• Nenhum resultado encontrado

Memória e tradição

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 65-84)

5. UMA MEMÓRIA HÍBRIDA

5.1 Memória e tradição

Na teoria de Bergson a memória desenvolveu-se em seu manifesto Matéria e

memória (Matière et mémoire25), obra publicada em 1896; nela ele analisa a formação

da memória individual, baseando-se em numa concepção original do tempo e do espaço, segundo a qual os seres humanos sentem duas realidades de ordem muito diferente. Cito:

24 Ver: Tizón, Héctor. La casa y el viento. Editora Alfaguarra. Argentina. 2001. “La historia de un hombre

es un largo rodeo alrededor de su casa. […] La memoria convertida en palabras, porque es elas palabras donde nuestro pasado perdura, y en las imágenes (¿no son las palabras sólo imágenes?). Así el lenguaje es también el recurso de nuestra propia desdicha; y el hombre lejos de su casa se convierte en una llamada sin respuesta.” P. 174.

25

Bergson, Henri. Matière et mémoire. Librairie Félix Alcan. Paris. 1934.

...le passé paraît bien s’emmagasiner [...] sous ces deux formes extrêmes : d’un côté les mécanismes moteurs qui l’utilisent, de l’autre les images-souvenirs personnelles qui en dessinent tous les événements avec leur contour, leur couleur et leur place dans le temps. De ces deux mémoires, la première est véritablement orientée dans le sens de la nature ; la seconde, laissée à elle-même, irait plutôt en sens contraire. La première, conquise par l’effort, reste sous la dépendance de notre volonté ; la seconde, toute spontanée, met autant de caprice à reproduire que de fidélité à conserver. P. 87

...o passado parece se armazenar [...] sob estas duas formas extremas: de um lado os mecanismos motores que o utilizam, de outro as imagens-lembranças pessoais que desenham todos os acontecimentos com seus contornos, cor e lugar no tempo. Dessas duas memórias, a primeira é verdadeiramente orientada no sentido da natureza; já a segunda, deixada a seu bel prazer, iria em sentido contrário. A primeira conquistada pelo esforço, ficaria sob a dependência de nossa vontade; a segunda, inteiramente expontânea, seria tão caprichosa em se reproduzir quanto fiel a se conservar. (A tradução é minha)

Uma delas tem um caráter heterogêneo e sensível: é a realidade da duração [la

durée], ou seja a forma quando nos deixamos simplesmente viver, sem estabelecer uma

separação entre o estado presente e os estados anteriores. A outra realidade é homogênea e resulta ser o espaço. Esta última realidade é concebida pela inteligência humana e nos leva a realizar distinções, a refletir sobre o contexto em que vivemos.

Sem me aprofundar mais nas chaves do pensamento bergsoniano, a teoria da memória que se segue e que está explícita na obra acima mencionada situa-se sempre dentro do âmbito da memória individual, uma memória pura e uma memória de hábito.

A memória pura corresponderia à duração e a memória hábito ao espaço e ao tempo, sendo que esta vem a ser como a ponta de um cone que está em contato com um plano que seria o presente, sendo o cone considerado como a memória pura.

Por esta disposição a memória hábito tomaria da memória pura as lembranças operativas para o presente, adaptando-as convenientemente.

Da teoria de Bergson é importante reter dois aspectos: o primeiro é o vínculo estabelecido entre memória individual e a duração e a memória hábito individual e o espaço tempo que são abstratos e que remetem ao social. O segundo aspecto é a dimensão dinamizadora da memória hábito frente à memória pura: em sociedade, no

tempo e no espaço só há atualização do conjunto das lembranças localizadas na memória pura daqueles que foram úteis.

Na primeira de suas grandes obras sobre a memória, Maurice Halbwachs tentou responder à teoria bergsoniana acerca da memória servindo-se de um dispositivo de Durkheim. Apoiado nele, Halbwachs irá reorganizar as distinções de Bergson assinalando quais delas lhe parecem úteis.

