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O Licenciamento Ambiental Simplificado no caso específico do Estado do Ceará: uma

4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL: O CONTROLE ESTATAL PREVENTIVO DAS

4.6 Licenciamento Ambiental Simplificado

4.6.1 O Licenciamento Ambiental Simplificado no caso específico do Estado do Ceará: uma

Foi aprovada no Estado do Ceará a Lei n. 14.882, publicada em 31 de janeiro de 2011, que dispõe sobre procedimentos ambientais simplificados para a implantação e operação de empreendimentos e atividade de porte micro com potencial poluidor/degradador baixo e adota outras providências.

O diploma legislativo em questão trata, num primeiro momento (dos artigos 2º ao 5º), sobre o procedimento ambiental simplificado por autodeclaração, que consiste em fase unificada de emissão das licenças, firmando que os empreendimentos e/ou atividades de porte micro com potencial poluidor degradador baixo, listados em seu artigo 4º164, por causarem

baixo impacto ambiental e promoverem a melhoria de qualidade de vida da população, deverão apenas apresentar sua autodeclaração165, afirmando ser a sua atividade de baixo

potencial lesivo, ao órgão ambiental competente - para tais casos, estabeleceu a competência da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE) 166.

A previsão de licenciamento por autodeclaração retira a competência do gestor ambiental de avaliar os impactos decorrentes da atividade econômica, consoante estabelece a

164 “Art. 4º Ficam sujeitos ao licenciamento simplificado por autodeclaração os seguintes empreendimentos e/ou atividades:

I - estação de tratamento de água-ETA, com simples desinfecção; II - sistema de abastecimento de água com simples desinfecção;

III - passagem molhada sem barramento de recurso hídrico, com extensão de até 50,0 m;

IV - habitação de interesse social com até 50,0 unidades habitacionais, respeitando-se as Áreas de Preservação permanente definidas em lei pertinente;

V - habitação de interesse social acima de 50,0 unidades habitacionais implantadas em áreas urbanas consolidadas, respeitando-se as Áreas de Preservação Permanente já definidas em lei;

VI - restauração de vias e estradas de rodagem; VII - atividades de pesca artesanal;

VIII - atividades artesanais que não utilizem matéria prima de origem florestal;

IX - atividades de extrativismo realizada por comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas; X - implantação de sistema agroflorestais e/ou práticas agroecológicas;

XI - custeio e investimento agropecuário direcionados à agricultura familiar e empreendimentos familiares rurais, em conformidade com a Lei Federal n.º 11.326, de 24 de julho de 2006.” (CEARÁ, 2011)

165 “Documento de comprometimento do proponente com a proteção do meio ambiente, contendo informações de caráter técnico e ambiental relativas à atividade de custeio e/ou investimento agropecuário com ou sem financiamento”, consoante definido pela Resolução nº 08, de 15 de Abril de 2004, do Conselho Estadual de Meio Ambiente – COEMA, que enquadra os pequenos projetos agropecuários com valor máximo de 5000 UFIRCE como atividade com potencial poluidor degradador baixo, passível de ‘Autorização’ Ambiental. 166 A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE) foi criada através da Lei Estadual 11.411 de 28

de dezembro de 1987 (DOE – 04/01/88), e integra, como órgão seccional, o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). É vinculada ao Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (CONPAM) – veja definição mais a frente -, e tem a responsabilidade de executar a Política Ambiental do Estado do Ceará, ademais de fiscalizar e licenciar as atividades e os empreendimentos potencialmente poluidoRes. É parte integrante do Sistema Estadual do Meio Ambiente.

Lei 6.938/81. Ademais, firma a competência estadual para a concessão das licenças ambientais em tais casos, ferindo também a repartição de competência administrativa para licenciar estabelecida pela Res. CONAMA n. 237/97, assim como a posterior regulamentação da competência material comum em matéria ambiental (art. 23, incisos III, VI e VII, da CF/88) pela Lei Complementar n. 140/11.

Num segundo momento, trata do procedimento ambiental simplificado, para as atividades listadas no artigo 6º, também consideradas de baixo potencial degradador. Em tais casos, o licenciamento simplificado não se dará por autodeclaração, devendo o órgão ambiental competente analisar a potencialidade lesiva em cada caso em concreto. Em tal previsão não observamos qualquer inconstitucionalidade, ou ferimento às normas ambientais, eis que a própria Res. CONAMA n. 237/97 prevê expressamente a possibilidade de procedimentos simplificados para as atividades e empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental.

Por último, a Lei Estadual lei estabelece, dos artigos 7º ao 9º, um rito próprio para o licenciamento ambiental de obras ou atividades que sejam consideradas pelo Poder Público como estratégicas para o desenvolvimento estadual.

