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Inclusão na educação profissional: possibilidades e limites na visão dos

CAPÍTULO 4. DADOS GERADOS: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE, DISCUSSÃO E

4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO SEGMENTO DOS GESTORES QUE

4.2.3 Inclusão na educação profissional: possibilidades e limites na visão dos

Neste bloco, a pesquisadora desejou conhecer o posicionamento dos gestores quanto às possibilidades e aos limites de fazer a inclusão na educação profissional. Entre as principais questões propostas, cita-se: Como gestor, você considera difícil cumprir esta legislação de inclusão em se tratando de educação profissional? Quais as maiores dificuldades em realizar a inclusão na educação profissional? Você considera correto organizar turmas de alunos em que todos tenham algum tipo de deficiência? Você concorda com o fechamento das ONGs e/ou escolas especiais? Considera que o docente deve preparar o aluno para a educação profissional, mesmo não sendo o seu papel, ou seja, o aluno que precisa de pré-requisitos, o docente da educação profissional deve primeiro fazer esse trabalho para depois oferecer conhecimento sobre os conteúdos do curso profissional propriamente dito?

Ainda foi solicitado ao gestor que fizesse um registro sobre a prática em atuar na orientação de ações de educação profissional para as pessoas com deficiência: o real e possível, o ideal e a utopia? E, ainda, quais as dificuldades, na visão de interlocutor do Psai, em cumprir a Lei de cotas que obriga a empresa a contratar pessoas com deficiência? Os maiores entraves da inclusão na escola e na empresa.

Quando os gestores foram questionados sobre as reais possibilidades de os alunos com deficiência estarem juntos (em uma mesma turma escolar) de alunos sem deficiência, houve uma divisão de opiniões entre os participantes. Na visão da maioria dos gestores, há muita dificuldade na realização de uma proposta inclusiva, como mostra o Gráfico nº 20:

Gráfico 20 – Participação dos alunos ‘com’ deficiência em uma mesma turma de alunos ‘sem’ deficiência. (%) 57% 44% Consideram difícil a possibilidade da inclusão Consideram favorável realizar a inclusão

Fonte: banco de dados da pesquisa.2012.

Apesar de 43% dos participantes serem favoráveis à inclusão, esses descreveram que, para fazer essa inclusão real na educação profissional, deve-se ter: boa vontade por parte da instituição e de toda a comunidade escolar; só poderá acontecer se tiver uma demanda com perfil mínimo exigido para aquele determinado curso que o aluno com deficiência deseja cursar e deve-se ter sala de recursos para apoiar a prática docente. Assim, se percebe que mesmo aqueles favoráveis à inclusão só acreditam nessa, se a mesma acontecer mediante alguns fatores e imposições.

Ainda, como fator primordial para a inclusão em turmas regulares dos alunos com deficiência, há de se considerar que o aluno deve ter um nível mínimo exigido no perfil do curso; que as limitações humanas não devem servir de justificativa para ferir os direitos dos alunos com deficiência e, especialmente, que se deve ter um número pequeno de alunos, condizente com a possibilidade real de se fazer o atendimento individualizado, quando necessário, sem prejudicar os demais alunos.

Aproximadamente 60% dos gestores consideram difícil realizar a inclusão de alunos com deficiência em turmas regulares, foram vários os fatores demonstrados pelos participantes como fatores impeditivos para que se efetive a inclusão na educação profissional. A maioria citou que os maiores entraves estão relacionados à falta de preparo, à falta de base de conhecimentos e aos pré-requisitos dos alunos com

deficiência, os quais são necessários para determinados cursos de formação profissional. Tais motivos são apresentados no Gráfico nº 21:

Gráfico 21 – Principais motivos que impedem a inclusão, na visão dos gestores que não concordam com a inserção de alunos com deficiência, em turmas regulares. (%)

45,00% 30% 15% 5% 5% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00% 50,00% Falta de pré requisitos necessários para o curso.

Todos os itens. Os alunos são analfabetos ou falta escolaridade. Alunos com deficiência se sentem inferiorizados . Dificuldade em realizar um atendimento individualizado. Fonte: banco de dados da pesquisa.2012.

