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2. COMPOSITORES DO PERÍODO JOANINO

2.2. MARCOS PORTUGAL

Dentre os artistas que envolveram a atmosfera musical de Brasil e Portugal, pode-se dizer que o compositor de mais destaque que viveu no período joanino foi, sem dúvida, Marcos Portugal, considerado, também, o compositor português com maior repercussão internacional de todos os tempos.

A importância da composição dele ultrapassa as fronteiras, visto que um vasto repertório foi deixado pelo génio, além do limite territorial luso-brasileiro, estendendo para outros continentes. Assim como Portugal, o Brasil também recebeu uma valiosa gama de obras, pois o compositor, além do mais, compôs um Hino da Independência do Brasil que foi cantado nas comemorações do dia 7 de Setembro durante muitos anos.

No ano de 2012, se teve a honra de comemorar os 250 anos de nascimento desta figura da música luso-brasileira. O mais importante registro dessa comemoração foi publicado pela Biblioteca Nacional de Portugal com o título A Obra Religiosa de Marcos António Portugal

(1762-1830): catálogo temático, critica de fontes e de texto, e proposta de cronologia, cujo

lançamento foi acompanhado de uma extensa exposição, envolvendo todas as áreas de sua produção religiosa, dramática e pedagógica.

Figura 9 – Retrato de Marcos Portugal, Anónimo14. Fonte: Carvalho 2008: 32.

Segundo dados bibliográficos 15 . Marcos António da Fonseca

Portugal, internacionalmente conhecido como Marcos Portugal, nasceu na freguesia de Santa Isabel, em Lisboa, no dia 24 de Março de 1762; filho de Manuel António Ascensão e de Joaquina Tereza da Fonseca, casou se com Dona Maria Joanna Portugal. Seu nome de batismo era Marcos António Ascensão, sendo posteriormente acrescentado Fonseca Portugal no lugar de seu último sobrenome.

O historiador César de Carvalho (2008) divide toda a biografia e a atividade musical de Marcos Portugal em quatro períodos distintos: o primeiro se passa em Lisboa desde o seu nascimento até 1792; o segundo é passado na Itália, mais precisamente em Nápoles, até cerca de 1800; o terceiro é vivido novamente em Lisboa onde permaneceu até 1810 e o quarto período é vivido no Brasil desde 1810 até à data de sua morte, em 1830, no Rio de Janeiro.

No dia 6 de agosto de 1771, Marcos Portugal inicia seus estudos no seminário patriarcal de Lisboa com 9 anos de idade; o pequeno compositor começa a ter aulas de composição com o mestre e compositor João de Souza Carvalho, que era o diretor do seminário naquele momento, tendo aprendido também canto e órgão com o cantor italiano Borselli, que fazia parte da Ópera de Lisboa.

14 Segundo as hipóteses mais avançadas, este quadro não fora pintado por um autor português. Provavelmente venha da escola de Veneza, no norte da Itália, em meados da última década do século XVIII.

Ao deixar as terras portuguesas para ir a Madrid, Borselli pede para Marcos Portugal o acompanhar ocupando o lugar de cravista acompanhador na ópera italiana. Na Espanha, o jovem génio já encantava a todos com sua intensa musicalidade ao cravo e na música dramática. Seu prestígio fora de tal tamanho, que o embaixador português em Madrid o apoiou para seguir com seus estudos musicais posteriormente na Itália.

Com apenas quatorze anos, Marcos Portugal já estava compondo. Pelos registros, sua primeira obra foi um Miserere para quatro vozes e órgão. Além da composição, o jovem também se destacava em seus estudos de italiano, de órgão e canto, onde era considerado um ótimo tenor.

No dia 3 de julho de 1783, aos seus vinte e um anos, foi admitido pela Irmandade dos Músicos de Santa Cecília, onde exerceu a função de cantor e organista na capela da Patriarcal. Pode-se dizer que foi a partir deste instante que o referido artista iniciou suas atividades como compositor de música religiosa, onde se pode ressaltar as missas, motetos e salmos, sendo então o marco de início de sua carreira de compositor que se estenderia pela frente.