Segundo Halbwachs seria inadmissível a existência de uma memória pura individual, algo empiricamente inacessível e inaceitável a priori. Para ele, o que denominamos memória, tem sempre um caráter social já que qualquer lembrança, por mais pessoal que seja, só existe em relação a um conjunto de noções que nos dominam mais que outras e que estão relacionadas com pessoas, lugares, palavras, formas de linguagem, raciocínios e idéias, ou seja, com a vida material e moral das sociedades em que vivemos.

Entretanto a dimensão memória hábito pareceu a Halbwachs de grande interesse. Supondo-se a existência de uma só memória e assinalando seu gênesis social, o filósofo encontrou uma razão muito útil para explicar a motivação do reaparecimento dos acontecimentos do passado que surgiriam da relação que têm com as idéias e as percepções do presente.

Para Halbwachs os âmbitos coletivos mais relevantes implicados na construção da memória são: a família, a religião e a classe social. Na família, o marco coletivo ordenar-se-ia segundo um critério genealógico que permitisse a reconstrução de uma memória familiar na qual o indivíduo estaria incluído. O meio mnemotécnico fundamental utilizado pela família seria o nome de batismo que por um lado marca o indivíduo por uma repetição freqüente e por outro a trama genealógica instalando a imagem de uma pessoa particular.

As religiões ordenariam o marco coletivo da memória segundo um ou mais conjuntos de dogmas que permitissem fazer uma distinção entre elas. O dogma unificaria, uma série de pensamentos que não estariam tão ligados à lembrança mas que se refeririam ao reconhecimento de uma razão geradora de um sistema de memória.

No que se refere à classe social, o filósofo afirma que, em princípio, em cada sociedade a classe dominante gera uma memória coletiva que constitui o seu suporte.

Isto significa que, quando recordamos, o fazemos por meio de chaves específicas que correspondem aos grupos sobre os quais estamos recordando, mas também por meio da aceitação implícita de marcos mais amplos que prescrevem determinadas

configurações básicas sobre espaço, tempo e linguagem. Recordar implica igualmente assumir uma determinada representação da temporalidade, a da espacialidade e da linguagem.

Halbwachs considera que a linguagem é o marco mais elementar e mais estável da memória, de forma que poderíamos dizer que a memória, em geral, depende dela. A dependência da memória com relação à linguagem constitui, além disso, uma prova clara de que recordamos através de constructos sociais, o que só poderia dar-se no seio de uma sociedade.

Por outro lado, no espaço e no tempo estariam situadas as lembranças que seriam diferentes das imagens dos sonhos já que estes carecem de toda referência espaço-temporal.

Para Halbwachs, além disso, há uma proeminência do marco sócio-espacial sobre o quadro sócio-temporal no processo da rememorização, já que o espaço em razão de sua estabilidade nos dá a ilusão de não mudar através do tempo e de poder permanecer inalterável sem envelhecer nem perder nenhuma de suas partes.

A dimensão dos marcos sociais da memória é facilmente perceptível quando se trata de marcos de caráter geral. Na família, por exempo, o pai representa não só a imagem de um pai específico, mas também a figura ideal de pai. Este fato pode explicar a propensão em se confundir a linguagem com a linguagem articulada. Na rememorização, a dimensão significante da linguagem possui enormes virtudes como o caso da memória dos músicos, por exemplo.

Em sua infância, Ocampo recebe, por tradição oral, as narrações concernentes à

história de seu país e, em sua vida adulta, por meio da escritura, ela ingressa no grupo dos que mantém essa história comum. A memória individual da narradora se insere na coletiva e uma dupla relação se estabelece entre ambas. A primeira toma consciência de si graças à segunda que a forma, mesmo que dela se diferencie, e esta última se enriquece do que fornece a primeira.

A narração da memória própria liga-a às memórias dos que a precederam,

constituindo, assim, a História, ou seja, a grande memória do país a qual, embora com fragmentos, por vezes superpostos, perfaz um relato plural.

