• Nenhum resultado encontrado

Necessidades de aprendizagem, lacunas e desejos dos alunos do CFS-SBO

Neste item, apresento os dados coletados dos alunos do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica, por meio do questionário QA (Apêndice B), com o objetivo de atender ao segundo objetivo desta pesquisa que é identificar as

necessidades de aprendizagem do alunos do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica em relação o idioma inglês.

Primeiramente, a tabela 4.8 apresenta a faixa etária desses participantes. A maioria dos participantes tem idade entre 17 e 25 anos, correspondente ao limite

113 mínimo e máximo de idade para ingresso do civil23 ao curso de formação de

sargentos na EEAR.

Os 4 alunos que se encontram na faixa etária de 26 a 30 anos são cabos da aeronáutica que realizaram o Exame de Admissão ao CFS na modalidade A (somente para cabos).

Tabela 4.8 - Faixa etária dos alunos. Faixa Etária Participantes

17 a 25 anos 42 26 a 30 anos 04 31 a 35 anos - 36 a 40 anos - Acima de 40 anos - N = 46

Em relação à formação acadêmica, representada na tabela 4.9 a seguir, a maior parte dos alunos possui o Ensino Médio concluído.

Tabela 4.9 - Nível de Formação. Nível de Formação Participantes Ensino médio concluído 37 Curso superior incompleto 09 Curso superior concluído -

N = 46

No entanto, 9 participantes possuem curso superior incompleto, todos interrompidos, em virtude do regime de semi-internato em que vivem durante o curso de formação de sargentos na EEAR, não sendo possível, durante esse período, dar continuidade aos estudos em nível superior. Cumpre ressaltar que todos possuem Ensino Médio, uma vez que é pré-requisito para ingresso na EEAR.

Quanto à aprendizagem prévia do Inglês, de acordo com a tabela 4.10, 34 participantes responderam que já estudaram inglês, enquanto 12 responderam não ter tido experiência de aprendizagem de inglês.

23 O termo civil é adotado nesta pesquisa de acordo com o Direito Internacional Humanitário, que o

114 Tabela 4.10 - Aprendizagem anterior do Inglês.

Resposta Participantes

Sim 34

Não 12

N = 46

Pode-se observar, quanto à experiência de estudo do Inglês mostrada na tabela 4.11, que a maioria dos participantes que estudaram o idioma (27 alunos) o fizeram na escola regular, 14 em escola de idiomas; 7 sozinhos, 2 com professor particular e 2 estudaram inglês no ensino superior.

Tabela 4.11 – Tipo de experiência de aprendizagem de Inglês.

Experiência Participantes

Na escola regular 27

Em escola de idiomas 14

Sozinho 07

Outros 05

Com professor particular 02 No ensino superior 02

No exterior -

N = 34

Aos participantes que informaram a experiência de estudo prévio do Inglês, foi solicitado que informassem o tempo de estudo. Dos 34 participantes que informaram ter estudado inglês, 20 informaram também o tempo de estudo da língua inglesa.

Tabela 4.12 - Tempo de estudo prévio do Inglês.

Experiência Participantes Mais de 8 anos De 7 a 8 anos De 4 a 6 anos De 1 a 3 anos Menos de 1 ano 02 03 08 05 02 N = 20

Observa-se que 8 dos alunos que forneceram esse dado, representando a maior parte, estudaram inglês de 04 a 06 anos, tempo aproximado de duração do

115 ensino médio. Pode-se observar, também, que 7 dos 20 participantes têm experiência de estudo do inglês de até 3 anos e 5 estudaram inglês por mais de 7 anos.

Pode-se verificar na tabela 4.13, quanto ao nível das habilidades, que a maioria dos alunos respondeu ter desempenho Regular nas habilidades de ler (24) e escrever (22) e desempenho Fraco nas habilidades de ouvir (25), falar (28) e falar- ouvir (29).

Tabela 4.13 - Classificação do nível em relação às habilidades.

