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CONSUMO CARVÃO

4.2. Monitoramento da qualidade do ar

Segundo previsto no artigo 1º da DN Copam nº. 49/2001, todas as instalações de produção de ferro gusa existentes na data de publicação da DN, em operação ou não, ficariam obrigadas, no prazo máximo de 24 meses, a realizar o monitoramento de suas fontes estacionárias e à observância do padrão de qualidade do ar para partículas inaláveis, na região onde estão inseridas.

Para tanto, segundo descrito no art. 2º da mesma Deliberação, as empresas situadas em zona urbana, deveriam instalar, isoladas ou em conjunto, uma rede de monitoramento da qualidade do ar composta de equipamentos automáticos de medição, que deveria ser aprovada pela extinta Câmara de Atividades Industriais - CID, no prazo máximo de 24 meses. Registre-se que, no caso de fornos instalados em zona rural, a obrigatoriedade de

verificação da concentração de poluentes atmosféricos ficaria definida a critério de referido órgão24.

Contudo, transcorrido o prazo fixado, o setor siderúrgico não se dignou a cumprir a determinação legal, nem tampouco a Fundação Estadual de Meio Ambiente – Feam alcançou meios eficientes para obter a execução do comando normativo.

Visando à caracterização da influência do setor independente de produção de ferro gusa na qualidade do ar daquela localidade, foram elementos na avaliação individualizada da indústria de ferro gusa no município de Sete Lagoas, os quais foram analisados em conjunto com outros fatores, como a localização das indústrias, os dados de monitoramento da qualidade do ar disponíveis e as condições meteorológicas.

Anote-se que uma das atividades desenvolvidas pelo Projeto Minas Ambiente foi a implantação de uma rede de monitoramento da qualidade do ar no município de Sete Lagoas. Para o programa de monitoramento, que se iniciou em 1998, foram selecionados cinco locais de amostragem, sendo quatro deles para monitorar Partículas Totais em Suspensão (PTS) e um deles para monitorar Partículas Inaláveis (PI).

Para a escolha dos pontos de amostragem, foram realizados levantamentos das principais fontes de emissão de poluentes atmosféricos, dados estatísticos de reclamações de vizinhos às siderúrgicas, dados cartográficos, dados meteorológicos de direção preferencial e velocidade de vento, demografia, climatologia, dados de uso e ocupação do solo e infra- estrutura disponível implantada pela administração municipal nos locais candidatos à instalação das estações de amostragem. Os pontos selecionados foram caracterizados conforme destacado no Quadro 4.1.

24 A estrutura administrativa do COPAM foi recentemente modificada e encontra-se definida no art. 6º do Decreto Estadual nº. 44.667/2007. Pela nova sistemática, deixou de existir a Câmara de Atividades Industriais – CID, cujas atribuições foram transmitidas às Unidades Regionais Colegiadas – URC. O organograma atual da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SEMAD está

disponível em

http://www.semad.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=13& Itemid=27 Acesso em 13 de abril de 2009.

Estação Tipo Localização Zona Posição geográfica Equipamento SL01 Eldorado Escola Estadual Edith Furst

PTS Rua Abílio Diniz, 294, bairro Eldorado. Via de acesso asfaltada.

Mista Sudoeste Hi-vol

SL02

Escola Técnica

PTS Av. Prefeito Alberto Moura, 1111

Bairro CDI. Via de acesso asfaltada

Industrial Leste Hi-vol

SL03

Cidade de Deus

PTS Bairro Cidade de Deus. Via

de acesso cascalhada. Mista Nordeste Hi-vol

SL04

Pronto Socorro

PTS Rua Itália Pontelo, 41 Bairro Chácara do Paiva. Via de acesso asfaltada com tráfego intenso.

Mista Centro Hi-vol

SL05

Parque Náutico

PM10 Av. Maurílio de Jesus Peixoto, 1595, Bairro Boa Vista

Rua de Acesso asfaltada

Mista Norte Amostrador de

grandes volumes com cabeça de separação por impactação inercial. Separação de partículas menores que 10µm

Quadro 4.1 – Identificação dos pontos de monitoramento da qualidade do ar em Sete Lagoas (1999-2001). Fonte: (CONDE E PAULA, 2007).

A Figura 4.1 apresenta a distribuição espacial das indústrias siderúrgicas e de outras fontes potencialmente poluidoras do ar atmosférico, tais como as indústrias de cerâmica e mineradoras, bem como a localização dos pontos de monitoramento da qualidade do ar selecionados no município de Sete Lagoas.

Como se vê no destaque, há uma grande concentração de indústrias ao longo do trecho da rodovia BR-040, na porção Sudoeste da área urbana, sendo que a maioria dos empreendimentos situa-se zona mista ou zona rural, uma vez que apenas quatro empresas estão instaladas dentro do perímetro urbano.

