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Durante os anos 1950, empresários agrícolas brasileiros começaram a demonstrar grande interesse pelas terras do oriente paraguaio, dado o fato de as terras mais ao norte, nos departamentos de Canindeyú e Amambay, serem consideradas áreas potencialmente favoráveis à expansão da cafeicultura brasileira. Algumas companhias passaram a adquirir grandes extensões nessa região, a exemplo do latifundiário Geremias Lunardelli (então rei do café), que comprou da Cia. Matte Laranjeira mais de 450.000ha de terras. Entretanto, as condições climáticas da região subtropical logo revelaram-se pouco favoráveis a essa cultura, o que fez o empreendimento cafeeiro de Lunardelli retroceder, obrigando-o a seccionar suas terras em propriedades menores e revendê-las a grandes especuladores e empresas de colonização e de exploração madeireira (Laino, 1979).

O interesse brasileiro por essa zona de fronteira voltou à tona no início dos anos 1960, e em 1970 muitos imigrantes começaram a ingressar na região, concentrando-se inicialmente no departamento de Alto Paraná e avançando em direção ao norte de Canindeyú e Amambay. Os números de ingresso são surpreendentes, apesar de as estimativas serem todas bastante imprecisas. Segundo Kohlhepp(1984), em 1962 não havia mais que 2.250 colonos brasileiros nesses três departamentos, o que representava pouco mais de 4% da população local; já em 1972 esse número havia saltado para 29.000, e em 1983 alcançara, segundo esse mesmo autor, um número de 320.000 imigrantes. Outros autores, como Hay (1982), Pébayle (1994), Souchaud (2002), chegam a estimativas que variam de 350.000 à impressionante cifra de 500.000 brasileiros no país, predominando nos departamentos orientais 70.

Como explicitamos no capítulo anterior, parte substancial do fluxo migratório brasileiro para o Paraguai se deu em razão da existência de um contingente populacional excedente, fruto dos efeitos colaterais da modernização da agricultura no Sul do Brasil. Foi impulsionado também como desdobramento da necessidade acumulativa do capital oligopolista e monopolista ligado ao agronegócio que ansiava pela abertura e expansão de novas áreas de fronteiras, e porque os arranjos geopolíticos da conjuntura dos anos

70 Essas estimativas são, de modo geral, bastante controversas, pois não se baseiam em metodologias comuns. Mesmo as de caráter oficial pecam pela dificuldade de abrangência, posto que muitos recenseados omitem sua situação legal, ou informam dados incompletos acerca da família. Propostas mais atuais têm sugerido um levantamento que leve em conta variáveis que relacionem o idioma franco e o praticado no âmbito familiar como melhor indicativo tanto da realidade social quanto da origem dessas populações.

1960 e 1970 entre Brasil e Paraguai se mostraram particularmente atraentes. Foi dentro desse quadro de ordenação de interesses que a nova fronteira se constituiu. Ao mesmo tempo em que estabelecia novos arranjos produtivos e introduzia inovações técnológicas, recriava as condições de exclusão e subordinação da agricultura camponesa, tal qual a vivida pelos colonos sulistas no Brasil, vis-à-vis com o arcaísmo do mundo rural paraguaio.

Destarte, os mecanismos de ocupação e colonização de brasileiros na regiâo se deram sob três formas principais: a primeira, baseada nos setores mais dinâmicos da agricultura empresarial, radicada fundamentalmente na disponibilidade de terras, na fertilidade dos solos basálticos e nas vantagens diferenciais em relação à produção e preços praticados no Brasil; a segunda, efetivada pelos pequenos e médios colonos sulistas, cujo acesso à terra se deu basicamente sob a égide das empresas de colonização, que viam na venda de pequenos e médios lotes, a preços atraentes, um excelente negócio, e a terceira pela prática disseminada entre os pequenos agricultores paraguaios em vender seus direitos de ocupação, com as melhorias inclusas, aos colonos brasileiros mais capitalizados. Essas melhorias inclusas eram, segundo o Sr. Ramóm Baéz, a limpeza do terreno. Tentando me explicar o que ocorria numa conversa em “portunhol” ele relatou um pouco desse comportamento:

