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Pp: (incompreensível) é muito importante conhecer a história de vida de vocês, as dificuldades, as facilidades que vocês passaram pela vida de vocês, tá? Até para que eu possa ajudá-los um pouco mais. Conhecendo a história de vocês, eu posso traçar caminhos e desenvolver atividades que atendam às necessidades educacionais de cada um que está envolvido nesse trabalho. Então... eu gostaria que você me falasse rapidinho sobre alguns pontos da sua vida. Vamos lá?

((Depois dessa breve introdução, faço a primeira pergunta, que abarca aspectos familiares)).

Falando sobre a família e sobre a infância Pp: Laura, como é a sua família?

Laura : bem, professora, minha família não é bem unida, é (pausa curta) eu sou assim adotada. O meu pai veio a falecer quando eu tinha dez anos de idade, daí a minha mãe verdadeira que é minha mãe de criação... ela me criou. Quando o meu pai veio a falecer, a minha mãe de verdade teve bastante dificuldade, daí a minha mãe de criação me pegou para viver com ela até mais ou menos catorze anos de idade. Com catorze anos, eu (pausa curta) conheci um rapaz que se chama Paulo ((nome fictício)), na época, ele tinha dezoito anos e (pausa curta) a gente ficou namorando um tempo, aí eu fiquei grávida dele, com catorze anos, e (pausa curta) eu tive a minha filhinha que hoje ela tem ...vai fazer onze anos agora...Fui viver com ele e morar na casa da minha sogra, em casas separadas (...) e (pausa curta) sou muito feliz...

Pp: Laura o que mais te marcou na sua infância?

A aluna prontamente responde que foi a lembrança de seu pai, principalmente a sua morte. ((E, ao mencionar o pai, ela chora)).

Em relação à adolescência, aluna coloca que o que mais a marcou foi a construção de sua vida ao lado do marido.

Quanto à vida adulta, a aluna destaca que o seu maior sonho é concluir os estudos. Ao ler a história de vida da aluna até o presente momento, verifica-se que ela dá maior ênfase às questões emocionais e só reforça a questão do estudo na vida adulta. Eu aproveitei esse destaque e retomei uma pergunta realizada no questionário inicial. Veja:

A vida escolar I

Pp: ... Laura, teve um momento em que você largou os estudos, nesse momento, você estava com quantos anos?

Laura: com catorze, quando eu fiquei grávida. Pp: daí você passou quantos anos sem estudar?

Laura: eu voltei a estudar com dezesseis anos, mas logo parei porque aconteceu algo muito ruim comigo no caminho para a escola. Eu fiquei um bocado de tempo sem sair de casa, morrendo de medo e parei de estudar.

Pp: foi por isso que você não foi mais para a escola?

Laura: foi, eu parei de totalmente de ir à escola, eu tinha medo de sair até na rua. Consideradas as colocações da aluna, percebe-se claramente que o fato de ela ter abandonado a escola ainda sem conclui-la deve-se a dois fatos: (i) a gravidez aos catorze anos e (ii) um problema que aconteceu a caminho da escola e que fez com que ela tivesse medo de voltar a esse local.

Diferentemente do que apontam algumas pesquisas e até mesmo alguns jovens quando perguntados pelos reais motivos que os levaram à evasão escolar, Laura não responsabiliza a escola por sua decisão. Quando perguntada sobre o que de fato a fez parar de estudar, a aluna responde:

A vida escolar II

Pp: então o fato de você ter parado de estudar inicialmente foi porque você ficou grávida, e o segundo motivo foi o problema próximo à escola. Então, o motivo pelo qual você parou de estudar não foi porque a escola era ruim, porque a escola não prestava, porque não tinha nada que te ajudasse...Não foi por conta disso, foi por problemas de ordem pessoal. E hoje quando você volta e vem participar do ProJovem você volta com o intuito de terminar seus estudos e completar aquilo que você não terminou. É isso?

Laura: é isso.

Ao ler o relato da aluna, é possível perceber que ela passou por algumas situações que deixaram marcas profundas em sua vida, como, por exemplo, a perda de seu pai ainda na infância.

Quanto à questão escolar, nota-se que, devido a problemas de ordem pessoal a educanda ficou impossibilitada de concluir os estudos no tempo adequado,mas que naquele momento, buscava no ProJovem uma segunda oportunidade para realizar seus sonhos.

