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DO PROCESSO SAÚDE/DOENÇA À PREVENÇÃO

2. O CONCEITO DE PREVENÇÃO NO PROCESSO SAÚDE/DOENÇA

Praeventione é a palavra latina que deu origem ao termo Prevenção, derivada de praevenire, significando antecipar, acautelar, precaver, evitar e impedir.

Ao longo dos tempos, quer na literatura, quer na práxis tem-se utilizado, abusivamente, o termo prevenção, contudo, na prática, a maior parte das vezes, é pouco efectivada. O processo saúde e doença está relacionado, desde há muitos anos, com as práticas de prevenção, existindo relatos de condutas preventivas, no âmbito da prática médica individual e de medidas preventivas nas práticas sociais, conforme relata Teixeira (2001). Em Saúde, nas discussões sobre prevenção, é comum o aparecimento do conceito de Promoção da Saúde (PS). Prevenção da doença e Promoção da Saúde são conceitos distintos que é importante clarificar.

Jekel et al. (1999) referiram que Hugh Leavell desenvolveu um conceito de Prevenção que veio a ser conhecido como os níveis de Leavell. Para este, as actividades desenvolvidas pelos Profissionais de Saúde visavam a Prevenção.

Os autores acima mencionados, tendo por base o conceito de Leavell, consideraram existir três níveis de Prevenção: Primária, Secundária e Terciária.

A Prevenção Primária consistia na Promoção da Saúde e na protecção específica. A finalidade era alterar ou eliminar os factores de risco e, se possível, melhorar as condições de vida das pessoas.

A Prevenção Secundária pretendia o tratamento imediato, face ao diagnóstico precoce. Dentro do possível a doença devia ser evitada ou interrompida, por forma a prevenir sequelas permanentes.

No que concerne à Prevenção Terciária o objectivo era restringir incapacidades ou reabilitá-las.

Nestes níveis de Prevenção o rastreio era de extrema importância porque permitia, atempadamente, detectar doenças latentes em indivíduos assintomáticos, de risco ou, ainda, efectuar o follow-up nos doentes.

Os pressupostos referidos mantêm-se verdadeiros, muito embora se tenham verificado grandes avanços nesta área.

O conceito de Prevenção está intimamente ligado ao de Promoção da Saúde. Este último surge, nos dias de hoje, enquadrado em muitos dos discursos político-administrativos da saúde e tem como referência a Declaração de Alma-Ata, a Estratégia Regional Europeia “Saúde Para Todos no Ano 2000” e a Carta de Ottawa.

Freitas (2003) refere que os elevados custos dos tratamentos curativos e a assistência médica diminuída à população, com limitações a nível económico, conduziu, em 1974, no Canadá, ao conceito de Promoção da Saúde. Este começa a ganhar força em 1986, em Ottawa – Canadá, na 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. Desta conferência resultou a carta onde PS era definida como “o processo que visa aumentar a

capacidade dos indivíduos e da comunidade para controlarem a sua saúde no sentido de a melhorar.” (http://www.dgsaude.pt., p. 2).

Nesse momento, a equidade foi considerada o principal foco a ser atingido para se ter acesso à PS, entendendo-se que consegui-la consistia em eliminar as diferenças desnecessárias, evitáveis e injustas que limitam as oportunidades do indivíduo a atingir o direito ao bem-estar.

Na Segunda Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, no ano de 1988 em Adelaide – Austrália, foram consideradas prioritárias as políticas públicas saudáveis, entre as quais, o apoio à saúde da mulher, alimentação e nutrição, redução de consumo do tabaco e do álcool e, ainda, criação de ambientes favoráveis.

A Terceira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde decorreu em Sundsvall (Suécia), em 1991. A temática “Ambientes Favoráveis à Saúde” saiu, ainda mais, fortalecida desta conferência. Para além do enfoque dado a este aspecto, a procura da equidade e da educação foi, também, valorizada. Propunha, ainda, o aumento de poder de decisão e de participação comunitária dos indivíduos, tendo por base um processo democrático de PS.

Em Bogotá (Colômbia), no ano de 1992, realizou-se uma outra conferência, na qual foram realçados os problemas enfrentados pela América Latina, ou seja, a necessidade de solidariedade e equidade social como condições indispensáveis para a saúde e o desenvolvimento.

A Declaração de Jakarta (Indonésia), em 1997, resultou da 4ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. Esta deu origem à declaração subordinada ao tema “Novos

era encarada como um processo que permite ao indivíduo maior controlo sobre a sua saúde e, assim, maior poder para a melhorar.

O principal objectivo destas conferências foi aumentar as expectativas de saúde e reduzir as diferenças entre países e grupos, sendo considerada a pobreza a maior ameaça à Saúde Pública.

As cinco prioridades estabelecidas para a PS no século XXI foram a: promoção da responsabilidade social para com a saúde; o aumento dos investimentos para fomentar a saúde; a consolidação e expansão de parcerias a favor da saúde; o aumento da capacidade comunitária, dando direito à palavra ao indivíduo e obtenção de infra- estrutura para a Promoção da Saúde.

A Quinta Conferência Global sobre PS, sob o lema “Promoção da Saúde: Rumo a uma

Maior Equidade”, realizou-se no México em 2000. Teve como principais objectivos

mostrar a importância da Promoção da Saúde, de modo particular, para indivíduos que vivem em condições adversas; promover alianças entre os indivíduos nos diferentes níveis sociais; bem como o desenvolvimento social da responsabilidade dos governos partilhada pelos diversos sectores da sociedade. Desta conferência adveioa reafirmação da importância da procura da equidade.

As conferências mencionadas para além de ditarem metas que ajudaram os países a diminuírem as injustiças e as desigualdades sociais contribuíram também, através de avanços ideológicos, políticos e conceptuais, para a evolução das propostas com vista à melhoria da qualidade de vida dos indivíduos.

Segundo Guimarães et al. (2004) é necessário actuar sobre os factores sociais que são determinantes da saúde para se alcançar qualidade de vida.

Face aos desígnios da OMS e das Conferências sobre Promoção da Saúde os Profissionais de Saúde devem cooperar com o indivíduo, a família e o meio envolvente de forma a melhorar as condições de vida, fornecendo informação/educação.