Ahora se tá acabando

Porque hay mucha venda de tierra por paraguayo, vende, depois vai hacemo manifestación, son sin-tierra, e ahora se tá sendo levantamiento se já possuiu tierra você non tiene más derecho. Ganhavan su tierra e vendian, o pegava toda madera e deixava. E ahora tá siendo acabado. Tudo mundo acabô, vende pro Brasil.71

Essa prática, como já mencionamos, era a forma provisória encontrada por esses campesinos para adiar seu crescente processo de pauperização, ao qual foram submetidos em razão de sua incalculada inserção na econômia de mercado. Tal comportamento passou a assumir características estigmatizantes na visão dos demais agricultores que também se estabeleceram na região da fronteira oriental. Muitos agricultores teuto-brasileiros vêem os campesinos paraguaios como pessoas pouco afetas à dura realidade do trabalho no campo e essa visão se manifesta em vários relatos

71 Relato Sr. Ramón Baez – primeiro comerciante paraguaio estabelecido em Katueté por volta de 1973. O Sr. Baez nasceu em Vila Rica no departamento de Guairá, em fevereiro de 1939, e mudou- se para Katueté atraído pelo boon colonizador dos anos 1970.

coletados entre moradores da região da zona alta do departamento de Canindeyú, como este de um colono de Katueté, o Sr. Soder, segundo o qual

Esse povo não fica na tera deles. Isso é engraçado. Não, ele é que nem os sem-tera do Brasil, muitos deles , porque ele vai fazê o protesto,vai pros barraco ali fazê manifestação e coisa e tal, porque qué tera, porque qué tera. Aí se dá tera pra ele, ele consegue tera aí ele vai até que tem madeira essa coisa assim, ele vende, depois quando chega na hora de cultivá a tera di dii plantá... ele não qué, vende pruns troco lá para frente ehh, e volta se acampá de novo... vira aquela coisa sabe? e daí eles acaba falando que disse que o migrante aqui dentro não sei o quê, não sei o quê, disse que e eles se sentem é, disse que sentem estrangero no próprio país deles, o que não é verdade…. 72

Ela também pode ser observada, de modo recorrente, na fala de moradores de outras localidades, como em La Paloma, onde a atividade do movimento campesino tem se mostrado bastante ativa nos últimos anos. A fala do casal de imigrantes brasileiros Benedito e Fátima Sartori, oriundos da cidade de Marialva, região norte do estado do Paraná e há mais de quinze anos radicados em La Paloma, é bastante elucidativa a esse respeito e parece reproduzir uma visão comum que muitos moradores da região compartilham sobre os campesinos paraguaios. Nela observamos o mesmo estigma, que parece caracterizar uma prática comum entre esses assentados.

O negócio deles é pegá o dinhero do banco, e não pagá, eles num qué terra. Ali no Santa Maria (bairro rural próximo ao distrito de Puente Kyhjá) entrando às dereita, depois de Puente Kyjhá tem um assentamento tudo de campesino, ali tudo foi assentado há uns dois anos, só que vão supor, oitenta por cento tá vendendo…

- Vende para quem?

Vende pra brasileiro, pra paraguaio, pra prantá soja, aí eles vão embora desbravá otras terra..

Vão supor, eles entra numa mata, eles tira madera tudo, vende e depois vende as terra pros brasileiro destocá, plantá soja e depois vai pegá terra notro lugar…73

A entrada da maioria dos campesinos paraguaios na região oriental ao longo das últimas três décadas ocorreu a partir de duas condicionantes orquestradas pelo IBR, que visava, primeiro, atender às demandas e conveniências políticas e prebendárias de

72 Relato do Sr. Lécio Soder, 51 anos. Katueté, 03 de jun. 2007 73

pessoas ligadas ao regime stronista e, segundo, atingir as metas institucionais de modernização e capacitação da agricultura na região, com o fito de incrementar e acelar a produção de títulos de exportação que contribuíssem com os processos de acumulação de capital dominantes no país (Laino, 1979), (Palau & Heikel, 1987).

