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Inquietações e buscas por um agir crítico em Nutrição

CAPÍTULO 1 CONTEXTUALIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

1.2. Inquietações e buscas por um agir crítico em Nutrição

Antes das inquietações para produzir uma pesquisa de tese, persistiam, logo após a formação, as buscas por um agir diferente, por uma prática nova, uma ação que transformasse o campo da Nutrição. Assim, as inquietações não começaram a ter respostas com uma pesquisa, mas com tentativas de experiências concretas de constituir aplicações da Nutrição na linha da Educação Popular, construídas com outros colegas e com uma professora do Curso de Nutrição. Assim, foi criado um projeto de extensão,

chamado de Práticas Integrais de Nutrição na Atenção Básica (PINAB) em 2007.

Começamos, então, com a prática, e não, com a teoria, pois se a Nutrição já fazia parte do nosso currículo, a Educação Popular, certamente encontraríamos somente em comunidades ou realidades onde estão inseridos os trabalhadores mais sofridos do Brasil.

Assim, decidimos fazer um projeto de extensão que fosse ao encontro dessa realidade social, onde aprofundar e, quem sabe, deixar mais claro por quais caminhos e de que formas a Nutrição orientada pela Educação Popular iria se comportar e se desenvolver. Nessa época, não tínhamos clareza do grande saber anterior acumulado por diversos movimentos sociais, práticas populares e ações interprofissionais no campo da educação em Nutrição em uma perspectiva emancipatória. Seria somente o contato com a realidade e a construção mesma de experiências que nos traria este saber anterior, de forma lenta e gradual. Assim, tínhamos um grande desafio prático pela frente, pois nem o PEPASF (onde eu tinha iniciado), nem o PINAB (que estávamos criando) estavam “inventando a roda”. Estávamos, na verdade, continuando um longo processo histórico de experimentações e construções coletivas de um agir em Nutrição pautado pela Educação Popular.

No que diz respeito à construção prática da experiência do PINAB, não enfrentamos tal desafio usando uma receita de bolo pronta, mas apenas fomos reconhecendo as histórias das pessoas e dos sujeitos no processo, procurando informações e experiências anteriores, de modo a construirmos coletivamente a proposta de desenho organizacional inicial. Precisávamos começar por algum lugar.

Demos início, então, à experiência do Projeto “Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica (PINAB)” - esse foi seu primeiro nome – que permaneceu de 2007 até 2012 (cinco anos) com estudantes de Nutrição da UFPB. Em 2012, abriu vagas, inicialmente, para estudantes do Curso de Medicina, depois, para todos os cursos da UFPB, quando passou a ser chamado de “Práticas Integrais de Promoção da Saúde e Nutrição na Atenção Básica – PINAB”, num total de oito anos de história.

É importante ressaltar que, desde quando o projeto foi criado, nós não restringimos nossa ação ao que se espera tradicionalmente que seja a atuação do nutricionista, pois, com base em algumas experiências, tentamos atuar como nutricionista também em outros cenários, por onde ele não costumava andar. Não estou me referindo ao cenário geográfico, mas ao cenário de ação social, por exemplo: o nutricionista se integrar à participação popular, envolvendo-se com o Conselho Local de Saúde (CLS). Obviamente, vários nutricionistas já fazem isso, mas o fazem de uma forma tão somente regimental ou para ocupação de espaços institucionais. No contexto do PINAB, tratava-se de estudantes de nutrição participando não como um nutricionista ou outro que participa de um Conselho local, mas como atores sociais que se comprometem e se envolvem, demonstrando, com atitudes e posturas, que se importam com a participação popular.

Outro ponto importante nessa experiência foi o atendimento do nutricionista, o qual empreendemos na lógica do aconselhamento dietético, que resolvemos fazer diferente e que deu muito certo. Nesse espaço de aconselhamento dietético, estávamos diante de outra forma de aplicar a Nutrição - que é possível mesmo num ambiente mais individual e clínico – de forma respeitosa, humanizada, que articula um plano dietético e dietoterápico de acordo com as possibilidades do paciente, o qual é visto como um cidadão. Essas são duas marcas interessantes.

Depois, desvelamos caminhos sobre o papel do nutricionista em espaços e políticas de segurança alimentar e nutricional (SAN). A SAN já existia desde o início do governo Lula, em 2003, em cuja promoção e realização no âmbito das políticas públicas envolvia várias categorias profissionais, e não somente o nutricionista. Nesse contexto nossa pergunta era: por quais caminhos as políticas púlblicas de promoção da SAN, como o Programa Bolsa Família (PBF), poderiam extrapolar a dimensão da transferência condicionada de renda? (não se restringindo a verificar condicionalidades do peso, da idade e da vacina da criança e se ela está indo ou não à escola?). Ou seja, que possibilidades práticas existiriam para uma ação emancipatória junto às pessoas que estão em vulnerabilidade e que recebem bolsa em um programa de SAN?

