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Boa Regular Inadequada

ESTAÇÃO 1999 2000 2001 1999 2000 2001 1999 2000 2001 1999 2000 2001 Eldorado (SL01) 10 16 6 59 49 55 17 17 2 6 - - Escola Técnica (SL02) 31 39 43 57 35 33 10 4 - 2 - - Cidade de Deus (SL03) 59 55 74 41 14 10 - 2 - - - - Pronto Socorro (SL04) 6 16 4 88 61 68 6 6 8 - - 4 Parque Náutico (SL05) 16 18 6 65 51 65 17 12 8 - - -

As demais estações também apresentaram freqüência elevada de indisponibilidade de dados. Apesar disso, a estação SL04 apresentou maior freqüência de verificações de dados de concentração de material particulado na classe de qualidade do ar inadequada, comparativamente aos anos anteriores. A estação SL02 não registrou concentrações de poluentes referentes à classe de qualidade do ar inadequada, porém, semelhantemente à estação SL01, a alta freqüência de indisponibilidade de dados no período de estiagem, sobretudo no mês de julho, pode ser um viés importante desse resultado.

4.2.1. Avaliação dos parâmetros meteorológicos

Uma análise mais acurada dos níveis de qualidade do ar no município de Sete Lagoas demandaria o conhecimento dos cenários meteorológicos relativos ao mesmo período no qual foi realizado o monitoramento das concentrações de material particulado, ou seja, março de 1999 a dezembro de 2001.

Não obstante esforço envidado nesse sentido, somente foi possível o acesso aos parâmetros meteorológicos relativos aos anos de 2006 e 2007, o que, de certa forma, impede a realização da análise pretendida, que evidenciaria a relação entre os níveis de qualidade do ar, as fontes de emissão de poluentes atmosféricos e as condições meteorológicas locais. Apesar disto, com as séries históricas dos dois anos, foi possível fazer algumas considerações a respeito da direção predominante e da velocidade dos ventos ao longo dos anos referidos.

Os resultados apresentados baseiam-se nas informações coletadas da Estação Climatológica de Sete Lagoas, instalada no Centro de Pesquisas de Milho e Sorgo (CNPMS) da Embrapa, distante cerca de 10 km da sede do município de Sete Lagoas. Essa Estação está situada a 44º 15’ longitude W e 19º 28’ latitude (EMBRAPA, 2007).

A freqüência de ocorrência de ventos de acordo com a direção predominante e a velocidade, medidas na Estação Climatológica de Sete Lagoas no ano de 2006 estão apresentadas nos gráficos da Figura D-1 do Anexo D.

As rosas de vento evidenciam que nos quatro primeiros meses de 2006 houve forte predominância dos ventos de origem Leste. Os meses de maio e junho apresentaram ventos predominantes de Sul. Os demais meses apresentaram ventos predominantes da direção Leste, com exceção do mês de dezembro, cujo vento predominante foi Norte. Durante todo o ano de 2006 os ventos apresentaram velocidade inferior a 10 km/h.

A Figura D.2 do Anexo D apresenta gráficos com as freqüências de direção e velocidade de vento registradas no ano de 2007 na região de Sete Lagoas. Constatou-se que no primeiro semestre de 2007, os ventos apresentaram direções predominantes mensais variadas. No mês de janeiro predominou o vento proveniente de Norte, enquanto os meses de fevereiro e abril apresentaram ventos predominantes de Sudeste. Os meses de março e maio apresentaram ventos predominantes de Sul, enquanto em junho o vento predominante foi o de direção Leste, porém, com alta freqüência de ventos de Sul. O segundo semestre apresentou ventos predominantemente de Leste, porém com uma alta freqüência de ventos de Sul no mês de julho. Com relação à velocidade do vento, os valores registrados foram sempre inferiores a 10km/h.

Com relação às condições pluviométricas, é evidente a distinção de dois períodos: um período chuvoso e outro fortemente seco, característicos do clima tropical. O período de estiagem vai de maio a setembro e o período chuvoso corresponde aos meses restantes. Como justificado anteriormente, apesar de os dados de qualidade do ar e das condições meteorológicas não serem relativos ao período correspondente ao monitoramento da qualidade do ar no município de Sete Lagoas, é possível fazer algumas associações com base nesses dados.

Como a maior concentração de indústrias independentes de ferro gusa ocorre na região Sudoeste do município de Sete Lagoas, principalmente às margens da rodovia BR-040, pode-se dizer que os ventos que mais contribuem para piorar os níveis de qualidade do ar no perímetro urbano de Sete Lagoas são aqueles provenientes das direções os poluentes atmosféricos oriundos das plantas siderúrgicas diretamente para a porção urbanizada do município.

