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LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS DE GESTÃO

Grupo IV RH específicos

2.2. LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS DE GESTÃO

Em Portugal, a gestão de resíduos é definida pelo Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro. Este estabelece as regras a que fica sujeita a recolha, transporte, armazenagem, tratamento, valorização e eliminação de resíduos, de forma a não constituírem perigo ou não causarem prejuízo para a saúde humana ou para o ambiente. Existem, no entanto, alguns resíduos que não estão englobados, como, por exemplo, os resíduos radioactivos6. Este diploma defende, como objectivos gerais, que a gestão de resíduos visa, preferencialmente, a prevenção ou redução da produção ou nocividade dos resíduos (nomeadamente através da reutilização e da alteração dos processos produtivos, por via da adopção de tecnologias mais limpas, e da sensibilização dos agentes económicos e dos consumidores), bem como assegurar a sua valorização ou a sua eliminação adequada. Além disso, afirma que a responsabilidade pelo destino final dos resíduos é de quem os produz, sendo, no caso dos RH, das UPCS.

Em Portugal a legislação sobre RH é relativamente recente, tendo tido um incremento significativo no final da década de 90. A primeira legislação relacionada com este assunto data de 1987 (Circular Normativa nº 23/87, de 27 de Maio, da ex-Direcção-Geral dos Hospitais), onde foram estabelecidas algumas normas gerais sobre a gestão dos resíduos sólidos hospitalares, nomeadamente sobre o seu tratamento.

Posteriormente, o Despacho nº 16/90 do Ministério da Saúde, de 21 de Agosto, reflectiu o tipo de preocupações então existentes no âmbito da gestão destes resíduos, quer no interior dos hospitais, únicos estabelecimentos referidos, quer ao nível do seu tratamento. O citado Despacho classificou os RH em resíduos contaminados (grupo A) e resíduos não contaminados (grupo B).

Contudo, a evolução que se verificou nos conceitos que suportam a gestão de resíduos induziu à necessidade de uma nova classificação, que garantisse uma separação selectiva na origem e que permitisse o recurso a tecnologias diversificadas de tratamento. A publicação do Despacho nº 242/96 do Ministério da Saúde, de 13 de Agosto, introduz algumas dessas alterações.

Actualmente, em Portugal, a gestão de RH é estabelecida fundamentalmente pela seguinte legislação:

ƒ Despacho nº 242/96 do Ministério da Saúde, de 13 de Agosto; ƒ Portaria nº 174/97, de 10 de Março;

ƒ Portaria nº 178/97, de 11 de Março;

Gestão de RH: conhecimentos, opções e percepções dos profissionais de saúde

ƒ Despacho nº 761/99 conjunto dos Ministérios da Saúde e do Ambiente, de 31 de Agosto.

O Despacho nº 242/96, do Ministério da Saúde, de 13 de Agosto, estabelece as normas de organização e gestão dos RH. Na Tabela 2.5 são apresentadas as principais orientações para as diversas etapas de gestão dos RH, definidas no citado Despacho.

Tabela 2.5. Normas de organização e gestão dos RH (Despacho nº 242/96, do Ministério da Saúde, de 13 de Agosto).

Despacho nº 242/96, do Ministério da Saúde, de 13 de Agosto Separação dos RH Resíduos não perigosos: ƒ grupo I - resíduos equiparados a urbanos

ƒ grupo II - RH não perigosos Resíduos perigosos:

ƒ grupo III - RH de risco biológico ƒ grupo IV - RH específicos

A triagem dos RH deve ser efectuada junto do local de produção. Acondicionamento

dos RH

O acondicionamento dos RH deve ter lugar junto do local de produção e ser realizado:

ƒ grupo I e II - recipientes de cor preta; ƒ grupo III - recipientes de cor branca; ƒ grupo IV - recipientes de cor vermelha.

- os materiais cortantes e perfurantes - contentores imperfuráveis. Armazenamento

dos RH Os contentores utilizados para o armazenamento e transporte dos RH dos grupos III e IV devem ser facilmente manuseáveis, resistentes, estanques, mantendo-se hermeticamente fechados, laváveis e desinfectáveis, se forem de uso múltiplo. As condições de armazenamento em cada UPCS deverão ser as seguintes:

ƒ local específico e correctamente dimensionado (com capacidade mínima para 3 dias de produção) para os resíduos dos grupos I e II, separado do local para os resíduos dos grupos III e IV;

ƒ locais devidamente sinalizados;

ƒ caso seja ultrapassado o prazo referido anteriormente e até um máximo de 7 dias, deverá haver condições de refrigeração;

ƒ locais com condições estruturais e funcionais adequadas a acesso e limpeza fáceis.

Plano de circulação

de RH Cada UPCSdimensão, estrutura e à quantidade de resíduos produzidos, devendo o circuito ser deve ter um plano para a circulação de resíduos, adequado à sua definido segundo critérios de operacionalidade e de menor risco para os doentes, trabalhadores e público em geral.

Tratamento dos RH O tratamento dos RH deve ser realizado de acordo com:

ƒ grupos I e II - não apresentam exigências especiais para o seu tratamento, podendo ser equiparados a urbanos;

ƒ grupo III - devem ser sujeitos a incineração ou a um pré-tratamento eficaz, podendo posteriormente ser eliminados como RU.

ƒ grupo IV - são de incineração obrigatória (os citostáticos devem ser incinerados a uma temperatura mínima de 1 100ºC).

É da responsabilidade das UPCS celebrar protocolos com outras UPCS ou recorrer a entidades devidamente licenciadas, quando não disponham de capacidade de tratamento para os seus RH.

