• Nenhum resultado encontrado

geral, se observa a correlação entre evento factual e emprego do modo

MURIAÉ FEIRA DE SANTANA

Completivas Relativas RelRelativas Escolaridade Fundam.: 56,7% Superior: 91,7% − − Sexo Fem.: 57,1% Masc.: 87,5% Fem.: 13,5% Masc.: 36,6% − Faixa etária − I: 12,8% − II: 38,5% Animacidade do antecedente do pronome relativo − − Ani.: 36,2% Inani.: 82,4% Nível de referência do antecedente − − Genérico: 66,7% Indefinido: 33,4% Fonte: (adaptada de ALVES, 2009, p. 135-138-158-159-164-166)

Conforme a tabela 16, no contexto de ‘orações completivas’ em Muriaé, os resultados para o ‘nível de escolaridade’ “vêm fortalecer a hipótese de que a escola é, no solo mineiro, um importante veículo difusor do subjuntivo, tendo em vista que este atualmente não se encontra tão presente no processo natural de aquisição da linguagem”. (ALVES, 2009, p. 136). Para a variável ‘sexo/gênero’, observa Alves (2009, p. 138) que “o fato de a variante inovadora aparecer com mais frequência na fala de mulheres pode estar sinalizando que a mesma não possui um caráter negativo na avaliação da comunidade”. Em Feira de Santana, o uso de subjuntivo é categórico.

97

Devido ao número de dados e aos nocautes, não foi permitido à autora proceder a uma análise multidimensional para as orações adverbiais.

Os resultados para as orações relativas indicam os falantes mais velhos empregam mais o presente do subjuntivo (38,5%) se comparados com os mais jovens (12,8%). Conforme resultados para a variável ‘sexo/gênero’, os homens tendem a usar o subjuntivo, ao contrário das mulheres, que preferem o presente do indicativo, indicando que “nessa localidade a mesma faz parte do vernáculo e, consequentemente, não é portadora de avaliação social negativa”. (ALVES, 2009, p. 166). Em Feira de Santana, resultados indicam o caráter inanimado do antecedente do pronome relativo como favorecedor do uso do subjuntivo (82,4%), bem como o nível de referência de tipo genérico (66,7%).

A pesquisa de Alves aponta, a partir do córpus escrito consultado, o uso do indicativo em algumas orações, como as relativas e adverbiais, ao contrário das completivas, em que se verifica apenas o emprego do modo subjuntivo. Espera-se, para a presente pesquisa acerca da variação no presente do modo subjuntivo em Florianópolis e Lages, que dados diacrônicos apontem para contextos de mais resistência do presente do subjuntivo, como também para possíveis contextos de entrada do indicativo.

As pesquisas realizadas com amostras da Região Nordeste reforçam a importância de variáveis também controladas em outros estudos resenhados nesta seção, a saber: assertividade da negação, modalidade, localização temporal do evento e classe semântica do verbo da oração principal.

Conforme mencionado, não encontramos pesquisas realizadas com dados da Região Norte. E com relação à Região Centro-Oeste, à exceção da pesquisa conduzida por Rocha (1997) com dados de Brasília (e também do Rio de Janeiro), temos conhecimento de uma dissertação de mestrado, desenvolvida por Tomanin (2003). Tendo como objetivo descrever a fala de Alto Araguaia98, a autora investiga diversos fenômenos linguísticos, dentre os quais destacamos o uso variável do presente do subjuntivo, também encontrado na fala de araguaienses. Registra a autora que o presente do subjuntivo é substituído pelo presente do indicativo preferencialmente por informantes menos escolarizados.

2.4.1.4 Considerações acerca das pesquisas

Neste momento, apresentamos um quadro-síntese das pesquisas resenhadas sobre o uso do modo subjuntivo. Para fins didáticos,

98

Alto Araguaia é um município do estado do Mato Grosso, localizado na divisa com Goiás.

indicamos a região de coleta dos dados, o tipo de amostra, o objeto investigado, bem como as variáveis independentes controladas. De uma forma geral, os pesquisadores submeteram os dados a um tratamento estatístico e, tendo sido selecionadas pelo programa, as variáveis estão identificadas pela fonte vermelha99.

