• Nenhum resultado encontrado

Apêndice 3 – Extensão do modelo atualizado, com a inclusão de indicadores

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.4 Indicadores Educacionais

5.4.1 Indicador de Esforço Docente (IED)

Segundo a Nota Técnica Nº 039/2014 do INEP (BRASIL, 2014h), o Indicador de Esforço Docente (IED) é ―um indicador que mensura o esforço empreendido pelos docentes

da educação básica brasileira no exercício de sua profissão‖ (BRASIL, 2014h, p. 1). O

mesmo documento estabelece que o principal objetivo desta grandeza é

sintetizar, em uma única medida, aspectos do trabalho do professor que contribuem para a sobrecarga no exercício da profissão. Para tal, foram utilizadas as informações de números de turnos de trabalho, escolas e etapas de atuação, além da quantidade de alunos atendidos na Educação Básica (BRASIL, 2014h, p. 6)

O documento reconhece que o ―esforço empreendido pelos docentes no exercício da

profissão é uma característica que não se pode acessar e mensurar diretamente‖, propondo,

assim, a elaboração de um conjunto de variáveis não observáveis (também denominadas construtos ou traços latentes) com dados selecionados do Censo Escolar.

O mesmo texto adverte, contudo, que há outros fatores e dimensões do trabalho docente que não estão contemplados na construção do IED, porém pondera que são poucos e que se encontram mensurados no conjunto de dados do Censo Escolar sem, no entanto, enumerá-los ou fornecer elementos que permitam ao leitor interessado avaliar de forma crítica o impacto de sua ausência.

A metodologia de cálculo do IED, descrita no documento (BRASIL, 2014h) especifica a utilização de 4 características extraídas do Censo Escolar, considerando os docentes de anos iniciais e anos finais do ensino fundamental que estavam em efetiva regência de classe em 29/05/2013a saber:

 Número de escolas em que o professor atua, divididas nas seguintes faixas: 1 escola, 2 escolas, 3 escolas, 4 escolas ou mais;

 Número de turnos de trabalho do professor, considerando-se os turnos matutino (5:00h às 10:59h), vespertino (11:00h às 16:59h) ou noturno (17:00h às 4:59h)

 Número de etapas nas quais o professor leciona, que contabiliza a atuação dos professores nas seguintes categorias: educação infantil; anos iniciais; anos finais; ensino médio (que inclui também o ensino médio integrado); educação profissional; e EJA

 Número total de alunos atendidos pelo professor, que reflete a soma das etapas e turnos atendidos, e que se divide nas seguintes faixas: 0 a 25; 25 a 50; 50 a 150; 150 a 300; 300 a 400 e acima de 400.

O método para a construção da escala deriva da Teoria da Resposta ao Item (TRI), com o objetivo do método foi ―desenvolver uma escala de esforço da atividade docente e

estimar o esforço de um indivíduo no exercício deste trabalho, posicionando-o entre os demais indivíduos dessa população.‖ (BRASIL, 2014h, p. 1). A TRI foi já abordada em

os quais destacamos Andrade, Tavares e Valle (2000). Sobre algumas limitações da TRI no contexto do cálculo do IDEB, recomendamos a leitura de Tavares (2013) e Riscal (2016).

O IED, resultante da aplicação da TRI às características mencionadas, é expresso por uma escala que se apresenta em 5 níveis:

 Nível 1: docentes que atendem até 25 alunos em apenas um turno, escola e etapa

 Nível 2: docentes que atendem mais de 25 a 150 alunos em apenas um turno, escola e etapa

 Nível 3: docentes que atendem mais de 25 e 300 alunos e trabalham em até dois turnos, em apenas uma escola e etapa

 Nível 4: docentes que atendem entre 50 e 400 alunos e trabalham em dois turnos, em até duas escolas e duas etapas.

 Nível 5: docentes que atendem mais de 300 alunos, trabalham nos três turnos, em duas ou três escolas e em duas ou três etapas.

 Nível 6: docentes que tem atendem de 400 alunos, trabalham em três turnos, em duas ou três escolas e em duas ou três etapas.

Da forma como foi elaborada, a escala se apresenta em um nível crescente de carga de trabalho. Assim, o menor nível do esforço docente corresponde ao nível 1 e o nível mais alto corresponde ao nível 6.

As tabelas disponibilizadas pelo INEP em seu sítio53 apresentam os percentuais de docentes por nível de esforço e etapa de ensino, tendo, além do total Brasil, recortes por região, UFs, municípios e unidades escolares, considerando as dependências administrativas privada, municipal, estadual e federal, bem como a localização das escolas (urbana ou rural).

Os dados do IED das escolas públicas referentes ao ano 2015 mostram que, na maioria das UFs onde se verificou correlação significante entre o IDEB das Séries Finais das escolas e a sua concentração de docentes nos níveis 5 e 6, essa correlação tende a ser negativa, com algumas exceções (Maranhão e Piauí). Por outro lado, na maior parte das UFs onde houve correlação significativa entre o IDEB das Séries Finais das escolas e a sua concentração de docentes nos nível 3, essa correlação tende a ser positiva.