Ambas as formas de penetração (como denominam vários autores paraguaios) conviveram em algum grau com meios violentos e compulsivos de expropriação das terras ocupadas anteriormente por posseiros paraguaios e pequenos agricultores brasileiros sem titularidade. Tais ocupações, segundo Palau& Heikel (1987), precediam a venda das ditas terras por parte do IBR ou pelos latifundiários privados, o que denota o caráter espontâneo dessas ocupações, que de certa modo acabaram contribuindo para a constituição de um futuro exército de mão-de-obra excedente e barata, disponível tanto para as grandes agroindústrias como para os colonos do tipo farmers.

Essa conformação social se constitui em termos analíticos naquilo que Foweraker (1981) denomina estágios do processo de expansão da fronteira. Isso nos remete aos abridores de mata e cultivadores pioneiros, que no embate com os agricultores capitalistas mais poderosos são expropriados não apenas da terra que ocupam, mas do valor por eles agregado a ela, tanto pela abertura e limpeza dos terrenos quanto pelos primeiros cultivos que fizeram.

Há que se observar também que, diferentemente das empresas multinacionais ligadas ao agronegócio, que por razões estratégicas e de legitimação de seus negócios no país optavam preferencialmente pelo emprego de trabalhadores paraguaios em suas unidades de produção e lavouras, as empresas de capital brasileiro preferiam contratar trabalhadores provenientes do Brasil. Tal preferência não se dava por razões de caráter nacionalista, como queriam crer muitos paraguaios radicados na região, mas, sim, pela maior margem de ganho que essa mão-de-obra oferecia aos empregadores brasileiros. Eles se valiam da vulnerabilidade social desses imigrantes ilegais, que evidentemente não estavam sujeitos a nenhuma norma regimental ou de direitos trabalhistas existentes no país. 74

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A condição desses trabalhadores brasileiros no Paraguai é descrita de modo bastante preciso por Palau&Heikel, nos seguinte termos: “Los trabajadores temporales de nacionalidad brasileña, por lo general son aparceros, medieros o porcenteros a los que ya se les venció el contrato y no encontrando otras tierras que arrendar quedaron como fuerza de trabajo libre en el Paraguay. O bien son ex arrendatarios o aparceros, medieros o porcenteros del Brasil convertidos ya en ‘boias frias’ allá mismo por el proceso de concentración y expulsión. En general, suelen ser contratados ya allá por los empreiteros, formando parte de esta manera de un contingente de mano de obra agrícola superflua que al exceder la demanda potencial del mercado de trabajo se convierten en una masa de subempleados y sob reexplotados constituyendo un subproletariado rural y urbano en estado de continua movilidad; movilidad

A sujeição dessa massa amorfa e desenraizada de trabalhadores rurais brasileiros, que Stroessner denominava “negros”, foi fundamental para a viabilidade dos fluxos migratórios que se estabeleceram posteriormente e que implementaram a moderna agricultura comercial em terras paraguaias. Por outro lado, a constituição desse excedente de força de trabalho estava vinculada aos estágios sucessivos de exploração econômica levados a efeito nessa fronteira, perpassando a exploração madeireira, a introdução de culturas tradicionais, até a disseminação e predomínio das culturas comerciais e da pecuária intensiva. A disponibilidade dessa mão-de-obra e seu grau de exploração estão relacionados inversamente ao coeficiente de mecanização e de implementação de modernas tecnologias na agricultura, que, noutros termos, implicou uma relação causal entre a crescente mecanização e o aumento da taxa de desemprego, por um lado, e por outro a exigência de maior qualificação e conseqüente menor exploração da força de trabalho. O caso dos operadores de máquinas das agroindústrias é exemplo revelador dessa mudança, pois sua disponibilidade é muito menor do que a dos trabalhadores braçais, cujo emprego se dá nas etapas de abertura e limpeza dos terrenos que posteriormente são destinados às culturas mecanizadas do trigo e da soja. Tendo em conta certa tipologia, é possível constatar que os trabalhadores melhor remunerados são os paraguaios e os eurodescendentes e os pior remunerados são os trabalhadores brasileiros nativos, negros e indígenas de modo geral.