Agora, apresenta-se a história de vida da aluna Janaína.

Antes de começar a conversar com Janaína percebi pela sua fala que ela não estava querendo participar da atividade proposta, mas com um jeitinho consegui a sua participação, por isso começo a entrevistá-la com a seguinte pergunta:

Entrevista 2 – Introdução à conversa Pp: por que você não queria ser entrevistada? Janaína: porque eu tava com vergonha.

Pp: então vamos lá, deixa eu tirar a sua vergonha ta? Por que eu estou fazendo essa entrevista com vocês e pedindo que vocês escrevam? Uma das grandes reclamações que os alunos têm de maneira geral é que o professor (pausa curta) não ajuda o aluno porque ele não conhece as dificuldades que o aluno tem (pausa curta). Partindo desse princípio (pausa curta) eu acho que quando eu conheço a tua história de vida (pausa curta) eu posso tentar intervir em alguma coisa pra tentar te ajudar em sala de aula é esse o objetivo da entrevista ta? Então , como é a tua família? Fala um pouquinho. Pode ser bem sucinta ta?

A família

Janaína: eu moro com uma amiga (pausa curta), mas tenho bastante contato com meus pais.

Pp: e teus pais moram onde? Janaína: moram no INCRA 6. Pp: no INCRA 6 e você tem irmãos? Janaína: tenho quatro

(...)

Pp: a tua família passou por dificuldades no decorrer da tua vida, da tua infância? Janaína: ((silêncio)) eu acho que sim pelos estudos que eles não tiveram (incompreensível) eles tinham que decidir ou trabalho ou escola, os meus pais não têm aquela coisa de ter um diploma, mas eles têm conhecimento.

Pp: e seus pais vieram de onde? Janaína: de Minas.

Pp: do interior de Minas é isso: Janaína: é ((gesto Positivo)) A infância

Pp: a tua infância o que mais te marcou? Quando você olha para traz e pensa isso daqui foi engraçado, foi bom.

Pp: é engraçada, eu entendo isso ((risos))

Janaína: ah, minha vida foi tão boa, acho que tudo foi bom... (...)

(...) A Adolescência

Pp: e a tua adolescência o que mais te marcou na tua adolescência? Pode ser tanto no aspecto positivo quanto no negativo.

Janaína: ah (pausa curta) eu acho que foi negativo, foi quando eu parei de estudar né? (incompreensível).

Pp: e você tinha quantos anos?

Janaína: ah (pausa curta) eu acho que tinha uns catorze. Pp: e você estava em qual série mais ou menos?

Janaína: na 6ª. Pp: na 6ª

Pp: e (pausa curta) essa, essa saída da escola foi opção sua? Janaína: foi eu quem quis mesmo.

Pp: então (pausa curta) assim você disse não quero mais e por quê? Por que você disse que não queria ficar na escola? De hoje em diante vou viver uma outra vida.

Janaína: porque eu achava que não tinha mais capacidade de estudar e completar os estudos e aí ia complicar mais...

Pp: você achava difícil? Janaína: ((gestos Positivos))

Pp: então você saiu da escola por causa das dificuldades que você tinha? Janaína: é.

Pp: o fato de você ter largado a escola com 14, 15 anos na 6ª série, você já estava atrasada, você já tava atrasada.

Janaína: não...

Pp: sim porque na 6ª série são 12 ou 13 anos e você já estava com 14 ou 15 anos, já esta atrasada.

Pp: e você estava atrasada por quê? Você repetiu algum ano? Você entrou tarde? Janaína: não, não eu entrei tarde.

Pp: é (pausa curta) então foi uma decisão sua ter saído da escola, mas você acha que se os professores tivessem te dado uma chance, tivessem ficado mais perto de você, tivessem te dado uma ajuda você teria ficado?

Janaína: se fossem igual a você, sim.

Janaína: eu acho que teria sido mais fácil é tanto que (incompreensível) eu gostava da Maria (nome fictício), mas nem tanto eu gostava mas não achava que ela fosse aquela (professora), mas quando você entrou que eu acho que ajudou bastante que ...

Janaína: lembra que você falou para mim que ia fazer um trabalho da sua escola e (pausa média)

Pp: ah...

