos de aumento de poder, importância e crescimento numérico de seguidores e templos. E, aqui, está o centro de toda a tensão de seu argumento de diferenciação entre reino de Deus e igreja que será abordado. A igreja, portanto, segundo Padilla, não se confunde com o reino de Deus, como leva a crer a teologia do crescimento de igrejas, mas nele deve se espelhar, pois, ela é a realidade que.

(17) 16. encarna esse reino na história, assim como Jesus Cristo o fez, e antecipa sua experiência para aqueles que vivem na história. Contudo, é falha e deve constantemente reformular-se para não se conformar com o padrão do mundo (realidade antirreino), na dependência do Espírito, sem o qual seu papel é inócuo. Portanto, pode-se inferir que a igreja não necessariamente pode estar agindo em conformidade com Deus e que dele depende para sua missão. No Capítulo 1, expõe-se o contraponto que gera o desenvolvimento da teologia de René Padilla, ou seja, a teologia do crescimento de igrejas, que tem como seu principal e mais importante expoente, seu fundador, Donald McGravan. Faz-se a análise de seus escritos, principalmente a obra base de toda sua teologia “Understanding Church Growth” e aborda-se conceitos como teologia da semeadura, teologia da colheita, evangelho social, holismo, eficiência, crescimento de igrejas, abordagem quantitativa e qualitativa, análise estatística de conversão, princípio das unidades homogêneas, a relação de crescimento de igrejas e justiça social. No Capítulo 2, aborda-se a definição do conceito de reino de Deus desenvolvido por René Padilla, e como o desenvolvimento deste conceito está intimamente ligado à crítica, que este teólogo latino-americano faz à teologia do crescimento de igrejas. O reino de Deus é definido como a realidade vindoura promovida por Deus, onde a soberania de Jesus Cristo é plena em tudo e todos, onde há paz, justiça, liberdade e vida. O homem é reconciliado consigo, entre si, em relação à criação e diante de Deus. Não há mais escravidão ou opressão de qualquer tipo e, sob o senhorio de Jesus Cristo, decorre a salvação e a regeneração de todas as coisas por meio do arrependimento e da fé. E, além disso, serão evidenciadas possíveis contribuições de Comblin para o pensamento de René Padilla. Primeiramente, no que tange à mentalidade da modernidade e formação da reflexão teológica da Reforma sob a centralidade da palavra, e, num segundo momento, sobre os conceitos de palavra e ação na pneumatologia de Comblin. No Capítulo 3, procura-se mostrar o que René Padilla entende por igreja, uma definição que se faz essencial na promoção de sua crítica a Donald McGravan e seus seguidores. A igreja é definida por ele como sinal do reino de Deus, que, apesar de ser diferente do reino, tem ele como meta e, sendo assim, tudo o que faz, faz para que ele seja antecipado na história, assim como Jesus Cristo fez com seu advento na história. Ela tem, então, a necessidade de anunciar o evangelho como uma realidade encarnada que leva o homem a experimentar os frutos.

(18) 17. antecipadamente da realidade do reino de Deus, mas com a consciência que o faz de maneira precária, pois somente Deus é capaz e o fará em advento futuro a realização da promessa do reinado de Jesus Cristo sobre a totalidade da vida. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo obter a compreensão dos conceitos de reino de Deus e igreja na teologia da missão integral de René Padilla, e, secundariamente, do estudo desses conceitos observou-se que, tanto a construção do conceito de reino de Deus como de igreja e a relação dos dois na realização da missão, conduziu Padilla a escrever uma crítica à teologia do movimento do crescimento de igrejas de forma contundente e incisiva, a ponto de rejeitá-la por completo como uma teologia à luz da Bíblia e do evangelho de Jesus Cristo. A relação entre o nascimento dos conceitos bases de sua teologia da missão integral e de sua crítica tem uma relação intrínseca muito forte..

