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Instrumentos de recolha da informação

Capítulo Cinco – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 1 Metodologia – fundamentação da estratégia de observação

2. Instrumentos de recolha da informação

Na sequência do ponto anterior, e relevando a importância da complementaridade dos vários instrumentos referidos, elegem-se como instrumentos essenciais à recolha de informação sobre as representações dos inquiridos no âmbito do projecto: os questionários administrados e a entrevista realizada.

2.1 Questionários – fundamentação e tratamento da informação

O questionário foi um dos instrumentos de recolha de dados escolhido, por permitir, em momentos diferenciados do processo, obter respostas essenciais ao desenvolvimento e conclusão do estudo, e por constituir um instrumento que se adequava à intenção de recolha das diversas representações dos participantes, sobre conceitos subjacentes às problemáticas inscritas e à abrangência do projecto à medida que o ciclo de formação se foi desenrolando.

Considerando a natureza do estudo, estabeleceram-se alguns critérios na elaboração dos questionários, nomeadamente:

- Não serem demasiado extensos;

- Possuírem uma linguagem adequada aos objectivos de recolha da informação;

- Embora susceptíveis de análise estatística, conterem essencialmente questões cujo formato permitisse uma análise qualitativa.

De acordo com os objectivos gerais mencionados anteriormente, foram delimitados objectivos específicos, apresentados previamente à análise de cada um, a partir dos quais foram elaboradas as perguntas, tendo sido previamente objecto de estudo piloto, pela aplicação dos vários questionários a uma amostra de quatro estagiários do mesmo ano e curso e quatro supervisores-cooperantes, participantes externos ao projecto de investigação.

A finalidade deste procedimento piloto foi identificar a interpretação, a clareza e a abrangência de cada uma das questões, que conforme Gil (1994) afirma, é necessário para evidenciar possíveis falhas na elaboração do questionário, tais como a complexidade das questões, a imprecisão na redacção, a desnecessidade das questões, e os constrangimentos de quem responde, entre outras. Os inquiridos, tendo respondido a todas as questões, e não tendo denunciado dificuldades nas respostas, foram um indicador para a sua administração.

Na elaboração dos vários questionários, foram adoptados os seguintes códigos e designações: Q1|AE, Q1|SC, Q2|AE, Q2|SC, Q3|AE, Q3|SC e Q4|AE e Q4|SC, de acordo com a seguinte interpretação:

- A letra “Q” pretende designar “questionário”;

- “AE” constitui a abreviatura do(a) inquirido(a) “aluno(a) estagiário(a)”; - “SC” constitui a abreviatura do(a) inquirido(a) “supervisor(a)-cooperante”.

Embora tratando-se preferencialmente de uma análise qualitativa, os dados foram objecto de uma análise com recurso ao programa de tratamento estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Science),na versão 13.0 de 2005.

Para sistematizar e realçar a informação fornecida pelos dados, utilizámos técnicas da estatística descritiva e da estatística inferencial, nomeadamente:

• Frequências absolutas e relativas; • Média aritmética e moda;

• Desvios padrão, valores mínimos e máximos;

• Teste U de Mann-Whitney e teste Wilcoxon. A aplicação deste teste não paramétrico justifica-se pelo facto da variável comparada ser de natureza ordinal e em todas as situações terem sido comparados dois grupos (alunos estagiários e supervisores-cooperantes) ou o mesmo grupo em dois momentos diferentes.

Aos dados, apresentados em quadros e gráficos a partir dos testes referidos, fixámos para o nível de significância, o valor de 0.05.

O tratamento da informação obrigou a que se atribuísse um código numérico a cada um dos questionários, sendo que numa fase prévia se procedeu à separação dos questionários administrados aos estagiários e aos cooperantes. Analisamos descritiva e inferencialmente e apresentamos os resultados obtidos a partir da administração dos questionários Q1, Q2 e Q3, procedendo em simultâneo à comparação dos resultados referentes aos estagiários e aos cooperantes. Posteriormente, procedemos à análise e apresentação dos resultados da comparação entre as respostas dos inquiridos antes do início do estágio e após a conclusão do mesmo, comparação feita separadamente para os dois grupos.

Dado que o Bloco A dos questionários Q1, Q2 e do questionário Q4 apontam para questões abertas de opinião, foi necessário proceder a uma análise de conteúdo que, de acordo com Queiroz (2004), se pode caracterizar como sendo uma técnica que pretende analisar, sobretudo, as formas de comunicação verbal, escrita ou não escrita, que se desenvolvem entre os indivíduos. Esta metodologia de tratamento de dados permite, através de vários procedimentos, desvelar o significado das palavras e ideias, e das implicações que lhes estão subjacentes no discurso escrito dos sujeitos.

Refira-se ainda a garantia de confidencialidade das respostas dos inquiridos e a disponibilização dos resultados na fase posterior ao seu tratamento.

2.2 Entrevista – enquadramento e metodologia

Segundo Kvale, citado por Cohen, Manion e Morrison (2003), a entrevista trata de um intercâmbio de pontos de vista entre pessoas sobre um assunto de interesse comum. Refere ainda a importância da interacção humana e da situação social para a recolha de dados, e acrescenta que a entrevista não sendo exclusivamente subjectiva ou objectiva, é inter-subjectiva, uma vez que está implicada a interpretação do mundo que cada um vivencia e expressa, o sentimento individual relativamente a cada contexto e ou situação.

Sobre este assunto, Estrela (1990) corrobora as perspectivas anteriores e afirma que o recurso à entrevista tem como objectivo a recolha de dados que caracterizam o estado actualizado do campo representativo dos entrevistadores.

A entrevista realizada no âmbito deste estudo enquadrou-se no âmbito da entrevista semi- estruturada, a qual supõe a livre estruturação do pensamento da entrevistada em torno do objecto perspectivado (Ruquoy, 1997), e de acordo com os seguintes princípios orientadores:

1. Evitar, na medida do possível, dirigir a entrevista; - Dar a palavra à entrevistada;

- Não coarctar a palavra à entrevistada;

- Permitir a abordagem do tema, sem interferências; - Evitar a influência sobre a entrevistada.

2. Entrevista semi-directiva – prévia estruturação da entrevista (objectivos gerais e específicos).

3. Não restringir a temática abordada, possibilitando o alargamento da temática ao longo da entrevista, sem contudo colocar em causa o tema central.

4. Esclarecer os quadros de referência utilizados pela entrevistada, solicitando o esclarecimento de conceitos e situações (Estrela 1990).

Adoptada a metodologia de entrevista semi-estruturada, entendeu-se por conveniente elaborar um guião orientador41 para a sua realização, tendo por referência Estrela (1994) que, não pretendendo ser limitador do processo de emissão e recolha da informação, se considerou a conveniência da sua estruturação em quatro blocos, o primeiro, de apresentação à entrevistada e abordagem genérica ao assunto, os três seguintes, no âmbito de questões directamente associadas à sua leitura do projecto, tendo em conta o seu triplo estatuto funcional.

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