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mil metros na piscina (+2)

No documento Processos de criação em debate (páginas 34-39)

É importante treinar a técnica na piscina todos os dias, mas sem exagerar. O recomendado é de 5 a 6 mil metros diários. Treino equilibrado

Equilíbrio (+1)

Os exercícios de atletas iniciantes devem focar principalmente em movimentos e equilíbrio. Ideal para iniciantes

ALIMENTAÇÃO Pão com salame (-2)

Atletas devem evitar o consumo de embutidos, pois possuem alto teor de gordura. Suco de laranja natural (-1)

Sucos naturais são ricos em fibras, cujo consumo deve ser limitado. Omelete com batatas (+1)

Esta é uma boa refeição para atletas, pois ovos têm proteínas e batatas, carboidratos. Proteína com carboidrato

Sanduíche de atum (+2)

Combo carboidrato e proteína. Proteína com carboidrato Um copo de leite (+1)

Rico em cálcio. COMPETIÇÃO

Frequência de braçadas alta (-2)

Em modalidades de longa distância, ideal é frequência de braçadas menor e mais alongadas. Modalidade de curta distância

Duas pernadas para cada ciclo de braçadas (-1) Duas pernadas a cada braçada

Ideal são seis pernadas para cada ciclo de braçadas, em todas as modalidades. Frequência baixa

Braçada alongada (+2)

Em modalidades de longa distância, a braçada alongada é muito eficiente. Respiração dois por um (+1) Respirar uma vez a cada duas braçadas Quanto mais longa for a prova, mais vezes o atleta deve respirar. Prova longa

Ondulação submersa nos primeiros 10 m (+1) Mergulhar nos primeiros 10 metros Dentro do limite máximo (15m) permitido.

O que se pode notar é que a edição foi feita na maior parte das vezes para adequar o texto à quantidade de toques que poderiam ser colocados na carta, mas também ocorreram duas mudanças voltadas a aumentar a compreensão do jogador/leitor. A equipe editorial considerou que não se poderia exigir do jogador conhecimento prévio de algumas terminologias utilizadas na natação. É o caso de “Respiração dois por um”. A versão sem jargões técnicos foi mais explicativa e mais clara para leigos: “Respirar uma vez a cada duas braçadas”. Fenômeno semelhante ocorreu em “Ondulação submersa nos primeiros 10 m”, alterado para “Mergulhar nos primeiros metros”.

Conhecer esses índices de inacabamento só foi possível pelo acesso direto ao arquivo do Google Drive a partir do qual a equipe trabalhou. As informações originais foram depois confrontadas com o que se publicou no newsgame.

A exposição dos documentos de processo é algo ainda raro no jornalismo, embora algumas experiências nesse sentido tenham sido feitas. A que se considera mais completa –

por ter sido totalmente voltada para explicitar as fases de produção – foi feita pela revista Wired em 2008 (FREITAS, 2010). A intenção do autor da reportagem The Kaufman Paradox, Jason Tanz, era registrar seu processo de criação em um blog (www.spd.org). Na sugestão para editores, escreveu: “Vamos colocar tudo online. Digo tudo mesmo - o resumo, minhas anotações, nossos e-mails, marcas de edição, entrevistas em áudio, etc. [...] uma visão atrás da cena, mostrando como uma reportagem, esta reportagem, foi concebida, escrita e editada”.

Os leitores puderam interagir com o projeto e fazer sugestões. Uma linha de colaboração utilizada também por outra experiência de explicitar processos jornalísticos, desta vez realizada pelo jornal inglês The Guardian, entre 2010 e 2011. Em seu site, o Guardian passou a publicar uma lista com várias das reportagens que desenvolveria naquele dia – e os leitores poderiam contribuir com essas histórias por meio de sugestões no Twitter.

No caso de Desafio Aquático, a equipe considerou relevante fazer um post no blog Em Foca, mantido pelo Estadão, no qual narrou as dificuldades para a idealização e a apuração de um newsgame. Os jornalistas explicam a escolha do formato de jogo para mostrar a preparação de um atleta e também tornam públicos os percalços: da falta de tempo e experiência ao volume de informações necessárias à montagem do jogo.

