• Nenhum resultado encontrado

vereadores das Câmaras Suas atribuições, e Distritos, serão regulados por lei.

4. CRISE E REFORMA DO PODER JUDICIÁRIO

4.1 Origem da Crise do Poder Judiciário

4.1.4 Número insuficiente de juizes?

Outro aspecto considerado para análise da crise do poder judiciário pode ser tributado ao número de magistrados, que é considerado baixo para a quantidade de processos, de acordo com dados da AMB, ANAMATRA e Conselho da Justiça Federal, que acusa um déficit de aproximadamente 20% no número de magistrados. Em 2003, conforme o documento da FGV existiam 13.660 magistrados no Brasil. Considerando a população brasileira consoante os

237

ROSA, Alexandre Morais da. Aspectos Destacados do Poder Judiciário Norte-Americano. In. http://www.neofito.com.br/artigos/inter23.htm Acesso em 10.12.2004.

dados do IBGE, tem-se a média de 7,5 juízes para grupo de 100 mil habitantes, ou um juiz para 13.323 habitantes. Na constatação de Vianna238, em 1995 o Brasil apresentava a proporção de um juiz para 15.384 habitantes, o que era “claramente discrepante dos números

de países com sistemas legais assemelhados ao do Brasil”. A média internacional, conforme

a FGV, é de 7,3 juízes por 100 mil habitantes. Os dados levantados pelo STF demonstram pequenas divergências, justificadas pela recenticidade do documento do STF em relação à publicação da FGV. Em comparação com países desenvolvidos, o Brasil ocupa as últimas colocações e, na América Latina, perde para Argentina, Colômbia, Costa Rica, entre outros. O país que apresenta o melhor índice é Luxemburgo, com um juiz para cada 3.238 habitantes.

De acordo com o documento produzido pela FGV, no ano de 2003 foram distribuídos 17,3 milhões de processos para 13.323 magistrados, o que dá uma média de 1.328 processos por juízes. Esses números revelam um grau de litigiosidade correspondente a 9,5% da população brasileira em 2004 e expõem uma realidade inegável: o número de magistrados existentes na organização judicial brasileira é insuficiente para a atender a demanda atual, estando a capacidade dos magistrados aquém da necessidade de julgamento esperada pela sociedade brasileira. O resultado desta insuficiência traduz-se no congestionamento da litigiosidade que alcança, de acordo com o documento do STF, o índice de 59,26%. Não obstante conforme o documento da FGV, no ano de 2003 a grande parcela significativa dos magistrados e tribunais conseguiu índices próximos da eficiência nos julgamentos. O STF, por exemplo, julgou 24% a mais do que os processos ajuizados. O STJ e o STM julgaram na mesma quantidade de processos distribuídos. O TSE julgou 48% a mais do que os processos ajuizados. O TST 79%, e os juizes trabalhistas de 1º grau alcançaram 96% e os TRT’S 97%. Os juízes estaduais 68% e os federais de primeira instância ficaram com o pior índices: 57%. Estes números, contudo, não significa dizer que os processos estão sendo julgados no mesmo ano em que chegam ao judiciário. Outro dado importante é que os números alcançados pelos documentos refletem a média nacional, mas não demonstram a realidade em nível estadual. Existem unidades que estão com números significativos de eficiência, como, por exemplo, o Estado da Paraíba, onde, segundo a fundação da FGV, foram julgados 96% do número de processos entrados, enquanto o Estado do Amazonas julgou apenas 25% .

Em comparação individual entre as unidades da federação, observa-se que o Estado de São Paulo, por exemplo, registra a relação de um processo para cada 6,62 habitantes, muito acima da média nacional de um processo para cada 10,2 habitantes. Por outro lado, a Justiça

238

do Amazonas possui uma das maiores proporções habitante/processo: 51,59. Paradoxalmente, possui a média de 4,49 magistrados por grupo de 100 mil habitantes, muito abaixo da media nacional e da média internacional. Talvez aqui a justificativa para o Amazonas ostentar o pior índice entre todos os estados. Por outro lado, o Estado do Acre apresenta a média de 8,49 magistrados por grupo de 100 mil habitantes, o que explicaria que o pequeno Estado apresente uma média de julgamento correspondente a 82% dos processos entrados, na 1ª instância e 107% na segunda instância. Paradoxal é a situação do Rio de Janeiro, onde a 1ª instância apresenta um índice de apenas 46% de processos julgados239 e a 2ª instância ocupa a primeira posição com 110% de processos julgados com relação ao número de processos ajuizados. Os dados aqui analisados não conduzem a uma certeza de que o número de magistrados é ou não insuficiente, contudo, demonstram a grande discrepância entre a organização e a composição de magistrados entre os Estados.

4.2

A IMAGEM DO PODER JUDICIÁRIO

A demonstração da crise do Poder Judiciário se reflete também no grau de (des) confiança e de (des) conhecimento da sociedade quanto ao funcionamento da Justiça. Em pesquisa nacional realizada pela Universidade de Brasília – UnB, através do DATAUnB, constatou-se que 73,7% das pessoas entrevistadas conhecem primariamente a estrutura básica do sistema jurídico brasileiro, dividindo-a em justiça estadual e justiça federal; 72,7% reconhecem que existem juízes que julgam questões de trabalho; 63,9% acreditam que a Justiça brasileira (Judiciário) pode derrubar uma Lei, mas apenas 18,7% sabem quem é o órgão máximo do Judiciário Brasileiro; 58,4% sabem que um juiz ou tribunal pode mudar uma decisão tomada por outro juiz; 52,6 crêem que a Justiça brasileira pode derrubar (invalidar) uma decisão do Presidente da República. Por outro lado, 32,5% consideram que o Presidente da República tem poder legal para mandar no Congresso Nacional enquanto 31,2% dos entrevistados afirmam que o Presidente da República tem também o poder legal para

239 A Associação dos Magistrados Brasileiros e a Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro AMAERJ reclamaram dos índices informados na pesquisa. A Secretaria Nacional da Reforma do Poder Judiciário e o Ministério da Justiça admitiram que a pesquisa continha alguns dados incorretos em relação ao montante da despesa do Poder Judiciário nos Estados e também com relação a alguns índices referente à produtividade da magistratura. Porém, não houve qualquer correção oficial ou divulgação de dados posterior.

mandar na Justiça Brasileira. De acordo com a equipe responsável pela pesquisa, coordenada por Danilo Nolasco Marinho, estes índices refletem o percentual de respostas corretas. A análise conjunta das respostas pelos critérios técnicos da pesquisa revela, contudo, que apenas 17% dos entrevistados tem um alto conhecimento sobre o Poder Judiciário, enquanto 40% deles conhecem muito pouco sobre a justiça brasileira. Outro dado sintomático sobre a crise no poder judiciário é demonstrado no alto índice de entrevistados (83,9%) que considera que o PJ tem problemas e precisa ser mudado.