Habilidade Ótimo Bom Regular Fraco

Ler 03 16 24 03 Escrever - 12 22 12 Ouvir - 03 18 25 Falar - 03 15 28 Falar-ouvir - 02 16 29 N = 46

Mais detalhadamente, podemos ver que com a habilidade de ler, enquanto 24 alunos responderam ter desempenho Regular, 16 alunos responderam ter desempenho Bom. No entanto, quanto à habilidade de escrever, 12 responderam ter desempenho Fraco. Quanto às habilidades de ouvir e falar, pouco exploradas na escola regular, verifiquei que, enquanto a maior parcela respondeu ter desempenho Fraco (28 e 25, respectivamente), a segunda maior parte dos participantes respondeu ter desempenho Regular (respectivamente, 18 e 15). Na habilidade de falar-ouvir, a maioria classificou seu desempenho como Fraco (29).

A partir dos dados da tabela 4.13, pode-se concluir que os alunos participantes têm melhor nível de desempenho na habilidade de ler, enquanto que, nas habilidades de ouvir e falar, apresentam desempenho de regular a fraco. Importante notar que, para a habilidade de escrever a maior parte das respostas se concentraram em Regular, e foram distribuídas de maneira igual (12 respostas) entre Bom e Fraco, indicando que nessa habilidade, o grupo de participantes apresentam níveis de desempenho diferentes. Em contrapartida, a habilidade em que os participantes informaram ter pior desempenho (Fraco), foi a de falar-ouvir (29

116 participantes), sendo que os outros 16 informaram ter desempenho Regular, e apenas 2 apontaram ter bom desempenho nessa habilidade.

Quanto à frequência de uso das habilidades fora da sala de aula, podemos observar, de acordo com a tabela 4.14 abaixo, que 34 lêem, 26 escrevem e 20 ouvem em inglês ocasionalmente, enquanto 26 nunca falam e 36 nunca falam- ouvem (conversar).

Tabela 4.14 - Frequência de uso das habilidades fora de sala de aula. Habilidade Diariamente Frequentemente

(máx. 4 vezes/semana) Ocasionalmente (máx 1vez/mês) Nunca Ler 01 07 34 04 Escrever - 03 26 17 Ouvir 09 14 20 03 Falar - 02 18 26 Falar-Ouvir - 01 09 36 N = 46

Pode-se observar que as habilidades de ler e escrever são utilizadas ocasionalmente pela maioria dos participantes (34 e 26 participantes, respectivamente), cabendo lmbrar que os próprios participantes avaliaram seu desempenho nessas habilidades como Regular. No entanto, uma considerável parcela dos participantes, isto é, 20 alunos informaram ouvir em inglês ocasionalmente a frequentemente, sendo seu desempenho nessa habilidade avaliado como Fraco. Por outro lado, a maioria dos participantes informou nunca utilizar a habilidade de falar (26) e falar-ouvir (36), cujo desempenho é considerado Fraco.

Pode-se concluir, a partir desses dados, que a frequência de uso de uma habilidade comunicativa nem sempre está diretamente relacionada ao desempenho do participante. Embora uma considerável parcela dos participantes ouve em inglês frequentemente, esses mesmos participantes apontam desempenho baixo na compreensão oral no idioma estrangeiro.

Por outro lado, conclui-se, a partir dos dados obtidos, que a parcela representativa de participantes que nunca fala ou fala-ouve (conversa) tem

117 dificuldade de compreender o idioma ou não consegue elaborar frases para estabelecer uma comunicação, uma vez que não utiliza esta habilidade no seu cotidiano.

Os dados apresentados até este momento auxiliam na identificação dos participantes, bem como dos conhecimentos que eles têm de inglês. A seguir, apresento as dificuldades dos alunos, a fim de saber melhor o que eles precisam aprender para desempenhar as tarefas da situação-alvo.

A fim de levantar o grau de dificuldade na utilização de cada habilidade, a pergunta nº 7 do QA solicitou ao aluno que informasse o quão difícil ou fácil é cada habilidade. A Tabela 4.15 a seguir informa os resultados obtidos, sendo que alguns dados foram negritados para apontar as conclusões obtidas:

Tabela 4.15 – Grau de dificuldade em relação às habilidades.