A memória coletiva está, desse modo, constituída por testemunhos e por imagens para a construção da qual participaram inúmeros indivíduos. Essas reconstruções imaginárias, com criação permanente, são reconhecidas e garantidas pela comunidade; formam a ficção básica sobre a qual certo consenso erige o monumento da

História, epitáfio que encerra um passado e permite a aquisição de uma identidade nacional.

Ernest Renan expressa do seguinte modo seu conceito do que seria uma nação:

Uma nação é uma alma, um princípio espiritual. Duas coisas que, para falar a verdade, são uma só, constituem essa alma, esse princípio espiritual. Uma está no passado, a outra no presente. Uma é a posse em comum de um rico legado de lembranças; a outra é o consentimento atual, o desejo de viver junto, a vontade de continuar a valorizar a herança que se recebeu indivisa. [...] A nação, como o indivíduo, é o término de um longo passado de esforços, de sacrifícios e de devoções. O culto dos antepassados é de todos eles o mais legítimo; os antepassados nos fizeram o que nós somos. Um passado heróico, grandes homens, a glória (a verdadeira, segundo creio), eis o capital social sobre o qual se baseia uma idéia nacional. Ter glórias comuns no passado, uma vontade comum no presente; ter feito grandes coisas em conjunto, querer, ainda, continuar a fazê-las, eis as condições essenciais para ser um povo. Amamos na proporção dos sacrifícios que consentimos, dos males que sofremos. Amamos a casa que construímos e que transmitimos. [A tradução é minha]26

A memória comunitária é importante, pois mantém as tradições da família, os

costumes do grupo social, as relações do indivíduo com sua comunidade e sua dependência da cultura geral. Ela dá ao eu um lugar preciso na sociedade.

Entretanto, essa posição assegurada está ameaçada pela memória de Ocampo, que quer dar lugar a sua versão particular da história: não devemos esquecer que se trata de uma memória de uma mulher que desafia e julga a sociedade. Por isso, sua escritura é ambígua a esse respeito. Ela recupera a memória tradicional e a repete, mas, também, a desafia e a rechaça para dar lugar ao seu eu. A tarefa é dupla e tenta juntar tendências opostas. A narradora lega um monumento escrito que difere, enormemente, dos tradicionais; se precisa encontrar falhas em seu texto modelo, que também é o de Proust, quer igualmente quebrar a nube de piedra que lhe bloqueia o horizonte.

Ambos os monumentos, o escrito e o de pedra, apresentam um texto definitivo, também recusados por Ocampo. Seu monumento é constituído por uma reunião de fragmentos que mostram um eu, também, fragmentado.

Além de participar da memória coletiva de sua comunidade, as lembranças de

Ocampo participam, também, do que se poderia chamar de memória universal, pelas citações da literatura e pela menção de episódios da história mundial.

Embora a narradora insista dizendo que se lê a si mesma em textos alheios, através de citações e alusões, ela lhes propicia um lugar dentro de sua própria voz que

26

RENAN, Ernest. Qu’est-ce qu’une nation. Charles Taylor editor. Toronto. Canadá. 1996. P.46.

se divide. A memória pessoal aceita esses “auxílios”, mas, ao mesmo tempo, reconhece-os como alheios a si mesma, resultando impossível separar, em seus textos, os fragmentos provenientes de origens tão dessemelhantes. A intenção de Ocampo de criar uma rede intelectual de comunicações com Europa, Estados Unidos e Índia demonstra sua fé universalista. No entanto, seu poliglotismo e diversificação mostram o contrário: a desagregação e a ruptura. Sua memória é intertextual, pois ela não pode confinar-se a um olhar interior, como também não pode fixar-se no exterior. É uma combinação e sua localização real consiste em encontrar-se entre ambos, num entre lugar, numa variação constante.