Tabela 10 - Valores do Coeficiente de Correlação de Spearman entre o IDEB 2015 das Séries Finais e as proporções de docentes em cada nível do IED, em nível de

unidade escolar

UF Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5 Nível 6

AC -0,058 -0,060 0,081 0,053 0,148 0,101 AL 0,000 0,006 -0,026 0,036 -0,008 -0,035 AM -0,193** -0,078 0,085* 0,125** 0,025 0,048 AP -0,039 0,161 -0,008 -0,047 0,050 -0,077 BA -0,039 0,013 0,003 -0,044* -0,015 0,019 CE 0,004 0,056* 0,034 -0,038 -0,110** -0,145** DF 0,051 0,074 0,020 -0,105 -0,059 0,038 ES 0,007 0,088* -0,035 0,014 -0,065 -0,186** GO 0,047 0,078* 0,026 -0,064* 0,005 -0,037 MA -0,133** -0,174** 0,045 0,158** 0,102** 0,164** MG -0,072** 0,095** 0,028 -0,007 -0,070** -0,052** MS -0,012 0,103* 0,110* 0,049 -0,186** -0,089 MT 0,046 0,020 0,103* -0,036 -0,103* -0,070 PA -0,063* -0,016 0,172** 0,018 -0,073** -0,032 PB 0,021 0,042 0,027 0,026 -0,067 -0,078* PE -0,152** -0,092** -0,009 0,059* 0,049 -0,031 PI 0,061 -0,091* 0,025 -0,006 0,016 0,120** PR -0,028 0,015 0,008 0,002 -0,056* -0,044 RJ -0,044 0,058* 0,143** -0,032 -0,073** -0,208** RN -0,001 0,030 -0,059 0,074 -0,039 -0,019 RO -0,112 -0,032 0,125* -0,038 -0,027 -0,111 RR 0,080 0,199 0,312** -0,189 -0,321** -0,091 RS 0,001 0,062** -0,031 0,000 -0,031 -0,051* SC -0,079** -0,026 -0,006 0,169** -0,140** -0,030 SE -0,013 0,028 -0,076 -0,044 0,012 0,104* SP 0,004 0,056** 0,082** -0,059** -0,110** -0,081** TO 0,118* 0,011 0,198** -0,139* -0,138* 0,034 **. Correlação significativa (1%, bilateral).

*. Correlação significativa (5%, bilateral). Fonte: Elaboração do autor sobre dados do INEP

Quanto às Séries Iniciais, na maior parte das UFs em que se verificam correlações significativas entre o IDEB das escolas e sua concentração de docentes no Nível 1 essa correlação é negativa, com quatro exceções notáveis: Ceará, Rondônia, São Paulo e Distrito Federal, que apontam para uma relação entre melhores resultados do IDEB e escolas com menor esforço docente.

Tabela 11 - Valores do Coeficiente de Correlação de Spearman entre o IDEB 2015 das Séries Iniciais e as proporções de docentes em cada nível do IED, em nível de

unidade escolar

UF Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5 Nível 6 AC -0,221** 0,161* 0,059 0,152* -0,008 0,185** AL -0,026 -0,029 0,069 0,060 0,081* -0,034 AM -0,351** 0,040 0,319** 0,153** 0,033 0,049 AP -0,339** 0,326** 0,193** 0,019 0,058 0,042 BA -0,011 0,043* 0,060** -0,029 0,027 0,068** CE 0,108** -0,026 -0,044 -0,102** -0,067** -0,019 (continua)

Tabela 11 - Valores do Coeficiente de Correlação de Spearman entre o IDEB 2015 das Séries Iniciais e as proporções de docentes em cada nível do IED, em nível de

unidade escolar (continuação)

UF Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5 Nível 6 DF 0,202** -0,186** -0,086 -0,053 0,003 -0,105 ES 0,076* 0,072* -0,075* -0,038 0,006 -0,051 GO 0,037 -0,016 0,054 -0,036 0,043 0,047 MA -0,161** 0,074** 0,188** 0,046* -0,030 0,018 MG -0,094** 0,155** -0,040* -0,018 0,031 -0,005 MS -0,123** 0,169** -0,062 0,061 -0,022 0,027 MT 0,002 0,079* -0,012 -0,090* 0,029 -0,010 PA -0,171** 0,122** 0,205** 0,019 -0,038 0,023 PB -0,016 0,045 0,051 -0,015 0,050 0,039 PE -0,042 0,013 0,014 -0,037 -0,012 0,012 PI -0,189** -0,049 0,273** -0,050 -0,020 -0,022 PR -0,062** 0,147** -0,045* 0,017 -0,002 -0,025 RJ -0,094** -0,077** 0,090** 0,025 0,101** 0,135** RN -0,147** 0,060 0,190** 0,062 0,099** 0,064 RO 0,104* 0,142** -0,228** -0,161** 0,008 0,005 RR -0,385** 0,383** 0,241* 0,267* 0,174 0,014 RS 0,032 -0,030 -0,180** 0,128** 0,083** 0,032 SC -0,035 0,067** -0,018 0,065* -0,002 -0,014 SE -0,149** -0,033 0,188** 0,107* -0,050 0,105* SP 0,087** 0,111** -0,058** -0,174** -0,088** -0,120** TO -0,264** 0,217** 0,210** 0,023 0,093 0,068 **. Correlação significativa (1%, bilateral).

*. Correlação significativa (5%, bilateral). Fonte: Elaboração do autor sobre dados do INEP