Habilidade Muito difícil Difícil Média Regular Fácil Muito fácil

Ler 01 - - 06 26 13 Escrever - 03 10 24 06 03 Ouvir 04 16 14 07 04 01 Falar 01 20 16 05 04 - Falar-Ouvir 30 11 02 02 - 01 N = 46

Pode-se observar que, embora 24 dos participantes informaram ter desempenho Regular na habilidade de ler, para 26 dos participantes, a habilidade de ler é fácil. Isso mostra que apesar dos participantes terem desempenho Regular nessa habilidade, para eles, a habilidade é fácil. Já para 13 participantes a referida habilidade é muito fácil, demonstrando que a habilidade foi apontada por 49 participantes como fácil a muito fácil.

Quanto a escrever, 24 participantes informaram ser regular, enquanto aproximadamente 10 informaram oferecer grau de dificuldade médio, cumprindo lembrar que aproximadamente 22 dos participantes informaram ter desempenho regular nessa habilidade.

Em relação a ouvir e falar, cujo desempenho foi informado pela maioria dos participantes como Fraco (respectivamente, 25 e 28), foram apontadas como

118 oferecendo grau de dificuldade difícil (respectivamente, 16 e 20 participantes). Já em relação a falar-ouvir, 30 participantes informaram ser muito difícil.

Os resultados obtidos com esses dados são relevantes para o desenho do curso de inglês centrado nas necessidades dos alunos pois revela que, embora os alunos utilizem a habilidade “ouvir” com mais frequência que a habilidade “falar”, ambas oferecem dificuldades. Ademais, observa-se que a habilidade que oferece maior dificuldade aos alunos é falar-ouvir, habilidade informada pelos bombeiros especialistas participantes como a principal necessária para a execução das tarefas da situação-alvo, bem como a habilidade de maior ocorrência nas tarefas identificadas neste trabalho. Essa informação serve como subsídio para o desenho de um curso que enfatize o desenvolvimento dessas habilidades tendo em vista que são necessárias para a execução das tarefas da situação alvo e que oferecem dificuldades à maioria dos alunos.

As informações obtidas foram complementadas com resultados relacionados às atividades de preferências dos alunos, recursos preferidos e conteúdos que os alunos gostariam de aprender em um curso de inglês para bombeiros de aeronáutica. Essas perguntas foram feitas no questionário e os resultados são apresentados a seguir.

Em relação à preferência dos alunos por certas atividades de ensino de inglês, a pergunta nº8 do questionário solicitou que informassem o grau de preferência, sendo 1 a atividade mais preferida e 5 a menos preferida. A tabela 4.16, a seguir, apresenta os resultados obtidos:

Tabela 4.16 – Atividades que gostaria que fossem desenvolvidas na disciplina Inglês para Bombeiro de Aeronáutica.

Atividade 1 2 3 4 5

Leitura para o trabalho 06 11 26 03 -

Conversação (em geral) 20 16 05 04 01

Tradução de textos técnicos 04 07 14 16 01

Exercícios gramaticais 07 11 18 10 -

Conversação em situações de emergência 13 16 11 06 - Escrita (e-mails, cartas, em geral) - 05 08 20 13

119 Pode-se observar que a atividade de maior preferência entre os participantes é “conversação em geral” (20 alunos), seguida de “conversação em situações de emergência” (16) e “exercícios gramaticais” (18). Pode-se concluir que os alunos têm preferências por atividades que desenvolvam a habilidade oral, a qual foi informada como a habilidade que apresenta maior dificuldade aos alunos (ver tabela 4.15). Os resultados mostram que os alunos têm preferências por atividades que enfatizem a conversação tanto geral quanto específica (situação de emergência), a qual pressupõe o trabalho com a habilidade de falar-ouvir, informada como a habilidade menos utilizada entre os alunos bem como a que mais oferece dificuldades entre eles. Ademais, a preferência por exercícios gramaticais indica a necessidade de aprender e dominar a estrutura do idioma. Essas preferências se relacionam ao que os bombeiros especialistas informam sobre a necessidade de utilizar a língua em contextos de emergência e em situações de treinamento e visitas técncias no exterior. Como pode-se verificar no item anterior, o maior número de tarefas identificadas na situação-alvo exigem a habilidade de falar-ouvir, tanto em situações rotineiras (ex.: treinamentos, visitas técnicas) como em situações de emergência (ex.: auxílio à evacuação, atendimento pré-hospitalar).

