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Procedimentos para obtenção dos dados

No documento O CAMINHO INTERGERACIONAL DOS SENTIMENTOS: (páginas 137-140)

MÉTODO

4.8 Procedimentos para obtenção dos dados

O estudo das três gerações da família foi realizado por meio de duas entrevistas semi-estruturadas gravadas em áudio/vídeo, com duração de duas horas e meia cada uma, com intervalo de 15 dias entre cada entrevista, sendo realizadas no período da noite, junho/2005, contando com a disposição do entrevistador, interessado em ouvir, respeitar seus pontos de vista e não emitir julgamentos com máximo de privacidade possível. Alguns manifestaram seu contentamento em participar do estudo, outros expressaram sentimentos de orgulho, pois achavam importante transmitir o que sentiam.

Partindo desse princípio, prosseguimos na construção dos dados.

Na primeira entrevista, foi pedido que falassem um pouco de seus dados pessoais e incluíssem aspectos que fossem importantes para o assunto que estava em estudo, além de criar uma relação de proximidade para estabelecer um vínculo entre entrevistador e membro da família.

Na segunda entrevista, as perguntas foram dirigidas ao tema central com um processo de fechamento do assunto, para não perder a seqüência.

Nesse momento, citaram seus padrões afetivos e narraram com riqueza de detalhes e além de observar, analisar, aprofundar as transmissões das manifestações afetivas ou perder os afetos, sentimentos, comportamentos verbais e não-verbais e verificar o processo comunicacional em um sistema trigeracional, por meio das respostas de cada membro do sistema familiar.

Além disso, foi observado que os sistemas organizadores interagem com o sistema receptor da família, gerando padrões e estes fornecem as percepções rotineiras; os comportamentos seguem um padrão e mostram consistência e seqüencialidade dos fatos.

Para ordenação e análise do material, foram definidas as perguntas que nortearam as entrevistas a respeito do objeto de estudo e delineados em dois momentos de investigação, que se

relacionam e interagem.

Procuramos verificar como ocorreu a transmissão da linguagem afetiva, as manifestações dos sentimentos afetivos, a percepção da família a respeito da herança emocional familiar, lembranças das memórias afetivas e dos sentimentos agradáveis ou desagradáveis que vivenciaram.

A etapa configurou-se como um momento de aproximação direta com os familiares, tornou-se, portanto, uma tarefa complexa e difícil. O fato de expor e expressar sentimentos, afetos, transmissão da dinâmica de suas relações, com a família atual e a de origem representa um diálogo de empreendimento intersubjetivo na medida que permite ao pesquisador detectar as ações concretas em situações reais dos discursos.

Esta etapa objetivou: investigar, analisar e aprofundar, como ocorrem as transmissões das manifestações afetivas ou perceber os afetos, sentimentos e comportamentos não-verbais e verbais, além de observar o processo comunicacional em um sistema trigeracional por meio das respostas de cada membro do sistema familiar. Além disso, foram observados se os comportamentos seguem um padrão e se existe uma consistência e seqüencialidade.

No início, o termo de esclarecimento foi lido:

Eu vou entrevistar vocês, sobre suas experiências nas relações familiares e a história hierárquica da família. Então, eu gostaria de perguntar-lhes sobre seus relacionamentos iniciais com sua família de origem e atual, e o que vocês pensam sobre o modo como isto pode ter afetado vocês e o sistema familiar. Como ocorreu a transmissão destas manifestações afetivas. Se a família percebe que recebe uma herança emocional familiar. Na primeira parte da entrevista, serão realizadas perguntas com a finalidade de obter dados pessoais de cada membro aqui presente (nome, sexo, idade, estado civil, etc). Assim, para conhecermos um pouco sobre a evolução das relações dos membros familiares, para obter informações sobre épocas passadas da vida de vocês e da hierarquia familiar, mas depois nós iremos transferir este foco para a adolescência e então falaremos o que está acontecendo neste momento. Então, utilizarei suas memórias afetivas para relembrar fatos do passado.

(cuidado com o estado emocional atual de um membro, pode afetar ou influenciar nas suas lembranças). Durante este processo, pode ser que algumas perguntas poderão fazer vocês reviverem sentimentos agradáveis ou desagradáveis. Mas se isto ocorrer, pararemos e falaremos sobre estas sensações.Esta entrevista freqüentemente leva uma hora e trinta minutos, mas pode acabar com uma hora e, às vezes, passar um pouco do tempo. Antes de iniciarmos o roteiro de perguntas, gostaria de pedir permissão para comentar sobre os ausentes. Após esta indução, gostaria de saber se todos aqui presentes estão de acordo. Então, gostaria de iniciar as perguntas .

Os membros da família assinaram a autorização da gravação, também, foi lido e assinado o termo de consentimento livre e esclarecido e assinado (anexo).

Uma entrevista com perguntas semi-estruturadas foi feita, abordando temas sobre as relações afetivas, transmissão (valores dos rituais entre gerações) e manifestações de afeto e, entre outros, temas listados nos anexos I e II.

O pesquisador finaliza o roteiro estabelecido e parte para “esclarecimento” dos pontos que foram levantados e que ficaram obscuros.

A entrevista tem sido a segunda forma mais antiga e mais difundida de coleta de dados orais nas ciências sociais. A entrevista supõe uma conversação continuada entre o informante e o pesquisador. Este último dirige a entrevista, podendo se utilizar ou não de um roteiro previamente estabelecido ou operar aparentemente sem roteiro, desenrolando, conforme uma sistematização de assuntos estabelecidos pelo pesquisador.

De posse desses dados, o pesquisador pode co-construir o curso da conversação, das narrativas e histórias vivenciadas em um sistema intergeracional.

O que torna a entrevista semi-estruturada como um instrumento mais adequado ao que estudo está propondo é a possibilidade de analisar o processo de comunicação por meio da dinâmica das relações e como ocorre a transmissão da manifestação desses padrões afetivos em uma interação entre a história da família e sua hereditariedade vertical e horizontal, ou seja, a possibilidade da fala ser reveladora de condições estruturais, de sistemas de valores, normas e símbolos.

Após obter a aprovação do Comitê de Ética em pesquisa (PUC-SP), número 59/2005, começamos a entrevistar a família; sendo desenvolvida uma ferramenta de categorização e análise dos dados obtidos na entrevista. Esta sistematização será mostrada no próximo tópico.

No documento O CAMINHO INTERGERACIONAL DOS SENTIMENTOS: (páginas 137-140)