Legenda:

Estações de monitoramento

Indústrias de ferro gusa e outras potencialmente poluidoras Rodovia

Malha urbana

Figura 4.1 – Mapa da distribuição das indústrias de ferro gusa e das estações de monitoramento da qualidade do ar no município de Sete Lagoas. Fonte: CONDE E PAULA, 2007

Esses resultados foram compilados por Conde e Paula (2007) de modo a evidenciar a freqüência da ocorrência das classes de qualidade do ar no período previsto no programa de monitoramento, registradas nas cinco estações, no período de março a dezembro de 1999, e analisar os resultados com base nos padrões de qualidade do ar definidos pela Resolução CONAMA nº03/90. Os resultados estão apresentados nos gráficos no Anexo C. Os resultados demonstraram que a qualidade do ar no município de Sete Lagoas ficou bastante comprometida no ano de 1999. Isso porque, embora a Resolução CONAMA 03/90 estabeleça que o padrão primário de qualidade do ar (igual a 240 µg/m3 para PTS e a

577610m 583729m 7845743m 7851418m vento predominante Projeção: UTM Datum: WGS84

150 µg/m3 para PM-10) possa ser ultrapassado apenas uma vez por ano, naquela localidade o paradigma que caracteriza a classe de qualidade do ar inadequada foi ultrapassado 30 vezes, levando-se em conta todas as estações de monitoramento. Por seu turno, o padrão primário que caracteriza a qualidade do ar má foi ultrapassado quatro vezes no ano de 1999.

Foram analisados os resultados de cada uma das estações de monitoramento a respeito da concentração média diária de Partículas Totais em Suspensão e Partículas Inaláveis obtidos no Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar de Sete Lagoas. Para a obtenção dos índices de qualidade do ar foi utilizada a metodologia proposta pela US Enviromental Protection Agency – USEPA (2007), usualmente adotada pelos órgãos ambientais no Brasil para essa finalidade. Os resultados foram representados nos gráficos do Anexo C.

As estações de monitoramento que registraram os piores resultados foram a Estação Eldorado (SL01) e a Estação Parque Náutico (SL05). Os resultados apresentados pela Estação SL01 podem ser explicados pela maior proximidade das fontes estacionárias de poluição. Os resultados obtidos na Estação SL05 são os mais preocupantes, uma vez que as partículas inaláveis (menores que 10µm), cujas concentrações foram medidas nessa estação, são mais prejudiciais à saúde humana do que as partículas totais em suspensão e, além disso, tal estação localiza-se na área central do município de Sete Lagoas, zona de alta densidade demográfica.

Os índices de qualidade do ar calculados evidenciaram, como era de se esperar, que a qualidade do ar no município de Sete Lagoas piora no período de estiagem, que corresponde aos meses de maio a setembro – nos gráficos, pode-se observar a elevação da concentração de partículas totais em suspensão e partículas inaláveis no período, conferindo à curva um perfil bem característico –. A maioria das ocorrências da classe de qualidade do ar inadequada e má foram registradas nesse período do ano.

A freqüência de ocorrência das classes de qualidade do ar registradas para as cinco estações, no período de janeiro a dezembro de 2000, estão apresentadas nos gráficos do que integram o Anexo C.

Os resultados obtidos pelo monitoramento da qualidade do ar em Sete Lagoas em 1999 indicaram que as estações SL01 e SL05 mantiveram os piores índices de qualidade do ar dentre as cinco estações. A freqüência de ocorrência das classes de qualidade do ar registradas para as cinco estações no período de janeiro a dezembro de 2001 estão apresentadas nos gráficos do Anexo C-3 nos quais se observa que a freqüência de dados indisponíveis continuou elevada no ano de 2001, atingindo 37% dos dados esperados para a estação SL01. Por isso, a melhora significativa verificada na estação SL01 com relação ao número de vezes em que as concentrações de material particulado ultrapassaram o padrão primário estabelecido pela Resolução Conama nº 03/90, provavelmente, não é representativa da real situação da qualidade do ar ocorrida naquele ano.

Semelhantemente ao período anterior, os dados coletados no ano 2000 mostraram uma sensível redução nas concentrações de material particulado em relação àqueles registrados nas estações SL05 e SL02 com relação ao número de vezes em que a qualidade do ar foi classificada como inadequada. Entretanto, é importante observar que indisponibilidade de dados no período de janeiro a dezembro de 2000 foi muito superior àquela registradas no ano de 1999, atingindo freqüências sempre superiores a 15% nas cinco estações de monitoramento. Muitos dos resultados não disponíveis ocorreram, justamente, no período de estiagem, de maio a setembro, sendo, portanto, um viés importante a ser considerado na análise dos resultados do monitoramento da qualidade do ar obtidos no ano de 2000. A Tabela 4.2 apresenta os percentuais de cada uma das classes de qualidade do ar registradas no período em que o monitoramento foi realizado.

Tabela 4.3 – Classes de qualidade do ar registradas no município de Sete Lagoas (1999- 2001)

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