No que diz respeito às condições pluviométricas, o período de estiagem pode ser considerado o período crítico para a qualidade do ar no município de Sete Lagoas, uma vez que o material particulado emitido pelas indústrias permanece em suspensão devido aos baixos níveis de precipitação (associado ao fato de que, nesse período do ano, a qualidade do ar pode ser agravada devido à intensificação do fenômeno de inversão térmica, que é comum na região).Tal situação é evidenciada pela maior concentração de material particulado verificada nos períodos de estiagem dos anos de 1999, 2000 e 2001, ultrapassando várias vezes o padrão primário estabelecido pela Resolução CONAMA 03/90, com valores de concentração correspondente às classes de qualidade do ar inadequada e má.

Analisando as freqüências de ocorrência de ventos em uma dada direção, é possível perceber uma forte incidência dos ventos de direção Leste ao longo do ano. Porém, fica evidente também o aumento relativo dos ventos que contribuem para piorar a qualidade do ar em Sete Lagoas, provenientes das direções Sul, Sudoeste e Sudeste, justamente no período de estiagem, o que pode ser um importante fator agravante nas condições da qualidade do ar no perímetro urbano de Sete Lagoas.

Outro fator importante é a velocidade do vento, considerada baixa em todos os meses do ano. Ventos de baixa velocidade não contribuem favoravelmente para a dispersão dos poluentes atmosféricos, agravando, portanto, a situação da qualidade do ar no município.

4.3. Compromisso de ajustamento de conduta

Todas as constatações extraídas dos inquéritos civis evidenciam que o licenciamento ambiental, não obstante sua inquestionável relevância, não representa, por vezes, um procedimento definitivo na regularização ambiental de um dado empreendimento, tornando necessária a atuação do Ministério Público para que seja resguardado o interesse difuso existente na preservação do equilíbrio ambiental e na melhoria da qualidade do meio ambiente.

Por certo, a regularização ambiental de um empreendimento não termina com a obtenção da licença ou da autorização ambiental, mas se trata de processo contínuo que perdura

durante todo o período de operação do empreendimento e, por vezes, até a fase posterior ao encerramento da atividade, quando, por exemplo, há necessidade de recuperação de áreas degradadas ou do monitoramento de locais contaminados. Com pertinência, Machado (2008, p. 290) pondera que o fato de uma atividade estar licenciada não lhe confere um estado de legalidade.

Nesse aspecto, não se pode perder de memória o regramento constitucional sobre a responsabilidade civil ambiental, que não deixa dúvidas sobre a possibilidade de responsabilização por danos ao meio ambiente do empreendimento formalmente regularizado, ainda que este funcione estritamente nos parâmetros estabelecidos na licença, sem prescindir de eventual responsabilização do órgão licenciador por não haver cobrado do empreendedor as medidas suficientes para mitigar o dano ambiental, ou ainda, por não haver fiscalizado devidamente as atividades licenciadas.

Acresce que o cumprimento da tríplice responsabilidade para o causador de dano ambiental (art. 225, § 3º, CF/88) somente será plenamente alcançado com a atuação ministerial, que poderá valer-se tanto de instrumentos cíveis quanto criminais para buscar a cessação das atividades nocivas ao meio ambiente, assim como a reparação dos danos constatados e a compensação dos danos considerados tecnicamente irrecuperáveis.

Nesses termos, a atuação do Ministério Público ocorre de forma autônoma com relação aos órgãos estatais na regularização administrativa ambiental dos empreendimentos passíveis de licenciamento ambiental, uma vez que sua perspectiva é apurar, no âmbito civil e criminal, eventual responsabilidade da empresa em evento danoso ao meio ambiente. Logo, agindo desta forma, não estará o Parquet substituindo a ação administrativa estatal – como freqüentemente propalado, mas tão-somente exercendo suas funções institucionais descritas na Carta Magna, buscando a efetividade de seus princípios salutares, notadamente no tocante à reparação integral de danos ambientais, mediante o cumprimento da tríplice responsabilização do infrator.

Com vistas ao cumprimento dessas funções institucionais, o Ministério Público apresentou às empresas siderúrgicas proposta de celebração de compromisso de ajustamento de conduta, que é o instrumento, por excelência, de que o Parquet dispõe para a proteção dos interesses difusos, dentre os quais se insere o meio ambiente.

4.3.1 – Conteúdo geral dos compromissos de ajustamento de conduta

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