Pensando nisso, criamos um grupo chamado PBF. A ideia era de fazer ações que permitissem o estudo, o aprofundamento e a melhor elaboração de caminhos e estratégias para o manejo do Bolsa Família na saúde, experimentando um agir em Nutrição com compromisso com a SAN, de modo a ir para muito além da questão de transferência de renda e do acompanhamento das condicionalidades. Essa também foi outra questão fundamental.

Nesse contexto das ações de SAN, como em várias outras experiências históricas, entendemos também que seria possível fortalecer o papel do agente comunitário de saúde (ACS), promovendo discussões sobre SAN, porquanto a Unidade de Saúde precisava assumir mais o seu papel de promotora de educação e de saúde, no sentido de uma alimentação saudável.

As primeiras visitas domiciliares feitas pelo pessoal do PINAB foram uma grande novidade, porque os estudantes saíram de lá impactados e muito felizes, até a própria professora, minha colega, Ana Cláudia. Sobre as visitas, lembro-me do poema de Ray Lima, em que ele diz: “Bocados de molambos molhados manchando o chão. Bocados de molambos molhados manchando o chão. Mas o que tinha dentro era gente ainda, era gente ainda. Mas o que tinha dentro era gente ainda, era gente ainda.” Então, era como se sempre soubéssemos da realidade social excludente com a qual convive grande parte da população brasileira, mas não déssemos importância. Porém, quando fomos lá, vimos, sentimos, testemunhamos, ficamos chocados e, ao mesmo tempo, encantados. Entendemos, portanto, que, como nutricionistas, precisávamos tomar alguma atitude diante daquele quadro. O encanto estava no despertar de um interesse e em uma sede por querer ajudar a mudar aquele quadro. Essa foi uma experiência sobremaneira significativa.

Nessa mesma direção, outra questão muito importante foi discutir sobre nutrição com as pessoas da comunidade, com seus grupos e com as camadas socialmente excluídos, cuja visão predominante é de que nutricionista é profissional de elite e para a elite, que passa dieta diet e light, e tais dietas não são acessíveis para a maioria das pessoas da comunidade. Nesse sentido, uma líder da comunidade, Dôra Costa Brito (que não gosta de ser chamada assim), no início, não queria o PINAB, porque seu ponto de vista

era de que um nutricionista não tinha o que fazer em favela, um lugar onde as pessoas só comem “cuscuz com ovo de manhã, à tarde e à noite” (nas suas palavras).

Ela não dava importância ao PINAB nem aos nutricionistas, porque entendia que eles não teriam nenhum efeito positivo sobre os grupos sociais comunitários. Porém, depois de insistirmos muito com ela sobre a necessidade de tentarmos criar alguns espaços de encontro e conversa sobre alimentação neste território, fomos começando a trabalhar e os bons resultados foram aparecendo, particularmente com o envolvimento das mulheres da comunidade no grupo educativo e sua participação em momentos de aprendizagem sobre alimentação e nutrição saudável em contextos de pobreza, além de elementos para a luta pela alimentação saudável como um direito humano e social.

Nessa estrada, o PINAB começou a conquistar alguns dos grupos sociais daquele território, no sentido de conscientizar as pessoas de que, como afirmou a própria Dôra (depois de alguns encontros do grupo educativo na comunidade): o nutricionista não é só para passar dieta cara! O nutricionista é para discutir com as pessoas como comer melhor. Mesmo em situações de pobreza: comer melhor! Assim, nutrição não era só alimentação burguesa, de elite ou de moda.

Certa vez, numa conversa informal sobre a avaliação das ações do PINAB, Dôra ainda revelou outra dimensão significativa sobre isso: que, para grande parte das pessoas da comunidade, nutrição significava ter parceiros para lhes ensinar a conhecer o que era se alimentar de maneira digna e, com eles, lutar por conquistar e fazer valer esse direito.

Essas experiências e suas reflexões foram confirmando algumas de nossas hipóteses em que acreditávamos, antes de iniciar o percurso do PINAB, de que “A nutrição podia ser diferente”! Com a Educação Popular, a nutrição começava a se revelar bem diferente da que era hegemonicamente praticada e com a qual nos deparávamos cotidianamente, por exemplo, nos estágios curriculares do Curso de Nutrição e em espaços como o Hospital Universitário (HU).