(19) 18. 1. UMA UNIDADE COM RACHADURAS EXPOSTAS. “Nós, membros da Igreja de Jesus Cristo, procedentes de mais de 150 nações, participantes do Congresso Internacional de Evangelização Mundial, em Lausanne, louvamos a Deus por sua grande salvação, e regozijamo-nos com a comunhão que, por graça dele mesmo, podemos ter com ele e uns com os outros. Estamos profundamente tocados pelo que Deus vem fazendo em nossos dias, movidos ao arrependimento por nossos fracassos e desafiados pela tarefa inacabada da evangelização. Acreditamos que o evangelho são as boas novas de Deus para todo o mundo, e por sua graça, decidimo-nos a obedecer ao mandamento de Cristo de proclamá-lo a toda a humanidade e fazer discípulos de todas as nações. Desejamos, portanto, reafirmar a nossa fé e a nossa resolução, e tornar público o nosso pacto”.4. Esta é a Introdução do Pacto Lausanne, documento oficial do Congresso de Lausanne, 1974, realizado na cidade de Lausanne na Suíça, assinado pelos seus participantes como forma de compromisso na união da tarefa de ‘levar o evangelho de Cristo ao mundo’. A diversidade e a pluralidade dos participantes desse evento, líderes e igrejas evangélicas de expressão teológica ortodoxa, foi de impressionar. Todos com o objetivo de estabelecer um lugar comum de expressão de fé para a criação de parcerias mais efetivas na tarefa para a qual se comprometeram acima. Outro fator que traz notoriedade a esse evento é o fato de que houve expressão de setores teológicos outros que não o Europeu e Norte-americano, que normalmente são hegemônicos nas discussões. Teólogos latino-americanos, como René Padilla e Samuel Escobar, contribuíram para importantes discussões e conseguiram trazer à luz a questão do que posteriormente iria se chamar Missão Integral5 (a realidade social também como realidade de missão da igreja). Contudo, a despeito da submissão a Deus, em termos de missão, o que ela vem a ser? Como fazê-la? Quais são seus princípios e fundamentos? Qual o papel da igreja? A unidade e a. 4. http://www.lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/pacto-de-lausanne-pt-br/pacto-de-lausanne Um dos motes que ficou bastante conhecido da Teologia da Missão Integral foi “o evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens, e em todo lugar” e seus maiores precursores são: René Padilla, Samuel Escobar, Pedro Arana entre outros. 5.

(20) 19. concordância mantiveram-se longe do papel. Houve um longo debate na tentativa de conciliar os parágrafos 5 e 6 do Pacto de Lausanne (vide anexo 4). Em termos gerais, de um lado o fundamentalismo norte-americano restringindo a missão da igreja à evangelização (salvação por aceite oral da mensagem do evangelho) e outros teólogos, com destaque para os teólogos latinoamericanos, que procuravam incorporar as questões sobre justiça social, serviço e necessidade do próximo à missão, ou seja, penetrar no mundo com o evangelho integral, conforme exposto no parágrafo 6 do Pacto de Lausanne.. 1.1. O EMBATE TEOLÓGICO DA MISSÃO A compreensão de um determinado conceito, não importa a área do conhecimento em. que esse esteja compreendido, não pode ser feita sem que antes haja um entendimento do que leva à formulação da determinada ideia em questão (das circunstâncias e dos elementos que a constituíram). É nesse sentido que, no capítulo um desta dissertação, vamos expor o quadro que faz com que René Padilla elabore seu conceito de reino de Deus e igreja, que será fundamental dentro do que veio a se denominar teologia da missão integral. Tal compreensão inicialmente será feita com a exposição do que esse teólogo latino-americano visa combater. Durante a década de 60 e 70, há uma grande tensão sobre as ideias do papel da igreja evangélica no mundo, principalmente dentro dos setores conservadores e evangelicais. Nos anos que se seguem, esses debates aumentam e discussões sobre a missão da igreja no mundo estão em voga e acirram o debate que está longe de acabar. Como expõe o teólogo Donald A. McGravan, no prefácio de seu livro Understanding Church Growth, ao justificar a necessidade de uma nova maneira de pensar e realizar missão:. “Vast reinterpretation of what mission essentially is in this rapidly changing world engages voices, pens, and minds. Many see only a small part of the total scene and ardently define what they think mission in that sector should be. Many of the problems of Europe and America – for the simple reason that the most Christian writers are provincial Europeans and Americans – occupy the center of.

(21) 20. the stage. “Mission” becomes what these Western writers think should be done. Furthermore, what does the triune God demand? And do we understand what he demands on the basis of our reason or his revelation?”(McGRAVAN, 1990: xvi). O autor expõe três questões em sua fala: A primeira, que existe uma discussão a respeito do significado de missão entre teólogos; a segunda, que este debate é dominado pela visão e entendimento de teólogos europeus e americanos, o que dá uma visão etnocêntrica ao debate; e a terceira retoma os questionamentos em termos sobre a compreensão que se tem quanto à compreensão do que Deus espera. De forma a evidenciar essa tensão que se cria no meio evangélico, recorre-se às palavras de Ricardo Gondim, que aponta claramente o estabelecimento desse distanciamento, ressaltando até mesmo a necessidade da criação de uma nova identificação própria para os evangélicos latino-americanos:. “Teólogos brasileiros que se identificaram com as propostas do Congresso de Lausanne tentaram cunhar o neologismo ‘evangelicais’, porque viram a necessidade de se distinguirem dentro do contexto evangélico. (…) A palavra ‘evangelical’ no contexto norte-americano apenas descreve o movimento que procurou distanciar-se do fundamentalismo, com teólogos que buscavam um meio termo entre o liberalismo teológico alemão e o fundamentalismo que se isolara culturalmente nos Estados Unidos. Já no contexto da América Latina, alguns procuraram a expressão como forma de evidenciar que os teólogos que propunham a Missão Integral não poderiam alinhar-se aos notórios evangélicos norte-americanos, que embora mostrassem disposição para ser mais receptivos culturalmente, permaneciam com o dogmatismo dos fundamentalistas”. (GONDIM, 2009: 51; 52). Segundo Ricardo Gondim, a tensão do debate, que não se detém à realidade missiológica, mas por questões deste trabalho nos ateremos a ela, é tamanha que gera a necessidade de uma autoafirmação de um grupo particular, tanto no seio americano, como no seio latino-americano, apesar de evidenciar realidades completamente diferentes. Entretanto, o cunho desse termo na América Latina, mais especificamente no Brasil, não se popularizou e deteve-se ao meio teológico de maior erudição..

