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3 ORIENTAÇÃO TEÓRICA DA PESQUISA

3.7 O texto na sala de aula

Estudos realizados por GERALDI (2004) evidenciam o quanto é difícil para os alunos, de maneira geral, produzirem um texto. Muitas vezes os estudantes têm idéias, mas não conseguem organizá-las e colocá-las no papel, já em outras situações, não conseguem sequer rascunhar algo sobre o tema proposto, porque faltam os subsídios necessários para desenvolvê-lo.

Geraldi (2004) afirma que as dificuldades em lidar com o texto em sala de aula existem tanto por parte dos alunos quanto por parte do professor. Tornando mais clara essa afirmativa, o autor pontua que para os alunos os temas que norteiam a produção textual são desmotivadores, pois são repetidos anos após anos. Já para os professores, as produções realizadas pelos alunos são decepcionantes, uma vez que os alunos não colocam em prática os conhecimentos e as sugestões propostas pelo professor no ambiente escolar. Reforçando o que foi explicitado, o autor ressalta que a produção de textos na escola, foge totalmente ao sentido de uso da língua: os alunos escrevem para o professor e além disso, nos textos, o emprego da língua é artificial.

Diante dessas dificuldades, enfatiza-se a opção em desenvolver um estudo que considere as produções textuais orais e escritas é fundamental, principalmente quando se quer ampliar a competência comunicativa do educando.

Ao abordar questões relativas ao trabalho com textos na sala de aula, faz-se necessário definir o que está se chamando de texto. Logo em seguida, é preciso também conceituar tipos e gêneros textuais para melhor entender como eles foram úteis a esse trabalho.

De acordo com pesquisas realizadas por autores da área da Lingüística Textual (como por exemplo: KOCH, 2005, 2006), o conceito de texto pode passar por alguns ajustes dependendo da teoria que a fundamenta. É preciso destacar que desde a origem da lingüística textual até os dias atuais, o texto passou e ainda passa por definições diferenciadas. Dessa forma, inicialmente, o texto foi concebido como:

• sucessão ou combinação de frases; • cadeia de pronominalizações ininterruptas; • cadeia de isotopias;

• complexo de proposições semânticas. (KOCH, 2005, p.25)

Quanto à natureza pragmática, Koch (2005) afirma que o texto foi definido como: (i) uma seqüência de atos da fala; (ii) fenômeno psíquico, resultando em processos mentais; (iii) parte das atividades mais globais da comunicação, que vão além do texto em si, uma vez que se constitui simplesmente como uma base desse processo.

O texto pode ser entendido como um resultado, ainda que parcial, de nossa atividade comunicativa, compreendendo “processos, operações e estratégias que têm lugar na mente humana, e que são postos em ação em situações concretas de interação social” (KOCH, 2005, p. 26).

Entende-se a partir do que fora exposto até aqui que:

• A produção textual é uma atividade verbal que possui uma função social e que insere em contextos mais complexos de atividades.

• É uma atividade consciente, criativa e intencional em que o falante, levando em consideração as condições em que o texto é produzido, procura deixar claros seus propósitos ao destinatário.

• É uma atividade interacional que permite aos interactantes um maior envolvimento na produção textual. (KOCH, 2005)

Sobre esse tema, Kleiman e Moraes (1999 apud PEREIRA, 2007) pontuam que:

O texto (do latim textus, tecido) é toda construção cultural que adquire um significado devido a um sistema de códigos e convenções: um romance, uma carta, uma palestra, um quadro, uma foto, uma tabela são atualizações desses sistemas de significados, podendo ser interpretados como textos. (p. 35)

Para Coroa (2004 apud PEREIRA, 2007, p. 35), o texto é “uma unidade lingüística que faz sentindo” não importando o tamanho e nem a complexidade do texto.

Bortone (2004 apud PEREIRA, 2007) afirma que “o texto é uma unidade de linguagem em uso. Isto é, uma ocorrência lingüística para ser texto precisa ser percebida pelo leitor como um todo significativo, ter coerência”.

De acordo com os conceitos de textos expostos pelos autores acima, parte-se do princípio de que é fundamental rever como a produção textual vem sendo utilizada em sala de

aula. Nesse sentido, é importante destacar dois conceitos para que possamos compreender melhor essa dinâmica textual escolar.

O primeiro conceito é o de gênero textual, pois é a partir dele que a comunicação verbal, independente da modalidade (oral ou escrita), se manifesta. Marcuschi (2005, p. 22) reforça essa assertiva ao dizer: “é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum texto”.

Compreendendo o conceito de gênero textual, tem-se:

[...] os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de um trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. São entidades sócio-discursivas, e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa. (MARCUSCHI, 2005, p. 19)

Além desse conceito, o autor acima destaca alguns gêneros textuais que fazem parte do dia-a-dia de qualquer comunicação verbal em nossa sociedade, tais como: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais, etc. Marcuschi (2005, p. 22-23 apud PEREIRA, 2007)

Quanto ao tipo textual, o autor (op. cit.) afirma:

Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de seqüência definida pala natureza lingüística de sua composição... Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas, como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção. MARCUSCHI (2005, p. 22 in PEREIRA, 2007)

A partir desses conceitos e críticas ao texto, pretendeu-se com esse trabalho realizar algumas atividades que envolvessem textos orais e escritos, mostrando aos alunos a necessidade de produzi-los com segurança no dia-a-dia.