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Hospitais e Serviços: selecção e caracterização

Grupo III Produção total

LISBOA E VALE

5. METODOLOGIA E PLANEAMENTO DO TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO

5.3. PLANEAMENTO EXPERIMENTAL

5.3.1. Hospitais e Serviços: selecção e caracterização

5.3.1.1. Hospitais: universo e população

Na selecção da população foi considerado o objectivo de diferenciar os hospitais por grupos, tanto em termos de características dos próprios hospitais, como em relação à respectiva localização geográfica.

Em 20001, faziam parte do SNS 92 hospitais: 29 Centrais, dos quais 13 Gerais e 16 Especializados, e 63 Distritais, sendo 39 Gerais e 24 do Nível 1 (Tabela 5.1). Não foram englobados nos hospitais Centrais Especializados os estabelecimentos de saúde mental2, que incluem a psiquiatria, a alcoologia e a toxicodependência, devido à especificidade de cuidados prestados e consequentemente de RH produzidos.

Como universo do trabalho prático optou-se por seleccionar apenas os hospitais Centrais Especializados e os hospitais Distritais Gerais, o que correspondia, em 2000, a 60% do total de hospitais do SNS.

Esta opção baseou-se na dimensão dos hospitais (dimensão média), procurando excluir hospitais excessivamente grandes e complexos (e.g. hospitais Universitários) e hospitais considerados de retaguarda, com um número muito restrito de valências (hospitais Distritais Nível 1). Além disso, considerou-se, também, a localização geográfica dos hospitais. A exclusão das Regiões Autónomas esteve relacionada com condicionantes económicas (e.g. preço das viagens, número de viagens necessárias).

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Foram seleccionados três hospitais Centrais Especializados, bastante semelhantes em termos de prestação de cuidados de saúde:

- Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil – Centro Regional de Lisboa; - Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil – Centro Regional de Coimbra; - Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil – Centro Regional do Porto.

E três hospitais Distritais Gerais:

- Hospital de Santa Luzia de Viana do Castelo; - Hospital do Espírito Santo de Évora;

- Hospital de São Bernardo (Setúbal).

Na selecção da população, os seis hospitais estudados, optou-se pelo método de contrastes, por permitir estudar possíveis diferenças relacionadas com os critérios considerados mais relevantes (classificação dos hospitais e diferenciação geográfica). Na globalidade, a população seleccionada abrangeu 11% do universo de hospitais Centrais Especializados e Distritais Gerais do SNS.

Tabela 5.1. Número de hospitais do SNS em 2000 (DGS, 2003a) e hospitais seleccionados para o trabalho de investigação. Hospitais SNS1 Total (nº hospitais) População (nº hospitais) (%) Centrais Gerais 13 0 - Especializados 16 3 18,8 Distritais Gerais 39 3 7,7 Nível 1 24 0 - Total Centrais Especializados e Distritais Gerais 55 6 10,9 Total global 92 6 6,5 1

não estão incluídos os estabelecimentos de saúde mental.

Na Tabela 5.2 apresentam-se os critérios de selecção que estiveram na base da escolha dos seis hospitais: a opção por hospitais Centrais Especializados e Distritais Gerais, com média dimensão e com representatividade geográfica, conciliado com o facto de serem também consideradas as diferentes empresas/instituições que transportam e tratam os RH produzidos nestas UPCS.

Tabela 5.2. Design da amostra.

Norte Sul Total Centrais Especializados Ambimed 1 1 SUCH 1 3 Distritais Gerais Ambimed 1 SUCH 1 1 3 Total 3 3 6

As duas maiores empresas/instituições que transportam e tratam os RH perigosos em Portugal são a empresa Ambimed, S.A. e o Serviço de Utilização Comum dos Hospitais -

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SUCH (referidos no capítulo 2). Com o objectivo de reduzir possíveis enviesamentos induzidos por estas entidades na população estudada, optou-se por escolher três hospitais com contracto com a primeira empresa e três com contracto com a segunda instituição.

De uma forma resumida, as relações entre os critérios de selecção e o número de hospitais, tanto do universo (todos os hospitais Centrais Especializados e Distritais Gerais do SNS), como da população seleccionada, apresentam-se na Tabela 5.3.

Tabela 5.3. Número de hospitais seleccionados para o universo e população, de acordo com os critérios de selecção.