À medida que a expansão tecnológica avança, os lugares onde há maior demanda dessa força de trabalho se tornam cada vez mais distantes, condicionando, destarte, uma migração temporal mais prolongada no primeiro momento, até finalmente desenraizá-la por completo (Palau & Heikel, 1987). Tal fato é expresso no comportamento estigmatizante dos colonos teuto-brasileiros estabelecidos em Canindeyú, quando reafirmam o papel subalterno dos seus compatriotas pobres na formação daquela sociedade de fronteira, em frases do tipo “quando vem vindo a máquina, vai levando o negro pro mato”. Brutal constatação da essencialidade brasileira, como observa Pébayle(1994), que demonstra o quão essa sociedade é dividida pelo racismo ou, ao menos, pelo etnismo e pela diferenciação socioeconômica. Tal fato pode ser constatado numa fala como a do Sr. Joaquim de Miranda, que há 29 anos reside na região. Ele inicialmente trabalhou como lavrador e meeiro para alguns colonos, depois foi trabalhar como porteiro, cuidando da divisa de uma grande fazenda que se expresa incluso en migraciones internacionales intraregionales. (Op cit Palau & Heikel, 1987, p. 81)

nas proximidades de La Paloma e atualmente trabalha como vigia noturno num pequeno hotel em Katueté, propriedade de uma senhora paraguaia. Ele veio de Paranavaí, região noroeste do Paraná, para buscar a sorte no Paraguai e ainda labuta com seus 67 anos para garantir um sustento mínimo, num país onde previdência pública é um termo praticamente desconhecido. Segundo a sua fala,

O brasileiro aquí nunca tem razão, o brasileiro aquí tudo é discriminado, principalmente se a gente é pobre. Eu só não tenho pobrema porque tenho filho paraguaio e a patroa gosta muito de mim. Os rico despreza a gente, nem óia. É assim mesmo. A patroa mesmo gosta do Brasil, o passeio dela é nas praias do Brasil…75

Muito da sua fala informal denota certo ressentimento ante a população brasileira mais bem sucedida, o que é revalador da crescente estratificação social por que passam essas novas localidades do pós-fronteira, como Cruce Guarani, Corpus Cristis, Katueté, Puente Kyjhá e La Paloma.

A mobilidade espacial da população trabalhadora brasileira desenraizada leva a uma situação de sobre-exploração intensificada, se comparada à população camponesa paraguaia, que de modo geral se encontra em uma condição um pouco melhor. Em ambos os casos, trata-se de um processo em que esses pequenos produtores se vêem compelidos a buscar uma renda complementar, uma vez que as diminutas unidades produtivas por eles exploradas não lhes asseguram meios efetivos de sobrevivência.

Entretanto, esse recurso acaba se tornando recorrente, inviabilizando em definitivo a existência dessas mesmas unidades e seus arranjos adaptativos particulares.

O que se observa em Canindeyú e nas localidades por mim estudadas é que, à medida que ocorre uma gradual e progressiva capitalização das unidades produtivas mais dinâmicas, ocorre também uma paulatina eliminação das formas pré-capitalistas de arranjo familiar, transformando-se em formas produtivas mais explicitamente capitalistas, como as relações estabelecidas entre patrão e empresário e entre trabalhador rural fixo e trabalhador volante. Do mesmo modo, constataram Palau & Heikel (1987), em outras localidades da fronteira oriental, que, à medida que se vai intensificando a densidade técnica do processo produtivo, se vai dispensando mais rapidamente a força de trabalho, refletindo assim a tendência decrescente dos empregos no campo.