(22) 21. Se por um lado novas identificações surgem, com o intuito de situar o grupo nascente, que não se identifica nos rótulos habituais; por outro lado, o desenrolar desse embate no campo teológico sobre os caminhos da missão no quadro evangélico mais ortodoxo não deu sinais de arrefecimento desde a assinatura do pacto de Lausanne em 1974. E, como expõe René Padilla, em seu relato sobre o desenrolar das comissões sobre evangelização mundial, há quem procure forçar uma agenda oficial, restringindo o debate e reforçando a concepção tradicional pragmática de missão das grandes agências missionárias norte-americanas até então.. “De nenhuma maneira, no entanto, essa forma de conceber a missão cristã era compartilhada pela maioria das pessoas vinculadas ao Movimento de Lausanne. Isto ficou em evidência apenas um pouco depois na Consulta sobre Evangelização Mundial (Pattaya, Tailândia, junho de 1980), organizada pela Comissão de Lausanne para a Evangelização Mundial (LCWE, em inglês) com o lema ‘Como vão ouvir?’. Planejada como ‘uma consulta de trabalho com o objetivo principal de desenvolver estratégias realistas de evangelização para levar Cristo aos grupos de pessoas ao redor do mundo que ainda não foram alcançados’, se concentrou quase exclusivamente nos ‘grupos de pessoas’, nas ‘unidades homogêneas’ e na comunicação oral. Apesar de todo o controle exercido durante a conferência por parte da liderança para assegurar-se de que a dimensão social da missão não desviasse a atenção exclusiva para a evangelização concebida nos termos propostos oficialmente, a reflexão criativa que teve lugar nos grupos de participantes que se reuniram durante a consulta rompeu a ordem estabelecida e proporcionou a base para uma ‘afirmação de preocupação a respeito do futuro da Comissão de Lausanne para Evangelização Mundial’”. (PADILLA, 2014: 21). A pressão foi tão grande que houve corte de patrocínio de outros congressos internacionais mais abrangentes e de maior engajamento multicultural, a ponto de René Padilla não comparecer ao II Congresso Lausanne de Evangelização, 1989, em Manila, como protesto. A não participação dele e de Samuel Escobar na organização do evento, ou seja, um boicote a expressão latino-americana na formulação do evento. (GONDIM, 2009: 13) A marca desse período de tensão, rompimento, reafirmação e formulações é o que realmente nos interessa, pois é nesta conjectura que cada parte irá procurar conceber o seu caminho como resposta às questões que emergem, uns se segurando ao passado com todas as.

(23) 22. forças, alguns remodelando esse passado e outros procurando trilhar novos caminhos, mas todos atrás de uma resposta.. 1.2. AS TRÊS TEOLOGIAS DA MISSÃO SEGUNDO DONALD A. McGRAVAN Esta não é uma divisão histórico-sistemática da teologia da missão, mas sim a expressão. de como Donald A. McGravan, o fundador da concepção missiológica do Church Growth Movement, Movimento do Crescimento de Igreja, encara a realidade da teologia da missão em sua contemporaneidade e a partir dela dá sua resposta aos desafios que estão propostos. Segundo C. Peter Wagner, discípulo de Donald A. McGravan, uma frase é muito característica de seu mestre e resume seu espírito missionário: “We stand in the sunrise of missions” [“Estamos diante do alvorecer das missões” – tradução livre] (WAGNER, 2013: 6), tendo muitos o considerado o grande missiólogo do século XX, uma pessoa com uma enorme paixão pela realização de missões e engajamento missionário. É este ideal, percebido por Wagner, que vai permear todo o escrito de McGravan e sua busca por encontrar uma solução ao problema que as missões evangélicas enfrentam, a seu ver. Se, por um lado, a paixão de McGravan pelo ‘campo missionário’ é grande, por outro lado, ele nutre uma insatisfação muito grande em termos do que se tem feito efetivamente em termos de missões e os ‘resultados’ que esses trabalhos têm conseguido. É importante ressaltar que essa palavra, resultados, será um dos pilares de todo o movimento apresentado por McGravan. Em seu livro Understanding Church Growth, que se constituirá como o texto fundante de todo o movimento perpetrado por McGravan e difundido por Peter Wagner, Ralph Winter, Win Arn, George Hunter e outros de seus seguidores, no século XX, há uma percepção de uma disputa teológica em andamento:. “The theory and theology of missions is what is in dispute. As God carries out his mission in the world and the church seeks to be found ‘about his business,’ what should be done? What priorities are correct? Among many good.

