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geral, se observa a correlação entre evento factual e emprego do modo

PR Verbo bicondicional (duvidar, ser possível) e

implicativo negativo (impedir)

08/10 80 0,95 Verbo não-factivo volitivo (querer, esperar) 65/88 74 0,95 Verbo não-factivo não-volitivo (pedir, ser necessário) 11/14 79 0,89 Verbo ou predicado indiferente de opinião e suposição

(considerar, imaginar, pensar, acreditar, supor, dizer (=significar), significar)

4 44/107 41 0,73

Verbo factivo emotivo ou avaliativo (gostar, concordar) 17/29 59 0,60 Verbo ou predicado indiferente de suposição (parecer) 01/17 06 0,36 Verbo ou predicado indiferente de opinião (achar) 09/248 04 0,21 Verbos performativo e condicional (garantir, afirmar) 0 02/09 22 0,17 Verbo factivo não-emotivo ou não-avaliativo (saber) 01/23 04 0,02

TOTAL 158/545 29

Fonte: (adaptada de ROCHA, 1997, p. 69-70)

Rocha aplica a distribuição das categorias verbais proposta por Botelho Pereira (1974) aos dados em análise. Dos resultados apresentados na tabela 6, merece destaque o elevado peso relativo de subjuntivo (0,95) sob o escopo de verbos não-factivos volitivos. Os verbos bicondicionais e implicativo negativo, embora com mesmo peso relativo, envolvem um número menor de dados. Para todos os verbos, Rocha acredita que não há oposição modal na oração encaixada, e que o significado atribuído aos modos verbais pelas gramáticas tradicionais estaria em outros elementos da oração e/ou do discurso. Pensamos que essa distribuição dos verbos mostra-se interessante por subdividir os verbos factivos e não-factivos de uma forma mais detalhada, podendo assim captar nuances que podem ser significativas.

Quanto à assertividade da oração, os resultados apontam a importância da negação no condicionamento do modo subjuntivo. Rocha, com muita propriedade, alerta que, além da presença do elemento de negação, é preciso considerar o escopo da negação: se na oração matriz, se na oração encaixada. Quanto à ‘regularidade do verbo na encaixada’, a pesquisa revela um uso preferencial do modo subjuntivo associado a verbos regulares e a verbos irregulares. Verbos anômalos, em geral de maior saliência fônica, inibem o uso desse modo verbal.

Dentre as variáveis sociais controladas, o pacote estatístico selecionou a ‘faixa etária’, com resultados que apontam para um padrão linear, segundo o qual os mais jovens preferem a variante inovadora, i.e, o indicativo e, à medida que a idade avança, aumenta a probabilidade de emprego do subjuntivo, indicando que os mais velhos são mais conversadores.

Rocha considera que a variação entre subjuntivo e indicativo situa-se abaixo do nível de consciência do informante. Acreditamos, entretanto, que a variação no subjuntivo está abaixo do nível de consciência em determinados contextos, como, por exemplo, as orações com verbos de opinião na matriz (acreditar). A presença de um verbo de volição na matriz (querer) já poderia, ao contrário, sugerir algum nível de consciência – os próprios resultados indicam o favorecimento do subjuntivo sob o escopo de tais verbos. Essa é uma questão que mereceria um tratamento específico, com aplicação de testes de atitude, por exemplo.

Rocha (1997, p. 108) ainda destaca a existência de duas variantes inovadoras: “o indicativo usado em ambientes de uso mais associado ao subjuntivo e o subjuntivo usado em contextos de uso preferencialmente do indicativo”. Acreditamos, todavia, que o presente do indicativo figure como variante inovadora apenas nos ambientes de uso obrigatório de subjuntivo, conforme prescrevem os gramáticos normativos; nos demais, em que o uso do indicativo é, de uma certa forma, previsto, esse modo verbal acaba perdendo o status de variante inovadora. Por outro lado, o uso do subjuntivo em contextos de indicativo está fora do escopo da análise empreendida nesta tese. Da referida pesquisa, destacamos duas variáveis também consideradas em outros estudos: a ‘carga semântica do verbo ou do sintagma verbal da matriz’ e a ‘estrutura de assertividade da oração matriz’.

Alves Neta (2000)

Para investigar a variação entre as formas verbais do presente do modo indicativo e do modo subjuntivo, Alves Neta examina dois córpus (falado e escrito) coletados na cidade de Januária, localizada no norte de Minas Gerais. Para a constituição do córpus falado, são considerados 18 informantes, estratificados em nível de escolaridade (fundamental, médio e superior) e em faixa etária (geração I, II e III), totalizando 284 ocorrências de contextos sujeitos à variação. Ainda, a autora aplicou um teste aos mesmos 18 informantes, solicitando que completassem frases, em que era esperado o uso do presente do subjuntivo.

O córpus escrito inclui redações de (i) alunos do ensino fundamental de três escolas públicas (7ª e 8 ª séries); (ii) alunos do

ensino médio da Escola Agrotécnica Federal de Januária; e (iii) candidatos ao vestibular/99 da UNIMONTES, totalizando 159 ocorrências. Para cada série do ensino fundamental de cada escola, são coletadas 15 redações, totalizando 90 textos; e, para cada série do ensino médio, são coletadas 30, totalizando 90. A esse número de produções, somam-se 90 redações do vestibular, constituindo um córpus de 270 textos.

Os contextos de análise são os seguintes: oração subordinada substantiva, cujo verbo da oração principal é não-factivo: verbos de volição, causa, necessidade e possibilidade; oração subordinada adverbial; oração com o advérbio talvez; oração subordinada adjetiva, cujo referente seja um ser de existência possível81; oração coordenada e principal. No que diz respeito às subordinadas substantivas, Alves Neta isola duas categorias de verbos: os de julgamento (Suponho que ele

estuda/estude.) e os de sentimento (Alegra-me que ele vem/venha.),

analisando-as separadamente. Para a autora, esses casos não constituem variação, pois a presença de um determinado modo verbal implica um valor semântico específico.

Seis variáveis são controladas no tratamento quantitativo dos dados: tipo de oração, modalidade, tipo de conjunção da oração adverbial, nível de escolaridade, faixa etária e estilos de fala82. O último grupo de fatores, dada a natureza, é excluído das rodadas com os dados de escrita. A autora realiza rodadas individuais para os córpus em análise.

São analisados 284 dados de fala e 159 dados de escrita. Para os dados de fala, são consideradas estatisticamente significantes as variáveis ‘tipo de oração’ e ‘nível de escolaridade’; para os dados de escrita, ‘tipo de oração’ e ‘modalidade’. A tabela 7 expõe os resultados para a variável ‘tipo de oração’, na fala e na escrita.

81

Nas orações adjetivas, parece que Alves Neta (2000) considera que o modo verbal carrega um valor modal. Observe os exemplos: em “Quero um ajudante que faça bolo”, a existência do referente é pressuposta; em “Quero um ajudante que faz bolo”, a existência é garantida (ALVES NETA, 2000, p. 53). Nesse sentido, contexto de existência garantida não foi considerado na análise.

82

Alves Neta (2000, p. 72) controla dois fatores para a variável independente ‘estilos de fala’: “o estilo formal corresponde aos dados obtidos através de entrevista. Foi considerado estilo menos formal aquele em que o informante foi solicitado a completar frase.”

Tabela 7

Atuação da variável ‘tipo de oração’ sobre o uso do presente do subjuntivo em dados de fala e em dados de escrita de Januária/ MG

TIPO DE ORAÇÃO ORAL ESCRITA