Em relação à preferência por conversação, esta pode ser aproveitada em um curso de inglês para bombeiros de aeronáutica, uma vez que os bombeiros participantes informaram tarefas relacionadas à habilidade de falar-ouvir relacionadas à participação de treinamentos realizados no exterior, bem como os alunos também informaram essa necessidade nas respostas ao questionário, quando lhes foi perguntada a importância do inglês em sua profissão. Em relação a essa informação, os relatos de alguns alunos foram transcritos a seguir:

O inglês é fundamental para uma missão no exterior (A3.1).

Se realmente forem ativados os cursos no exterior, é fundamental que saibamos uma segunda língua. (A3.2).

Pois o inglês é a linguagem universal e é muito importante para poder fazer curso no exterior e se aperfeiçoar na profissão. (A1.20).

Com base nas respostas acima, identifica-se a consciência da necessidade do idioma para a realização de cursos no exterior, ligada ao aperfeiçoamento na profissão.

120 Em relação ao que gostariam de aprender, o quadro 4.16 a seguir informa os aspectos levantados pelos alunos em suas respostas à pergunta 12 (aberta) do questionário QA .

O que gostaria de aprender em um curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica

Conteúdo Nº de ocorrências 01 Conversação em geral 16 02 Ouvir em geral 15 03 Falar em geral 12 04 Vocabulário técnico 09 05 Ler em geral 04

06 Conteúdos relacionados à área de bombeiro 03

07 Comunicar-se durante ocorrências 03

08 Tradução 03

09 Gramática 02

10 Comunicação do piloto com a torre 02

11 Cultura estrangeira 02

12 Escrever 02

13 Revisão do que já sabe 01

14 Fluência 01

15 Pronúncia 01

16 Ler manuais de viaturas 01

17 Vocabulário em geral 01

Quadro 4.16 – Conteúdos relacionados ao que os alunos gostariam de aprender em um curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica.

Conforme pode-se observar no quadro 4.16; a maioria dos alunos participantes (16) demonstrou desejo em aprender conversação em geral. Outro aspecto bastante levantado nas respostas dos alunos foi aprender a ouvir (15) e falar em geral (12). Observa-se que a maior parte dos alunos participantes deseja aprender a falar e ouvir, principais habilidades que lhes oferecem dificuldade (ver tabela 4.15). Adquirir vocabulário técnico da área do bombeiro também foi um desejo informado por 9 participantes, ao passo que 4 informaram querer aprender a ler em geral.

Com relação ao desejo mais apontado entre os alunos, qual seja, o de aprender conversação, pode-se observar que o número de ocorrências levantadas é o mesmo tanto em relação ao acham que um curso de inglês deve oferecer, discriminado no quadro 4.17 adiante.

Já com relação ao desejo “ler manuais de viaturas” este só foi expresso na resposta de um participante, enquanto que, em relação ao que acham que um curso de inglês precisa oferecer, ele foi levantado em 18 respostas. Cabe lembrar que a

121 habilidade de ler, embora ofereça menos dificuldades aos alunos participantes (tabela 4.15), foi colocada como importante para o desempenho das atividades no contexto profissional por 4 dos 6 bombeiros participantes. Os alunos informaram, nas respostas à pergunta 10 do questionário QA, dentre outros motivos que destacam a importância do inglês na profissão do bombeiro de aeronáutica, a necessidade de ler manuais de equipamentos e viaturas. A seguir transcrevo algumas respostas obtidas:

Atualmente, existem muitos equipamentos com padrões americanos, sendo que seus manuais e cursos no exterior necessitam o domínio da língua. (A3.11)

Pois o inglês é muito importante em manuais de bombeiros. (A3.13)

O saber inglês é um diferencial que cria oportunidades de fazer cursos no exterior. Além disso, é necessário para entender os manuais de equipamentos de bombeiros que geralmente são em inglês. (A3.16)

Porque para nossa especialidade seria de extrema importância para entender os manuais de equipamentos importados e um possível estágio no exterior. (A3.19)

Existem diversos manuais de viaturas e equipamentos em inglês e é de grande importância conhecermos eles. (A3.20)

Pois na minha profissão como bombeiro, possui vários manuais técnicos para ser lidos em inglês e para aprimoramento no exterior. (A3.22)

É muito importante sabermos o inglês, pois a maioria dos manuais dos equipamentos de bombeiros vem em inglês. (A3.23)

Além de ser o idioma mais falado do mundo, é muito necessário para a compreensão de manuais de equipamentos importados. (A1.1)

Porque é necessário para compreender manuais, etc. (A1.3) A maioria dos equipamentos de bombeiro são importados. (A1.5)

Tendo em vista que muitos manuais são escritos em inglês, as traduções são demoradas. (A1.22)

Pode-se verificar a partir dos relatos apresentados acima, que os alunos têm consciência da necessidade de ler manuais. Particularmente, o participante A3.11 tem conhecimento de que além dos manuais serem escritos em inglês, o domínio do idioma também é necessário para o recebimento de treinamentos no exterior, ratificando as informações fornecidas pelos bombeiros especialistas, tanto a respeito da necessidade de ler os manuais quanto participar de treinamentos no exterior.

Já em relação ao curso de inglês, pode-se observar, no quadro 4.17 abaixo, que os alunos informaram que o curso deve fazer com que aprendam vocabulário técnico da área de aviação e do bombeiro de aeronáutica; a ler manuais de equipamentos e viaturas importadas; a conversar e a comunicar-se durante

122 ocorrências; a aprender gramática da língua inglesa, bem como a ouvir em inglês. Por fim, alguns alunos informaram a necessidade de se aprender a escrever em inglês, aprender mais sobre a cultura estrangeira e a traduzir documentos.

O que um curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica precisa oferecer

Conteúdo Nº de ocorrências

01 Vocabulário técnico 21

02 Ler manuais de equipamentos e viaturas 18

03 Conversação 16

04 Comunicar-se durante ocorrência 04

05 Gramática 04

06 Ouvir 04

07 Escrever 03

08 Cultura Estrangeira 02

09 Tradução 01

Quadro 4.17 – Ocorrências por categoria levantada a respeito do que um curso de Inglês para Bombeiros de Aeronáutica precisa oferecer sob a ótica dos alunos participantes.

É notável a quantidade de alunos que respondeu ser necessário adquirir vocabulário técnico relacionado à profissão tais como nomes de equipamentos, viaturas, expressões ligadas à aviação, termos e fraseologias da área. A seguir, foram transcritas algumas respostas obtidas por meio do QA:

Linguagem técnica de bombeiro. (A3.1)

Nomes de equipamento, dados técnicos, normas, procedimentos de emprego de viaturas e equipamentos. (A3.2)

Precisamos aprender vocabulário de bombeiro. (A3.4)

Inglês extremamente técnico, principalmente em relação aos manuais de viaturas. (A3.7)

Linguagens, expressões e palavras ligadas a aviação e ao bombeiro. (A3.14) Termos técnicos. (A1.2)

Termos, fraseologias a respeito da área, como nomes de equipamentos. (A1.4)

Pode-se verificar por meio do quadro 4.17, que o conteúdo mais indicado pelos alunos como necessário para um curso de inglês para bombeiros de aeronáutica, quais sejam, aquisição de vocabulário técnico corresponde ao que é ministrado no curso vigente, bem como exigido pela instituição por meio do Padrão de Desempenho de Especialidade. Já o segundo mais indicado, “leitura de manuais de equipamentos e viaturas”, corresponde às necessidades informadas pelos bombeiros especialistas em relação às tarefas da situação-alvo que se relacionam à atividade de emprego e manutenção de equipamentos, materiais e viaturas.