Nesse mesmo período, o compositor era conhecido apenas como Marcos pelos músicos daquele local. Em registro de documentos escritos na Irmandade de Santa Cecília, averígua-se que, por alguns anos, o compositor assinava seu nome como Marcos António. Esse nome também se encontra nas primeiras partituras assinadas por ele, vindo a ser mudado posteriormente, adicionando um apelido sonante, vindo do padrinho de casamento de seus pais, o capitão José Correia da Fonseca Portugal, passando a assinar então seu nome que vai lhe popularizar pelo mundo.

Sua primeira obra teatral foi a farsa A casa de Pasto, representada em 1785, após assumir o posto de diretor da orquestra do Teatro do Salitre, onde trabalhara apresentando

entremezes, farsas e pequenas óperas com textos também em língua portuguesa.

Segundo César de Carvalho, no período de sete anos após 1785, Marcos Portugal compôs inúmeras farsas e burlettas, tornando notável seu valor em muitas obras, com destaque para Idíleo aos Felicíssimos Anos da Senhora Enfanta Carlota Joaquina, representada em 25 de abril de 1788 no Teatro de Salitre. No folheto impresso para a mesma obra, citado por César de Carvalho, encontra-se o seguinte texto: “O Idíleo composto por José Procópio Monteiro, cómico do mesmo theatro. Música de Marcos Antonio da Fonseca Portugal, mestre de música do mesmo theatro, e organista compositor da Santa Egreja Patriarchal” (Carvalho 2008: 33). No mesmo período são destaques também as obras Licença

O autor Sousa Bastos menciona que entre 1787 e 1790, o referido músico atinge o auge de seu sucesso nas terras portuguesas. Em sua vinda de Madrid para Lisboa, foi nomeado mestre de Capela Real, compositor, organista da Igreja Patriarcal e regente do Teatro do Salitre. Neste período, ele escreve música para diversas farsas, burlettas e dramas alegóricos para o Teatro de Salitre, além de uma oratória em italiano de Luiz Torriano, que em 1788 foi escrita dedicada à Senhora da Conceição, cujo o título é La Puríssima Concezzionedi Maria

Santíssima Madre di Dio. Diante de seu momento de fama, Marcos Portugal estreitou suas

relações com a Corte e a Família Real, sendo muito conceituado e respeitado em todo o país. Entre 1790 e 1792, os últimos anos do primeiro período descrito anteriormente por César de Carvalho, Marcos Portugal escreveu algumas de suas maiores obras musicais, como as burlettas, traduzidas do italiano, A Noiva Fingida, Os Viajantes Ditosos e O Lunático

Iludido. É importante ressaltar-se que nas primeiras publicações feitas pelo Jornal de Modinha de Lisboa estavam as obras de Marcos Portugal, que passou a circular a partir do

ano 1792 na mesma cidade. Desse mesmo ano em diante tem início o segundo período das atividades musicais do compositor, que irá partir para a Itália e, durante os próximos oito anos, alcançará sua maior fama internacional.

Assim como já citado, seu professor de canto Borselli partiu para Madrid. Marcos Portugal por sua vez, com todo seu prestígio, conseguiu seu desejo de se mudar para Nápoles, onde se encontrava o maior centro de ensino musical italiano da época. Mesmo não tendo recursos financeiros para se manter, devido ao seu envolvimento com a Corte e Família Real se tonou pensionista com proteção régia.

David Cramer (2010) acredita que provavelmente ele já tenha viajado com a clara intenção de iniciar uma carreira de composição de ópera italiana, tendo recebido um subsídio durante a sua estadia na Itália. Nos libretos das estreias de suas óperas é citado claramente que o compositor esteve ao serviço de Sua Majestade Fidelíssima, a Rainha de Portugal. Provavelmente foi uma iniciativa de D. João16, cuja o músico tinha uma estreita relação, que

duraria por aproximadamente trinta anos.

Neste momento, ao contrário de seus predecessores, Marcos Portugal já não está mais em sua fase estudos, mas sim apresenta-se como compositor já completo. No entanto, ainda no ano 1793, foi representada no Teatro Della Pergola, em Florença, a sua ópera séria L'Eroe

Cinese (O herói Chinês), cujo texto era de um poema de Metastásio. Nesse mesmo ano, com

16 Há uma outra razão para esta probabilidade: a loucura de D. Maria foi declarada nesse mesmo ano de 1792 passando D. João a ser, oficialmente, príncipe regente.

muito êxito e aceitação do público, representou-se ainda as suas óperas buffeI Due Gobbi (Os dois corcundas), La bacheta portentosa (O Portentoso Bacheta) e L'Astuto (O Astuto), no Teatro Palla Corda, também na cidade de Florença. E em Veneza, no Teatro San-Moisé, a ópera Il Molinaro e as farsas Il Principe Spazzacamino e Rinaldo d'Asti. Também na Itália, em 8 de fevereiro de 1794 apresentou-se pela primeira vez a ópera Il Demofoonte no Teatro Alla Scala de Milão.