Em um dos trechos, os jornalistas escrevem: “O newsgame que você viu acima, aparentemente tão simples, esconde uma quantidade incrível de apuração, além de trabalho de roteiro e edição. Algo que ninguém da equipe nunca tinha feito antes.” Em outro momento, comentam:

Detalhes, detalhes, detalhes. Tivemos de conversar com atletas, técnicos, nutricionistas, psicólogos, médicos. O volume de apuração, muito provavelmente, foi maior que o necessário para construir uma reportagem tradicional. Quando achávamos que tínhamos acabado a fase de entrevistas, lá vinha uma nova dúvida. E foi assim até quase o fim do processo (BLOG EM FOCA, 2014).

Difícil não notar o uso da palavra processo no discurso. Os repórteres, todos jovens profissionais, ou focas, no jargão jornalístico, se dispuseram ainda a comentar alguns erros específicos: “Mesmo quando o game ficou pronto, ele não estava pronto. Opa, a piscina está escondendo o cenário, apareceu um “a” no final de Maria Lenk, o vencedor virou Deus e está andando sobre a água…” A disponibilidade de fazer o making of do jogo, neste caso, estava muito ligada ao caráter educacional da produção: os repórteres eram trainees do jornal e queriam compartilhar o aprendizado jornalístico que tiveram.

Conforme mencionado anteriormente, ainda é precária a documentação do processo de criação em jornalismo. Mas a análise desse material se mostra rica e desafiadora para pesquisadores. Nota-se que uma maior abertura em relação a esse processo poderia ser benéfica tanto para os leitores quanto para os veículos de mídia, que poderiam passar a contar com a colaboração destes.

O jornalista Dan Roberts, editor do The Guardian que ficou responsável por divulgar no site do jornal antecipadamente as notícias que seriam produzidas a cada dia, escreveu um texto sobre as lições tiradas da experiência. Segundo ele, qualquer vantagem competitiva que o jornal possa ter perdido – ao deixar os temas abertos a todos, inclusive aos concorrentes –

foi mais do que recompensada pelo volume de ideias e dicas dadas pelos leitores. Roberts fez questão de reproduzir parte do texto do blog Gigaom, especializado em tecnologia, ciência e mídia. “Em um passado não tão distante, a maioria dos jornais guardava mais segredos que

um departamento de governo; o processo de produzir jornalismo diariamente era algo só revelado a membros da irmandade.”

Espera-se que este artigo seja uma contribuição e um incentivo para tornar mais explícitos os métodos de produção jornalística, mesmo que partindo de um caso específico, de um projeto com mais prazo e em um formato de newsgame, menos frequente nos veículos de comunicação.

REFERÊNCIAS

BOGOST, Ian; FERRARI, Simon; SCHWEIZER, Bobby. Newsgames: journalism at play. Massachusetts: MIT Press, 2010.

BOLTER, Jay; GRUSIN, Richard. Remediation: understanding new media. Cambridge: Routledge, 1999.

FREITAS, Carla. Do impresso ao digital: o texto jornalístico em mutação. Dissertação (Mestrado) - PUC/SP, São Paulo, 2010.

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2008.

MAZOTTE, Natália. Na fronteira entre jornalismo e entretenimento, newsgame ganha espaço no Brasil. Blog Jornalismo nas Américas, Estados Unidos, ago. 2013. Disponível em: <https://knightcenter.utexas.edu/pt-br/blog/00-14237-na-fronteira-entre- jornalismo-e- entretenimento-newsgame-ganha-espaco-no-brasil>. Acesso em: ago. 2015.

ROBERTS, Dan. Lessons from our open news trial. Disponível em:

<http://www.theguardian.com/help/insideguardian/2011/oct/17/guardian-newslist>. Acesso em set. 2011.

SALLES, Cecilia Almeida. Redes da Criação: Construção da Obra de Arte. Vinhedo: Horizonte, 2006.

__________. Gesto Inacabado: o Processo de Criação Artística. 3 ed. São Paulo: Annablume, 2007.

SALAVERRÍA R.; GARCÍA AVILÉS. J.A.; MASIP P.M. Concepto de Convergencia Periodística. In: LÓPEZ GARCÍA, X.; PEREIRA FARIÑA, X. Convergencia Digital. Reconfiguração de los Medios de Comunicación en España. Santiago de Compostela: Universidade de Santiago de Compostela, 2010.

ESTUDO CRÍTICO E GENÉTICO DE HISTÓRIA DA PAIXÃO DO SENHOR

No documento Processos de criação em debate (páginas 34-39)