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Capítulo 1: Oito anos de funcionamento do Plano de Desenvolvimento Regional

2. Resultados do PDRSX

2.2 Análise dos projetos paralisados

2.2.3 Medidas de correção e/ou penalização dos projetos paralisados

Como foi dito anteriormente, falta uma padronização de protocolos de ação dentro do PDRSX para lidar com projetos paralisados. Entretanto, uma análise atenta dos relatórios do Instituto Avaliação e a participação em reuniões de câmaras técnicas (CTs) e do comitê gestor (CGDEX) permitem que se façam algumas considerações sobre os procedimentos de correção dos problemas e penalização dos proponentes de projetos paralisados.

À época da publicação do relatório gerencial do Instituto Avaliação de setembro de 2017 dezoito projetos estavam em processo de glosa, o que significa que o uso de parte do valor dos projetos não havia sido comprovado e por isso o proponente estava sendo orientado a fazer a comprovação do uso desses recursos dentro de um prazo estipulado ou então devolver os recursos. No anexo V da tese consta o quadro 6 com a lista dos projetos que estavam nessa condição e os valores das parcelas e das glosas.

Até o fechamento do relatório de setembro de 2017, do total de mais de um milhão de reais em procedimento de glosa apenas R$25.311,70 (vinte e cinco mil

trezentos e onze reais e setenta centavos) haviam sido devolvidos, referentes aos valores glosados dos projetos 198/2015 da Fundação Viver Produzir e Preservar e 013/2011 da Prefeitura Municipal de Anapú.

O fato de os proponentes não devolverem os recursos glosados, mesmo quando estão em dívida com a prestação de contas e relatório de atividades dos seus projetos está ligado à inexistência de uma real ameaça de judicialização dessas dívidas por parte do PDRSX. Vale lembrar que o PDRSX não possui até o momento uma personalidade jurídica. Por essa razão somente a Norte Energia S. A., como dona dos recursos que estão sendo destinados ao PDRSX, poderia dar entrada em um processo judicial contra esses proponentes. No entanto, desde que o PDRSX começou, em 2011, a Norte Energia S. A. não entrou com ação judicial contra nenhum dos proponentes do PDRSX e pelos discursos dos membros do CGDEX e da coordenação geral (CG) na 57ª Reunião Ordinária do CGDEX, em agosto de 2018, percebe-se que a empresa continua sem demonstrar interesse em estar à frente desse tipo de processo.

Nesse sentido o que se têm discutido no âmbito do CGDEX e coordenação geral (CG) seriam formas de trabalhar em parceria com o Ministério Público Estadual, para que esse órgão tome a dianteira em situações de comprovado desvio de recursos e de finalidade na utilização dos recursos do PDRSX. Entretanto, mesmo esse caminho parece não ter muitas chances de sucesso, sem a intervenção daquela organização que é considerada juridicamente responsável pelos recursos do PDRSX, a Norte Energia S. A. Em resumo, as medidas corretivas dos projetos inadimplentes do PDRSX são debatidas nas CTs e levadas para conhecimento da secretaria executiva, que procura encaminhar ofícios e cobrar as correções necessárias por parte dos proponentes. Em situações em que o proponente não responde a essa pressão das CTs e da secretaria executiva muitas vezes esses projetos são debatidos nas plenárias do CGDEX. Porém, como foi exposto acima, nenhum desses órgãos possui poderes administrativos e jurídicos para exigir a devolução de recursos por parte desses proponentes.

A única medida punitiva passível de ser exercidas pelo CGDEX é a classificação da entidade devedora como inadimplente, a paralisação dos repasses de recursos no âmbito do projeto devedor e a exclusão dessa entidade de futuros editais de seleção de projetos. Mais recentemente a Norte Energia decidiu que não irá mais

repassar recursos a nenhum dos projetos de uma entidade inadimplente, independente do status de cada projeto20.

Essas medidas vêm sendo tomadas nos últimos anos e produzindo algum resultado, como pôde ser observado nos casos de devolução de recursos da FVPP e da Prefeitura de Anapú, mencionados anteriormente. Em outros casos essa pressão sobre os projetos que apresentam problemas na sua execução faz com que seus proponentes se dirijam às CTs para explicar os motivos das suas inadimplências e negociar uma repactuação dos planos de trabalho dos projetos. A repactuação é feita em relação aos problemas de execução de projeto. Nessa repactuação de plano de trabalho os saldos remanescentes dos projetos podem ser reinvestidos no próprio projeto, desde que seja firmado um termo de alteração de objeto / escopo do projeto e que esse documento seja validado pela CT. De acordo com o relatório do Instituto Avaliação de setembro de 2017, 13% dos projetos do PDRSX já haviam passado por um processo de repactuação de plano de trabalho. Pela análise do gráfico 14 do anexo V da tese é possível perceber que grande parte dessas repactuações, 63%, ocorreu em projetos das CT06 - Povos indígenas e comunidades tradicionais e CT03 - Fomento às atividades produtivas sustentáveis.

Importante dizer que o processo de repactuação pode ser entendido, por um lado, como uma demonstração de deficiências nos planejamentos desses projetos e, por outro lado, como um sinal de que os problemas enfrentados pelos projetos repactuados não estavam relacionados com mau uso dos recursos ou desvio de finalidade e nem com problemas de prestação de contas e apresentação de relatório de atividades, ou seja, eram problemas sanáveis e, nesse sentido a repactuação é positiva, pois coloca o projeto na atividade novamente. Caso a CT entenda que o projeto não tem condições de ser executado, independente de alterações no seu objeto e escopo, o saldo remanescente deixa de ser repassado para as atividades do projeto e passa a ser investido em projetos futuros ou em aditivos de projetos existentes da própria CT. Nesses casos o projeto que apresentou problemas na sua execução fica inativo e passa a ser considerado finalizado pelo PDRSX.

2.3 Perfil de cada órgão do PDRSX