Reutilização e

Reciclagem dos RH Para os resíduos dos grupos I e II deve estar prevista uma separação que permita a reutilização ou reciclagem (e.g. papel e cartão, vidro, metais ferrosos e não ferrosos, películas de raios X, pilhas e baterias, mercúrio).

Plano de circulação

de RH Cada UPCSdimensão, estrutura e à quantidade de resíduos produzidos, devendo o circuito ser deve ter um plano para a circulação de resíduos, adequado à sua definido segundo critérios de operacionalidade e de menor risco para os doentes, trabalhadores e público em geral.

Sensibilização

e formação Os órgãos de gestão de cada UPCS dão responsáveis pela sensibilização e formação do pessoal em geral e daquele afecto ao sector dos resíduos em particular, nomeadamente nos aspectos relacionados com a protecção individual e os correctos procedimentos.

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Em relação aos resíduos radioactivos estes devem, igualmente, ser separados na fonte, estando sujeitos a legislação específica prevista no Decreto-Lei nº 348/89, de 12 de Outubro (artigo 8º), e no Decreto Regulamentar nº 9/90, de 19 de Abril (artigos 44º e 45º).

Segundo o Despacho nº 242/96, do Ministério da Saúde, os órgãos de gestão de cada UPCS são responsáveis por manter um registo actualizado dos resíduos produzidos, devendo enviar anualmente à Direcção-Geral da Saúde (DGS) o correspondente mapa de registo, até 31 de Janeiro do ano imediato àquele a que se reportam os dados. A Portaria nº 178/97, de 11 de Março aprova o modelo do mapa de registo de RH.

A Portaria nº 174/97, de 10 de Março, veio definir as regras de instalação e funcionamento de unidades ou equipamentos de valorização ou eliminação de resíduos perigosos hospitalares, bem como o regime de autorização da realização de operações de gestão de RH por entidades responsáveis pela exploração das referidas unidades ou equipamentos. O Decreto-Lei nº 239/97, de 9 de Setembro, referido anteriormente, defende a elaboração de planos de gestão de resíduos, em que cabe ao Instituto dos Resíduos a elaboração do Plano Nacional de Gestão de Resíduos, cuja execução é apoiada por quatro Planos Estratégicos Sectoriais7: o Plano Estratégico Sectorial dos Resíduos Urbanos (PERSU), o Plano Estratégico Sectorial dos Resíduos Hospitalares (PERH), o Plano Estratégico Sectorial dos Resíduos Industriais (PESGRI) e o Plano Estratégico Sectorial dos Resíduos Agrícolas, Florestais, Agro-industriais e Pecuários.

O PERH8 foi publicado em Junho de 1999. Estabelece as estratégias e as metas que vão presidir, durante 5 anos, à gestão dos RH. Considera, como questões fundamentais, que se enquadram na estratégia geral dos resíduos: (i) a prevenção da produção de resíduos e dos riscos associados; (ii) as formas de gestão interna na UPCS; (iii) a valorização da componente reaproveitável; (iv) o tratamento e destino final; (v) a formação de profissionais e a informação dos utentes e público em geral (Portugal-Ramos et al., 1999).

A prevenção da produção é um objectivo fundamental da gestão de resíduos, sendo essencial investir na informação e formação do pessoal envolvido, na componente valorização (a qual é condicionada por uma boa e efectiva triagem na fonte), e na própria concepção dos produtos.

Além disso, no PERH é defendido, igualmente, que o desenvolvimento e optimização das condições de gestão no interior das UPCS passam pela elaboração e implementação de programas de gestão, adaptados às respectivas características. Também, a(s) estratégia(s) a definir para as questões do tratamento e destino final terão que considerar, no caso dos resíduos dos grupos I e II, a sua integração no sistema dos RU, e, para os grupos III e IV, um largo conjunto de pressupostos, como o tipo de risco e respectiva minimização e

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O Despacho Conjunto nº 687/98, de 8 de Outubro, cria um grupo de coordenação para elaboração do Plano Nacional de Gestão de Resíduos e dos Planos Estratégicos Sectoriais.

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controlo, as tecnologias disponíveis e a produção nacional e respectiva distribuição geográfica.

Neste Plano são, também, definidas metas para os horizontes 2000 e 2005, em que se pretende, fundamentalmente, indicar ou propor os objectivos das linhas de acção estratégicas a aplicar nos sectores público e privado (Error! Reference source not found.,

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As metas referidas para o horizonte programático do ano 2000, conduziram ao estabelecimento de uma Estratégia Nacional de Gestão de RH (DGS/INR, 1999), onde são definidos os programas, os objectivos propostos, as acções a desenvolver e os actores intervenientes e necessários à concretização efectiva e integrada desses programas.

Neste contexto, foram estabelecidos cinco grandes programas: (i) Programa de Intervenção Operacional; (ii) Programa de Desenvolvimento Legislativo; (iii) Programa de Formação/Informação; (iv) Programa de Suporte e Migração de Dados e (v) Programa de Monitorização e Controlo. As acções desenvolvidas no âmbito destes programas constituem o Plano de Acções para 1999-2000, relativas à Estratégia Nacional de Gestão de RH. As metas resultantes do PERH foram, no Plano de Acções para 1999-2000, transpostas, reorganizadas e agrupadas em função dos programas (DGS/INR, 1999).

Em Dezembro de 2004 foi concluída uma avaliação da implementação do PERH denominada “Monitorização da Implementação de Planos e Estratégias: Plano Estratégico dos Resíduos Hospitalares”. Este documento pretende servir de base à revisão do PERH, que deverá ser realizada no decorrer de 2005.

2.3. ETAPAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS HOSPITALARES