Janaína: ...ai eu falei claro que eu vou fazer vai me ajudar, então...

Pp: eu me lembro disso ((risos)) eu me lembro acho que ((agora quem vai chorar sou eu)) ((não é justo)).

Janaína: ((risos))

Pp: (pausa curta)... assim eu agradeço muito a participação de vocês na pesquisa porque o meu objetivo é ajudar vocês ao máximo que puder e não é só na pesquisa eu não quero só concluir o meu curso e vocês se aprender, aprendeu...

Janaína: é isso que falo. Pp: é esse o diferencial.

Janaína: é igual tem professor que chega na sala a gente pede explicação e ele fala: eu já fiz a minha parte agora você aprende se você quiser, num é assim! E acho que como você explica tudo direitinho...

Pp: e vai e volta e briga né?((risos)).

Janaína: você sempre pergunta: Entenderam? Não. E vai e explica de novo e tem aquela paciência não é aquela coisa de vocês não entenderam então o problema é seu. ((risos))

Pp: então você acha que este trabalho diferenciado que é dado nas aulas de português ta te ajudando?

Janaína: ta Pp: ótimo. ...

Pp: o que foi legal na tua adolescência?

Janaína: ah (pausa curta) eu não sei se foi legal, mas eu acho que foi a decisão de ter saído de casa (pausa curta) acho que foi bem...

Pp: bem radical. Pp: foi meio radical né? Janaína: é.

Pp: e você saiu de casa com quantos anos? Com 14? Janaína: não foi com 16.

Pp: e já foi morar sozinha ou foi morar com essa amiga? Janaína: fui morar com minha amiga.

Pp: já foi morar com sua amiga.

Pp: e aí como você conseguiu se virar porque você não tinha emprego tinha? Janaína: não ((risos))

Pp: então vocês viviam de quê?

Janaína: (incompreensível) ah, a gente trabalhava de fazer bico, bico, já cheguei a trabalhar, morar na casa de uma amiga que teve o filho dela e confiava em mim ou nessa

minha amiga (...) Igual eu falei pra os meninos que (pausa curta) eu tinha largado um emprego para vim para o ProJovem porque eu achava que já tava na hora de estudar, aí foi quando eu sai de lá, eu não queria sair não por causa da neném, mas saí.

Pp: eu acho você uma pessoa muito corajosa! ...

Pp: quantos anos você ficou sem estudar Janaína? Janaína: uns cinco anos.

Pp: uns cinco anos.

Pp: e durante esses cinco anos você pensava, eu preciso voltar para a escola, eu sinto falta da escola?

Janaína: não, eu cheguei a voltar, ia para escola e desistia... (incompreensível) por causa de amizades...

(...)

A vida adulta

Pp: e hoje na tua vida adulta o que é mais importante para você?

Janaína: terminar os meus estudos... fazer uma faculdade de educação física... Pp: por que você quer fazer educação física?

Janaína: porque é legal. (...)

Pp: hoje qual é a função da escola na tua vida? Por que a educação é importante para você?

Janaína: a educação é tudo. Pp: antes você pensava assim? Janaína: não

Pp: não

Pp: e porque hoje você pensa assim? Porque você sentiu falta?

Janaína: é (...) É difícil arrumar emprego... imagine sem educação ((risos)).

Pp: o ProJovem está sendo importante para você? Então valeu a pena ter largado um emprego e ter vindo para o ProJovem foi uma boa escolha na tua vida?

Janaína: com certeza Pp: então valeu a pena. Janaína: valeu a pena.

Retomando a questão estudantil, Janaína revela que os fatores que motivaram sua saída precoce do âmbito escolar foram:

• Porque eu achava que não tinha mais capacidade de estudar e completar os estudos e aí ia complicar mais.

• Não, eu cheguei a voltar, ia para escola e desistia... (incompreensível) por causa de amizades...

Quando perguntada se o programa estava sendo útil à sua formação, a aluna responde:

Pp: o ProJovem está sendo importante para você? Então valeu a pena ter largado um emprego e ter vindo para o ProJovem foi uma boa escolha na tua vida?

Janaína: com certeza

A seguir será apresentada a história de vida de Jeferson.

