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A TIC Domicílios, desde 2008, investiga o contingente de indivíduos com 10 anos ou mais, vivendo em áreas urbanas e rurais, que utilizaram a Internet nos três meses anteriores à realização da pesquisa. Ao longo da série histórica do estudo, verificou-se uma tendência de crescimento da proporção de usuários de Internet4: em 2008, ela era de 39%, ao passo que, em 2016, 61% da população brasileira se conectaram à rede – o que equivale a 107,9 milhões de usuários no país.

O crescente aumento no número de indivíduos que se conectam à Internet é uma realidade em todo o mundo. O avanço, entretanto, não foi suficiente para a superação das disparidades entre os países, pois há 80% de usuários nas nações mais desenvolvidas e 16% nas menos desenvolvidas (Gráfico 9).

4 São considerados “usuários de Internet” os indivíduos que utilizaram a Internet ao menos uma vez nos três meses anteriores à realização da pesquisa, conforme definição da União Internacional de Telecomunicações. União Internacional de Telecomunicações – UIT. (2014). Manual for measuring ICT access and use by households and individuals: 2014 edition.

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Apesar da universalização do acesso à Internet ainda ser um grande desafio para as políticas públicas no Brasil, os resultados do levantamento da UIT indicam que a distância entre o país e o conjunto das nações desenvolvidas está diminuindo ao longo dos anos. Em 2008, a diferença entre a proporção de usuários de Internet no Brasil e no bloco de países desenvolvidos era de 27 pontos percentuais, ao passo que, em 2016, a diferença foi de 19 pontos.

GRÁFICO 9

USUÁRIOS DE INTERNET EM PAÍSES DESENVOLVIDOS E EM DESENVOLVIMENTO (2008 – 2016) Total da população (%)

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

PAÍSES DESENVOLVIDOS

Fonte: União Internacional de Telecomunicações – UIT (dados da média mundial e por país) e Cetic.br (dados do Brasil).

No Brasil, a despeito do crescimento no número de usuários de Internet ao longo da série histórica da pesquisa, o acesso se dá de forma muito desigual entre os diferentes segmentos da população. No que diz respeito aos aspectos regionais, o Sudeste continua sendo a região do país com a maior proporção de usuários de Internet (69%), seguido pelo Centro-Oeste (63%) e Sul (60%). As menores proporções, por sua vez, são observadas nas regiões Norte (58%) e, sobretudo, Nordeste (50%).

Além das disparidades regionais, verificam-se diferenças entre as áreas urbanas e rurais.

Considerando os indivíduos que residem em áreas urbanas, a proporção de usuários foi de 65%, uma diferença de 26 pontos percentuais em relação aos que residem em áreas rurais (39%).

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Também perduram os padrões de desigualdade no que diz respeito aos aspectos socioeconômicos: quanto mais alta a classe social, maior a proporção de indivíduos que são usuários de Internet. Enquanto a quase totalidade dos indivíduos pertencentes à classe A (95%) utilizou a Internet nos três meses anteriores ao estudo, essa proporção foi de apenas 35% entre os indivíduos das classes DE. Apesar de ter sido verificado um aumento em relação a 2015 (quando o estudo indicava uma proporção de 30%), as classes DE ainda se configuram como o segmento populacional mais digitalmente excluído.

De forma semelhante ao que ocorre com a classe social, são observadas diferenças significativas no acesso à Internet entre os indivíduos com diferentes níveis de instrução, de maneira que, quanto mais elevada a escolaridade, maior é a proporção de usuários de Internet: 95% dos indivíduos com Ensino Superior se conectaram à rede nos três meses anteriores ao estudo, proporção que diminui para 46% entre os que possuíam Ensino Fundamental.

Também chama a atenção a diferença por idade. Enquanto a faixa etária de indivíduos entre 10 e 34 anos apresentou proporções superiores a 80%, a dos indivíduos de 45 a 59 anos alcançou 54% em 2016 – e, entre aqueles de 60 anos ou mais, apenas 24% eram usuários de Internet (Gráfico 10).

GRÁFICO 10

USUÁRIOS DE INTERNET, POR ÁREA, REGIÃO, SEXO, GRAU DE INSTRUÇÃO E FAIXA ETÁRIA (2016) Total da população (%)

Nordeste Superior De 35 a 44 anos

Centro-Oeste Feminino

da população disseram nunca ter se conectado à rede – cerca de 55 milhões de indivíduos –,

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sendo que a maior parte deles tem idade igual ou superior a 60 anos, o que corresponde a 23 milhões de pessoas.

Ao se investigar a composição dessa população, os padrões de desigualdades que compõem o cenário de exclusão digital ficam em evidência – como pode ser observado no Tabela 1.

Enquanto no grupo de usuários estão mais presentes indivíduos de classes altas e com elevado nível de instrução, a população excluída digitalmente é, em sua maioria, formada por pessoas de classes sociais mais baixas, com reduzida escolaridade e que residem em áreas rurais.

TABELA 1

INDIVÍDUOS QUE NUNCA USARAM A INTERNET Estimativas em milhões de pessoas

Variáveis Estimativa

TOTAL 55,5

ÁREA

Urbana 41,9

Rural 13,6

REGIÃO

Sudeste 19,5

Nordeste 19,3

Sul 8,5

Norte 4,5

Centro-Oeste 3,7

SEXO

Masculino 26,7

Feminino 28,8

GRAU DE INSTRUÇÃO

Analfabeto / Educação Infantil 14,5

Fundamental 34,8

Médio 5,7

Superior 0,6

FAIXA ETÁRIA

De 10 a 15 anos 2,6

De 16 a 24 anos 1,6

De 25 a 34 anos 3,6

De 35 a 44 anos 7,5

De 45 a 59 anos 17,4

De 60 anos ou mais 22,7

CLASSE SOCIAL

A 0,2

B 4,1

C 19,2

DE 31,9

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MOTIVOS PARA O NÃO USO DA INTERNET

No que diz respeito aos motivos para o não uso da Internet, a falta de habilidade com o computador continua a ser o mais citado entre os indivíduos que nunca se conectaram (72%).

Associada à faixa etária e à escolaridade, essa razão foi a mais citada entre os que têm idade entre 45 e 59 anos (78%) e entre os que possuem o Ensino Fundamental (74%).

No que tange aos motivos para os indivíduos nunca terem acessado a Internet, além da falta de habilidade com o computador, a falta de interesse foi citada por 62% daqueles que nunca se conectaram à rede, e a falta de necessidade, por 50%. Vale destacar que ambas as razões apresentaram uma redução significativa em relação a 2015 (diminuindo, cada uma, cerca de 9 pontos percentuais).

O alto custo da conexão para acessar a Internet é um motivo para 45% nunca terem utilizado a rede, sendo esta a principal razão para os não usuários de classes mais baixas:

55% dos indivíduos pertencentes às classes DE. A falta de locais onde possam acessar a Internet foi mencionada por 38% dos indivíduos (50% dos que residem em áreas rurais).

Os não usuários das classes sociais mais baixas também afirmaram não ter onde usar a Internet, sendo este um motivo citado por 47% dos indivíduos de classes DE.