Do final de 1794 até o início de 1796, Marcos Portugal esteve em Lisboa, sabe-se que nesse período foi executado alguma de suas obras, no teatro da Rua dos Condes, as farsas O

Basculho da Chaminé e Rinaldo d'Asti. Também pode-se citar a cantata Il Natale d'Ulisse e

um motete que foram apresentados no Palácio do Real Castelo, também em Lisboa.

César de Carvalho (2008) assinala que, nesse mesmo período, não se pode deixar de destacar algumas obras de caráter religioso que o compositor escreveu por ordem do Príncipe Regente, para celebrar o nascimento de pessoas reais, como é o caso de um Te Deum, que foi executado pela primeira vez em 1793 no Paço de Queluz, e novamente em 1795, quando ele esteve em Lisboa, como citado acima.

Mesmo estando uma parte do período em Portugal, há relatos que, entre 1794 até 1799, Marcos Portugal compôs mais de vinte óperas que tiveram muito sucesso em praticamente toda Itália, com destaque para as obras Los pazza camino príncipe e Le donne cambiate, ambas estreadas no Teatro de San Moisè, respectivamente em 1794 e 1797, Demofoonte, apresentada em 1794 no Alla Scala de Milão, e Il retorno di Serse, também apresentado em 1794 no Teatro ala Pallacorda, em Florença, e L’equivoco in equivoco, representada no início de 1798 pela primeira vez em Verona.

Pode-se referir também um recitativo e uma canzonetta escritos pelo compositor para o

intermezzo L'Amore Industrioso e a ópera de dois atos Le Nozzedi Figaro, estreada em 26 de

dezembro de 1799, no Teatro Vernier in San Benedetto, em Veneza. A última obra apresentada na Itália foi em 14 de fevereiro de 1800, a ópera I Sacrifizi d'Ecate, o sia, Idante, encenada no teatro Alla Scala de Milão.

O noticiado músico regressa então a Lisboa em 1800, podendo-se dizer que esse foi um dos períodos de maior sucesso dele. Seu prestigio no país era tanto que, de imediato, lhe foram oferecido cargos de grande importância; a cedência, tida como uma grande honra, por parte de seu cunhado Leal Moreira, do cargo de mestre da Capela Real que então ocupava, prova isso mesmo; também o prestigiado cantor e empresário do Teatro São Carlos Girolamo Crescentini ofereceu-lhe o cargo de regente e compositor do mesmo teatro.

Além de ser nomeado com honra em muitos cargos, no mencionado período seu prestígio foi extremamente alcançado, sua música se tornou praticamente global, sendo as suas obras traduzidas para vários idiomas da Europa. A sua música contribuiu grandiosamente para o enriquecimento do património musical de Portugal. Pode-se observar nas palavras de Carvalho:

O seu inegável valor e, atravessando um período de ouro (as suas obras eram tocadas e ouvidas e tinham grande sucesso), deixou bem marcados a boa reputação e talento de um homem que muito contribuiu para o enriquecimento do patrimonio musical português, bem como para projecção da sua música para um nível quase diria mundial (Carvalho 2008: 35).

Foram anos de ouro para as composições de óperas; ainda no ano de 1800, por parte dele, foi apresentada a obra Adrasto, Re d`Eggito, a primeira ópera que escreveu para o Teatro de São Carlos. Já no ano seguinte, Marcos Portugal escreveu as óperas L’Isola Piacevole e La

Morte de Semiramide, sendo a última do libreto de Giuseppe Caravita, inspirada na tragédia

homónima de Voltaire. O autor acima relata que, no mesmo ano de 1801, “quando reabriu o teatro italiano em Paris, por influência de Bonaparte, cantou-se a obra Non Irritar Le Donne, de Marcos Portugal, tendo sido publicada nessa ocasião, uma elogiosa apreciação da ópera, no jornal Le Moniteur Universel”(Carvalho 2008: 35).