A metáfora que melhor abarca todos os sentidos mencionados com referência à

memória, é a do livro ou da biblioteca. Ocampo utiliza esta imagem em várias oportunidades. Referindo-se a certas cartas de Keyserling, que guarda, ela diz:

Conservo algunas como puntos de referencia, a fin de reconocerme allí en la ‘selva selvagia’ de mi vida, si alguna vez me entraban ganas de echar un vistazo al pasado, si terminaba por ‘establecerme en mis recuerdos como en una gran biblioteca. (AUT. 211)

A memória contém textos, documentos que certificam a existência de seres, objetos e fatos. Establecerse en la memoria é ocupar um lugar em meio a esses papéis convertendo-se em mais um dentre eles, servindo de testemunho como os outros. Os textos funcionam como monumentos que se abrem e são impedidos de serem fechados; eles se mantém abertos alimentando, com novas versões, a memória coletiva.

Assim escreve Ocampo, recordando um dia de chuva em que lia um livro de

Sarmiento:

...no sé bien en qué instante, el ruido monótono del aguacero y el nombre impreso en la hoja amarillenta se unieron. Y al unirse oí una voz tantas veces oída en ese mismo cuarto; de esas voces que quedan para siempre en las casas de nuestra infancia porque las llevamos dentro... “El día del entierro de Sarmiento llovía... Yo estaba en la ventana... Vi pasar a tu padre...”. La lluvia debía pegar en el vidrio como ahora, pensé; y, como se ese libro sobre ortografía e instrucción pública fose un puente para acercarme a aquella voz, a aquella muchacha que desde la ventana miraba pasar un entierro, a aquel muchacho que iba por la calle mojada, sin pensar yo en Sarmiento sino como en el lazo que me unía a recuerdos más

valiosos que una biblioteca, abrí el volumen y comencé a leer la página 411, porque allí se abrió... y tope con Sarmiento en persona, que había estado esperándome en esa página. (T. 220)

A lembrança espontânea transforma o livro em emblema da memória que

conecta com o passado pessoal e com o passado livresco. E a página que Ocampo lê em

Sarmiento trata justamente da memória e diz: el libro es la memoria de la especie humana. Esse jogo de espelhos, que multiplica os textos dentro do texto, procedimento

freqüente na escritora, coloca o leitor numa galeria interminável de reflexos em que ele próprio se multiplica, construindo uma Biblioteca de Babel, como diria Borges; a única diferença é que esta não encerra textos completos. Ler é descobrir a memória da humanidade, mas é, também, abrir-se à leitura transformando-a nas várias memórias individuais.

O trecho a seguir lembra o episódio da madalena narrado por Proust em Du cote de chez Swann:

Diz Ocampo:

“Desde Paris, donde reencontré a Drieu como ya lo he recordado, fui a Berlín. ¿Por qué recuerdo ahora aquel grillo de Tier Garten, el día del regreso de Drieu a París? ¿Y los recuerdos que ese grillo desencadenó? Estaba en una atmósfera de invernadero y se figuraba el pobre que era pleno verano. El ruído estridente, tan familiar, me traspasó me transportó, vertiginosamente, a los días calurosos de Villa Ocampo, al instante jamás perdido y tan a menudo repetido, en que vestida con un precioso traje liviano me miraba por última vez en el espejo antes de ir a encontrar en Buenos Aires, en una calle fea de un barrio feo (el de Parque Lezama), mi

felicidad, mi amor. ¿Sobre quién, sobre qué, ese grillo que se burlaba del

tiempo, de las estaciones, del espacio por el simple frote de sus élitros, me hacía llorar en ese Berlín indiferente y frío? ¿Sobre Drieu, sobre J. o sobre mí? Ese Berlín macizo, imponente, sin gracia, que iba a reencontrar hecho migajas cuando J. y Drieu estuvieran muertos, en dos cementerios, de uno y otro lado del Atlántico. (…) ¡Que un grillo pueda romper así los diques del tiempo y mezclar pasado y presente, resucitar recuerdos sin ojos, sin voces, sin bocas y probarnos que no hay compartimentos estancos más que en el estrecho desfiladero de la inteligencia!

