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O início da concorrência

LEILÃO DE PRIVATIZAÇÃO DO SISTEMA TELEBRAS

5.7 O início da concorrência

Quando se procedeu à privatização do setor de telecomunicações no país, várias empresas estatais já haviam sido privatizadas, entre elas diversos bancos estaduais, ferrovias, rodovias, distribuidoras de energia elétrica, siderúrgicas, empresas petroquímicas e a Companhia Vale do Rio Doce, considerada uma das mais rentáveis do mundo. O setor de telecomunicações, pela importância que assumiu no novo cenário mundial, constituía um dos mais atrativos para o capital externo, principalmente se considerarmos o grande mercado interno que representa o país.

“...não havia mais espaço para continuar uma empresa estatal no cenário de concorrência. Então, precisava de haver a privatização. E [...] nós aprendemos que o mundo é feito de competição, de mercado, de disputa. É cada um por si, e a empresa, como um todo, tem que estar up-dating em todas as áreas, quer dizer, você tem que buscar crescimento, desenvolvimento, melhoria, matar a unhão todo dia mesmo. Isso é um aprendizado que a gente busca.”. (D3).

O modelo adotado para a privatização das telecomunicações no Brasil é considerado pelos diretores da Telemar-Minas como o mais completo e o mais complexo, sendo a abertura do mercado feita por etapas.

“A privatização do Brasil é a mais completa do mundo... Ela é extremamente complexa. É preciso entender um pouco a privatização das telecomunicações no Brasil: Como está dividida? Quem pode fazer o quê? Até quando? Quando é que isso vai se abrindo? Quando é que vão ocorrer os próximos passos? " (D1)

É necessário lembrar que, mesmo antes da privatização já havia alguma competição entre a Telemig e demais operadoras e a Embratel, quanto às ligações interurbanas e internacionais, mas, após a privatização, a concorrência tornou-se mais agressiva.

" ...no passado, havia uma certa competição com a Embratel. Acontece que eram todos do mesmo dono, então era uma competição que não

existia; hoje existe. Hoje nós competimos com a Embratel, com a empresa-espelho que está entrando no mercado, a Canbrá. [...] A Embratel também vai ter uma empresa-espelho, que, já está em constituição, tanto a nossa espelho, quanto a da Embratel. Então, veja que é uma mudança profunda, é uma mudança que não tem fim... " (D5)

No início da privatização, a Telemar começou a sofrer a competição da Embratel e da própria Telemig Celular.Como havia demanda reprimida na telefonia fixa, a Telemar perdeu mercado para a telefonia móvel.

" Nós perdemos mercado... não queremos perder mercado. Nós entendemos até que a empresa que vai competir vá preenchendo onde nós ainda não preenchemos, mas nós temos que nos preparar para que ela não entre efetivamente nos nossos nichos de mercado." (D5)

Atualmente, a Telemar compete com as empresas de telefonia móvel (Telemig Celular e Maxitel), com a empresa-espelho, Vésper (Canbrá); com a Embratel e seu espelho, a Intelig. A competição com as operadoras de longa distância coloca um fim parcial ao monopólio da Embratel e marca o início de mais uma etapa na concorrência entre as empresas. Entretanto, a Telemar e as operadoras das outras duas regiões somente podem fazer interurbanos dentro de sua área de concessão, enquanto a Embratel e a Intelig podem fazer a comunicação entre as diferentes áreas de concessão, além das chamadas internacionais. Os diretores da Telemar vislumbram um futuro de competição mais acirrada ainda a partir de 2002, quando todas as empresas de telecomunicações poderão atuar indistintamente em todo o território nacional e efetuar ligações internacionais.

"...então a gente costuma dizer que esse primeiro estágio é... entrar a Maxitel para concorrer com a Telemig Celular; entrar a Vésper, a partir de dezembro, que vai ser a nossa concorrente... nós que começamos a concorrer com a Embratel; aí vem a Intelig também concorrendo, a Embratel e a Intelig. Só elas podem fazer o internacional agora, mas, a partir de 2002, todas poderão fazer...

ENTREV.: O internacional?

- O internacional. Como eles poderão entrar em nossa área para fazer outro tipo de trabalho, então procurou-se fazer um modelo de

telecomunicações, um modelo que privilegiasse a competição.É isso que foi feito... “(D1)

A Vésper tem uma vantagem competitiva em relação à Telemar, pois utiliza tecnologia mais avançada (Wireless Local Loop ), que dispensa o uso de rede; instalam-se antenas, o que barateia os custos de instalação e de manutenção. No momento, a Telemar não pode utilizar essa tecnologia.

"E ela entra com uma tecnologia que nós ainda não podemos usar [...] isso tudo é para poder competir, não é? É telefone sem fio, não é celular. Chama wireless. Eles põem uma torre, por exemplo, aqui nesse bairro, aqui e até 500 metros, vamos dizer assim... você recebe...Você vai ver como isso vai acabar com o emprego neste país... Então não tem rede, não tem que fazer buraco, não, é antena. Você recebe o radinho com aparelho, pode até ser pelo correio... você mesmo vai colocar em casa, o radinho na parede e o telefone aqui... só que, ao invés de ser fio, cabo, esse negócio... vai por (antena)... e nós, por ora, não podemos usar essa tecnologia..."(D5)

Com a chegada das empresas-espelho são 23 operadoras de telefonia atuando no país, mas segundo declaração do diretor de finanças corporativas do Dresdner Bank à Revista Exame de 17/11/99, nenhum mercado comporta tantas empresas, e a tendência é que haja fusões e aquisições quando o mercado for totalmente liberado, o que acontecerá dentro de cinco anos, aproximadamente.

A evolução tecnológica, aliada à concorrência, está introduzindo mudanças significativas no setor, no sentido de transformar equipamentos e rede em "commodities." O que realmente agrega valor é o serviço oferecido, e justamente nessa área é que se vai travar a competição mais agressiva.

"... Você fala aí de Cemig, mas isso, no meu entender, vai ser o commodity do negócio, não é? [...] Você tem que ir atrás do serviço que tem valor, Internet, voz sobre IP, que é voz sobre o canal de Internet, telefonia móvel... Não pode abrir mão da telefonia fixa... Você tem que agregar valor, agregar serviço, senão você está fora, você vai virar um jogador aí disputando um fiozinho muito baixo, entendeu?” (D4)

A Telefônica de São Paulo, antecipando-se a essas inovações, já oferece o serviço de “call center” em áreas de outras operadoras. A direção da Telemar tem a preocupação de assegurar e aumentar sua participação no mercado, visto que já perdeu posição para a telefonia celular.

“...Eu não tenho muita simpatia por eles não, mas tenho que reconhecer que eles são muito agressivos, são muito ‘tocadores’. Eles já estão saindo do Estado de São Paulo, embora pela regulamentação...[...]

Eles estão respeitando a regulamentação, mas é o que eu digo para você, esse negócio é... invasivo. Eles fizeram uma empresa de ‘call center’, que não está regulamentada, então eles já estão oferecendo serviço, e vieram oferecer serviço ‘call center’ para a gente...” (D4)