(24) 23. enterprises, which has preeminence? Which should come first and which – if any have to be – should be omitted? How is carrying out the will of God to be measured? What has really been accomplished as the church has spread on new ground?” (McGRAVAN, 1990: xvi). Conforme se pode verificar, há muitas perguntas a serem respondidas sobre a teoria e a teologia de missões, segundo McGravan, em sua grande maioria, são perguntas de ordem prática, ou que visam influenciar a práxis das missões. O que se responde determina a forma como as missões são realizadas pela igreja e esta é a principal preocupação de McGravan. Em linhas gerais, a prática da missão para o fundador do Movimento de Crescimento de Igrejas se encontra na disputa entre três teologias: a teologia do evangelho social (liberais e holismo), a teologia da semeadura e a teologia da colheita.. 1.2.1 A Teologia da Semeadura (Search Theology) A teologia da busca ou teologia da semeadura é a denominação empregada por McGravan para descrever a compreensão missiológica de que o essencial é ir e pregar o evangelho, levar a mensagem de Cristo para qualquer lugar do mundo, sem se importar se haverá aceitação da mensagem. O papel da igreja é fazer com que todos tomem conhecimento da existência da mensagem. Este tipo de teologia, na afirmação de McGravan, inundou o pensamento da igreja cristã protestante durante o século XX e proporcionou o que, para ele, foi a era de missões mais desencorajadora. Apesar de sua avaliação um tanto descontente, mesmo assim, o teólogo dá à teologia da semeadura certa excelência de autoridade bíblica, visto que há uma ligação muito grande entre ela e o pensamento de McGravan, em ambos há uma forte necessidade de pregar a mensagem oral do evangelho de Cristo. (McGRAVAN, 1990: 24) Além disso, a compreensão do que efetivamente é essa mensagem é muito próxima. Para ambos a mensagem é a salvação de Cristo e seu senhorio, proporcionada aos perdidos, que devem aceitá-la para desfrutar da vida eterna ao lado de Deus, por meio da compreensão da mensagem e um aceite oral da formulação teológica a saber: “Passo 1- Deus te ama e tem um plano para você,.

(25) 24. Passo 2- O homem é pecador e separado de Deus, Passo 3- Deus enviou seu filho para morrer pelos seus pecados, Passo 4- Você gostaria de receber o perdão de Deus?”6 Após a explicação dos quatro passos, a pessoa é convidada a fazer uma oração como a seguinte: “Querido Senhor Jesus, Eu sei que sou um pecador. E eu clamo pelo seu perdão. Eu acredito que o Senhor morreu pelos meus pecados e ressuscitou dentre os mortos. Eu confio e sigo a ti como meu Senhor e Salvador. Guie a minha vida e me ajude a fazer a sua vontade. Em seu nome, Amém”7. Este é o simples plano de salvação que Deus tem para todo ser humano, ao aceitá-lo publicamente, o indivíduo estará salvando sua alma da condenação eterna. O plano de salvação exposto no parágrafo anterior encontra-se no site da Billy Graham Evangelistic Association8, onde ao se clicar na aba “Grow Your Faith” no subitem “How To Know Jesus”, a pessoa é redirecionada ao site “Peace with God”9 (veja o anexo 1, p. 109), onde ao fim da oração de aceite a pessoa é indicada a apertar dois botões, a saber: “Yes, I prayed the prayer”10, (veja o anexo 2, p. 111) que irá redirecioná-la a um formulário a ser preenchido com dados pessoais (nome, email, sexo e país); e outro botão “No, but I have a question”11, (veja o anexo 3, p. 112) que irá redirecioná-la a outro formulário para também preencher dados pessoais e possibilitar a pessoa a fazer perguntas sobre dúvidas espirituais. Outro dado interessante no site é um link para que a pessoa possa abrir uma janela de pop-up de chat a qualquer momento para conversar com alguém online. Em termos de conteúdo da mensagem propagada, não há significativas mudanças entre a teologia da semeadura e a teologia da colheita, ambas concordam. E seguem o script da ilustração acima que se obteve do site da Billy Graham Evangelistic Association. McGravan mesmo afirma que a teologia da semeadura não é falsa, mas parcial, verdadeira para certas populações, onde se encontra resistência, e que apenas se encontra falsa na medida em que se proclama a única teologia de evangelismo aplicável em qualquer lugar. (McGRAVAN, 1990: 30) Contudo, McGravan carrega consigo uma grande insatisfação pela teologia da semeadura, pois, para ele, ela deixa a desejar, visto que carece de eficiência na consecução do objetivo da 6. https://peacewithgod.net/ Op. cit. 24 8 https://billygraham.org/ 9 https://peacewithgod.net/ 10 https://peacewithgod.net/i-prayed-the-prayer/?profession=PWG%20responsive 11 https://peacewithgod.net/i-have-a-question/?profession=PWG%20responsive 7.