Registramos, ainda, que o estudo de Carvalho (2007) trata da variação no presente e no imperfeito do subjuntivo. No quadro a seguir, entretanto, somente as variáveis referentes à variação entre presente do subjuntivo e presente do indicativo são apresentadas. No estudo de Pimpão (1999c), apresentamos apenas as variáveis independentes comuns100, uma vez que nenhuma das variáveis específicas para cada um dos cinco contextos linguísticos foi selecionada pelo programa estatístico na rodada geral dos dados.

Na sequência, identificamos, através de um mapa do Brasil, as regiões de coleta dos dados de cada uma das pesquisas resenhadas. Para uma visualização mais abrangente da variação entre o modo subjuntivo e o modo indicativo, evidenciamos o percentual de uso do modo subjuntivo das pesquisas que fornecem tais resultados gerais, e, dependendo do estudo, destacamos o percentual de variação entre o presente do subjuntivo e o presente do indicativo. Ressaltamos, entretanto, que a importância dos percentuais reside na indicação da frequência do subjuntivo em cada amostra investigada. Qualquer comparação mais rigorosa inferida a partir dos resultados deve considerar as particularidades de cada estudo, dentre as quais destacamos o contexto de objeto de análise, os tempos verbais eleitos para análise, o número de dados da amostra e a constituição do banco.

99

Das pesquisas consideradas, seis não apresentam um controle probabilístico aplicado às variáveis: Botelho Pereira (1974), Wherritt (1977), Costa (1990), Gonçalves (2003), Guiraldelli (2004) e Vieira (2007). Por essa razão, nenhuma variável independente está destacada com a fonte vermelha.

100

Convém lembrar que Pimpão (1999c) investiga cinco contextos de análise: orações substantivas, relativas e adverbiais, orações com o advérbio talvez e o contexto de pressuposição. Inicialmente, a autora procede a rodadas estatísticas com todos esses contextos, e, em uma segunda etapa da análise, controla isoladamente cada um. Tanto na rodada geral quanto nas rodadas por contexto, um mesmo número de variáveis linguísticas é controlado, por isso foram consideradas ‘variáveis comuns’. Os dados analisados nesta tese serão submetidos a esse mesmo procedimento.

Quadro 2

Pesquisas acerca da variação entre o modo subjuntivo e o modo indicativo com dados do português do Brasil

Estado SP RS SC PR

Pesquisa BOTELHO PEREIRA (1974)

COSTA (1990) PIMPÃO (1999c) FAGUNDES (2007) Amostra Testes com

universitários, professoras e jornalistas

Entrevistas na Vila Rural de Santo Antônio/Ijuí-RS

Entrevistas Banco VARSUL/Florianópolis

Entrevistas: Banco VARSUL/Paraná

Objeto Presente e Pretérito Substantivas Três tempos Subst./Rel./Adv./Talvez/Exor. Presente Subst./Rel./Adv./Talvez/Pressup. Três tempos Subst./Rel./Adv./Isol./Princ. V A R I Á V E I S I N T E R N A S

− modalidade (não)-factual tempo-modalidade (fut./inc./atemp./pressuposição)

modalidade (conhecimento/conduta -

desejo) − fatores estruturais tipo de contexto subjuntivo/tipo de

cláusula

tipo de oração carga semântica da

matriz

− − −

− − tipo mecanismo lingüístico −

− − − −

− − − −

− − − tempo verbal da ocorrência

− − − tempo verbal da principal

− − estatuto informacional − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − pessoa − − − − − − − saliência fônica − − − conjugação − − − paralelismo − − − − − V A E R X I T Á E V R E N I A S S

− sexo sexo sexo

− idade idade faixa etária

− grau de instrução escolaridade grau de escolaridade

− propriedade (não)mecanizada − − − − − cidade − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − − −

Quadro 2 (continuação)

Estado SP MG MG -

Pesquisa WHERRITT (1977)

ALVES NETA (2000) GONÇALVES (2003) GUIRALDELLI (2004)