123 Pode-se concluir que, com base no mapeamento realizado em relação às tarefas da situação-alvo cujo resultado levantou, dentre outras tarefas necessárias, a de “ler manuais de equipamentos e viaturas”, um curso de inglês para bombeiros de aeronáutica deve ensinar a ler manuais, priorizando atividades que despertem a motivação no aluno em aprender a ler esses tipos de texto, uma vez que os dados demonstraram que este não é um desejo recorrente entre eles (ver quadro 4.16).

Por outro lado, verificou-se, entre os desejos mais frequentes nas respostas, o de aprender vocabulário técnico: pode-se sugerir que esse desejo seja aproveitado no curso como estímulo ao aprendizado dos termos técnicos por meio do trabalho com leitura de manuais dos equipamentos e viaturas, os quais são repletos de termos técnicos da área.

Quanto à preferência por certos recursos em sala de aula, como demonstrado na tabela 4.17 a seguir, o recurso mais preferido entre os alunos é o datashow, seguido de material audiovisual. Na sequência, foi informada preferência por material auditivo, seguido de material impresso e, por fim, o quadro branco. Um participante informou, no campo “outros”, o interesse em que fosse convidado um bombeiro estrangeiro para uma entrevista e troca de experiência com os alunos durante as aulas de inglês.

Tabela 4.17 – Recursos que gostaria que fossem utilizados nas aulas de Inglês para Bombeiro de Aeronáutica, por ordem de preferência.

Atividade 1 (mais preferida) 2 3 4 5 (menos preferida) Datashow 22 06 08 07 11 Material impresso 03 07 11 17 08 Material auditivo 04 12 14 05 07 Material audiovisual 12 19 05 07 05 Quadro branco 05 02 08 10 15 Outros N = 46

Após informar e discutir os resultados da pesquisa, apresento, a seguir, as considerações finais, onde faço uma apreciação geral do trabalho.

124

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Talvez o encontro mais feliz que resulte do Projeto ESP tenha sido espertar a percepção de que a língua em si não é o objeto da aprendizagem, mas sim o produto da atuação recíproca entre o aprendiz e o “mundo grande e comum”.

Maria Antonieta A. Celani

Este trabalho originou-se de um questionamento que surgiu em minha prática como professora de língua inglesa com o desafio de criar um curso de Inglês para Bombeiro de Aeronáutica na Escola de Especialistas de Aeronáutica. Esse questionamento foi representado pela pergunta: o que meu aluno precisa aprender

em um curso de inglês para bombeiros de aeronáutica da EEAR?

Conforme preconizado no Currículo Mínimo do Curso de Formação de Sargentos Bombeiros de Aeronáutica da EEAR (Anexo A), a missão dessa Organização de Ensino Técnico é formar militares técnico-especializados que atendam às necessidades da Força Aérea Brasileira. Seus cursos, portanto, refletem a demanda do mercado de trabalho e essa demanda, por sua vez, reflete na disciplina de Inglês que compõe o seu currículo.

O Curso de Formação de Bombeiros de Aeronáutica prepara seus alunos para obter um desempenho profissional dentro dos padrões estabelecidos pelo Comando da Aeronáutica. O Grupo de Trabalho responsável pela criação do referido Curso informou a necessidade de se incluir a disciplina Língua Inglesa em seu currículo, fato inédito, uma vez que nenhum curso de bombeiro de aeródromo ministrado por outras instituições contempla essa disciplina em seus currículos.

Como citado ao longo deste trabalho, a característica fundamental da Abordagem de Ensino e Aprendizagem de Línguas para Fins Específicos, antes mesmo de ser a conexão com diversas áreas, é a consciência da necessidade