(26) 25. missão. Segundo o teólogo americano, aqueles que a promovem só estão interessados na ação em si, não há nenhuma preocupação com os resultados dessa ação, o que é inadmissível para ele, visto que o Deus cristão não só procura, mas procura até encontrar e procura onde encontra. Exercer uma ação onde a procura é o objetivo final, é atuar pela metade, pois Deus ordena que se encontre e salve o perdido e não apenas anuncie a salvação. A teologia da semeadura tem sua motivação em levar o anúncio do evangelho de Jesus Cristo a todo o mundo, fazer com que toda pessoa em todo o lugar conheça a pregação do evangelho, não há uma importância em que esta mensagem seja aceita, até porque muitos povos no mundo a veem como subversiva e até mesmo proibida. Sendo assim, semeia-se a semente da palavra, mas o florescer desta é dado pela ação do Espirito Santo nos corações das pessoas, as conversões são consequências do anúncio da mensagem, uma ação do próprio Deus. Na teologia da semeadura, o resultado da missão quanto ao número de conversões que esta realizou não é uma medição acertada, visto que a ação de Deus não pode ser apenas restringida ao número de pessoas, sendo certo que as conversões ocorrem, e são importantes, não sua quantidade, mas que ocorram. Com isso o resultado quantitativo não pode ser usado para avaliar sucesso ou fracasso da missão. McGravan afirma que a teologia da semeadura proporcionou ao cristianismo a era mais desencorajada de missões e suas afirmações teológicas são consequências do cenário mundial em que está inserida e tiveram o impacto de quatro fatores: o primeiro é a indiferença doméstica e a hostilidade externa enfrentada na missão, o que fez a teologia da semeadura ser a perfeita justificativa para suportar as dificuldades na propagação do anúncio da mensagem, negando, assim, qualquer relação entre resultados e missão, ou seja, para ele, essa teologia nasceu como uma justificativa do enfrentamento de suas dificuldades na realização da missão. O segundo fator se dá sob a influência do relativismo e da realidade de um mundo cada vez mais próximo quanto ao conhecimento de outras culturas e religiões, que, para ele, leva a uma atitude de conciliação com essas outras sociedades não-cristãs e faz do objetivo da missão “in friendly, cooperative relationships with other religions is to develop a new humanity, a new just and participatory society” (McGRAVAN, 1990, 25), o que em sua compreensão não é nada mais do que universalismo, que leva as pessoas a desconsiderarem a necessidade da conversão, mas incentiva a promoção da fé por atos de bondade..

(27) 26. O terceiro fator, que deu causa à teologia da semeadura, foi, segundo McGravan, o enorme abismo do padrão de vida do Ocidente em relação às nações do ‘terceiro mundo’, que em termos de saúde, educação, saneamento, políticas públicas, conforto e produção deixavam muito a desejar em relação aos países cristãos desenvolvidos, (McGRAVAN, 1990, 26) o que levou a ação missionária à realização de ações filantrópicas de construção de escolas, hospitais, centros agrícolas como forma de preparação para o evangelho ou uma maneira mais efetiva de pregar o evangelho. A conversão de almas não era uma prioridade. O quarto fator é a utilização dessa teologia como justificativa para o pequeno crescimento de igrejas e membros ativos de igrejas, visto que a teologia da semeadura abraçou o fato de que o mandamento de Deus está na procura das pessoas, e não nas conversões, pois independem da ação humana, portanto, ela ataca qualquer ênfase em resultados. (McGRAVAN 1990, 26) A crítica da teologia da colheita à teologia da semeadura pressupõe que o foco nos esforços do anúncio da mensagem, que esta última advoga, a faz uma teologia apática em sua intenção de transformar o mundo pelo evangelho de Jesus Cristo, como alardeou o fundador da teologia da colheita:. “At base, the trouble is that mere search, detached witness – without the deep wish to convert, without whole hearted persuasion, and with what amounts to a fear of the numerical increase of Christians – is not biblically justified. Mere search is not what God wants. God wants his lost children found”. (McGRAVAN 1990, 27). 1.2.2 A Teologia da Colheita (Harvest Theology) A teologia da colheita é a teologia adotada pelo movimento de crescimento de igrejas e será a base para a construção de seu pensamento, como já dito anteriormente, ela se afirma no fato de que o sentido da igreja existir é multiplicar-se por meio da conversão do maior número de.

