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2.4 Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica

2.4.1 Objetivos e metodologia utilizados pela PINTEC

A Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica, denominada PINTEC, teve por objetivo a construção de indicadores setoriais, nacionais e regionais, das atividades de inovação tecnológica nas empresas industriais brasileiras, compatíveis com as recomendações internacionais em termos conceituais e metodológicos.

O Manual Oslo foi a referência conceitual e metodológica da PINTEC e de forma mais específica, o modelo proposto pela Oficina Estatística da Comunidade Européia (EUROSTAT), a terceira versão da Community Innovation Survey (CIS III) realizada no período 1998-2000, da qual participaram os 15 países-membros da comunidade européia.

A primeira versão do Manual de Oslo, publicada em 1992, atendeu às necessidades de coordenação que haviam sido identificadas por iniciativas de vários em relação a pesquisa sobre inovação. Esse manual, que pretendia servir como orientação para coleta de dados sobre inovação tecnológica, foi elaborado no início da década de 1990 em cooperação com o Nordic Industrial Fund (Fundo Industrial Nórdico) em resposta às

recomendações feitas pelo National Experts on Science and Technology (Grupo de Especialistas Nacionais em Ciência e Tecnologia) da OCDE.

A primeira edição começou a ser adotada como referência para mensuração das atividades de inovação na indústria da maioria dos Países-Membros, principalmente na

Community Innovation Survey (Pesquisa de Inovações na Comunidade) da Comissão

Européia e foi adotada por diversos países membros da União Européia. Outro fato importante foi que a tradução do Manual em vários idiomas permitiu que se realizasse um grande número de pesquisas baseadas em conceitos padronizados.

Desde a publicação da primeira edição verificaram-se progressos no sentido de melhor compreender o processo de inovação e isso foi possível, principalmente, devido à aplicação das descobertas das pesquisas iniciais baseadas nas diretrizes apresentadas na primeira versão do manual e no sistema de normas gerais internacionais de estatística a que ele se refere. Porém, a utilização dos resultados de pesquisa, aliado a uma maior conscientização quanto ao papel que os governos podem desempenhar na promoção da inovação em toda a economia, revelou certas deficiências no manual, demonstrando a necessidade de sua ampliação e revisão.

A segunda edição utilizou uma estrutura original de conceitos, definições e metodologia, atualizando-a e incluindo definições mais precisas, instruções mais abrangentes de utilização e uma visão panorâmica de outros métodos experimentais e aferições complementares como outros métodos de coleta de dados e dados de inovações não-tecnológicas.

Tratou também da mensuração das atividades de inovação em um número maior de empresas, o que tornou necessário adaptar todas as definições e perguntas às características das indústrias de serviços. Além disso, se baseou nas versões mais recentes de classificações estatísticas pertinentes, em particular aquelas publicadas pelas Nações Unidas, levando em consideração a versão revisada do System of National Accounts (Sistema de Contas Nacionais).

Elaborado sob a cooperação conjunta da OCDE e da Comissão Européia, o manual foi redigido para e por especialistas de cerca de 30 países que coletaram e analisaram dados sobre inovação. Para se chegar a um consenso, foi necessário fazer acordos e concessões e estabelecer convenções. Ainda assim, o manual contempla um conjunto

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substancial de diretrizes que pode ser usado para o desenvolvimento de indicadores comparáveis de inovação nos países da OCDE, examinando simultaneamente os problemas de metodologia e interpretação que podem ser encontrados no uso desses indicadores.

Um dos principais objetivos do manual foi fornecer uma estrutura dentro da qual as pesquisas existentes pudessem evoluir em direção à comparabilidade, porém, ressalta-se que em alguns aspectos, o desenvolvimento desta metodologia tenha que passar temporariamente por revisões.

O sucesso desses manuais pode ser atribuído, em grande parte, ao fato de que, apesar das limitações e imperfeições dos dados e modelos teóricos, sem eles seria impossível obter dados estatísticos que pudessem ser comparados em nível internacional. Tais dados são um pré-requisito para a contextualização, monitoração e avaliação de políticas voltadas para a promoção da inovação tecnológica onde o processo de integração econômica gerou uma necessidade sempre crescente de dados internacionalmente comparáveis.