É do conhecimento da sociedade que a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, conhecida como a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência, tem sido reconhecida, especialmente a partir do Decreto nº 3.298/1999, que ratificou o que estava expresso na lei:

Art. 93. A empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de dois a cinco por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de deficiência, na seguinte proporção: - até 200 funcionários 2%; de 201 a 500 funcionários3%; de 501 a 1000 funcionários 4%; de 1001 em diante funcionários 5%% (BRASIL, 1999).

Para os gestores participantes, a lei citada que obriga a empresa a contratar e incluir pessoas com deficiência de 2% a 5% de colaboradores, muitas vezes faz que a

instituição formadora de educação profissional tenha de organizar turmas apenas de alunos ‘com’ deficiência para atender à demanda da indústria. Essa forma de capacitá-los é utilizada para contratação emergencial e cumprimento da cota legal. Como se pode perceber nas justificativas do gráfico nº 22:

Essa evidência citada acima, sobre ‘organizar turmas composta apenas de alunos com deficiência’, tem sido a maneira mais viável de preparar os alunos para cumprimento da cota como se vê no gráfico nº 22 que apresenta os resultados de mais uma questão do formulário de pesquisa.

Gráfico 22 – Organização das turmas de capacitação profissional no atendimento dos alunos com deficiência, com objetivo de apoiar a demanda emergencial da indústria. (%)

42%

58%

Realizar inclusão de alunos com deficiencia em turmas regulares em numero suficiente para atender a demanda da indústria.

Organizar turmas somente com alunos com deficiencia para atender a demanda da indústria.

Fonte: banco de dados da pesquisa.2012.

Na questão seguinte, foi solicitado aos participantes que optaram pela organização de turmas composta apenas por alunos com deficiência, que citassem os principais motivos de considerarem essa opção mais favorável. Ver Gráfico nº 23:

Gráfico 23 – Motivos citados pelos gestores que optam pela organização de turmas de educação profissional compostas apenas por alunos com deficiência. (%)

52% 16% 8% 8% 8% 8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Necessidade emergencial de formação técnica para cumprimento da cota. Todos os itens citados. Falta de escolaridade para participar de turmas regulares de Educação Profissional. Não possuírem material técnico pedagógico diferenciado dificultando a inclusão. Pouco tempo para atender a demanda da indústria e a escola necessita "fechar" truma somente com alunos com deficiência. Necessitam de maior dedicação do professor dificultando a inclusão junto aos demais alunos sem deficiência.

Fonte: banco de dados da pesquisa.2012.

A dificuldade de inclusão é fato aceito entre os participantes, assim como também o é para o dirigente nacional da Apae, instituição que atua diretamente com pessoas com DM, intelectual e múltipla. Parafraseando o presidente que ainda assume tal cargo até os dias de hoje, senhor Luiz Alberto Silva (2005), dependendo do tipo de deficiência, a inclusão muitas vezes pode ser prejudicial para a criança. Para ele, em um sentido mais amplo da palavra inclusão, é possível dizer também que um aluno com deficiência que esteja matriculado em uma escola especial, ou mesmo em uma turma de alunos formada por aqueles que possuem alguma deficiência, também pode ser visto como incluído na sociedade:

Se essas crianças forem para uma escola ruim e despreparada, certamente ficarão excluídas da sociedade porque não terão seus limites respeitados e não

conseguirão acompanhar a turma. A escola especial vai continuar existindo porque ela ajuda a incluir a pessoa na sociedade (PORTAL DO APRENDIZ, 2005).

Quando os gestores participantes foram questionados sobre a necessidade de as escolas especiais e de as ONGs atenderem às pessoas com deficiência na educação, a resposta foi quase que unânime em favor das escolas especiais e da manutenção delas, como pode se observar no Gráfico nº24:

Gráfico 24 – Gestores e a extinção ou não das escolas especiais e ONGs que atuam com pessoas com deficiência. (%) 95% 5% Consideram importante a existência das escolas especiais e são totalmente contra a extinção Consideram que ONGs ou escolas especiais não necessitam existir pois não existe um trabalho efetivo para estas instituições realizarem

Fonte: banco de dados da pesquisa. 2012.