Critérios de selecção Universo (nº hospitais)

População (nº hospitais)

Total Univ./Pop. (nº hospitais)

Classificação dos hospitais

Centrais Especializados/ Distritais Gerais 16 / 39

3 / 3 55 / 6

Localização geográfica

Hospitais a Norte/ Hospitais a Sul 30 / 25 3 / 3 55 / 6

Com o objectivo de simplificar a designação dos hospitais seleccionados, neste trabalho de investigação os três hospitais Centrais Especializados serão apenas denominados “hospitais especializados” e os três hospitais Distritais Gerais serão designados como “hospitais distritais”.

Classificação dos hospitais

Os três hospitais especializados seleccionados foram os três Centros Regionais do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil:

- O Centro Regional de Lisboa, designado por hospital 4. A sua área de actuação abrange, actualmente, a região Sul de Portugal (distritos de Lisboa, Santarém, Portalegre, Setúbal, Évora, Beja e Faro), além das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

- O Centro Regional de Coimbra (hospital 5) que se situa na cidade de Coimbra e engloba a população do centro do país.

- Centro Regional do Porto (hospital 2). A sua área de actuação abrange o Norte do país.

O Instituto Português para o Estudo do Cancro, primeira designação oficial do que viria a ser o Instituto Português de Oncologia, foi criado em 1923, com sede provisória no Hospital Escolar de Santa Marta, em Lisboa (Pacheco, 1994). Em Dezembro de 1927 é inaugurado em Palhavã o primeiro pavilhão do Instituto Português de Oncologia, graças ao empenho do Prof. Doutor Francisco Gentil (IPOFG, 1998). Em 1982 é publicado o novo Estatuto do Instituto Português de Oncologia, definindo-se, pela primeira vez, a autonomia efectiva (administrativa, financeira, científica e patrimonial) dos Centros de Lisboa, Coimbra e Porto (Pacheco, 1994).

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Em Coimbra, através do empenho do Prof. Doutor Luís Raposo, em 1953 é adquirida uma pequena vivenda que depois de obras de adaptação constitui o primeiro edifício sede do Centro de Coimbra, iniciando a sua actividade em 1962 (IPOFG, 1998).

No Porto, a necessidade da criação de um Centro Oncológico foi-se consolidando desde 1937, tendo a partir de 1963, com o impulso e dedicação de João dos Santos Ferreira, começado a ser concretizada. Após diversas vicissitudes, o Centro Regional do Porto abriu as suas portas aos doentes em 17 de Abril de 1974 (Pacheco, 1994).

Na Tabela 5.4 apresentam-se algumas características destes três hospitais. O hospital 5 é o de menor dimensão (184 camas) e o hospital 2 é o de maior dimensão (353 camas), registando um maior número de doentes saídos, de consultas externas, de intervenções cirúrgicas e de sessões de quimioterapia. As urgências apenas existem no hospital 4, embora tenham a denominação de Atendimento não Programado, uma vez que se destinam exclusivamente a doentes da instituição.

Tabela 5.4. Caracterização dos hospitais Centrais Especializados e dos três hospitais especializados seleccionados, no ano 2000 (adaptado de DGS, 2003a).

Lotação Doentes Consultas Urgências Intervenções Quimioterapia

praticada saídos externas cirúrgicas Sessões Doentes (nº camas) (nº) (nº) (nº) (nº) (nº) (nº) Centrais Especializados Total 2 357 80 064 942 143 127 318 48 449 40 183 6 446 Seleccionados: Hospital 2 353 10 982 187 629 _ 12 388 16 130 2 581 Hospital 4 294 8 194 153 031 6 399 5 767 15 483 2 421 Hospital 5 184 4 985 94 427 _ 2 828 6 480 872 Total selec. (nº) 831 24 161 435 087 6 399 20 983 38 093 5 874 (%) 35,3 30,2 46,2 5,0 43,3 94,8 91,1

Os três hospitais especializados seleccionados representam cerca de 35% da lotação praticada por este tipo de hospitais. É, igualmente, nestes três hospitais que são realizadas 46% das consultas externas e 43% das intervenções cirúrgicas efectuadas nos hospitais Centrais Especializados. As sessões de quimioterapia (95%) são praticamente todas efectuadas nos três hospitais seleccionados, devido à sua especificidade.

