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MÉTODO

4.4 Estudo de Caso

4.4.1 Instrumentos:

4.4.1.1 Entrevista semi-estruturada

Para Labov, et al.:

A enquete social define-se mais simplesmente como uma atividade de pesquisa e produção de informação. A entrevista de pesquisa é um instrumento da enquete.

É um dispositivo pelo qual uma pessoa A favorece a produção de um discurso de uma pessoa B, para obter informações inscritas na biografia de B. (Labov et al.

1997 cit. por D’Alonnes, 2004, p. 92)

A entrevista clínica será, pois, como um dispositivo pelo qual uma pessoa A, respondendo profissionalmente a uma demanda de ajuda com relação a uma pessoa B, favorece a produção de um discurso de B para obter informações e agir sobre problemática subjetiva de B. (D’Alonnes, 2004, p.92)

Para nós, que concordamos com este raciocínio e o ampliamos dentro da visão sistêmica, pois diante da pesquisa qualitativa é a possibilidade dos discursos que emergem da problemática subjetiva, ocorrer nas interações familiares.

A opção pela entrevista semi-estruturada mediante perguntas abertas focadas no fenômeno em pauta visa a obter descrições do mundo dos entrevistados e oferece dados relativos à subjetividade dos indivíduos e suas famílias. De posse desses dados, o pesquisador pode co-construir o curso da conversação, das narrativas e histórias vivenciadas em um sistema intergeracional.

A entrevista semi-estruturada é um instrumento mais adequado a este estudo, é a possibilidade de analisar o processo de comunicação pela dinâmica das relações e como ocorre a transmissão da manifestação desses padrões afetivos em uma interação entre a história da família e sua hereditariedade vertical e horizontal. ou seja, a possibilidade da fala ser reveladora de condições estruturais, de sistemas de valores, normas e símbolos.

No caso, a pesquisadora optou pela escolha de tópicos estratégicos visando à extração de D’Alonnes continua:

pontos importantes para o entendimento da transmissão das manifestações de afetividade no sistema familiar intergeracional, cujos tópicos escolhidos foram:

Tabela 14 - Evidenciando tópicos de observação para pesquisa de campo (adaptação)

O emprego de entrevistas semi-estruturadas acontece por meio de uma técnica de interrogação, que ao mesmo tempo permite a observação do comportamento verbal e não-verbal.

Para Gil (2002, p.114), que aprofundou-se nos estudos de Sellitz, diz que é uma técnica que envolve duas pessoas no qual uma elabora questões e a outra responde. Nesta pesquisa, faz-se útil nas questões: “de obtenção de informações do que se sabe, suas crenças, valores, expectativas, desejos, pretensões e significações com explicações para o que se faz ou pretende fazer, ou seja, expressar com liberdade de pensar e sentir”.

Portanto, conforme se referem D’Alonnes (2004) e Gil (2002), sobre a entrevista semi-estruturada em pesquisa exige que seja do tipo informal e possibilita ser preparada antecipadamente, oferecendo abertura para conhecer pontos de vista dos entrevistados e ao mesmo tempo estabelecer um foco central, explorando o tema. Conforme os tipos de perguntas já citados podemos priorizar para o início da entrevista perguntas lineares.

4.4.1.2 Genograma

A fundamentação teórica dos terapeutas familiares intergeracionais como: Bowen (1991), McGoldrick et al. (1995), Cerveny (2001), entre outros, ampliou a atenção da família

Dinâmica Relacional.

Manifestação da Afetividade (toque, diálogos,apoio, atração, orações, discursos, entre outros).

Desenvolvimento humano emocional (ligações de afeto/apego/vínculo/separação).

Processo Comunicacional (anunciador, denunciador, enunciador, transmissores, discursos.).

Seqüências Geracionais (repetições conscientes e inconscientes, ocultas).

Intergeracionalidade (lealdades, mitos, segredos, hierarquia,entre outras.) Transmissões das relações afetivas intergeracionais.

Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora.

nuclear para as influências intergeracionais da família extensa. Com base nessa visão, percebemos que a família permanece dentro de nós com seus padrões, mitos, crenças, valores e os legados familiares.

O genograma é usado como um instrumento para compreensão do que ocorreu no campo da dinâmica relacional de um sistema embora seja um diagrama esquemático da família e seus relacionamentos pode se tornar uma fonte de importantes informações estruturais e subjetivas com a possibilidade de explorar a expressividade das emoções, os movimentos das relações, os vínculos, os padrões afetivos, as fusões, os conflitos e os rompimentos vivenciados no sistema. As informações transcritas no genograma, às vezes, mantêm-se repetidas nas gerações seguintes, como: legados, crenças e mitos, além de indicar o ciclo vital em que se encontra a família.

O genograma é composto por símbolos para descrever a associação e estrutura familiar básica. Neste fluxograma, pessoas significativas (agregados) que moraram com ou cuidaram dos membros da família também são representadas. Outras informações-chave, como eventos críticos, mudanças na estrutura familiar, etnia, migração, religião, grau de instrução, situação profissional, serviço militar, aposentadoria, problemas com a lei, abuso físico ou incesto, obesidade, abuso de álcool ou drogas, situação geográfica da família e datas nas quais os membros da família deixaram a casa são citados (McGoldrick et al. 1995).

Além disso, no genograma é importante representar que outros fatores influenciam a dinâmica relacional familiar, como os rituais familiares, recasamentos, segredos familiares, triangulações. As vivências e experiências com a família são as bases para a co-construção do significado das histórias pessoais. Os conceitos intrapsíquicos e interpessoais que se formam, interferem na possibilidade das pessoas diferenciarem-se de suas famílias e constituírem suas próprias histórias.

O genograma é um mapa relacional, mas a forma como o terapeuta familiar ou o pesquisador constrói esse mapa com a família entrevistada depende da peculiaridade, da experiência acumulada, do vínculo estabelecido e porque não dizer da afetividade gerada no decorrer da construção.

Figura 2: Representação do Genograma

Fonte: MacGoldrick et al. (1995 p. 145)

Símbolos para descrever a associação e estrutura familiar básica (inclua no genograma as pessoas significativas que moraram com ou cuidaram de membros da família).

homem mulher

Pessoa Índice (PI)

data de nascimento da morte Morte - Nome

43 - 75

Casamento (dê a data)

Marido à esquerda, esposa à direita:

Separação conjugal (dê a data)

Filhos: Liste por ordem de nascimento, começando com o mais velho à esquerda

Gêmeos fraternos

Aborto espontâneo

Morando junto Relacionamento de concubinato:

Divórcio (dê a data)

Filhos adotados ou de criação Gêmeos idêntico

Gravidez Aborto individual

Nascimento de uma criança morta c. 85

s 85

87 92 95

82

d 82

Padrões de interação familiar. Os seguintes símbolos são opcionais. O terapeuta pode anotá-los em folha separada. Eles estão entre as informações menos precisas do genograma, mas podem ser indicadores-chave de padrões de relacionamento que o terapeuta quer lembrar:

Relacionamento muito estreito Relacionamento conflitual

Relacionamento distante Desavença ou rompimento (dê as datas, se possível) Fundido e conflitual

A eficiência do genograma vai depender disso e se este trouxer mais dados que faci-litem, não só o processo de entendimento da estrutura ou da comunicação, mas também da construção relacional ter conseguido falar do essencial para ambos. A seguir, a figura mostra estrutura de um genograma.

No documento O CAMINHO INTERGERACIONAL DOS SENTIMENTOS: (páginas 128-132)