Sob esse ponto de vistas, Tironi e Koeller (2006) ressaltam que, ao seguir as recomendações do Manual Oslo, a PINTEC possibilita entender as características do desempenho do sistema de inovação brasileiro de forma detalhada, permitindo comparações com os resultados de pesquisas semelhantes de outros países.

Com base nessa referência, as informações da PINTEC concentram-se na inovação tecnológica de produtos e processos, sendo adotada a abordagem do sujeito, isto é, as informações obtidas são relativas ao comportamento, às atividades empreendidas, aos impactos e aos fatores que influenciam a empresa como um todo, tais como os incentivos e os obstáculos.

O IBGE, por meio de um convênio com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), foi o responsável pela realização da pesquisa e, como um desdobramento desta parceria, foi criado um grupo de trabalho, formado por representantes do IBGE, do Ministério da Ciência e Tecnologia e da FINEP visando acompanhar o planejamento e a execução técnica da pesquisa.

A PINTEC 2005, com informações relativas ao triênio 2003-2005 deu continuidade às pesquisas iniciadas com as PINTECs 2000 e 2003, que levantaram informações relativas ao triênio 1998-2000 e 2001-2003, respectivamente.

Dentro do modelo de produção de estatísticas econômicas do IBGE, a PINTEC buscou aprofundar o tema da inovação tecnológica por meio da geração de informações sobre os gastos com as atividades inovativas, fontes de financiamento destes gastos, o impacto das inovações no desempenho das empresas, as fontes de informações utilizadas, os arranjos cooperativos que foram estabelecidos, o papel dos incentivos governamentais e as dificuldades encontrados às atividades de inovação, apresentando os resultados estimados para o universo de empresas industriais que ocupam dez ou mais pessoas, segundo as atividades das indústrias extrativas e de transformação, no detalhamento geográfico do Brasil.

Em relação aos âmbitos territorial e populacional, as informações da PINTEC estendem-se a todas as empresas brasileiras que têm registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do Ministério da Fazenda e que no Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do IBGE estão classificadas como empresa industrial, cuja principal receita é originada da atuação nas atividades das indústrias extrativas ou indústrias de transformação, ativas e empregando 10 ou mais pessoas.

Devido à sua periodicidade trienal, a pesquisa possui duas referências temporais: - a maioria das variáveis qualitativas, que não envolvem registro de valor, se refere a um período de três anos consecutivos;

- as variáveis quantitativas, gastos e pessoal ocupado em P&D, dispêndios em outras atividades inovativas, impacto da inovação de produto sobre as vendas e as exportações e algumas variáveis qualitativas, como patentes em vigor e existência de projetos incompletos, por exemplo, se referem ao último ano do período de referência da pesquisa.

A unidade de pesquisa da PINTEC é a empresa industrial, isto é, a unidade jurídica caracterizada por uma firma ou razão social que responde pelo capital investido e que engloba o conjunto de atividades econômicas exercidas em uma ou mais unidades locais.

No caso da empresa desenvolver atividades em distintos segmentos da economia e com gerenciamento independente, fez-se necessária a identificação das inovações

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implementadas e as atividades inovativas realizadas em todas as suas unidades e a mensuração do seu impacto na empresa como um todo.

Após a identificação das inovações nas unidades que as geraram, buscou-se, junto à administração central, analisar os impactos de acordo com as estratégias da empresa. Este também foi o procedimento adotado nos casos em que existia mais de uma unidade realizando pesquisa e desenvolvimento de forma independente.

Nos casos dos grupos econômicos, ou seja, nos quais a relação da empresa controladora com as controladas e coligadas se assemelha à situação anterior, foram aplicados questionários distintos para cada uma das empresas, buscando-se identificar, com a ajuda da controladora, os dados de todas estas empresas para obtenção de informações da forma mais consistente possível.

A classificação de atividades de referência utilizada pela PINTEC foi a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), seções Indústrias Extrativas e Indústrias de Transformação (C e D, respectivamente), que definiram o âmbito da pesquisa. Para fins da obtenção das estimativas e da divulgação dos resultados da pesquisa foram definidas atividades resultantes de agregações dos grupos (três dígitos) da CNAE.