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3.1 Base Conceitual

3.1.5 Inovações tecnológicas de produto e de processo

Segundo Jaramillo et al. (2000), a inovação tecnológica pode ser dividida em duas categorias principais: inovação tecnológica de produto e a de processo. As de produto podem ser subdivididas em novos produtos e produtos melhorados.

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- produto tecnologicamente novo: as características tecnológicas ou utilizações pretendidas são muito diferentes dos produtos previamente produzidos. Essas inovações podem envolver tecnologias radicalmente novas, serem baseadas na combinação de tecnologias existentes ou originárias da utilização de novos conhecimentos;

- produto tecnologicamente melhorado: é um produto existente, cuja performance foi bastante aperfeiçoada ou atualizada. Um produto simples pode ser melhorado, em termos de melhoria de performance ou menor custo, por meio do uso de componentes ou materiais de alta-performance. Já um produto complexo, que consiste de um número de subsistemas técnicos integrados, pode ser melhorado por mudanças parciais em um dos subsistemas;

- inovação tecnológica de processo: é a adoção de métodos de produção tecnologicamente novos ou significativamente melhorados, inclusive métodos de apresentação de produto. Esses métodos podem envolver mudanças em máquinas e equipamentos ou na organização da produção, ou mesmo na combinação dessas mudanças e podem ser originários da utilização de novos conhecimentos. Os métodos podem ter como objetivo produzir e apresentar produtos tecnologicamente novos ou melhorados, os quais não podem ser produzidos ou oferecidos com o uso de métodos de produção convencionais. Os métodos também podem ter como objetivo aumentar a eficiência de produção ou de apresentação de produtos existentes.

Diferentes tipologias de inovação tem apresentado crescente interesse nas organizações, que têm buscado diferentes roteiros gerenciais que visam identificar a mais adequada para viabilizar projetos de inovação com características distintas. Essa questão de contingências não tem sido abordada de forma adequada pela literatura que trata do gerenciamento de projetos de inovação que assume, de forma errônea, que todos os projetos compartilham do mesmo universo de características gerenciais.

O estudo de Tironi (2005) levanta um questionamento em relação a essa diferenciação que é, a partir da perspectiva das políticas de promoção da inovação, se pode ser adequado considerar mais importante o produto tecnologicamente novo ou significativamente melhorado do que o processo tecnologicamente novo ou significativamente melhorado. Uma resposta afirmativa a esse questionamento pode levar

em conta que a idéia de que a inovação de processo seja obtida, predominantemente, pela busca da competitividade por meio do aumento da produtividade, o que demonstraria uma atitude defensiva em termos de comportamento da firma no mercado, enquanto a inovação de produto refletiria um comportamento empresarial mais pró-ativo, pois buscaria, por meio de novos produtos, alcançar a competitividade pela diferenciação e a abertura de novos mercados.

Além disso, pode haver uma associação entre a inovação de processo e a aquisição de máquinas e equipamentos, que é vista como uma atividade inovativa menos importante do que, por exemplo, a pesquisa e desenvolvimento.

Segundo Tironi (2005), os dados da PINTEC demonstram que a aquisição de máquinas e equipamentos é significativamente predominante dentre as atividades inovativas das empresas, seja em relação ao montante dos gastos ou à importância atribuída pelos respondentes ao questionamento. Entretanto, quando a aquisição de máquinas e equipamentos é considerada uma atividade inovativa de menor importância, conclui-se que há menor importância relativa na inovação de processo em relação a inovação de produto.

Porém, essa conclusão pode ser questionável, pois apresenta algumas limitações como o fato de que a literatura econômica considera o progresso técnico como gerador do aumento da produtividade na economia, especialmente a produtividade total dos fatores, porém, não considera a relação entre o aumento de produtividade e a natureza da inovação, no caso, se ocorre em produtos ou em processos.

Quanto à inovação organizacional, esta pode ser caracterizada por vários fatores, como alterações na forma de organização e gestão da empresa, mudanças na organização e administração do processo produtivo, incorporação de estruturas organizacionais modificadas e implementação de novas estratégias corporativas ou substancialmente modificadas.

No âmbito da empresa, não existe, de forma precisa, a amplitude do local de ocorrência desses tipos de mudanças, agrupando combinações, independente do porte da empresa. Segundo Devine et al. (1985), as grandes empresas tendem a possuir vantagem competitiva onde haja oportunidade para se dar continuidade à inovação. Esta vantagem estaria relacionada aos recursos que as grandes empresas possuem para explorar novas

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oportunidades, seja adquirindo máquinas e equipamentos, desenvolvendo novos produtos ou diferenciando-os.

Por outro lado, deve ser considerado que alguns empreendedores possuem maiores vantagens de mercado, por serem justamente os seguidores, com um processo de desenvolvimento mais amplo do que aquele iniciado pelo pioneiro. A empresa que introduz primeiramente uma inovação, deve apresentar-se no mercado com novas idéias em um espaço de tempo ainda menor, para que consiga se manter à frente dos concorrentes.

Os recursos utilizados pelas grandes empresas na exploração de novas oportunidades, são alguns de seus atributos que não podem ser alterados a curto prazo. Podem ter várias formas, desde fatores de produção comuns até altamente diferenciados. São definidos também em termos tangíveis e intangíveis, sendo os ativos tangíveis mais fáceis de serem avaliados, e incluem as propriedades, instalações, estoques de matérias- primas, etc. Os recursos intangíveis abrangem os estoques de ativos intangíveis da firma como marca, cultura, conhecimento tecnológico, patentes, aprendizado e experiência acumulados (TEECE et al., 1992; BURLAMAQUI e PROENÇA, 2003).

A forma como a empresa demonstra seu desempenho no mercado ao utilizar esses recursos para criar e desenvolver novos produtos, processos e rotinas está diretamente relacionada às suas capacitações dinâmicas, isto é, às suas habilidades associadas à inovação.