Foi aberta, nesta questão, a solicitação para que os participantes listassem os fatores que consideram importantes e que justificam a necessidade da existência das escolas especiais, ou seja, qual a função ou as funções das escolas especiais e sua influência na vida escolar do aluno com deficiência. Entre os principais fatores estão:

[...] para que essas escolas possam continuar fazendo o que já fazem; apoiar o ensino que antecede o ensino regular e trabalhar os pré-requisitos (G1);

Realizar avaliação com equipe multidisciplinar para transferir o aluno para a escola regular. [...] (G2);

A necessidade de estas escolas especiais incentivarem as empresas públicas e privadas com seu foco no trabalho, empreendedorismo e cooperativas (G3).

Os gestores ainda afirmaram que as escolas especiais podem gradativamente se tornar inclusivas, a partir do momento que essas escolas também receberem alunos sem deficiência. Seria um processo natural a partir da real possibilidade da família optar por uma escola com maior preparo para alunos com deficiência, mas com capacidades para atender alunos sem deficiência, como se pode perceber na afirmação: “As escolas

especiais devem continuar existindo, mas devem abrir a possibilidade de receberem alunos sem deficiência também de forma que estejam aparelhadas para alunos com deficiência e sem deficiência” (G4).

Na questão seguinte, o foco foi discutir o nível de escolaridade das pessoas com deficiência e sua influência na educação profissional. Sabe-se, como foi apresentado no referencial teórico desta pesquisa, que o percentual de pessoas com deficiência que são analfabetas ainda é relevante, como se apresenta no Gráfico nº 25:

Gráfico 25 – Nível de escolaridade das pessoas com deficiência conforme censo 2010. (%)

61% 14%

18% 7%

Não tem instrução ou apenas o ensino

fundamental incompleto Fundamental completo e médio incompleto

Médio completo e superior incompleto

Superior completo

Fonte: Censo, 2010 (BRASIL, 2012a, p. 17).

Sabe-se que muitas dessas pessoas com deficiência não tiveram acesso ao ensino formal e, com isso, nem chegaram ao ensino básico. Assim, este aluno com deficiência procura escolas que desenvolvam alfabetização de adultos ou cursos profissionalizantes que não exijam a escolaridade formal e nem alfabetização.

Quando os participantes foram questionados sobre o tipo de instituição educacional que deveria capacitar e atender ao aluno com deficiência, eles afirmam não entender que isso seja uma educação para a escola regular, conforme se pode perceber no Gráfico nº 26:

Gráfico 26 – Tipo de escola que deve atender e capacitar alunos com deficiência. (%) 8,00% 20% 32% 40% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

Escola regular. Organizações não Governamentais

que atuam com alunos com deficiência. Sistema "S" e criação de outras instituições para realizar o atendimento. Institutos Federais preparados para receber o aluno com deficiencia (a exemplo do INES e IBC) Fonte: banco de dados da pesquisa.2012.

Essa realidade mostra como a insistência de que os alunos com deficiência devam ser atendidos apenas em escolas regulares não seja o desejo de muitos integrantes da comunidade escolar. Essa é a opinião preponderante dos coordenadores de ações de educação profissional para pessoas com deficiência.

A Presidenta do Brasil, senhora Dilma Rousseff, quando de sua participação na última Conferência Nacional sobre os Direitos da PcD, realizada em Brasília de 3 a 6 de dezembro de 2012, declarou para o público presente que a educação tem espaços para as escolas especiais e que precisamos reconhecer o valor dessas escolas, conforme destaque abaixo:

[...] ainda destacou a importância das escolas especiais, que passaram a receber recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e

de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para efetivar matrículas. Precisamos agradecer e reconhecer o papel que desempenharam e desempenham, pois elas precederam o Estado e foram essenciais para a visibilidade das pessoas com deficiência (BLOG do PLANALTO, 2012).

Para finalizar questões relacionadas diretamente às possibilidades e aos limites de se fazer a inclusão na educação profissional, foi solicitado aos gestores participantes que redigissem o que consideram como itens essenciais no atendimento às pessoas com deficiência, levando em consideração: o ‘ideal’, o ‘real’ e o ‘utópico’, quesitos relacionados à possibilidade de inclusão de pessoas com deficiência na educação profissional. A pesquisadora relata a seguir os principais itens citados pelos participantes relacionados aos quesitos anteriores.

Quanto aos quesitos citados acima e que fizeram parte do formulário de pesquisa, se inicia a exposição das respostas referente ao quesito ‘ideal28‘. Os gestores registraram o que consideram ‘ideais’ e que deveria ser oferecido em termos da educação profissional para os alunos com deficiência.