No que concerne a esta última parte norma, a mesma causou uma enorme comoção pública, mobilizando os órgãos de proteção ao meio ambiente, os Ministérios Públicos (Federal e Estadual) e ativistas ambientais. Desde seu projeto original, a lei apresentava uma evidente inconstitucionalidade, eis que dispensava completamente o Licenciamento Ambiental para os empreendimentos e/ou atividades “consideradas estratégicos” para o Estado. Depois de muitas manifestações populares e políticas contra a aprovação do projeto inicial, restou a Lei aprovada com a seguinte redação, no que concerne ao procedimento especial para as obras estratégicas para o Estado:

Art. 7º O Governador do Estado submeterá à apreciação e aprovação do Colegiado do Conselho de Políticas e Gestão de Meio Ambiente -CONPAM, as propostas dos empreendimentos e/ou atividades públicos ou privados estratégicos para o Estado. Art. 8º A licença ambiental para os empreendimentos e/ou atividades públicos ou privados, considerados estratégicos para o Estado, será emitida pelo órgão ambiental competente, SEMACE, após emissão de parecer de grupo técnico multidisciplinar e sua aprovação pelo COEMA.

§ 1º Cabe ao Presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente - CONPAM, instituir por meio de Portaria o grupo técnico a que se refere o caput deste artigo.

§2º O grupo técnico multidisciplinar será constituído por técnicos da SEMACE, de acordo com a natureza do empreendimento e/ou atividade, podendo contar com a participação de profissionais especializados sempre que as especificidades do empreendimento assim demandar.

§3º Cabe ao COEMA, por meio de Resolução, estabelecer os procedimentos para a constituição e funcionamento dos grupos técnicos multidisciplinares previstos no caput deste artigo.167

Vê-se que a Lei aprovada, apesar de não dispensar o Licenciamento Ambiental para as obras “consideradas estratégicas” para o desenvolvimento regional, permite que em tais situações, por decisão do Governador, sejam as propostas dos empreendimentos e/ou atividades, públicos ou privados, submetidas à apreciação e aprovação do Colegiado do Conselho de Políticas e Gestão de Meio Ambiente (CONPAM) 168.

Estabeleceu, ainda, para tais situações, a competência licenciadora à Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE), que somente poderá avaliar o projeto da obra estratégica após a emissão de parecer de grupo técnico multidisciplinar e sua aprovação pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (COEMA) 169.

Ou seja, estabelece regras completamente “inovadoras” no que concerne ao Licenciamento de “obras estratégicas para o Estado”, que podem inclusive ser de alta potencialidade degradadora, eis que para ser estratégicos, os empreendimentos normalmente serão de grande porte, como é o caso do Centro de Eventos do Ceará170, já implantado, do

Acquario Ceará171, que será instalado na Praia de Iracema, ou das obras e ampliações de

167 CEARÁ, 2011.

168 O Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (CONPAM), criado através da Lei Estadual 13.875, de 07 de fevereiro de 2007, compõe o Sistema Estadual do Meio Ambiente e é responsável pela formulação, planejamento e coordenação das políticas públicas ambientais para o Ceará, e tem como objetivo promover a articulação interinstitucional nos âmbitos federal, estadual e municipal e estabelecer mecanismos de participação da sociedade civil na questão ambiental.

169 O Conselho Estadual do Meio Ambiente (COEMA), também criado pela Lei Estadual 11.411/87, é vinculado diretamente ao Governador do Estado e funciona como órgão consultivo e deliberativo, com a finalidade de assessorar diretamente o chefe do Poder Executivo estadual em assuntos de política de proteção ambiental, e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas necessárias à regulamentação e implementação da Política Estadual do Meio Ambiente, ademais de aprovar as normas e critérios definidos pela SEMACE para o licenciamento de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras. É parte integrante do Sistema Estadual do Meio Ambiente.

170 Tido como o segundo maior de toda América Latina, o Centro de Eventos do Ceará tem 173 mil m² de área construída em um terreno de 17 hectares e possui capacidade para receber 30 mil pessoas. O Projeto original previa passagem para pedestres, mas apenas túneis para veículos foram construídos. “Diante da nova organização do tráfego, os pedestres ficaram sem uma opção segura para atravessar a rodovia onde o centro de eventos está localizado. A solução encontrada para o evento de estreia foi instalar uma passarela provisória”, informa um sítio da internet. Disponível em: < http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/ce/2012-06-30/centro-de- eventos-do-ceara-e-inaugurado-com-passarela-improvisada.html>. Acesso em 03 mai. 2012.