Entrevista 3 – Introdução à conversa

Pp: por que eu pedi que vocês escrevessem sobre a vida de vocês, porque às vezes o aluno tem dificuldades, e eu não sei, eu não consigo o ajudar porque eu não sei o motivo dessa dificuldade ta? Então eu quero saber um pouquinho sobre a sua vida até para eu te ajudar melhor, ta, então eu vou fazendo umas perguntinhas e você vai respondendo ta?

A família

Pp: é (pausa curta) Jeferson, fala um pouquinho sobre a tua família, você tem pai, tem mãe?

Jeferson: é (pausa curta) eu moro com minha mãe, minha mãe tem, tem oito filhos. Jéferson: (incompreensível) são quatro mulheres e quatro homens.

A infância e a escola

Pp: Jeferson, o que foi importante para você na sua infância? Jeferson: ah (pausa curta) me trazia alegria ir para a escola

Pp: então na tua infância o que mais te marcou foi o fato de você ter estudado? Jeferson: foi (pausa curta) a partir dos 11 aos 18 foi.

Pp: então você começou a estudar com quantos anos? Jeferson: com 11.

Pp: por que você começou a estudar com 11 anos?

Jeferson: porque a minha mãe andava muito pelo mundo, aí não tinha como a gente estudar.

Pp: aí não tinha condições de vocês ficarem numa escola é isso? Jeferson: é isso.

Pp: ah entendi, então esse tempo que você foi para a escola foi um tempo bom de descoberta. Então é importante para você?

Jeferson: foi.

Pp: Jeferson e o que você achava da escola com 11 anos? Você gostava da escola? Jeferson: ah, eu achava melhor que a de hoje.

Pp: por que você achava melhor que a de hoje qual é a diferença?

Jeferson: porque a escola antigamente não tinha (pausa curta) o lanche era melhor, a educação era melhor.

Pp: os professores eram mais rígidos, mais bonzinhos ou a mesma coisa? Jeferson: eram tranqüilos.

A adolescência e a escola

Pp: Jeferson o que foi importante para você na sua adolescência? Jeferson: com quantos anos é a adolescência?

Pp: por volta dos 12 aos 18. O que mais te marcou? Jeferson: não sei professora.

Pp: não sabe você? Você aparou de estudar com quantos anos? Jeferson: eu parei de estudar com 19.

Pp: mas você não falou que estudou dos 11 aos 14 anos? Jeferson: parei de estudar, ah (pausa curta).

Pp: você parou de estudar com quantos anos?

Jeferson: parei de estudar com 17 anos, foi parei só um ano, só um. Pp: com 17.

Pp: aí você estava em qual série? Jeferson: na 4ª.

Pp: hoje você tem quantos anos? Jeferson: 20.

Pp: e aí você volta para a escola para você fazer as outras séries? Como foi isso? Jeferson: (...) passei para a 5ª e fui estudar de noite...

Pp: aí você conseguiu estudar até que série? Jeferson: até a 8ª.

Pp: e (pausa curta) essa história de vai e volta pra escola, você acha que essas idas e vindas da escola, e esses anos que você parou, você parou porque a escola era ruim, porque não te ajudava... ou houve outro motivo?

Jeferson: teve outro motivo. Pp: você pode falar?

Jeferson: o motivo era que eu morava na chácara aí eu não tinha como ir para a escola...

Pp: então por causa de problemas pessoais você teve que parar de estudar? Jeferson: é

A vida adulta

Pp: hoje você volta para o ProJovem e volta para concluir seus estudos, e conseguir um diploma não é isso? Qual é o seu maior sonho hoje?

Jeferson: terminar os estudos.

Pp: terminar os estudos, você tem uma profissão que você gostaria de seguir? Jeferson: ainda não.

Pp: não.

Pp: é (pausa curta) Jeferson pra gente terminar a nossa conversa, qual a importância da educação para você? Por que a educação é importante?

Jeferson: ((silêncio))

Jeferson: é fazer a pessoa crescer.

Pp: então você acha que o Projovem vai ser importante na sua vida? Jeferson: com certeza.

Pp: você acha que está aprendendo? Jeferson: tou.

Pp: então você acha que o que você está aprendendo vai ser importante para você no 2º grau?

Jeferson: mais ou menos.

Pp: mais de qualquer forma está te ajudando? Jeferson: ta, ta.

