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COMUNICAÇÃO

2.1 A Comunicação

2.1.2 Seqüências

familiares, como gesto, comportamento e linguagem não-verbal. Ex: em uma discussão de casal, assuntos do passado já explicitados, às vezes, retomam ao centro das discussões novamente, repetindo uma seqüência e, daí, podem ser quebrados quando são entendidos dentro de um contexto e também como isto afeta as relações.

outro tipo denominado pára-verbal que seria o que acompanha o digital. As expressões são o tom de voz, as reflexões verbais, valorizadas sobretudo entre os clínicos para que possa haver maior entendimento da comunicação como um todo.

Dentro do não-verbal, estariam os gestos e expressões corporais.

Para se comunicar, as pessoas utilizam todo o repertório verbal e não-verbal, toda a linguagem corporal, como as expressões faciais, o timbre de voz, postura, gestos até a maneira de vestir para enviar mensagens.

Pela comunicação verbal (digital), existe a oportunidade por meio do feedback de percebermos se a mensagem chega ao receptor de maneira clara e correta e se houver uma má comunicação poderá ser revista ou retomada.

Nas relações comunicacionais, a espontaneidade do não-verbal revela mais do que as palavras e, por isso, tem mais credibilidade.

Na transmissão de padrões afetivos, este axioma é importante quando pensamos na linguagem não-verbal. A família ao se preparar para o nascimento de um filho, repassa ao feto o quanto este é desejado, é um sentimento de aceitação, amor, cuidado, proteção em uma linguagem não-verbal de toques, gestos, intenções e comportamentos. Uma mensagem é passada e é reafirmada no nascimento com as atitudes de afeto, como: pegar no colo, afagos, carícias, estimulações de toque, entre outros. Isto é algo marcante que hoje se pode comprovar com filmes, fotos e lembranças vivas dos familiares.

No caso desta pesquisa, isto será questionado entre gerações, na cultura, como ocorreu e ainda como se verifica a manifestação afetiva nas linguagens verbal e não-verbal.

Vale a pena relembrar que os indivíduos em uma conversação interagem em um fluir de ações e coordenações por meio de linguagem em seu entrelaçamento do emocionar.

O quinto e último axioma: Todas as permutas comunicacionais são simétricas ou

complementares, ou seja, baseiam-se na igualdade ou na diferença.

Ainda dentro dos conceitos de Breunlin et al. (2000, p.44-65), os intercâmbios comunicacionais são simétricos quando as pessoas definem a relação como igual. Os dois se acham comunicacionalmente iguais ou complementares. É difícil só encontrar simetria ou só complementaridade nas relações, pois, no geral, ocorrem as duas e dependendo do contexto, uma pode prevalecer sobre a outra.

A família em constante movimento procura se diferenciar, igualar-se e complementar-se e isto poderá ocorrer nas expectativas que seus membros colocam nas relações, sobretudo nas demonstrações de igualdade e nas manifestações afetivas. Um membro pode achar que, às vezes, deu mais afeto do que recebeu, ou mesmo, querendo receber um afeto diferente, espera que o outro adivinhe. Quando isto se verifica, pode causar impasse nas relações familiares.

Os estudos de comunicação derivam-se do esquema clássico de Wiener (1948), cujos alunos e seguidores ampliaram o esquema inicial introduzindo o ruído da comunicação Shannon (1949).

Cerveny (2004), apoiada no esquema de Wiener, Shannon, Jakobson, Watzlawick e outros que propõem uma versão na qual acrescentam os obstáculos no nível do emissor e receptor que seriam constituídos pelas crenças, valores, cultura, entre outros, tanto do emissor como do receptor.

(…) um emissor (E) envia uma mensagem (M) a um receptor (R) pormeio de um canal (C), havendo um feedback (FB). Quando essa mensagem vai do E para R ocorrem os obstáculos no nível do emissor (OE) que são constituídos por seus valores, julgamentos, crenças, experiências anteriores, estado emocional, etc., que fazem com que a M transmitida seja diferente da que se pretendia transmitir.

Quando R recebe M, esta passa pelos obstáculos no nível do receptor (OR) que fazem com que ela também seja recebida de uma maneira particular. (Cerveny, 2004, p.16)

Figura 1: Representação do processo comunicacional.

Fonte: Cerveny, (2004, p.15).

A figura demonstra dentro da área comunicacional como a transmissão sofre influências, mas evidencia também quem a recebe, como percebe e assimila.

Algo que nos faz refletir é como os membros da família recebem as mensagens e as interpretam ainda mais, quando estas estão ligadas a questões afetivas.

Alguns dados remetem-nos para algo mais relevante, aos obstáculos da comunicação nos níveis, tanto do emissor como do receptor em razão de ruídos na comunicação. Lembrando sempre que devem ser observados os contextos e as experiências que cada um traz.

Alguns cuidados devem ser tomados ao se comunicar. Cerveny (2004), ressalta determinados obstáculos da comunicação que devem ser observados:

Tabela 4 - Obstáculos da comunicação (adaptação)

Utilizar o feedback para saber se nossas mensagens estão sendo adequadamente recebidas ou não;

Conhecer, quando possível, os significados simbólicos de algumas comunicações que usamos;

Procurar identificar nossos preconceitos;

Fazer ajustamentos à elocução de nossos E e R, respeitando os diferentes contextos;

Evitar as comunicações trianguladas e paralelas;

Treinar a nossa capacidade de ouvir – geralmente, somos mais estimulados a ser emissores do que receptores.

Fonte: Cerveny (2004, p.19).

Canal

m

Feed-back Contexto

E R

OE OR

Refletindo a respeito da pesquisa, é relevante olhar o contexto e o que cada um traz de sua experiência, sobretudo se o pesquisador conseguiu passar a mensagem das questões que deseja saber a respeito do estudo.

Ao nos comunicarmos, não usamos apenas a transmissão verbal das mensagens, pois existem influências mútuas entre as pessoas, assim, as ações são formas de comunicação.

O diálogo é uma porta de entrada para a comunicação fluir no meio familiar; é a maneira idealizada que as pessoas têm de desenvolver melhores relações, tanto individuais como familiares.

Na família, são estabelecidos os vínculos de sobrevivência, que formam um sistema de inter-relações que é constituído e mantido com base na comunicação entre seus membros. As diferenças individuais que aparecem quanto às percepções e necessidades são qualidades inerentes aos relacionamentos. Cada um desempenha um papel único e ocupa uma posição única na família, sobrepondo sua individualidade.

Neste emaranhado de individualidades, a família forma-se e os vínculos são estabelecidos.

A família constrói-se em uma identidade e esta vai se construindo ao longo da vida, com os discursos repetitivos aprendidos dentro de um contexto cultural e lingüístico transmitido por expressões. Isto se torna um valor de como acontece o processo de comunicação na cultura familiar com os vínculos estabelecidos.

Algo questionável seria a reflexão do processo comunicacional dentro do sistema familiar intergeracional, fazendo um recorte, dentro do verbal e de seus discursos, já que nosso mundo interno cai nos discursos e estes têm intenção e sentimentos criados nos atos da fala desenvolvidos na ação conjunta com outros membros e o que eles podem provocar.

No documento O CAMINHO INTERGERACIONAL DOS SENTIMENTOS: (páginas 65-70)