171 O Acquario Ceará é um empreendimento do Governo Estadual do Ceará que pretende criar um oceanário de classe mundial integrado a um museu oceanográfico de última geração no município de Fortaleza. O mesmo foi orçado em R$ 250 milhões, com 21,5 mil m² de área construída e tanques com capacidade para 15 milhões de litros, e será construído no antigo prédio do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra Seca), na Praia de Iracema. Será o primeiro aquário internacional da América Latina, espalhados em oceanários de classe mundial espalhados pelo mundo, como o Georgia Aquarium (EUA), o Osaka Aquarium (Japão), o Vancouver Aquarium (Canadá), o Oceanário de Lisboa (Portugal), o L’Oceanografic (Espanha) e o Dubai Aquarium (Emirados Árabes).

estádios e aeroportos, e alargamento de pistas destes decorrentes, inclusive com a construção de túneis, já como reflexos da necessidade “estratégica” do Estado para a Copa de 2014172.

Assim, entendemos ser evidente que a Lei Estadual n. 14.882/11 fere frontalmente a Constituição Federal de 1988, que firma como direito fundamental das presentes e futuras gerações a preservação da qualidade ambiental, e a obrigatoriedade de realização de Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EPIA) às obras potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental, assim como também lesa os princípios ambientais e as normas que regulamentam o procedimento de Licenciamento Ambiental.

O Procurador da República, Alessander Sales, atento a tais agressões, enviou ofício ao Procurador-Geral da República, com a representação para ajuizamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei em comento173, para que o mesmo tomasse as providências

Federal do Ceará (LABOMAR-UFC), faz uma série de críticas ao empreendimento: “O projeto, muito ousado, tem causado questionamentos, especialmente dentre os profissionais da área de meio ambiente como os biólogos. Não houve divulgação de qualquer detalhe técnico ou biológico sobre o projeto, o que impossibilita uma discussão profunda sobre o tema. As poucas informações fornecidas pelos órgãos oficiais dão apenas uma noção superficial do empreendimento. [...] Acredita-se que esse projeto pode ser um triunfo do ponto de vista econômico ou financeiro, mas do ponto de vista da sustentabilidade ambiental e social é seriamente questionável. Atualmente, o Acquário Ceará é na melhor das hipóteses, um projeto que fere a ética animal e a legislação ambiental. A não ser que haja uma radical mudança em sua concepção e implementação, o projeto não trará qualquer contribuição para a equidade social nem para o equilíbrio ambiental do Ceará, e portanto,

para o desenvolvimento sustentável”. (Disponível em:

<http://acquarionao.wordpress.com/2012/03/24/professordebiologia/>. Acesso em: 03 maio 2012).

De fato, tal empreendimento, de tão grande porte, ademais de não ter tido a necessária participação popular em seu processo de licenciamento ambiental, é capaz de trazer riscos ambientais ainda desconhecidos, pois introduzirá em nosso ecossistema animais aquáticos antes inexistentes na região, fato que poderá trazer impactos negativos, como o despejo da água suja do aquário em nosso mar (que estará ao lado do empreendimento). Outro ponto a ser levado em conta é o enorme gasto do erário público que se fará com o mesmo, sem que haja um retorno satisfatório para a sociedade, pois apenas a geração de empregos ou a revitalização de uma determinada zona urbana, com incremento do turismo, não são razões suficientes para desenvolvê-lo. A população está insatisfeita com o projeto e preocupada com a oneração indefinida do Estado, que investe nesses tipos de mega empreendimentos, mas deixa de investir em educação, saúde, segurança e transportes públicos de qualidade. Veja o Relatório de Impacto do Meio Ambiente – RIMA – do Acquario Ceará, o qual destaca muitas vantagens e poucas desvantagens do projeto (Disponível em: <http://www.semace.ce.gov.br/wp-content/uploads/2011/11/FORTALEZA-AQUARIO.pdf>. Acesso em: 03 maio 2012.)

172 O Brasil foi eleito para sediar a Copa do Mundo de 2014. Doze cidades vão receber o mundial - Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE) e Salvador (BA) - e, para isso, precisam correr contra o tempo. Serão necessárias reformas ou construções dos estádios e a melhoraria da infraestrutura de cada uma delas para receber as seleções e torcedores estrangeiros. O governo do Estado do Ceará pretende ampliar a rede viária estruturante da RMF. A estimativa de investimentos para o ano de 2010 era de R$ 128 milhões em obras e R$ 45 milhões em desapropriações. O plano da Infraero prevê investimentos de R$ 583,5 milhões em várias obras, como novo terminal, ampliação do estacionamento, construção de área para manutenção de aeronaves. (São os dados fornecidos pela da Subcomissão Permanente para Acompanhamento, Fiscalização e Controle dos Recursos Públicos destinados à Copa de 2014. Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/3624/copa_2014.pdf?sequence=1> Acesso em: 03 maio 2012.)

