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Informações relacionadas ao uso da língua inglesa no trabalho do

4.1 Necessidades da situação-alvo

4.1.2 Informações relacionadas ao uso da língua inglesa no trabalho do

Como informado na Metodologia, foi aplicado um questionário para levantamento de informações gerais sobre as necessidades de uso da língua inglesa na situação-alvo. Por meio da pergunta 6 do questionário QE, foi solicitado aos participantes que indicassem as situações de uso que podiam exigir a utilização da Língua Inglesa para desempenhar tarefas no cotidiano profissional. A tabela 4.3 a seguir mostra os resultados obtidos:

19As abreviações da frequência de uso do Inglês correspondem a: D-diariamente, F-frequentemente, O-ocasionalmente, R-raramente.

88 Tabela 4.3 - Situações de uso da língua inglesa.

Situações Participantes

Leitura de manuais e revistas especializadas 06 Treinamentos e instruções (no Brasil e no exterior) 06 Contato com estrangeiros em ocorrência 05

Visitas técnicas no exterior 04

Reuniões 03

Apresentações 01

Negociação 01

N = 06

Podemos observar que as três situações em que os participantes percebem que a língua inglesa é necessária são: leitura de manuais e revistas especializadas; treinamentos e instruções no Brasil e no exterior e contato com estrangeiros em ocorrência, indicando que o uso da língua é tanto para fins específicos (como leitura do manual de equipamentos e viaturas de bombeiro), como para fins gerais (receber treinamentos e participar de instruções na área de bombeiro no Brasil e no exterior - EUA).

O item “contato com estrangeiros em ocorrência”, informado na tabela 4.3, foi esclarecido pelo participante BE4 durante a entrevista como o diálogo com estrangeiros (tripulação e passageiros estrangeiros) durante uma ocorrência. Já BE3, durante a entrevista, explicou que visitas técnicas no exterior e negociações são realizadas pela Companhia à empresa fornecedora de carros contraincêndio localizada na Áustria para fins de aquisição e modernização de viaturas. Por fim, as situações “reuniões” foram informadas por BE5 como recebimento de debriefing após exercícios simulado de acidente no aeroporto. Já as apresentações foram relacionadas à participação em apresentações realizadas em inglês por ocasião de recebimento de novos equipamentos, bem como missões de intercâmbio com Forças Aéreas amigas.

Para saber com quem a língua inglesa é utilizada, foram levantados dados a respeito dos interlocutores representados na tabela 4.4:

89 Tabela 4.4 – Interlocutores.

Interlocutores Participantes

Tripulantes estrangeiros 06

Funcionários de companhias aéreas 04

Passageiros estrangeiros 03

Fornecedores de equipamentos e viaturas contraincêndio 03

Instrutores estrangeiros 02

Outros 02

N = 06

Todos os participantes indicaram que a língua inglesa é utilizada para contato com tripulantes estrangeiros, sobretudo mecânicos de voo e pilotos. Em segundo lugar, estão os funcionários de companhias aéreas, seguido de passageiros estrangeiros, fornecedores de equipamentos e viaturas contraincêndio e instrutores estrangeiros.

Em relação aos interlocutores, foi esclarecido por BE5, por meio da entrevista, que, quanto aos passageiros e tripulações de aeronaves estrangeiras e fornecedores de equipamentos e viaturas, estes podem ser nativos ou não nativos, enquanto os instrutores estrangeiros dos centros de treinamento são nativos (britânicos e americanos). BE5 indicou o campo “outros”, e esclareceu, por meio da entrevista, que podem ser membros nativos ou não nativos de equipe de segurança especial atuando no aeroporto. Por sua vez, BE4, que também indicou “outros”, esclareceu que, eventualmente, os interlocutores são militares de organizações militares de países de língua inglesa com os quais realiza contato via e-mail e telefone para obtenção de informações sobre cursos e treinamentos.

