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Indicadores do sucesso de intervenções em drenagem urbana

2.7. A construção da relação o técnico-científico e o sociopolítico

2.7.4. Indicadores do sucesso de intervenções em drenagem urbana

A Lei Federal 11.445 de Saneamento Básico (BRASIL, 2007) estipula que o Plano Nacional de Saneamento Básico deverá adotar procedimentos para a avaliação sistemática da eficiência e eficácia das ações executadas (Art. 52. Inciso I, e).

Atendendo a essa diretriz, o Manual de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais (FCTH & PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2012) apresenta indicadores de desempenho do sistema de drenagem urbana e manejo de águas pluviais. Seu objetivo é suprir o Município com uma ferramenta eficiente para avaliar o funcionamento do sistema de drenagem, acompanhar a elaboração e a eficácia dos programas e projetos de drenagem, assim como definir prioridades de investimentos no setor.

Os indicadores para medir a eficiência e a eficácia das intervenções em infraestrutura de drenagem e manejo de águas pluviais são ferramentas que revelam a sintonia do processo de implantação com o que foi planejado e a sintonia do resultado com as finalidades previstas.

A durabilidade das obras, ou a sua manutenção física, e a sustentabilidade das obras, ou a qualidade do serviço que oferecem, evidenciam a qualidade do envolvimento dos usuários finais em no seu planejamento, implantação e manutenção. Com efeito, obras vandalizadas e obras usadas para outros fins que não os originalmente previstos, como estruturas de retenção ou detenção de águas da chuva sendo usadas para depósito de resíduos sólidos, ilustram o descaso dos usuários finais, moradores, comerciantes e das entidades responsáveis por seu funcionamento. A degradação de obras é resultado do não comprometimento com as mesmas. Ações isoladas de autodefesa por moradores e comerciantes, ainda que possam apresentar perigo para o funcionamento da obra pública, revelam o compromisso com melhorias individuais, mas não o compromisso com o interesse público e a preservação das obras públicas.

Indicadores do envolvimento e comprometimento de atores sociais com as obras públicas de drenagem contribuem para a formulação de políticas e o empreendimento de estratégias pelas agências de intervenção; para a organização de programas de capacitação de técnicos com vistas a trabalhar o envolvimento da comunidade, e para a implantação de programas de educação sobre riscos de inundação, poluição difusa e medidas de controle.

O intuito desta seção é apresentar indicadores de eficiência e de eficácia para examinar em que medida o envolvimento dos atores sociais no planejamento, implantação e supervisão de obras de drenagem contribui para a durabilidade e a sustentabilidade das mesmas. Entretanto, medir o impacto do envolvimento de moradores, comerciantes e de demais grupos de interesse57 para o sucesso de intervenções deve ser visto com cautela. Isto porque nem sempre as transformações e os progressos alcançados são consequência direta ou indireta do envolvimento da população sobre a eficácia e a eficiência das intervenções em drenagem. Por outro lado, os indicadores podem ser sempre fonte importante de informação.

Os conceitos e indicadores aqui apresentados se apoiam na obra Action Monitoring for Effectiveness (SHORDT, 2000).

Os critérios básicos para a construção de indicadores são:

57Gestores, profissionais e governo local, associações comunitárias, agências de socorro a vítimas de inundações,

 Sua Utilidade – são indicadores formulados para que sejam usados, portanto, são poucos e não devem servir para alimentar ad aeternum prateleiras e arquivos eletrônicos;

 Sua Simplicidade – são indicadores fáceis de serem coletados dada a proximidade com a fonte da informação;

 Sua Significância – procuram refletir a realidade daquilo que se quer medir;  Sua Confiabilidade – são indicadores claros, portanto fáceis de serem

interpretados, mesmo por maior variedade de pessoas.

Os indicadores monitoram o processo de decisão sobre os projetos a serem desenhados e implantados, desde seu planejamento. Inclusive, auxiliam a definição do orçamento de projetos e, nestes, o investimento a ser feito para o envolvimento de moradores e comerciantes e outros grupos de interesse presentes da área da bacia hidrográfica. Auxiliam, sobretudo, o trabalho de envolvimento público e a definição das estratégias a serem utilizadas, já que devem ser adequados ao contexto e aos projetos.

Para a formulação dos indicadores, é sempre necessário se ter claro o que se quer medir. Neste caso, o que se quer medir é o envolvimento público para:

 A durabilidade das obras de drenagem e  A sustentabilidade do serviço que oferecem.

O envolvimento dos atores sociais e demais grupos de interesse presentes na bacia hidrográfica onde são construídas obras de drenagem é pensado em quatro possibilidades:

 Participação de reuniões de capacitação para o envolvimento.  Envolvimento no planejamento da obra.

 Envolvimento na implantação da obra.

 Envolvimento na supervisão do funcionamento da obra.

Com esses indicadores procurou-se atender, também, aos princípios da Lei 11.445 do Saneamento Básico: universalização do acesso; serviços realizados de forma adequada à saúde pública e à proteção do meio ambiente; a drenagem e o manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado; eficiência e sustentabilidade econômica; transparência das ações; informações e participação em

processos decisórios. Os indicadores estão formulados para monitorar a eficiência e a eficácia de projetos de obras de drenagem e a importância da participação dos atores sociais e demais grupos presentes na área da bacia hidrográfica.

Indicadores de eficiência (IEFI)– medem o processo de envolvimento de moradores, comerciantes e outros grupos de interesse instalados na área que deve receber obras. Estes indicadores estão separados em medidas de acompanhamento do número e variedade de participantes nas várias reuniões, a realização das reuniões frente ao número de reuniões programadas, o prazo e o orçamento previsto para essas reuniões frente ao realizado, o número e a variedade de participantes que concluem participação em todas as reuniões.

Indicadores de eficácia (IEFA) – medem o resultado em termos da durabilidade da obra, ou seja, da sua infraestrutura, e da sustentabilidade do serviço que a obra implantada oferece durante período de tempo projetado.