Relativamente aos hospitais distritais, foram seleccionados os seguintes hospitais:

- O Hospital de Santa Luzia de Viana do Castelo (hospital 1). Fundado em 1587, tendo sido transferido para o novo edifício, onde funciona actualmente, em Setembro de 1983 (HSL, 2000). Em 2000, tinha uma lotação de 514 camas, embora apenas 392 estivessem afectas ao hospital, pertencendo as restantes ao Departamento de Saúde Mental do distrito;

- O Hospital do Espírito Santo de Évora (hospital 3), com cerca de cinco séculos de história. Uma parte funciona no edifício antigo, tendo um sector novo entrado em funcionamento em 1975 (Leal, 1996). Em 2000, o hospital tinha 386 camas;

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- O Hospital de São Bernardo (hospital 6), localiza-se na cidade de Setúbal. A sua fundação data de 1566, tendo as novas instalações sido inauguradas oficialmente em 9 de Maio de 1959 (Marques e Marques, 1984). No ano 2000 possuía 348 camas.

Na Tabela 5.5 apresentam-se alguns dados de caracterização dos três hospitais referidos, assim como os totais nacionais em relação aos hospitais Distritais Gerais, no ano 2000. Em termos de lotação praticada, a população seleccionada representa 11% da lotação total dos hospitais Distritais Gerais do SNS.

Tabela 5.5. Caracterização dos hospitais Distritais Gerais e dos três hospitais distritais seleccionados, no ano 2000 (adaptado de DGS, 2003a).

Lotação Doentes Consultas Urgências Intervenções Quimioterapia

praticada saídos externas cirúrgicas Sessões Doentes (nº camas) (nº) (nº) (nº) (nº) (nº) (nº) Distritais Gerais Total 11 695 446 583 1 405 202 3 363 385 185 585 83 784 16 994 Seleccionados: Hospital 1 514 15 446 106 049 80 766 7 564 3 248 314 Hospital 3 386 11 921 102 414 58 928 5 334 3 139 405 Hospital 6 348 12 564 112 261 113 034 5 631 8 439 200 Total selec. (nº) 1 248 39 931 320 724 252 728 18 529 14 826 919 (%) 10,7 8,9 22,8 7,5 10,0 17,7 5,4

O trabalho prático 1 decorreu entre os anos 2001 e 2003, sendo o ano 2000 considerado como ano de referência, uma vez que os dados que fundamentaram a escolha dos hospitais foram referentes a esse ano. Em apêndice (Error! Reference source not found.) são apresentados os dados relativos, também, ao ano 2001(Error! Reference source not

found.), 2002 (Error! Reference source not found.) e 2003 (Error! Reference source not found.).

ƒ Alteração da classificação dos hospitais

A classificação em vigor relativamente ao tipo de hospitais (Tabela 5.1) foi alterada no final de 2001. Foram criadas as Redes de Referenciação Hospitalar, sistemas através dos quais se pretende regular as relações de complementaridade e de apoio técnico entre todas as instituições hospitalares. Entre outras redes, foi criada a Rede de Referenciação Hospitalar de Urgência/Emergência e a Rede de Referenciação Hospitalar de Oncologia.

A Rede de Referenciação Hospitalar de Urgência/Emergência engloba 39 hospitais do SNS, distribuídos em dois níveis. O primeiro nível corresponde aos Serviços de Urgência Médico- Cirúrgica (25 hospitais), estes devem estar articulados com o nível superior, Serviços de Urgência Polivalente, com os do mesmo nível da sua área e com os de nível inferior (Serviços de Urgência Básica, embora não incluídos nesta rede). Os Serviços de Urgência Polivalente compreendem 14 hospitais.

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Os hospitais classificados como de Urgência Polivalente, também funcionam como Urgência Médico-Cirúrgica para as suas áreas de influência, mas têm maior grau de diferenciação técnica para o acolhimento de situações de urgência/emergência. A reclassificação dos hospitais seleccionados para o trabalho prático apresenta-se na Tabela 5.6.

Tabela 5.6. Classificação dos hospitais seleccionados de acordo com as Redes de Referenciação Hospitalar (adaptado de DGS, 2001 e DGS, 2002).

RRH de Urgência/Emergência RRH de Oncologia Urgência

Médico-Cirúrgica Polivalente Urgência Plataforma C Plataforma B Plataforma A Seleccionados: Hospital 1 ■ ■ Hospital 2 - - ■ Hospital 3 ■ ■ Hospital 4 - - ■ Hospital 5 - - ■ Hospital 6 ■ ■ Total SNS 25 14 31 Mín.10 Mín.4 39 Mín. 45

RRH – Rede de Referenciação Hospitalar.