Entre os principais fatores citados pelos gestores, se encontram: a necessidade de programas sistematizados; o alinhamento do perfil do aluno com a necessidade do mercado de trabalho; a capacitação regular dos docentes; os materiais técnico- pedagógicos adequados e adaptados; a necessidade de equipe multidisciplinar; a avaliação e certificação por competência e a consciência empresarial da necessidade e eficiência dos colaboradores com deficiência. Esses fatores podem ser evidenciados nos registros dos docentes, como os abaixo relacionados:

Programas sistematizados, capacitação docente e pedagógica, necessidade de contratar profissionais que auxiliam nas adaptações materiais (G1);

Realização de turmas totalmente inclusivas (abertas) (G2);

Perfil da PcD alinhada à demanda do mundo do trabalho (G3); existência de um Perfil definido do docente que atua com pessoas com deficiência (G4);

Que exista formação dos docentes de acordo com a necessidade exigida pelos alunos e pela sociedade (G5);

Existência de adequação de materiais didáticos pedagógicos para alunos com deficiência (G6);

Existência de pessoas que creiam na possibilidade de superar paradigmas negativos em relação às pessoas com deficiência (G7);

Opiniões contrárias resultem em aspectos positivos (G8);

28

Ideal, nesta pesquisa, se refere ao conceito de um princípio ou valor que atua como uma meta, mas que nem sempre tem possibilidade real de que seja alcançada. Busca-se alcançar a meta ideal, pois se entende que seria a melhor atitude escolhida diante de determinado assunto. Algo difícil de ser alcançado, mas que deve ser perseguido.

Que seja possível envolver toda a equipe gestora das escolas em todo o processo desde a entrada até a saída do aluno com deficiência (G9);

Que se priorize a certificação por competência para aluno com deficiência, bem como a agenda de promoção e condições de acessibilidade (G10);

Existência da inclusão de alunos com deficiência em todos os tipos de escola (G11); Que os empresários desejarem promover a inclusão de pessoas com deficiência em locais de trabalho (G12).

Os gestores também tiveram a oportunidade de citar os principais itens que consideram possíveis e ‘reais’ de ser realizados na educação profissional e na formação das pessoas com deficiência. Entre o que é possível e ‘real’29 de se alcançar na educação profissional para pessoas com deficiência, eles citam: a inclusão em turmas regulares e, quando necessário, a organização de turmas contendo somente com alunos com deficiência; entender a necessidade da demanda e cumpri-la da melhor forma possível.

Os gestores ainda citam como uma realidade possível de ser alcançada nas escolas de educação profissional que recebem alunos com deficiência: a capacitação dos docentes que irão atuar com esses alunos; a necessidade de oferecer escolas e materiais adequados e preparados; o desejo pessoal dos alunos com deficiência serem incluídos não apenas na escola, mas também no mercado de trabalho e o desejo dos empresários em tê-los como colaboradores. Dizem ainda que atualmente é uma realidade a falta de profissionais qualificados para atuar com alunos com deficiência e de uma infraestrutura para apoiá-lo em seu deslocamento diário, seja para a escola, seja para o trabalho. Isso fica evidenciado nas citações dos gestores:

Possibilidade das pessoas com deficiência serem incluídos na educação profissional

(G1);

Saber que hoje existem escolas e indústrias que são acessíveis (G2); Que é possível tornar acessível o ambiente do aluno (G3);

Que se podem fechar turmas apenas com alunos com deficiência quando se faz

necessário; capacitar docentes e funcionários para atender a alunos com deficiência

(G4);

Contratar profissionais que auxiliam nas adaptações dos materiais (G5); promover

políticas de inclusão social (G6);

Oferecer a partir das escolas profissionais e institutos educacionais a preparação

dos alunos com deficiência para o mercado de trabalho (G7);

Encontrar alunos com deficiência qualificados para o mercado de trabalho (G8); Os alunos demonstrem o desejo de estar no mercado de trabalho (G9); os

empresários desejarem promover a inclusão (G10);

29Nesta pesquisa, o termo ‘real’ significa uma possibilidade de que o item citado pelo participante, seja

realizado na escola que possui alunos com deficiência na educação profissional. É algo tangível e possível de acontecer. É algo verdadeiro e não imaginário.