(28) 27. pessoas, e, portanto, a igreja deve estar sempre atenta e utilizar-se de todo o meio à sua disposição para o sucesso de sua empreitada. Ela tem como seu príncipio norteador o “Harvest Principle: the strategy of concentrating the maximum number of workers among receptive segments of population while not bypassing the resistant.” (WAGNER, 1986: 191), ou seja, atuar de forma a obter a maior eficiência no protagonismo da missão, na aplicação dos recursos financeiros e humanos, identificando o lugar em que haverá o melhor retorno deste investimento, contabilizado pela receptividade da mensagem do evangelho e medido na contabilização de pessoas que aceitem esta mensagem, convertendo-se ao cristianismo e sendo parte da membresia de uma igreja cristã. Os defensores dessa teologia consideram que existe uma maneira de se realizar o trabalho missionário que produz pouca ou nenhuma igreja, e também deve existir uma maneira de realizar o trabalho missionário onde ocorre o estabelecimento de muitas igrejas. (McGRAVAN 1990, ix) E é preciso analisar esses casos à luz do conhecimento e da tecnologia disponível, seja ela qual for, para compreender os fatores e as causas desse crescimento, criando-se modelos e instrumentalizando-os na replicação dos resultados obtidos no caso estudado. Essa teologia considera o cálculo matemático (estatísticas e categorizações) uma abordagem fundamental para a concretização e a sua unidade de medida de ação são as pessoas, pois “Jesus Christ, our Lord, came to seek and save the lost. The lost are always persons. They always have countable bodies” (McGRAVAN 1990, 28). Não há que se estranhar o uso da abordagem numérica, afirmam seus defensores, pois tal abordagem de medição contínua é usada em toda atividade humana para que delas se extraia melhor e maior desenvolvimento e estabilidade. “The counting of pupils by sex and grade, place of residence and intellectual ability, and degree of learning and rate of progress is never questioned. Without it, effective administration and accurate forecasts would be impossible.” (McGRAVAN 1990, 67) A questão do cálculo é uma questão controversa e tende a levantar debates sobre seu uso, principalmente na teologia da colheita, pois aqui é tomada como fim em si mesma e regra de medida da ação da divindade cristã no mundo, o que descarta, dizem seus críticos, da ala mais conservadora ou progressista, a pessoalidade e a experiência da fé cristã, que é mais dinâmica que.

(29) 28. a contagem de corpos convertidos. O cálculo pode se demonstrar útil para a instituição e necessária para sua administração, mas não como regra de medida da ação de Deus no mundo. Entretanto, para seus defensores a quantificação da ação da missão da igreja é fundamental, pois alegam que o Deus cristão é o Deus do encontro e por isso é mandatório a todo cristão exercer o esforço de realização da missão de modo que o “maximum fiding occurs” (McGRAVAN, 1990, 22), ou seja, que haja o máximo de eficiência na evangelização angariando o maior número de pessoas possíveis para a igreja.. 1.2.2.1 O Princípio das Unidades Homogêneas Como a teologia da colheita está completamente focada em buscar a eficiência da evangelização ou da missão que realiza, ela vai desenvolver métodos que tem por objetivo fazer com que o máximo de conversões ocorra. O resultado na quantidade de conversões cada vez numericamente maior sempre é a meta a ser alcançada. Nesse sentido, é que eles desenvolvem o conceito de unidade homogênea. Esse conceito de unidade homogênea é bastante controvertido e foi sujeito a inúmeras críticas. Foi um conceito proposto por Donald McGravan, que diz que “the homogeneous unit is simply a section of society in which all the members have some characteristic in common” (McGRAVAN, 1990, 69) este princípio é o ponto central do “people movement theory”, teoria do deslocamento de pessoas, na qual McGravan assume que as pessoas gostam de se tornarem cristãs sem ter que cruzar barreiras de diferenciação, como ressalta Peter Wagner aludindo às palavras de seu mentor:. “A corollary of the people movement theory is the homogeneous unit principle. ‘People like to become Christians without crossing racial, linguistic, or class barriers,’ said McGravan. Conversion, he argued, should occur with a minimum of social dislocation. This principle has become the most controversial of all church growth principles because critics have interpreted it as classist or racist. Nothing could be further from McGravan’s mind, however” (WAGNER, 2013: 7).

(30) 29. Desta forma, McGravan entende que as igrejas devam ser constituídas por pessoas assemelhadas de maneira que leve ao menor deslocamento de identificação possível, pois isso tornaria a conversão mais fácil, e assim, poderia atingir o maior número de pessoas possíveis, esse princípio de constituição de igrejas por pessoas assemelhadas, de mesma raça, ou língua, ou classe social é o princípio da unidade homogênea. René Padilla vai ser um crítico desse tipo de metodologia para a evangelização, como fica claro na palestra que ele profere no Grupo de Teologia e Educação, organizado pelo Comitê de Continuação do Congresso de Lausanne I de 1974, que transcorreu na School of World Mission, no Seminário Teológico Fuller em Pasadena, Califórnia, sob o título: “A unidade da igreja e o princípio das unidades homogêneas” (PADILLA, 2014: 20). Nela, Padilla expõe que a unidade da igreja está em nenhuma outra coisa que não na identificação que as pessoas de toda língua, raça e nação encontram em Jesus Cristo, e nele são reconciliados e convivem solidariamente em sua diversidade. “O agente da unidade é Cristo e o princípio de união, o evangelho” (PADILLA, 2014: 173) Em suas refutações sobre o princípio das unidades homogêneas, Padilla aponta cinco argumentos: 1. Na igreja primitiva proclamava-se o evangelho a todos, judeus ou gentios, escravos ou livres, ricos ou pobres, sem distinção; 2. A superação de barreiras interpessoais no mundo era um aspecto essencial do evangelho, e não meramente um resultado secundário e prescindível; 3. A igreja não somente crescia, ela crescia por cima das barreiras culturais e apesar delas; 4. A unidade não era confundida com uniformidade, muito menos com o objetivo de formar comunidades; 5. A comunhão cristã acima das barreiras culturais pertencia à própria essência do compromisso cristão. (PADILLA, 2014: 191,192) Ao longo de sua exposição, Padilla, diversas vezes, faz a observação de que não é contra o crescimento quantitativo de igrejas e adeptos, mas é contra a utilização do princípio da unidade homogênea como norteador e essencial a estratégias de evangelização. Afirma, baseado nos seus cinco pontos, que é um princípio que não tem fundamento bíblico e chega a perguntar: “Mas o que isto tem a ver com o evangelho acerca de Jesus Cristo, que veio para reconciliar a todos em um só corpo, por meio da cruz?” (PADILLA, 2014: 193).