173 A íntegra da representação está disponível em:

cabíveis.

Contra referida norma, o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, propôs, no Supremo Tribunal Federal (STF), a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4615, pugnando, cautelarmente, pela retirada de validade de todos os artigos da Lei Estadual n. 14.882/11, por entender que esta contraria o art. 24, inciso VI, e o art. 225, ambos da CF/88, e a interpretação remansosa e pacífica que lhes dá o STF.

A ADI afirma ter a Lei Estadual combatida extirpado a competência da União para legislar sobre a matéria, eis que responsável por fixar as normas gerais da Política Nacional do Meio Ambiente. Alega, ainda, que a norma impugnada retira do órgão ambiental do estado do Ceará a competência para avaliar, no caso concreto, a dimensão do potencial lesivo da atividade submetida ao processo de licenciamento simplificado por autodeclaração, assim como daquelas consideradas estratégicas para o Estado, e, a partir disso, definir os estudos técnicos indispensáveis à concessão da licença, ferindo diretamente o art. 225 da CF/88.

A ADI foi distribuída ao ministro Joaquim Barbosa em 07 de junho de 2011, que, na ocasião, deixou de apreciar a cautelar requerida, para adotar o rito do art. 12 da Lei 9.868/1999, “em face da relevância da matéria, solicitando informações definitivas à Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e ao Governador do Estado do Ceará, a serem prestadas no prazo de dez dias. Em seguida, abriu-se vistas, sucessivamente, por cinco dias, ao Advogado-Geral da União e ao Procurador-Geral da República, que opinou pelo conhecimento e procedência do pedido. Conclusos os autos em 27 de fevereiro de 2012, aguardando, desde então, manifestação do Ministro Relator, que até a data de hoje não prolatou nenhuma decisão.

Importa frisar que, de fato, a matéria é bastante relevante, eis que a aprovação e a vigência da Lei Estadual n. 14.882/11 representam um retrocesso dos avanços conquistados, a duras penas, na questão ambiental. Enquanto aguardamos a decisão do ministro Joaquim Barbosa, muitos empreendimentos “estratégicos” para o Estado do Ceará poderão ser implementados, em total desobediência à CF/88 e às normas de regulamentam o Licenciamento Ambiental Ordinário, ao qual deveriam submeter-se tais obras estratégicas, posto que essencial é a analise pelos órgãos ambientais competentes dos impactos negativos decorrentes das mesmas, a fim de evitar danos futuros, e mitigar ou compensar os danos inevitáveis.

É lamentável, mas se observa das ações do Legislativo brasileiro um posicionamento retrógrado quanto aos avanços constitucionais na questão ambiental, como é o caso da polêmica reforma do Código Florestal, que representava, à toda evidência, uma agressão ao direito fundamental ao meio ambiente equilibrado, e um retrocesso da proteção do bem ambiental, em prol de interesses econômicos do agronegócio, diminuindo as margens de preservação das Áreas de Preservação Permanente (APP) e impondo uma recuperação menos rígida das áreas indevidamente desmatadas.

Apesar das polêmicas e discussões sobre as modificações a serem implementadas, a Lei nº 12.651, conhecida como “novo Código Florestal”, foi aprovada em 25 de maio de 2012, revogando o antigo Código Florestal (Lei 4.771/65).

Inconformada, a sociedade e entidades ambientais organizaram o movimento denominado “Veta Dilma”, a fim de pressionar a presidente Dilma Rousseff a vetar integralmente o projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados. A Presidente da República, por fim, vetou 12 itens e fez 32 modificações no texto do novo Código Florestal, por entender que “nenhuma legislação nova deve enfraquecer a proteção ao meio ambiente”, asseverando, ainda, que “vamos continuar crescendo de forma sustentável, com a preservação e a recuperação das áreas desmatadas indevidamente - margens de rios, nascentes e topos dos morros”174. Apesar dos vetos e das modificações, o resultado final ainda não atendeu

satisfatoriamente ao interesse da sociedade e dos ambientalistas, por entender que a Lei 4.771/65 deveria permanecer inalterada, posto que mais protetiva e benéfica ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

A modificação do Código Florestal tem influência direta no Licenciamento Ambiental, posto que também alterou a delimitação das Áreas de Preservação Permanente (APPs), as quais devem ser preservadas em sua totalidade, só podendo haver qualquer atividade potencialmente poluidora nestas em situações excepcionais, consoante veremos no próximo tópico.

Quanto à Lei Estadual n. 14.882/11, esta permitirá, enquanto vigorar, que obras e empreendimentos potencialmente poluidores se instalem sem o devido licenciamento ambiental, acarretando riscos ao meio ambiente e ao bem estar da população.