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EDUCAR PARA A SAÚDE: DA TEORIA À PRÁTICA

2. MODELOS OU PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE

Abordar Modelos ou Paradigmas da EPS, sem anteriormente referir os pressupostos teóricos da mesma, parece não fazer sentido.

Na opinião de Rodrigues, “a educação para saúde alicerça-se em quatro pilares: ciências

da saúde, do comportamento, da educação e da comunicação” que, com os seus

conhecimentos científicos, darão suporte ao processo educativo (Duarte J. et al., 2006, p. 26).

As Ciências da Saúde têm como objectivo auxiliar o indivíduo, a família e a comunidade a viver o máximo das suas potencialidades, de acordo com o seu estado de saúde, pelo que a sua intervenção deve abranger a Promoção da Saúde, a Prevenção da Doença e o Tratamento e a Reabilitação.

Uma das finalidade das Ciências do Comportamento é a mudança nos comportamentos em saúde, constituindo estas uma base importante na prática educativa. A Psicologia, a Sociologia e a Antropologia facilitam a compreensão dos comportamentos individuais e em grupo, bem como os aspectos culturais e estilos de vida das pessoas.

As Ciências da Educação, nomeadamente as áreas da Pedagogia, são importantes para se compreender o processo Ensino-Aprendizagem e facilitar a aprendizagem do indivíduo. Para tal, os domínios cognitivos, afectivos e psicomotores devem ser conhecidos por parte do educador. Estas constituem uma das áreas fundamentais da EPS. O educador deve dominar as técnicas de comunicação e suas estratégias, mas também compreender a forma como as pessoas comunicam entre si e com o educador. A eficácia da EPS ao depender destas ciências, para além de outras a que possa recorrer, apresenta dificuldades que estão relacionadas com a transversalidade (várias disciplinas a contribuir para a sua constituição), bem como com a multi, a inter e a pluridisciplinaridade, inerentes ao processo educativo (Silva, 2002).

Existem vários Modelos ou Paradigmas da EPS, descritos na literatura consultada, que podem ser utlilizados na prática educativa.

A adopção de um modelo de EPS constitui uma tarefa difícil, pois de acordo com Grande, referenciado por Rodrigues em 2005, «…Não há modelos universais devendo-se analisar

mais do que um meio de transmissão de conhecimentos, pois inclui o processo de modelar atitudes e comportamentos “pelo exemplo de vida do educador”» (Duarte et al.,

2006, p. 25).

As várias concepções de modelos de EPS existentes apoiam-se quer em objectivos a prosseguir, quer em dimensões a atingir, quer ainda em técnicas a utilizar (Navarro, 2000).

Duarte J. et al. (2006), referem que Moreira descreveu os modelos Informativo- Comunicacional, Humanista e o Neo-Behaviorista que foram alicerçando os esforços preventivos. De acordo com o autor as suas principais características são:

  

 Informativo-Comunicacional – valoriza a transmissão da informação, bem como

os factores cognitivos na mudança de atitudes;

  

 Humanista – dá importância às crenças e valores do indivíduo, pelo que é

necessário fornecer ao mesmo a informação adequada para que possa ter um papel activo na tomada de decisões;

  

 Neo-Behaviorista - enfatiza a aprendizagem, uma vez que esta está subjacente

aos comportamentos, sendo importante orientar o indivíduo sobre formas de resistir à pressão dos outros e sobre competências sociais.

Rodrigues et al. (2005) sustentados por Turabian e Franco (2001) compararam os modelos Informativo, Persuasivo-Motivacional e Político Económico-Ecológico, de acordo com a metodologia e o papel do Profissional. Face à análise verificámos:

 Modelo Informativo – transmite conhecimentos e é paternalista. O papel do

Profissional de Saúde é prescritivo, isto é, tenta alterar comportamentos, usando técnicas de controlo;

 Modelo Persuasivo-Motivacional – utiliza a persuasão em termos

comportamentais e não respeita o princípio da equidade, bem como o meio ecológico e a cultura do indivíduo. O Profissional de Saúde controla o processo de aprendizagem e a persuasão é usada nas crenças e motivações do indivíduo, tendo em vista a mudança de comportamentos;

 Modelo Político Económico-Ecológico – centra-se na aprendizagem em

responsável e autónomo. O Profissional de Saúde serve, apenas, de mediador com a comunidade. Em termos de aprendizagem o indivíduo é o protagonista e o profissional o intermediário.

Chaves, em 2004, analisou os estudos de Moreno e no desenvolvimento da EPS identificou três gerações.

Moreno et al. (2000) descreveram as etapas evolutivas da EPS mencionando que as mesmas estão relacionadas com as mudanças sócio-políticas, a evolução da nosologia e dos factores de risco.

Existem três Gerações e Modelos de EPS: a Primeira Geração é denominada Educação Para a Saúde Informativa; a Segunda é Centrada no Comportamento; a Terceira é designada Participativa.

De acordo com Duarte et al. (2006) o Modelo Político Económico-Ecológico é o que mais se aproxima dos de Terceira Geração preocupando-se, sobretudo, com o desenvolvimento da autonomia e responsabilidade do indivíduo e menos com os conteúdos ministrados. Valoriza todos os aspectos intrínsecos e extrínsecos da pessoa. As competências interpessoais dos Profissionais de Saúde são mais importante que os conhecimentos científicos para que seja possível produzir alterações voluntárias de comportamentos.

Os pressupostos do modelo permitem realçar a importância atribuída às experiências anteriores do indivíduo (crenças, atitudes, valores, personalidade, estilos pessoais, etc), bem como as de grupo. Os aspectos sociais e ambientais, como as acessibilidades aos serviços e as condições económicas, entre outras, são também de interesse.

O papel do Profissional de Saúde/Educador é preponderante, atendendo a que quando tem que programar a EPS terá que possuir conhecimentos científicos, embora as competências interpessoais sejam também relevantes para produzir no indivíduo a necessidade e a vontade de mudar comportamentos.

Os conhecimentos que os Profissionais de Saúde têm ou conseguem transmitir, muitas vezes, não são suficientes para produzir alterações de comportamentos. Por outro lado, para que o indivíduo os altere, sugerir não basta.