(31) 30. A apresentação do princípio da unidade homogênea serve de exemplo de como se gesta o pensamento de McGravan na formulação do movimento de crescimento de igrejas, que vai priorizar o método e a técnica, onde até mesmo as pessoas são observadas e conduzidas de acordo com sua funcionalidade para a produção de mais convertidos, e o embate que Padilla enfrenta procurando ressaltar a humanidade da igreja e a transcendência do reino de Deus, como veremos nos capítulos seguintes.. 1.2.3 Evangelho Social Essa teologia para McGravan constitui um grande perigo para a igreja, visto que, conforme suas próprias palavras, “ela traz confusão em teoria, teologia e prática de missão, e conduz erroneamente jovens igrejas na grande pletora de bons atos a fazer” (McGRAVAN, 1990: xvii). Uma de suas grandes insatisfações em relação a esse pensamento está no fato, como declara, que 80% das atividades de missão em seu tempo são organizadas em atos de bondade e ações sociais, o que faz a evangelização da mensagem de Cristo ser colocada em segundo plano. Ocorre aqui uma divisão de escolas de pensamento sobre missões, segundo McGravan, a primeira escola que prioriza os “ministérios sociais cristãos” (McGRAVAN, 1990: 22) e outra escola que prioriza o “evangelismo” (a persuasão de homens e mulheres a se tornarem cristãos e membros engajados de uma igreja). Em sua análise, o autor traça uma distinção que é fundamental na construção de seu posicionamento:. “that mission is a divine finding, vast and continuous. The chief and irreplaceable purpose of mission is church growth. Social service pleases God, but it must never be substituted for finding the lost. Our Lord did not rest content with feeding the hungry and healing the sick. He pressed on to give his life a ransom for many and to send out his followers to disciple all nations. Service must not be so disproportionately emphasized at the expense of evangelism that findable persons are continually lost.” (McGRAVAN, 1990: 22).

(32) 31. Para o fundador do Movimento de Crescimento de Igrejas, não só há uma separação entre serviço e evangelismo, mas o último tem prioridade sobre o primeiro, visto que é parte do próprio desejo de Deus de encontrar quem está perdido. Portanto, não se deve dar tanta atenção para o serviço, e sim, para a proclamação do que o movimento entende ser a mensagem do evangelho, ponto tratado na “teologia da semeadura”, da qual se pode perceber alguns pressupostos teológicos da ortodoxia protestante, já na citação acima, como a concepção de salvação por meio do pagamento de um resgate através da morte de Jesus Cristo na cruz. Além de considerar o evangelho social de segunda importância em relação à evangelização nas práticas da igreja, o autor expõe que a atuação social para um bem-estar comum é uma consequência da cristianização de pessoas e, por isso, ocorrerá naturalmente se a igreja priorizar a evangelização: “(...) It maintains that Christianizing the social order is a fruit of new life in Christ and church multiplication and must, therefore, receive a lower priority” (McGRAVAN, 1990: 22). Um de seus seguidores, George Hunter12, faz a seguinte declaração categórica, que segue a mesma linha de seu pensamento: “Our social causes will not triumph unless we have great numbers of committed Christians”. Este tratamento condicional para a mudança da ordem social permeará o pensamento de todos os adeptos do movimento de crescimento de igrejas. Um dos principais seguidores de McGravan, apoiador de seu trabalho, propagador de suas ideias, e que o substituiu na cadeira de Crescimento de Igrejas da Escola Mundial de Missão do Seminário Fuller, Peter Wagner, declara sua insatisfação com um movimento que se propaga mundialmente: o cristianismo liberal, tal qual nomeia, e demonstra a sua preocupação com o perigo que este movimento representa para a igreja, para a evangelização e para missões, conforme declara abaixo:. “Back when The Bridges of God was published, liberal Christianity was having a heyday. The social gospel was in, and a massive effort had been mounted to redefine the terms "mission" and “evangelism.” Mission meant fulfilling the cultural mandate. Evangelism meant giving a cup of cold water in the name of 12. “George G. Hunter III é professor emérito do Seminário Teológico da Escola de Missão e Evangelismo de Asbury, onde trabalhou como Deão por 18 anos e como distinto professor por 10 anos. Ele trabalhou como Deão fundador da Escola E. Stanley Jones de Missão e Evangelismo de Asbury” http://www.abingdonpress.com/george_g_hunter.

