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Sistema familiar – Conceito e formação

No documento O CAMINHO INTERGERACIONAL DOS SENTIMENTOS: (páginas 30-33)

FAMÍLIA E

1.1 Sistema familiar – Conceito e formação

Neste capítulo, são introduzidos tópicos referentes à família, justificando a preocupação para compreender esta instituição sob a ótica intergeracional e seu uso dentro da área clínica.

Para isto, são feitas interconexões de alguns autores que se interessaram pelo tema família dentro da abordagem sistêmica, destacando-se, porém, uma contribuição vinda da área social, mas tendo o mesmo interesse no objeto de estudo: a família.

Os tópicos abordados dentro do capítulo têm como primeira preocupação entender as estruturas familiares e o ciclo vital no entendimento evolutivo do ser humano dentro de uma cultura que remete às crenças e valores, além do processo comunicacional, porém reflete a respeito das relações dentro da cultura da família brasileira.

Quando pensamos em relações familiares, podemos descrevê-las como um conjunto, cujas particularidades de cada membro não são suficientes para explicar o comportamento dos outros.

Para Wynne (1980), a família define-se por uma ordem de relações contínuas e significativas emocionalmente entre seus elementos e pela repetição dos padrões interacionais que podem ser observados na família trigeracional.

Pautada na visão sistêmica, a família é concebida como um sistema aberto, organizacionalmente separado do exterior por suas fronteiras e estrutural, é composta por seus subsistemas (conjugal, parental e filial), demarcada por seus limites com diferentes graus

Não deixe que seu passado, decida quem você é, mas deixe-o fazer parte da pessoa que você se torna. (autor desconhecido)

de permeabilidade que expressam as realidades de acesso e privacidade com diversas formas de hierarquia interna, entre elas. Na família, os subsistemas presentes são organizados por meio de diferentes fatores: idade, gênero, papéis e funções, entre outros.

A estrutura familiar é o conjunto invisível de exigências funcionais que organiza as maneiras pelas quais seus membros se interagem. Uma família pode ser vista como um sistema que opera por meio de padrões transacionais.

As transações repetidas estabelecem padrões de como, quando e com quem se relacionar que reforçam o sistema.

Nestes termos, operações repetidas constituem um padrão transacional que regula o comportamento dos membros da família, portanto, seus padrões podem ser modificados.

Padrões adquiridos de uma geração são modificados ou mantidos em outra geração, se os membros familiares perceberem e desejarem tais mudanças.

As rotinas, regras e rituais familiares protegem o indivíduo e asseguram-lhe a continuidade de uma geração em meio às transformações de cada época.

Como conseqüência, buscamos entender a família como um sistema e suas particularidades, tais como as citadas por Minuchin (1982). Assim, sob o aspecto do direito, a família é composta por: ascendentes, descendentes e colaterais de uma linhagem, incluindo-se os ascendentes, descendentes e colaterais do cônjuge (parentes por afinidade ou afins) e o cônjuge que não é considerado parente.

Minuchin desenvolveu uma teoria para entender o funcionamento do sistema familiar no que diz respeito às fronteiras. Estas são entendidas como limites que participam da estrutura familiar e como esta define quem e como participa, caracterizam, também, as expressões de afeto dentro dos membros da família, pois elas determinam o grau de proximidade e distância dos membros no sistema familiar e isso pode ser feito com mais ou menos autoritarismo e afeto.

As fronteiras podem ser rígidas, nítidas e difusas e ditam como cada membro vai diferenciar-se ou não no sistema familiar. Exemplo, os subsistemas dos pais precisam de um tipo de fronteira para permitir que eles também sejam um casal, sem que os filhos fiquem entrando e invadindo seu espaço o tempo todo.

Cada tipo de fronteira corresponde a um tipo de organização familiar.

A hierarquia de poder apresenta-se por meio da postura familiar frente à tomada de decisões, ao controle dos comportamentos de seus membros e passa por transformações ao longo do tempo. Ao se definir família como sistema, consideramos as inter-relações presentes, os sentimentos, os afetos, os vínculos recíprocos e os conflitos.

Acreditamos que as fronteiras determinam sentimentos que interferem nas relações familiares.

Cada família é única, ou seja, difere em tamanho, mas, os elementos que a compõem possuem valores próprios. Portanto, a família é um sistema altamente interativo e qualquer ocorrência com um de seus elementos afeta todo o grupo. Por exemplo, o desemprego do pai, a drogadição de um dos filhos, a promoção da genitora no emprego, o casamento de uma filha, ocorrências essas que vão formando uma circularidade.

Assim como o indivíduo, a família também se desenvolve no tempo e conforme passa por várias fases, precisa enfrentar as mudanças a fim de se ajustar às novas situações; exemplo, a entrada de cada filho na relação exige uma reorganização na dinâmica familiar, como também a entrada dos filhos na escola, na puberdade e no trabalho. Entender como ela reage às situações de crise, ou mesmo, como no cotidiano vai lidando com valores emocionais, para nós, pesquisadores terapeutas, é importante saber como estes valores podem ou não interligar as relações.

A família está inserida em uma unidade social maior, ou seja, em uma sociedade e qualquer ocorrência nesta pode repercutir na família como, por exemplo, uma recessão econômica, uma

guerra, catástrofes, entre outras. Devemos, porém, lembrar que a família vai sofrendo alterações em seus conceitos ao longo do tempo, pois a sociedade está em constante movimento, assim como as famílias que a constituem.

Outro conceito que vale a pena ser lembrado é o da parentalidade: produto do parentesco biológico e do processo de se tornar mãe e pai. Trata-se de uma reflexão sobre a descendência que implica um complexo processo psíquico-simbólico que articula diferentes perspectivas teóricas em um contexto psicossocial.

Parentalidade encerra as idéias da funções parentais e de parentesco e a história da origem do bebê e das gerações que precedem seu nascimento. Este conceito oferece uma compreensão às novas configurações familiares. Por exemplo, as famílias: homoparentais, reconstituídas, monoparentais e os novos processos de reprodução.

No documento O CAMINHO INTERGERACIONAL DOS SENTIMENTOS: (páginas 30-33)