Mín. – Número indicado como mínimo de acordo com os rácios considerados.

Dos hospitais seleccionados, apenas os distritais estão englobados na Rede de Referenciação Hospitalar de Urgência/Emergência, sendo dois classificados como de Urgência Médico-Cirúrgica (hospitais 1 e 6) e um como Urgência Polivalente (hospital 3).

A Rede de Referenciação Hospitalar de Oncologia responde a uma necessidade criada pelo Plano Oncológico Nacional (Resolução do Conselho de Ministros nº 129/2001, de 17 de Agosto), onde é definido o modelo de organização desta Rede em plataformas. São criadas três tipos de plataformas, designadas de C, B e A, correspondendo as plataformas C às menos centrais e com obrigação primordial de tratar a patologia mais frequente, e as do tipo A às mais centrais e com patologia menos frequente (DGS, 2002).

A plataforma A, contudo, integra funções da C e da B, da mesma forma que a plataforma B irá igualmente tratar a patologia primariamente da responsabilidade da plataforma do tipo C. Na Tabela 5.6 apresenta-se a classificação dos hospitais englobados no trabalho prático, bem como o número total indicado de hospitais do SNS por plataforma.

De acordo com esta classificação todos os hospitais seleccionados pertencem à Rede de Referenciação Hospitalar de Oncologia, sendo considerados os três hospitais distritais como englobados na plataforma C e os três hospitais especializados (Centros Regionais do Instituto Português de Oncologia) fazendo parte da plataforma A.

No decorrer do trabalho prático verificou-se uma nova alteração na classificação dos hospitais em estudo. Em Novembro de 2002 foi aprovado um novo regime jurídico para a gestão hospitalar (Lei n.º 27/2002, de 8 de Novembro), onde foi prevista a criação de UPCS com a natureza de sociedades anónimas de capitais públicos. Em Dezembro do mesmo ano foram publicados os Decretos-Lei que transformam 34 hospitais do SNS em 31 sociedades

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anónimas de capitais exclusivamente públicos (Decretos-Lei nºs 272 a 302/2002, de 9, 10 e 11 de Dezembro).

Em Janeiro de 2003 foi criada uma unidade de missão, a “Hospitais, S.A.” (Resolução do Conselho de Ministros n.º 15/2003, de 17 de Janeiro), com o objectivo de conduzir o processo global de lançamento, coordenação e acompanhamento da estratégia de empresarialização dos designados “hospitais, sociedade anónima”.

Dos seis hospitais seleccionados para o trabalho prático, cinco pertencem ao grupo dos 34 hospitais abrangidos por esta remodelação, ficando apenas o hospital 3 de fora. A transição verificou-se no final de 2002 início de 2003, facto que acarretou grande instabilidade inerente a algumas alterações introduzidas na estrutura hospitalar (e.g. os funcionários necessitavam de optar pelo regime de trabalho), associado à falta de informação e a um grau de desconfiança elevado.

Em muitos hospitais houve, na transição, alteração do Conselho de Administração, tendo, em alguns casos, havido contestação interna relativamente à nomeação dos novos órgãos (e.g. Hospital 6, Hospital 5). Em certos casos o clima de contestação e instabilidade permaneceu durante todo o ano de 2003 (e.g. Hospital 6).

Localização geográfica dos hospitais

Como anteriormente referido, na selecção dos seis hospitais foi considerada, também, a sua localização geográfica. Na Figura 5.1 apresenta-se a localização aproximada de cada um dos hospitais.

Figura 5.1. Localização geográfica dos hospitais estudados. Castanho – hospitais especializados; verde – hospitais distritais.

Na zona Norte localizam-se três hospitais: o Hospital de Santa Luzia de Viana do Castelo (hospital 1) e dois Centros Regionais do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, o Centro Regional do Porto (hospital 2) e o Centro Regional de Coimbra (hospital 5). Na zona

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Sul situam-se os restantes três hospitais: o Centro Regional de Lisboa do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, o Hospital de São Bernardo em Setúbal (hospital 6), e o Hospital do Espírito Santo de Évora (hospital 3).