Com o intuito de identificar a forma de contato utilizando a língua inglesa, foram elencadas, no questionário, algumas possibilidades de contato para que os participantes pudessem indicar as mais frequentes. A tabela 4.5 abaixo mostra os resultados das respostas obtidas:

90 Tabela 4.5 - Meios de contato.

Meios de contato Participantes

Face-a-face 05

Outros 01

N = 06

Em relação aos meios de contato, a maioria dos participantes indicou a interação face-a-face como a principal forma de contato com os interlocutores. Por meio da entrevista, BE1 esclareceu que essa interação pode ser realizada durante uma ocorrência, com o passageiro ou tripulante de aeronave, no espaço físico da pista do aeroporto ou no interior de uma aeronave, com a interferência de ruídos de motores de outras aeronaves ou veículos que trafegam nas adjacências da pista de pouso e decolagem.

BE3 esclareceu na entrevista que a interação face-a-face também pode ser realizada no espaço de treinamento ou simulado de acidente realizado no aeroporto. O mesmo participante também citou a interação face-a-face nas participações em treinamentos realizados em organizações militares no exterior, sobretudo nos Estados Unidos e Inglaterra. Por sua vez, BE5 indicou a interação face-a-face em visitas técnicas ao fornecedor de equipamentos na Áustria. BE2 indicou, no campo “outros”, a utilização de e-mail e telefone para realizar contato com os centros de treinamento sediados nos Estados Unidos e Inglaterra para obter informações sobre cursos e visitas técnicas no exterior.

Quanto às habilidades comunicativas necessárias para a execução das tarefas, a tabela 4.6 abaixo demonstra os resultados obtidos:

Tabela 4.6 - Habilidades necessárias para a execução das tarefas.

Habilidades Participantes Falar-ouvir (conversar) 06 Ler 04 Escrever 03 Falar Ouvir 02 02 N = 06

Cumpre ressaltar que esse item do questionário oferecia ao participante a possibilidade de assinalar uma ou mais alternativas. De acordo com os resultados, observa-se que a necessidade de falar-ouvir é predominante, uma vez que todos os

91 6 participantes informaram ser necessário o domínio dessa habilidade para a execução das tarefas. A habilidade de ler é a segunda mais necessária conforme 4 participantes, seguida de escrever, indicada por 3 participantes. As habilidades falar apenas e ouvir apenas foram informadas por apenas 2 participantes.

Em relação à habilidades que oferecem dificuldades na execução das tarefas, a tabela 4.7 abaixo apresenta os resultados obtidos:

Tabela 4.7 - Habilidades que oferecem dificuldades na execução das tarefas.

Habilidades Participantes Falar-ouvir (conversar) 06 Falar 05 Ouvir 05 Escrever Ler 03 02 N = 06

Na questão, os alunos podiam marcar mais de uma habilidade. Todos os 6 participantes indicaram a habilidade de falar-ouvir como a que oferecia dificuldades na execução das tarefas. A habilidade de falar foi apontada em segundo lugar, por 5 participantes, bem como a habilidade de ouvir. Já a habilidade de escrever foi indicada por 3 participantes. Em contrapartida, a habilidade de ler, segunda habilidade mais necessária para a execução de tarefas da situação-alvo na ótica dos participantes, foi indicada por apenas 2 participantes entre as que menos oferecem dificuldades.

Como elucidado na Metodologia, antes de elaborar a entrevista, organizei os dados obtidos das respostas ao questionário QE. Comparando-os com o documento que prescreve o desempenho dos bombeiros por meio de atividades, o Padrão de Desempenho de Especialidade (constante do Currículo Mínimo do Curso de Formação, no Anexo A), pude identificar semelhanças e discrepâncias. Primeiro foi confirmada a hipótese de que os bombeiros realizam a leitura de documentos técnicos da área (manuais). Em contrapartida, identificou-se que algumas situações de uso apontadas pelos participantes estavam relacionadas a outras atividades preconizadas no PDE. Assim, constatou-se que, apesar daquele documento fazer menção ao uso da língua inglesa somente na leitura e interpretação de documentos da especialidade elaborados em inglês técnico, os bombeiros de aeronáutica atuando no mercado utilizam a língua inglesa em outras atividades de seu cotidiano,

92 por meio de tarefas que mais tarde foram identificadas e detalhadas na entrevista. É sobre elas que passarei a discorrer no próximo item.