Em 1802, o músico compôs as óperas Zaira e Il Trionfo di Clelia, e também apresentada a farsa La Saloia Enamorada. É de importância saber que todas estas óperas sérias foram compostas para o Teatro de São Carlos.

Segundo Carvalho, no ano de 1804 foi a vez de algumas obras de grande sucesso, como a ópera jocosa L`Oro Non Compra Amore, assim como as óperas Merope e L`Argeni de Ossia

Il retorno di Serse, que foi estreada para celebrar o aniversário do rei no dia 13 de maio.

David Cranmer afirma que uma nova versão de Il retorno di Serse foi apresentada, a qual, desde já pela mudança de título, destacava mais o papel da prima donna “Angelica Catalani, em detrimento do tenor Domênico Mombelli, que cantou o papel de Serse, quer na versão original em Florença, quer no São Carlos” (Cranmer 2010: 57). Cranmer relata ainda que, na primavera deste mesmo ano, foi encenada a farsa Le Donne Combiate (As Damas trocadas), em uma noite de especial benefício ao baixo Antonio Palmini; a escolha do repertório deste espetáculo foi feita pelo próprio baixo, pois já havia cantado esta mesma obra em 1798, no Teatro San Samuele em Veneza, e no carnaval de1801, no Teatro Santo Agostinho em Génova:

A prima donna, Elisabetta Gafforini, também conhecia bem esta ópera, pois já havia desempenhado o papel da Condessa Ernesta no Teatro Avvalorati, Livorno, em 1798, no Teatro Cesareo Regio, Trieste, em 1799, no Teatro Carignano, Turim, em 1800, e no Scala de Milão, em 1801. Nesta última produção foram cortadas a segunda ária da Condessa, assim como a segunda de Carlotta (a outra “dama trocada”) e o dueto da Condessa com o Conde. Em Lisboa, essas duas árias também foram cortadas e Marcos Portugal compôs um novo dueto para Gafforini e o célebre basso buffo, Giuseppe Naldi, no papel do Conde, o melhor número de toda a ópera, na opinião do presente autor (Cranmer 2010: 58).

Deve-se ter em mente que grande parte das obras de Marcos Portugal, após suas estreias, continuaram sendo interpretadas por artistas renomados em várias partes do mundo. Esse facto ocorreu, por exemplo, com a ópera Fernando im Messico que, segundo Carvalho, “em 1798 foi cantada no S. Carlos em Lisboa, em 1804 e 1805, cantou-se em Londres com grande êxito, pela célebre cantora inglesa Elisabeth Bellington” (Carvalho 2008: 36).

Ainda no ano de 1804, Marcos Portugal compôs outras óperas que foram apresentadas com grande êxito, com destaque para Il Duca di Foix, Ginevradi Scozia e Sofonisba, sendo esta última apresentada no Teatro da Rua dos Condes. César de Carvalho também nota que o compositor escreveu mais duas óperas no ano de 1806, sendo elas Artaxerse e La Morte di

Mitridate.

Assim como já referido, no final do mês de julho de 1807 Napoleão Bonaparte preparou suas tropas em uma fronteira no norte da Espanha, para a invasão portuguesa, depois que a França intimou Portugal para cumprimento do bloqueio à Inglaterra. As tropas que receberam ordens para a invasão do solo português eram comandadas por Junot, que foi embaixador em Portugal em 1805 e, portanto, já conhecia muito bem o país.

No final de novembro, Dom João e toda a Família Real partiam para o Brasil, quando as tropas francesas chegavam junto de Lisboa e tomavam o poder. O rei e toda a corte ficaram então refugiados no Rio de Janeiro.

Marcos Portugal permaneceu em Lisboa. Carvalho acredita que o facto de o compositor não acompanhar o príncipe regente, deva ser para não tomar uma posição política precipitada, mantendo, assim, uma posição ambígua. Para o compositor, na altura dos acontecimentos, e por sua própria posição de músico da corte, foi mais interessante satisfazer as vontades tanto do rei Dom João, como também de Junot: “Marcos Portugal evitou uma possível rejeição ou inimizade com qualquer das partes, o que poderia eventualmente beliscar o seu bom nome e reputação” (Carvalho 2008: 37).