A Tabela 5.7 resume a caracterização dos hospitais, agrupados por localização geográfica. É de referir que não foi possível obter os valores globais de caracterização (e.g. total de lotação praticada) para os hospitais situados a Norte e a Sul de Portugal Continental, pela dificuldade de conjugar os dados relativos à classificação e à localização geográfica dos hospitais do SNS, nos relatórios publicados pela DGS (DGS, 2003a; DGS, 2003b), referente ao ano 2000.

Tabela 5.7. Caracterização dos hospitais seleccionados por localização geográfica, no ano 2000 (adaptado de DGS, 2003a).

Lotação Doentes Consultas Urgências Intervenções Quimioterapia

praticada saídos externas cirúrgicas Sessões Doentes (nº camas) (nº) (nº) (nº) (nº) (nº) (nº) Hospitais a Norte Seleccionados: Hospital 1 514 15 446 106 049 80 766 7 564 3 248 314 Hospital 2 353 10 982 187 629 _ 12 388 16 130 2 581 Hospital 5 184 4 985 94 427 _ 2 828 6 480 872 Total selec. (nº) 1 051 31 413 388 105 80 766 22 780 25 858 4 081 Hospitais a Sul Seleccionados: Hospital 3 386 11 921 102 414 58 928 5 334 3 139 405 Hospital 4 294 8 194 153 031 6 399 5 767 15 483 2 421 Hospital 6 348 12 564 112 261 113 034 5 631 8 439 200 Total selec (nº) 1 028 32 679 367 706 178 361 16 732 27 061 3 026

Pela observação da Tabela 5.7 é possível afirmar que os dois grupos seleccionados (hospitais a Norte e hospitais a Sul) são bastante semelhantes em relação à caracterização apresentada. A maior diferença encontra-se no número de urgências, esta discrepância deve-se ao facto de dois Centros Regionais do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil localizados na zona Norte do país não disporem deste serviço.

5.3.1.2. Serviços hospitalares: amostra

O campo de análise deste trabalho de investigação é o serviço hospitalar, uma vez que este representa nos hospitais a unidade de base do trabalho e da produção hospitalar. Além disso, entre os diversos serviços não existe uma divisão puramente técnica, mas também uma divisão social, onde se inscrevem os diferentes níveis de poder e prestígio dos serviços na estrutura hospitalar.

De um modo geral, os serviços de internamento geral (e.g. serviços de medicina) situam-se na base da hierarquia de poder e prestígio da instituição hospitalar enquanto que os

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serviços especializados (e.g. unidade de cuidados intensivos) se situam no seu topo (Lopes, 2001).

As funções dos diversos serviços são, também, bastante diversificadas. Existem os serviços de internamento, onde se pode distinguir os cuidados intensivos (e.g. unidade de cuidados intensivos), os intermédios (e.g. unidade de internamento geral, unidade de internamento especial) e os normais (a generalidade das camas). E os serviços de ambulatório, como as urgências, as consultas externas, os laboratórios e alguns serviços especializados (e.g. imagiologia) (Caetano, 1996).

A amostra do trabalho de investigação foi construída com base na selecção de serviços, o mais diversificados possível para que melhor representassem as diferentes valências dos hospitais e as suas relações sociais. Foram escolhidos entre 8 e 12 serviços por hospital (dos seis hospitais que constituem a população em estudo). O número de serviços seleccionados, tendo em atenção os critérios de selecção (classificação dos hospitais e localização geográfica), apresenta-se na Tabela 5.8.

Tabela 5.8. Número de serviços seleccionados, de acordo com os critérios de selecção.

Critérios de selecção Amostra (nº serviços)

Classificação

Hospitais Especializados/ Hospitais Distritais 24 / 30

Localização geográfica

Hospitais a Norte/ Hospitais a Sul 24 / 30

Na Tabela 5.9 são apresentados os serviços estudados por hospital. É de salientar que em alguns hospitais houve um maior grau de liberdade na escolha dos serviços (e no seu número) em relação a outros hospitais. No entanto, procurou-se que 8 fosse o número mínimo de serviços abrangidos em cada hospital.

Tabela 5.9. Serviços hospitalares seleccionados por hospital.