Nesse sentido, a elaboração desta tese constitui um desdobramento desses sentimentos e impressões iniciais que sentíamos ao vivenciar outras abordagens de ser e de praticar a nutrição. Isso porque, depois de ver, sentir, exercitar, vivenciar e continuar vivenciando, chega a hora de aprofundar criticamente uma reflexão sobre essa experiência e estudar quais conhecimentos foram produzidos sobre a teoria e a prática da Nutrição.

A Nutrição que vivenciamos no PINAB não é a nutrição do Mc Donalds, da Coca-cola. Não é a nutrição que predomina no Hospital Universitário. Aquela nutrição é outra. Mas que nutrição é essa que consideramos “outra”? Há uma diferença entre sentir isso e conversar informalmente e sistematizar no texto.

Outrossim, cabe destacar que, em minha visão, esta é uma tese que nasce de um esforço coletivo de sistematizar o PINAB. Certamente, essa tese não é uma ideia solitária. Ela foi elaborada com as pessoas que vivenciaram essa experiência, inclusive pessoas dos grupos sociais territorializados, e dialoga também com saberes de outras experiências estaduais e nacionais no campo da educação em alimentação e nutrição.

Trata-se de um esforço teórico cuja inquietação motivadora é anterior ao próprio PINAB, visto que nasceu em muitos movimentos e práticas populares, além de estudos e atividades profissionais (não somente de nutricionistas), desde a década de 1970, dedicados ao delineamento de estratégias e caminhos para uma abordagem integral, humanizante e crítica dos problemas nutricionais das classes populares, com intervenções adequadas às características e aos interesses desses setores sociais.

Mais do que isso, esta tese continua o esforço de muitos estudos dedicados ao aprimoramento da compreensão em torno da Educação Popular como referência na reconstrução de práticas de saúde.

Com base nestes referenciais e inspirações, pudemos, no PINAB, enquanto coletivo de estudantes, professores, profissionais de saúde e moradores da comunidade, aprender que, dentre outras práticas sociais e profissionais, a Nutrição também pode ser reorientada pela Educação Popular, através de um agir crítico. Ela vai muito além da dieta em si. Exige

parceiros na luta por se alimentar melhor e garantir esse direito. Exige, nesse processo, companheirismo e ação coletiva para fazer da nutrição uma prática social ressonante na melhoria de vida de todas as pessoas.

Para tanto, exige-se pensar numa teoria e numa prática de um agir crítico em Nutrição. Dôra foi uma das primeiras pessoas da comunidade a pensar e dizer isto. Estudantes e professores sentiam isto desde a primeira vez em que chegaram na comunidade. Essa é a tese que pretendemos defender com esta pesquisa. Sendo assim, não é uma tese somente minha. Evidentemente, o trabalho de tese exige algumas horas de solidão e concentração por parte de seu autor. Contudo, esta é uma pesquisa-ação, exatamente porque nasce dessas questões vivenciadas nas práticas, bem como de saberes construídos coletivamente em processos de ação-reflexão. É uma pesquisa coletiva. Neste sentido, não se trata de uma invenção minha.

No contexto desta pesquisa de Doutorado, penso que chegou a hora de falar sobre a experiência do PINAB, que foi criada e construída por várias pessoas, e em que se investem – desde 2007 até hoje - tanto tempo, tanto coração e energia. Para mim, é uma oportunidade de me distanciar do PINAB, no sentido reflexivo, e buscar o conhecimento no seio de tantas ações empreendidas.

A Educação Popular produz conhecimento, pois é contra- hegemônica e alimenta movimentos de resistência contra algo que está predominando. Por meio da Educação Popular, produz-se um jeito de fazer alternativo e resistente, contra outro jeito de fazer preponderante. Isso pode ser sentido em qualquer área. No Projeto Zé Peão (da UFPB), por exemplo, a alfabetização é diferente da forma tradicional com que se ensina a ler e a escrever. Portanto, em várias áreas, a Educação Popular produz saberes inquietos, resistentes e contra-hegemônicos.

No campo da Nutrição, isso também acontece. Assim, nossa tese é de que esse conhecimento produzido na Nutrição pela Educação Popular é de um agir crítico em Nutrição. Já existe uma discussão sobre um agir crítico em Nutrição em que essa ciência é praticada de maneira humanizada e ampliada. Flávio Valente foi pioneiro na sistematização de princípios e marcos

teóricos nesse sentido, particularmente nos anos de 1980, com sua obra “Fome e desnutrição: determinantes sociais” (VALENTE, 1986).

Como abordaremos mais profundamente nos próximos capítulos, essa discussão também era alimentada e difundida em nível nacional e internacional graças a diversas experiências mantidas tanto por intelectuais vinculados a universidades (através de reflexões conceituais ou de experiências de extensão) quanto por movimentos sociais (como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), além de iniciativas comunitárias articuladas pelo Movimento Popular de Saúde) e grupos ligados à Igreja Católica (como as Pastorais da Criança e da Saúde), além de atividades, cursos e projetos educacionais promovidos por entidades sem fins lucraticos e organizações não governamentais, as quais foram acumulando saberes e práticas em tecnologias alternativas para combate à fome e à desnutrição.