É real que a PcD tem baixa escolaridade, mas possível reverter o quadro (G11);

Falta conhecimento suficiente das instituições formadoras (G12);

Existem problemas sociais, como transporte público inacessível; infraestrutura

precária; falta docente preparado e falta tempo para planeja (G13).

Quando solicitado aos gestores que redigissem os itens que consideravam ‘utópicos’30, ou seja, fatores que, apesar de serem importantes, não podem acontecer na educação profissional junto aos alunos que tenham alguma deficiência, suas respostas resultaram em menor número dos que as outras duas anteriores. Ressalta-se que a maioria dos participantes não redigiu e deixou a questão em branco.

Acredita-se que a pouca participação nas respostas dadas pelos participantes se dá pela dificuldade em refletir sobre itens que se deseja, mas que, de antemão, já se sabe que não são atingíveis. Outra hipótese é que o participante não tenha identificado nenhum item utópico, pois considera que tudo é possível de ser realizado na educação profissional com alunos com deficiência. Entre as duas possíveis hipóteses, se opta pela primeira, ou seja, pela dificuldade em listar coisas que não serão realizadas.

Entre os principais itens que consideram ‘utópicos’ e que não serão realizados em uma educação profissional para alunos com deficiência estão: a valorização da PcD, esta valorização os participantes não acreditam que isso irá acontecer pela sociedade em sua totalidade, a preparação de 100% dos docentes que irão atuar com alunos com deficiência e as possibilidades de recursos e tecnologias assistivas para todas as necessidades das pessoas com deficiência.

Os participantes não acreditam que existirão escolas que poderão ser referências na capacitação de pessoas com deficiência e compostas de equipes multidisciplinar qualificadas para atuar com qualquer tipo de deficiência. As respostas anteriores demonstradas são consideradas como ‘utópicas’ e podem ser evidenciadas nos registros a seguir:

[...] que a sociedade valorize a PcD como deveria (G1);

Acreditar que todos os docentes estarão preparados para receber esse público alvo ou que estes receberão capacitação para tal (G2);

Pensar que o governo disponibilizará recursos e tecnologias assistivas para toda a necessidade quanto acessibilidade ou recursos para inclusão (G3);

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No caso da pesquisa, significa algo que nunca será alcançado, diferentemente do ‘ideal’ que se quer alcançar, se busca atingir e se pode atingir. O ‘utópico’ é aquilo que se quer realizar na educação profissional das pessoas com deficiência, no entanto na atualidade não se pode alcançar, pois é algo que ultrapassa os limites da realidade e das possibilidades do acontecer de fato.

Que existirão escolas altamente especializadas e docentes altamente qualificados para atender pessoas com deficiência (G4);

Que existirá em nosso País, escola referência no atendimento de alunos com deficiência (G5);

Acreditar que existirá apoio para as causas necessárias para a inclusão de direito e de fato (G6);

Que existirá assistência multidisciplinar nas escolas (G7).

Nas respostas anteriores, evidencia-se a falta de credibilidade dos participantes em relação ao Estado, no que se refere ao atendimento total das pessoas com deficiência e da resolução de todos os problemas relacionados à educação profissional para as pessoas com deficiência. Por isso, defende-se a ideia de que só se poderá fazer a inclusão total dos alunos com deficiência na educação regular no dia em que todos os ambientes educativos oferecerem um desenho universal31 que possibilite a real inclusão da pessoa ‘com’ ou ‘sem’ deficiência em qualquer espaço.

A partir da questão seguinte, o foco passa a ser a legislação das pessoas com deficiência e da inclusão, na visão dos gestores participantes. Mais precisamente, quais são as possibilidades reais de colocar em prática a legislação existente.

Foram contempladas três questões sobre a dificuldade em se cumprir a legislação brasileira sobre aspectos relacionados às pessoas com deficiência e sua inclusão no mercado de trabalho. Sabe-se que as empresas nem sempre cumprem a Lei que obriga a contratação de 2% a 5% de pessoas com deficiência. Para os participantes, isso se deve pelos fatos relacionados no gráfico nº 27. Se destaca com maior percentual, a escolha da opção ‘Benefício da Prestação Continuada’, ou seja o salário que a PcD recebe mensalmente do Governo e, que muitas vezes não quer perder para entrar no mercado de