Serviços hospitalares Hosp. 1 Hosp. 2 Hosp. 3 Hosp. 4 Hosp. 5 Hosp. 6

Serviço de cirurgia ■ ■ ■ ■ ■ ■ ■

Serviço de medicina ■ ■ ■ ■

Serviço de oncologia médica ■ ■

Especialidades médicas ■

Serviço de medicina hematológica ■ ■

Serviço de obstetrícia / ginecologia ■ ■ ■

Serviço de ortopedia ■ ■

Serviço de pediatria ■ ■ ■ ■

Unidade de cuidados intensivos ■ ■

Unidade de cuidados intermédios ■

Bloco operatório ■ ■

Urgências ■ ■ ■

Consultas externas ■ ■ ■ ■ ■

Hospital de dia ■ ■ ■

Laboratório de análises/patologia clínica ■ ■ ■ ■

Laboratório de imuno-hemoterapia ■ ■

Laboratório de patologia molecular ■

Outros laboratórios específicos ■ ■1 ■ ■

Hemodiálise ■ ■

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Total (nº) 8 8 12 8 8 10

Comissões (CCI e SO) ■ ■ ■ ■ ■ ■

CCI – Comissão de Controlo da Infecção; SO – Comissão ou Grupo de Saúde Ocupacional.

1

Laboratórios que apenas entraram na 2ª fase do trabalho.

Maior diversidade de serviços corresponde, também, a maior variedade na produção de resíduos (e.g. unidades de internamento produzem determinados resíduos e os laboratórios outros tipos), além da diversidade potencialmente diluir a influência das relações sociais nos comportamentos do dia-a-dia, onde também estão incluídos os comportamentos relacionados com os resíduos (e.g. separação de resíduos nos serviços).

No total foram estudados 54 serviços nos seis hospitais, correspondendo a 21 serviços diferentes (Tabela 5.9). Não é apresentado o número total de serviços3 nos seis hospitais estudados relativamente aos critérios de selecção (ou aos hospitais) por não ter sido possível coordenar essa informação. A distinção entre departamentos, serviços e especialidades nem sempre é de fácil interpretação e tem variado ao longo dos anos.

Para efectuar a comparação entre a amostra seleccionada e a população em estudo, optou- se por utilizar a lotação praticada (número de camas) e o número de profissionais de saúde. Contudo, alguns serviços estudados (e.g. laboratórios) têm características muito específicas, um exemplo é o facto de não terem internamento. Na Tabela 5.10 apresentam-se os dados relativos à lotação praticada, representando a amostra pelo menos 40% da população estudada, relativamente aos critérios de selecção.

Tabela 5.10. Número de camas da população e amostra, de acordo com os critérios de selecção.

Critérios de selecção População (nº camas)* Amostra (nº camas) Pop./Amostra (%) Classificação

Hospitais Especializados/ Hospitais Distritais 831 / 1248 330 / 563 39,7 / 45,1

Localização geográfica

Hospitais a Norte/ Hospitais a Sul 1051 / 1028 462 / 431 44,0 / 41,9 * valores base de DGS (2003a).

De uma forma geral, o mesmo se verifica relativamente aos profissionais de saúde englobados na amostra, que representam também cerca de 40% da população estudada (com excepção dos profissionais dos hospitais especializados, pertencentes à amostra, que rondam os 38%), como se pode visualizar na Tabela 5.11.

Tabela 5.11. Número de profissionais de saúde dos grupos englobados no estudo da população e amostra, de acordo com os critérios de selecção.

Critérios de selecção População (nº profissionais)* Amostra (nº profissionais) Pop./Amostra (%) Classificação

Hospitais Especializados/ Hospitais Distritais 3405 / 2991 1282 / 1487 37,7 / 49,7

Localização geográfica

Hospitais a Norte/ Hospitais a Sul 2916 / 3480 1200 / 1569 41,2 / 45,1

3

Optou-se neste trabalho por denominar serviços a todas as unidades de base do trabalho hospitalar, mesmo que, em alguns casos, tenham outra designação no hospital de que fazem parte, ou que a sua designação tenha

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* valores base de DGS (2003a).

No trabalho prático foram igualmente englobadas as comissões (Tabela 5.9), tanto a Comissão de Controlo da Infecção (CCI), por em alguns hospitais estar relacionada com a gestão dos RH, como os grupos ou comissões que tratam dos aspectos inerentes à saúde ocupacional. Considerou-se relevante incluir no estudo os membros destas comissões pelo importante papel que desempenham relativamente à gestão dos RH, em grande parte dos hospitais.