Durante este período, o músico compôs um tiple 17e uma missa para quatro vozes e seis

órgãos, sendo que a última foi escrita para a basílica de Mafra. Ainda no ano de 1808, o compositor cantou sua última obra, que foi composta originalmente em Milão: a ópera

Demofoonte foi apresentada em um grande espetáculo de gala em 15 de agosto, celebrando o

aniversário de Napoleão Bonaparte. Por este facto, Cranmer (2010: 58) deixa um questionamento em aberto: até que ponto o compositor teve uma atitude voluntária com o inimigo, ou foi obrigado a fazer isso contra a sua própria vontade? O que é certo é que, de certa forma, Marcos Portugal ganhava prestígio com Junot, a quem dedicou um Te Deum, pois após ter ouvido várias de suas obras o ex-embaixador mandou copiá-las e enviou as mesmas para Napoleão.

Provando que o seu prestígio estava intacto, o compositor escreveu e dirigiu um Te

Deum, por ordem do Senado, para celebrar a comemoração da Convenção de Sintra, após a

saída dos franceses das terras portuguesas. É de grande interesse destacar que a música desta obra teve a autoria do próprio compositor e de seu cunhado compositor Leal Moreira. Para esta comemoração, celebrada com grandes festas, também foi composta uma Missa Solemnis.

Em 1809, Marcos Portugal compôs a peça La Speranza, o sai, L`Augurio Felice, que foi recitada no Teatro de São Carlos, em homenagem ao aniversário do rei Dom João. Segundo César de Carvalho, esta cantata terminava com um hino, que se tornou o hino oficial de Portugal até 1834. O mesmo ficou conhecido por Hino do Príncipe, e posteriormente Hino de Dom João VI.

Segundo o autor acima, a última obra apresentada pelo compositor, antes de partir para o Brasil, foi La Donna di Genio Volubile, ensaiada e dirigida por ele mesmo, e recitada para celebração de um ano da evacuação dos franceses: “organizou-se uma sociedade de artistas, da qual Marcos Portugal fazia parte, para darem três récitas durante os três dias em que se festejou o primeiro aniversário da retirada dos franceses. Representou-se então a obra `La Donna di Genio Volubile” (Carvalho 2008: 38).

Em agosto de 1810, Marcos Portugal recebeu instruções explícitas de Dom João VI para que se deslocasse para o Brasil; embarcou em 6 de marco de 1811 e chegou no Rio de Janeiro no dia 11 de julho, juntamente com seu irmão Simão Victorino de Portugal e alguns músicos que também foram convidados para a Capela Real, Real Câmara e Real Teatro do Rio de Janeiro.

17 Obra escrita para soprano, ou a voz mais aguda. O tiple foi uma das obras religiosas atribuídas a Marcos Portugal, e segundo César de Carvalho (2008), escrita provavelmente em 1806. O manuscrito se encontra na biblioteca municipal de Braga.

Sabe-se que Marcos Portugal foi muito bem recebido pela corte de Dom João, e lhe foram concebidos cargos importantes mesmo antes até de sua chegada. Pode-se observar mais detalhes segundo a afirmação de David Cranmer:

Sua nomeação enquanto Mestre de Suas Altezas Reais, cargo já assumido desde pelo menos 1809 (in absentia), foi confirmada, tendo-se tornado igualmente, para todos os efeitos, compositor oficial da corte, na sequência dos cargos de “compositor da Sé Patriarcal” e “compositor da Real Câmara”, os quais já detinha em Lisboa. Poucos meses depois da sua chegada foi incumbido adicionalmente da direção e inspeção dos teatros – por um lado, o Teatro Régio, um teatro público gerido pelo empresário Manuel Luiz Ferreira, seu proprietário, até 1813, altura em que foi substituído pelo novo Real Teatro de São João; por outro, os espetáculos realizados no Palácio da Quinta da Boa Vista (Cranmer 2010: 59).

Já de sua chegada ao Brasil, compôs uma missa a quatro vozes e orquestra completa, além de algumas matinas para o Natal. Segundo César de Carvalho (2008), tanto o compositor, quanto os músicos vindos da Capela Real de Lisboa não tiveram uma boa relação