O personagem é constituído por memórias diversas provenientes de variadas origens, sendo ele também parte da grande biblioteca; a relação entre ambos é especular. A memória labiríntica da narradora comunica-se, pelo texto, com todas as outras e permite a entrada do nome da autora na Grande Biblioteca do Universo.

As imagens que Ocampo constrói de si mesma são formadas por diversos fios

que tecem figuras diversas, e não uma figura única, as quais se adaptam às épocas referidas na narração: na infância é um quadro negro destinado a que outros escrevam

suas memórias; na juventude, uma rebelde sublevada contra os usos e costumes da família e da sociedade, contra a memória coletiva; na época que corresponde a sua relação com J., a atriz trágica que atua nas memórias literárias e a geradora de memórias próprias, através da escritura; na última etapa, é uma memória viva, fazedora de História: funda Sur e faz relações com as pessoas famosas de seu tempo, às quais convida a Buenos Aires, para dar conferências, pagando-lhes as despesas e as hospedando em sua casa de San Isidro. Na narração as memórias diversas se combinam, se entrelaçam, ainda que com gradações diferentes, de forma a ser impossível separá-las nitidamente. O que mais interessa, é que o eu quer fixar raízes e, tomando-se a si própria como figura representativa, agregar suas memórias à biblioteca do país.

A metaforização feita por Ocampo não pretende, unicamente, restituir o passado

ao presente; seus escritos se projetam no porvir, e se dirigem ao leitor futuro. Sob essa perspectiva o epitáfio se transforma em testamento, e é, nesse sentido que o sujeito autobiográfico deseja ser valorado e ver-se prolongado, no futuro, como modelo. Ela convida à busca de novas relações metafóricas que continuem o legado tradicional, mas que, ao mesmo tempo, proclamem a diferença. Assim se expressa a escritora ao referir- se aos seus antepassados: Ni vengarlos, ni seguirlos (lembrança da Marseillaise que cantava quando era criança, de les venger ou de les suivre); continuarlos a nuestra

manera, que no puede ser la de ellos: las circunstancias han cambiado. (AUT. I, 23)

O texto, como ensinamento projetado no futuro, permanece como memória aberta, inconclusa, que convida o leitor a penetrar nela e a mantê-la ativa.

O que Ocampo se propõe, sobretudo ao escrever sua Autobiografia, é fazer

história dentro das letras do Rio de Prata. Usar a escritura numa história feminina. O texto não constitui o resumo, o balanço do positivo e negativo de uma vida a partir de uma perspectiva final, como ocorre na maioria dos casos. É um texto começado e recomeçado até o cansaço, pretendendo conseguir uma voz própria. E a autora considera essas tentativas como o começo da escritura feminina da região, querendo que seus textos constituam um ponto de partida.

Com uma pré-história local pobre no que concerne à memória feminina busca suas fontes nos monumentos tradicionais, mas os lê de maneira diferente, alterando-os e modificando-os. Feminilizar a biblioteca fazendo uma nova leitura dos textos que a compõem é criar uma outra, nova.

Ocampo é acusada de utilizar em seus escritos textos masculinos. Entretanto suas leituras alteram sempre os modelos. Ela adapta os textos que lê, e, baseando-se

neles, forma sua própria escritura. A voz de mulher de Ocampo legitima o uso que faz da linguagem, negando-se a uma autoridade central ordenadora e criando uma voz múltipla que lhe permite situar-se na literatura. A partir dos espaços que controlam, tanto a conservação da memória quanto sua produção, questiona os valores clássicos logocêntricos/falocêntricos, ainda que haja sempre uma luta que a mantém presa à tradição e à memória comunitária com a qual quer romper.

Necessário se faz recordar, mais uma vez, a relação que tem com os textos de

Proust. Entretanto, a utilização do passado não se limita a ser restaurado com nostalgia

elegíaca à maneira da que foi utilizada pelo escritor francês. Ocampo deixa transparente seu orgulho em diferir do mestre. Nessa exaltação do eu presente, se exalta, também, o

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 65-84)