(33) 32. Jesus and helping Muslims or Buddhists become better people. Advocating conversion to Christianity was regarded as distasteful, something akin to coercion or manipulation. The World Council of Churches13 had been organized, and this kind of thinking had already begun to surface in its theological outlook. Donald McGavran, who himself had once advocated these positions, now saw their spiritual emptiness. He launched a thirty-year crusade to bring the meanings of mission and evangelism back to their classic, biblical moorings.” (WAGNER, 2013: 10). A partir da fala de Wagner fica evidente a ruptura entre o que ele considera Evangelho social (um evangelho subjugado pela cultura) e Evangelho bíblico (anúncio da salvação eterna por meio da morte e ressureição de Jesus Cristo, que realizou o pagamento eterno dos pecados da humanidade). A Escola de Fuller14 vai procurar contra-argumentar o posicionamento do dito “Evangelho social” afirmando que a primazia do crescimento de igrejas na prática da missão é algo que advém do próprio Deus, pois em primeiro lugar, a missão pertence a Deus (apropriam-se do conceito de missio Dei), que tomou bastante força no Século XX: “In this world, mission must be what God desires. It is not a human activity but missio Dei, the mission of God, who himself remains in charge of it”. (McGRAVAN, 1990: 20). Entretanto, o fato da missão ser divina não contribui em nada para o argumento do crescimento de igrejas, por isso é preciso definir a missão, sobre o que discorreremos mais adiante. Em segundo lugar, a Escola de Fuller afirma que o crescimento de igrejas é desejo divino (McGRAVAN, 1990: 6, 9) e que tal fato se dá pela salvação das pessoas da condenação eterna por meio da proclamação do evangelho de Jesus Cristo: “Anyone who would comprehend the. 13. “O Conselho Mundial de Igrejas é uma organização que visa à comunhão de igrejas que confessam o Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador, em concordância com as escrituras, e, portanto, procura cumprir juntos o chamado comum para a glória do único Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. É a maior e mais inclusiva das diversas expressões organizadas do movimento ecumênico moderno, um movimento cujo objetivo é a unidade cristã. Foi fundada em 1948, possui sede em Genebra na Suíça e conta com mais de 345 denominações cristãs”. [Tradução livre feita de informações retiradas do próprio site da organização] http://www.oikoumene.org/en/about-us 14 Toma-se a liberdade de utilizar o termo Escola Fuller (“Fuller School”) para a designação do pensamento sobre Movimento de Crescimento de Igreja da Escola de Mundial de Missão do Seminário Teológico Fuller. Esta designação foi utilizada por Ebbie C. Smith do Southwestern Baptist Theological Seminary, em 1984 no Balanced Church Growth: “I use the terms, Church Growth Movement or Church Growth Theory, to refer to the body of teaching associated with the approach of Donald A. McGavran, Alan R. Tippett, C. Peter Wagner, Win Arn and others of the so-called “Fuller School.”.

(34) 33. growth of Christian churches must see it primarily as faithfulness to God. God desires it (...) faithfulness to God implies doing our part, empowered by the Holy Spirit, to persuade all men and women to become disciples of Jesus Christ and responsible members of his church”. (grifo nosso), ou seja, sua não observância é um ato de infidelidade e indiferença a Deus. Além disso, acrescentam que é algo que agrada o próprio Deus: “Nevertheless, God´s obedient servants seek church growth not as an exercise in improving humanity, but because the extension of the church is pleasing to God. Church growth is faithfulness” (McGRAVAN, 1990: 6). (grifo nosso), portanto, a indiferença ao crescimento de igrejas é um desagravo ao próprio Deus. E por último, destacam que o crescimento da igreja é algo que Deus requer dos cristãos (McGRAVAN, 1990: 8): “Church growth is basically a theological stance. God requires it. It looks to the Bible for direction as to what God wants done”. (grifo nosso). Por conseguinte, não ter o foco no crescimento de igreja é desobedecer a Deus e ao seu mandamento, é descumprir algo da parte de sua volição. Isto posto, não ter o crescimento de igreja como foco da missão é estar em oposição ao próprio Deus cristão, pois se atua contra o seu desejo, contra o seu agrado, contra a sua vontade. Neste ponto específico da argumentação da Escola de Fuller, gostaria de abrir um parêntese para expressar que em cada um dos argumentos do parágrafo anterior exposto falta uma premissa para o embasamento da argumentação, alguma relação de causalidade na lógica estabelecida. São expressas afirmações autodeclaratórias, não factíveis de comprovação ou argumentação dentro de sua própria expressão. Tal fato traz uma dificuldade para o debate e não contribui para a solução da questão posta entre as duas escolas. Assim, um quadro de grande oposição se estabelece e fronteiras são demarcadas sobre o conceito de missão e evangelização. As tentativas da Escola de Fuller são claras e de contraposição à ala mais progressista da igreja que traz uma ênfase à necessidade de mudança social e da relevância da igreja no mundo contemporâneo, bem como de reação da ala ortodoxa da igreja protestante que se vê, segundo eles, paralisada diante da expansão do pensamento mais imediato da realidade do evangelho..

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