Na história de Jeferson, percebe-se que ele viveu a infância e a adolescência de maneira muito instável e isso foi determinante para a sua vida escolar. O fato de sua mãe viajar o tempo todo e a impossibilidade de se manter em uma escola por muito tempo atrapalharam bastante os estudos de Jeferson.

A próxima história é da aluna Fernanda.

Entrevista 4 – Introdução à conversa

Pp: Fernanda (pausa curta) é muito importante conhecer a história de vida do aluno, porque se eu não conhecer as dificuldades que você passou ao longo da sua vida, eu também não tenho como ajudá-la né? Então eu vou fazer umas perguntinhas pra gente ir conversando, é bem rapidinho, ta?

A família

Pp: na hora da atividade lá na sala você falou que sua história é muito triste e isto me chamou bastante a atenção.

Pp: Fernanda, fala um pouquinho de sua família, você tem mãe, tem pai, tem irmãos? Como se constituiu a sua família?

Fernanda: pai (pausa curta) até tenho porque todo mundo tem , só que (pausa curta) nunca vi, tenho irmãos (incompreensível), tenho mãe também que só veio fazer parte da minha vida com 17 anos. Então...

Pp: então com quem você viveu?

Fernanda: com minha avó, na verdade quando ela (a aluna refere-se a sua mãe) se separou do marido ela falou vou viver a minha vida.

Pp: isso a sua mãe?

Fernanda: minha mãe. Ela largou o marido porque ele batia nela então ela acabou a vida de casada, de ter uma família e foi viver a vida dela e falou que (pausa curta) ia deixar a gente com qualquer pessoa, então minha avó disse: eu pego, eu crio elas e pegou (incompreensível).

Pp: e é você e quantos irmãos?

Fernanda: na época, era eu e duas irmãs uma de dois e uma de um.

Pp: então vocês viveram com sua avó por causa desses problemas e todos vocês viveram com sua avó e só aos 17 anos que você conheceu a sua mãe?

Fernanda: conheceu (pausa curta) eu já, já conhecia, a gente só se falava por telefone. Pp: Então só a partir dos 17 anos que você conviveu com sua mãe.

Pp: Fernanda, como foi essa convivência? Foi fácil? Foi difícil?

Fernanda: foi difícil porque num primeiro momento ela queria que eu chamasse de mãe, eu ((sem consideração)) porque uma coisa (incompreensível) Chegar aos 17 anos já adolescente e falar mãe como chamar mãe? Eu não tinha aquela coisa...

Pp: e hoje como está o relacionamento de vocês, está mais fácil, mais difícil?

Fernanda: foi difícil até eu ter a minha filha, minha filha ajudou a gente se aproximar, mas eu ainda acho difícil, às vezes, às vezes... eu me sinto melhor com uma amiga, com outra pessoa do que com ela. Às vezes ela chega na minha casa , eu fico assim meu Deus o que é que eu vou falar? Alguns dias ela chegou na minha casa e falou assim: a Carla (nome fictício) está aí, ela está acordada, e eu respondi que não, que ela estava dormindo, então eu não vou nem entrar eu queria dar um beijo na Bárbara, então eu fiquei assim... A Carla é minha filha, eu pensei gente, ela não me considera! Ela porque ela está com intenção só na Carla e eu?

A infância

Pp: diante de todas essas dificuldades que você passou como foi a sua infância? Fernanda: foi difícil foi difícil não tive infância nenhuma porque tive que trabalhar cedo. Pp: com quantos anos você começou a trabalhar?

Fernanda: ih! Com 9 anos eu já tive que ir para a casa das pessoas pra ter o que comer, eu arrumava a casa para ganhar comida e depois eu ia para a casa de uma amiga.

Pp: e você teve acesso à escola na sua infância, você chegou a estudar? Ou só depois?

Fernanda: ah! Eu até estava... ((risos)) eu ia um mês e outro não, porque quando a gente tem uma pessoa que fala vai estudar é bom pra você a gente vai para a escola e quando é jogado, eu me sentia jogada!

Pp: então por causa da falta de incentivo você não tinha vontade de ir para a escola foi isso?

Fernanda: foi. A adolescência

Pp: e a sua adolescência, como você caracteriza o que mais te marcou?

Fernanda: a minha adolescência, eu graças a Deus eu sempre fui aquela pessoa que pensei antes de fazer, sempre via apesar de não ser criada por uma mãe, porque a melhor