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Essa expansão tecnológica e a modernização agrícola têm levado também a uma crescente monopolização da terra, e a necessidade de tecnificação da produção faz com que as pequenas e médias unidades farmerizadas passem a orbitar em torno das grandes empresas agrícolas ou depender cada vez mais das cooperativas. Tal fenômeno tem levado à asfixia das unidades menores, que não conseguem manter-se dentro desse circuito produtivo, sendo paulatinamente incorporadas pelos vizinhos mais fortes, como ocorreu no Sul do Brasil, como nos dá conta o seguinte relato do Sr. Claudio Hobold sobre a situação vivida por muitos pequenos agricultores de Katueté e região:

O colono fraco não alcança hoje 30%. O pequenino mesmo que quebro. Esse foi embora, tão tudo no Mato Grosso, sem tera

- A maioria era peãonzada que tava por aí.Tem colono aí que tem tera aqui e tão acampados lá também, tem muito..

Eu conheço gente que tem 20ha, 5ha, 10ha e tão lá debaixo de lona... Tá arrendando a tera, tudo mecanizado. Não tem o que fazê, aí tão debaixo das lona lá..76

As pequenas propriedades mais fracas se viam condenadas à absorção pelas unidades maiores e mais dinâmicas, uma vez que seus custos de produção aumentavam com a implementação das modernas tecnologias e com a necessidade de mecanização.

A modernização, ao aumentar a produtividade das unidades maiores, contribuiu também para o aumento da produção nacional de grãos, beneficiando principalmente os médios empresários capitalistas, que eram mais receptivos às inovações do pacote modernizador e que também já dispunham de certo nível de capitalização, suficiente para garantir a quitação das dívidas contraídas junto aos bancos, o que em geral não ocorria com os pequenos agricultores, que, ao aderir à monocultura da soja e ao adotar o pacote modernizador, mesmo que de modo parcial, logo se viriam endividados junto aos bancos, comprometendo com isso a própria viabilidade de sua unidade.

Esse processo reproduziu de modo similar o fenômeno que ocorrera nas terras do extremo oeste paranaense ao longo da década de 1960, porém de modo mais rápido e intenso, como nos dão conta os depoimentos de antigos moradores de Katueté, como o dos senhores Constantino Salomon e José Branco.

O caso é que o banco sempre tomô conta né. Aquí começô a destoca, isso começô meio logo sabe… Isso não demorô a turma começô a abri... sabe como é que é o brasileiro... ele qué vê o pau caí… Não

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perduaram. Aí já começô a destoca e em três anos já tinha soja. Destoca com financiamento do banco, aí muita gente foi mal sabe… Poca maquinário para colhê soja aí perdero, perdero as teras.. Aí foi dificíl né...E depois os grande foram comprando e os pequenos se mandaram tudo… Assim aconteceu em Maripá, mesma coisa... mesmíssima coisa. 77

Hoje quem tem uns 50ha, consegue financiamento, mas depois não vai podê pagá né.

Que ele vai tê que comprá trator, comprá prantadera e isso tudo é caríssimo. Vai tê que comprá grade, vai tê que comprá coisa para veneno, não vô dizê ceifa né, ceifa ele pode fazê na ora de colhê, mais ceifa é difícil também.

Antes o pequeno conseguia tocá porque tinha trilhadera manual né. Ele levava com boi... Aí veio a mecanização e aí a mecanização tornô difícil para o pequeno né78

De modo geral, tanto os agricultores camponeses como os trabalhadores rurais sem terra pouco ou quase nada se beneficiaram dessa modernização, uma vez que as condições de sua reprodução social foram ameaçadas, tanto pela inacessibilidade às linhas de crédito quanto pela retração da oferta de empregos, cuja importância se perdeu ante o avanço das máquinas.