• Nenhum resultado encontrado

Para tratar desse assunto, foi feita a seguinte pergunta: Você acredita que quando o professor reforça as idéias expostas pelo aluno (o aluno) sente-se mais seguro para participar das atividades realizadas em sala de aula?

Observe as respostas:

Janaína:eu acredito que ajuda bastante, porque também tem alunos que tem vergonha e acaba fluindo melhor.

Laura : sim, eu acredito. Assim eu tinha mais segurança em que eu estava fazendo e quando ela reforçava com suas idéias as minhas fluíam com mais facilidade.

Jeferson: sim, porque mim ajudava a pensar e responder de maneira correta e falar melhor, o que eu quero falar.

Fernanda: sim ajuda os alunos a se aperfeiçoar, participar das atividades com mais interesse dentro da sala de aula com aulas dinâmicas e diferentes do habitual.

Maria das Graças: eu acredito que sim, porque eu mesmo me sinto mais segura. A partir das respostas apresentadas nesse tópico, entende-se que essa pesquisa atingiu os objetivos almejados, pois pelas colocações dos alunos, tanto a postura da professora, quanto os tipos de atividades realizadas foram fundamentais para que eles percebessem mudanças significativas tanto em suas falas quanto em seus textos escritos.

Para finalizar esse tópico, torna-se pertinente inserir um poema retirado de REIS (2000, p. 235), pois ele caracteriza a vida de muitos jovens que chegam à educação de jovens e adultos cheios de medo, de incertezas, desanimados, descrentes e, muitas vezes desacreditados em seu próprio potencial de aprendizagem, mas que com um pouco de paciência e de ajuda conseguem superar suas dificuldades.

Não tenho mais medo A mais dura das guerras é guerra contra si mesmo. É preciso chegar a desarmar-se.

Tenho lutado nesta guerra durante anos.

Foi terrível.

Mas hoje estou desarmado. Não tenho mais medo de nada,

Estou desarmado de vontade de ter razão,

De justificar-me, Desqualificando os outros. Não estou mais em guarda.

Na defensiva,

Ciumentamente crispado sobre minhas riquezas. Acolho e partilho.

Não estou mais particularmente voltado Para as minhas idéias e projetos.

Se alguém me apresenta outras melhores, Ou simplesmente boas,

Renunciei ao comparativo. Aquilo que é bom, verdadeiro, real

É sempre melhor para mim. Por isso não tenho mais medo.

Se estamos desarmados, desposados, Abertos ao Deus-Homem

Que fez novas todas as coisas, Ele apaga o passado ruim E nos traz um tempo novo Onde tudo é possível.

(Patriarca Atenágoras) Igreja Ortodoxa

Nas próximas seções serão apresentadas e discutidas algumas atividades desenvolvidas no decorrer dessa investigação.

4 A produção textual no ambiente escolar: da fala para a escrita

A aplicação de atividades que envolvam a organização de textos falados e escritos permite que os alunos cheguem à percepção de como efetivamente se realizam, se constroem e se formulam esses textos (Fávero,Andrade,Aquino, 2005, p. 83)

4.1 Introdução

Neste capítulo, será descrita a primeira produção textual realizada com os alunos do ProJovem de Brazlândia.

4.2 Análises de textos sobre aborto

O material reunido para a construção do corpus deste trabalho foi coletado a partir de diferentes fontes. A primeira refere-se aos textos produzidos oralmente pelos alunos. A segunda fonte formou-se levando em consideração os textos escritos sobre o mesmo tema dos textos orais (o aborto). A terceira fonte constitui-se da reescritura desses textos, buscando ampliá-los, e finalmente foram empregadas entrevistas semi-estruturadas com os alunos, almejando tornar alguns dados mais claros, com ênfase no que tange a essa seqüência de atividades textuais.

Inicialmente, percebe-se a necessidade de retomar o conceito de texto, uma vez que ele constitui uma das bases desta investigação. Entende-se que essa discussão é de fundamental importância para o desenvolvimento deste trabalho, visto que o mesmo se concretiza a partir das produções orais e escritas realizadas pelos alunos do ProJovem de Brazlândia. Dessa forma, retomando os conceitos apresentados por (KOCH, 2005), tem-se que: (i) A produção textual é uma atividade verbal que possui uma função social e que se insere em contextos mais complexos de atividades. (ii) É uma atividade consciente, criativa e intencional em que o falante, levando em consideração as condições em que o texto é produzido, procura deixar claros seus propósitos ao destinatário. (iii) É uma atividade interacional que permite aos interactantes um maior envolvimento na produção textual.

O conhecimento desses conceitos é essencial para professores que atuam na educação de jovens e adultos. Entende-se, a partir das definições apresentadas, que o texto é o resultado de uma ação coletiva, isto é, ele se constrói a partir das idéias e das interações existentes dentro de um grupo, de ações que partem de uma realidade concreta. Para o ProJovem e para esta investigação, essa é uma fundamentação de grande relevância, pois se

acredita que os alunos que fazem parte desse programa necessitam dessa ação/interação coletiva com a linguagem para desenvolver com maior proficiência sua fala e sua escrita.

A partir desses conceitos, inicia-se agora a análise da primeira atividade realizada com os alunos participantes desta pesquisa.

4.2.1 Relações entre fala e escrita: análise documental

Para dar início ao estudo da relação oralidade-escrita, faz-se necessário perceber que se trata de duas modalidades que pertencem a um mesmo sistema lingüístico que é a língua portuguesa. É importante lembrar também que, apesar de constituírem um único sistema lingüístico, ambas as modalidades possuem diferenças quanto à sua estrutura. No entanto, essas diferenças não devem servir como obstáculos para que elas possam ser igualmente contempladas no âmbito escolar.

Em suas pesquisas, FÁVERO, ANDRADE & AQUINO (2005) propõem alguns elementos que compõem e articulam a produção textual dentro da relação oralidade-escrita. Para esses autores, é importante:

• Identificar os componentes que fazem parte da situação comunicativa, suas características pessoais e o grupo social de cada participante.

• Observar o papel social das relações pessoais e a extensão do conhecimento partilhado.

• Observar os aspectos físicos, temporal e a extensão espaço-temporal dos participantes da interação.

• Observar o propósito do evento.

• Observar o evento em relação aos valores partilhados por toda cultura ou por subculturas ou indivíduos.

• Observar as atitudes dos participantes, levando em consideração: os sentimentos, julgamentos, bem como o tom de fala e o grau de comprometimento com o assunto. • Observar o nível dos participantes no texto, bem como os aspectos lingüísticos,

prosódicos e paralingüísticos.

Diante desses elementos, fica evidente que estudar a relação oralidade-escrita requer muita atenção, para se fazerem inferências adequadas, evitando conclusões superficiais. É preciso também, de acordo com o esquema proposto por FÁVERO, ANDRADE & AQUINO (2005), analisar não somente o que está explícito no texto, mas também perceber aquilo que se oculta nas entrelinhas, seja de um texto oral, seja de um texto escrito.

É importante considerar também, as condições em que esse texto fora produzido. Na concepção dos autores acima mencionados, essas condições determinarão as formulações lingüísticas de cada tipo de texto. Observe o quadro a seguir, proposto por FÁVERO, ANDRADE & AQUINO (2005) :

QUADRO 11: Condições para a formulação de textos orais e escritos