Depois que as políticas púbicas foram deslanchadas com o início do governo Presidente Lula (2003), a discussão sobre um agir crítico em Nutrição se aprofunda e passa a ter respaldo institucional para sua profusão e disseminação. Fundamentaram-se o conceito de SAN (BRASIL, 2006) e a concepção de Direito Humano a Alimentação Adequada (DHAA) (ABRANDH, 2013). Foi instituído o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), após sua extinção em 1993 e, ainda, criou-se a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) em 2006 (BRASIL, 2006). Em 2012, decorreu a criação de um marco de referência em Educação Alimentar e Nutricional para as políticas públicas foi significativo (BRASIL, 2012).

Entendo, todavia, que a recente profusão de conquistas institucionais, quanto ao reconhecimento das bases, das políticas e dos princípios para um agir crítico em Nutrição, não foi acompanhada de transformações na prática dos nutricionistas e dos demais profissionais que atuam na questão alimentar e nutricional. Some-se a isso o fato de que o leque diversificado de experiências com um agir crítico, no campo nutricional, ainda carece de mais sistematização e de um aprofundamento teórico que indique como está sendo construído, em seu interior, outro agir em Nutrição –

distinto do conservador, tradicional e hegemônico. As poucas sistematizações dessas experiências falam muito de si mesmas ou de outros temas (saúde da família, universidade popular, educação popular em saúde, tecnologias sociais, agricultura familiar, desenvolvimento sustentável, entre outros), mas pouco apontam, a partir do que é apreendido nessas experiências, novas posturas, atitudes, metodologias e tecnologias que possam fundamentar outra teoria e outra prática para um agir crítico em Nutrição.

Ainda existe um fosso entre o desejo/objetivo de compreender a nutrição na linha do DHAAS e da SAN e a capacidade prática de desenvolver trabalhos coerentes nesse sentido. Ou seja, se o horizonte é a SAN e o DHAAS, como vamos atingir esse objetivo?

Por incrível que pareça, nacionalmente, o debate em torno da SAN e do DHAAS fica, preponderantemente, restrito ao discurso dos fundamentos das ações implementadoras de políticas públicas e às reflexões e teorizações dos intelectuais e pensadores. Este debate pouco se corporeifica, enquanto teoria e prática, na realidade e na ação concreta dos grupos sociais beneficiários das ações de SAN: as comunidades, os grupos populares, etc. Persiste uma lacuna no que tange a compreender como a nutrição pode desvelar um sentido ampliado em um contexto de exclusão e de pobreza.

Testemunhei um exemplo dessa constatação quando de minha participação em um debate sobre SAN na UFPB, quando um membro do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS) me perguntou, referindo como um grande desafio para as políticas públicas de SAN: Como envolver os grupos sociais da comunidade e fazê-los ser

participantes ativos nas atividades de promoção da SAN? De que maneira é possível fazer a SAN chegar à comunidade não apenas de forma assistencial, mas também para contribuir com o efetivo empoderamento e emancipação das pessoas?

Assim, pergunto também: existem uma teoria e uma prática de nutrição que dêem conta destes limites e indagações?

A SAN não pode estar só nos discursos, mas também na postura das pessoas. Certamente, muitos avanços já vêm sendo já registrados pelo

esforço de intelectuais e movimentos sociais no campo da SAN e do DHAAS, o que se observa destacadamente com iniciativas como a recriação do CONSEA, a instituição da LOSAN, a criação do MDS, o Marco de Referência de EAN para as Políticas Públicas, dentre outras.

Contudo, ainda é preciso produzir mais conhecimentos sobre qual o tipo de educação que promove a SAN.

De que maneira a Educação Popular, com sua teoria e sua prática, responde essas lacunas?

Nossa hipótese é de que o PINAB é uma experiência que pode nos trazer elementos e reflexões cuja análise crítica agregará conhecimentos significativos, no sentido de ajudar a superar as lacunas que persistem na interface entre o debate crítico sobre a nutrição (principalmente a SAN) e suas realizações no campo prático, particularmente as educacionais. Mesmo com limites, essa experiência tem algo a dizer. Há um conhecimento sobre Nutrição no PINAB, que não é uma verdade absoluta, mas, tão somente, mais uma verdade, que consideramos como uma provocação para que possamos pensar em um agir crítico em Nutrição.

A seguir, teceremos algumas considerações sobre o percurso histórico da construção e do desenvolvimento da experiência do PINAB.