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Nada parece seguro, deixo o passado anotado

Episódios de dimensão sociológica e cultural, imbricados ao esforço dispendioso de leitura e escrita a que empreendo nesta seção, para além do plano subjetivo, merecem uma breve citação. Não há dúvidas de que o mal-estar gerado pela cultura possibilita o exercício intelectivo de que, em uma dimensão histórica, os sintomas melancólicos e depressivos se alteram para outras formas sintomáticas. Os fenômenos prototípicos da modernidade, como o modelo de produção capitalista e o desencanto do homem frente ao mundo em vertiginosa aceleração, parecem ter servido de motor para o alargamento de personalidades narcísicas, melancolizando os indivíduos. Com o afrouxamento dos laços sociais e a reificação impulsionada pela ordem de instauração do capitalismo, os sujeitos tornam-se individuais sem se tornarem indivíduos. Se podemos ler o contemporâneo assim, uma possível explicação estaria no fato de que o outro, antes paradigma ideal para a constituição do eu, tornou-se, neste momento histórico, o seu próprio predador, numa dinâmica de disputa pelo acúmulo capital dentro da lógica do sistema. Já incapaz de experiências, conforme afirma a teoria de Walter Benjamin, o humano passa a exercitar modos de existência inócuos e egoístas, desqualificado para a dinâmica da alteridade. Baudelaire, poeta e crítico da modernidade, é o personagem-chave para compreender a subjetividade que irrompe nesse intervalo histórico. A lição que deixou o artista francês acerca da modernidade é fonte de sentido porque, no percurso criativo da poesia moderna, colocou como centro de gravidade da sua obra a noção do spleen — melancolia sem razão, tédio, afasia, entropia. É na ausência de sentido para esse sentimento melancólico que o eu lírico baudelairiano vagueia por Paris, por exemplo, exercitando uma escrita de devaneios fragmentários e vacilantes, tais quais fluxos de consciência livre, preocupando-se somente em projetar-se na cidade enquanto expressão subjetiva, pois, querendo integrar-se a ela e apropriar-se de sua materialidade, transforma-a em objeto ausente de desejo em confronto com sua impossibilidade:

Incorpora definitivamente ao domínio da arte a dimensão da experiência sensível do artista, fazendo dela a fonte por excelência de sua produção, em detrimento das prescrições que chegam através da transmissão das tradições do passado. No entanto, ao contrário de um Rousseau ou de um Victor Hugo – para citar os mais célebres precursores da modernidade na França –, que também renegam a tradição como valor absoluto, mas que se esforçam por abstrair, cada um a seu modo, o mundo sensível das contingências atuais em proveito de uma ideia que o transcenderia, Baudelaire concebe tal experiência como uma interação física com a materialidade do mundo ou, para utilizar uma imagem do próprio poeta, como uma ‘descida’ no “espetáculo da vida”88.

Nesse contexto histórico-cultural europeu, a ambivalência de qualquer coisa pelo desmonte do positivismo faz com que a verdade se desvincule de uma noção unívoca e passe a ser considerada, mais do que sua autenticação pelo real, pelo modo como interfere na vida daquele que foi submetido, à força do tempo, a essa realidade. Seja na multidão, seja no indivíduo, esses dois vocábulos são “termos iguais e conversíveis para o poeta diligente e fecundo”, pois diz Baudelaire que “quem não sabe povoar sua solidão também não sabe estar só em meio a

88 MORAES, Marcelo Jacques de. O crítico e o poeta Baudelaire. In: Revista Cult. Disponível em <https://revistacult.uol.com.br/home/o-

uma multidão atarefada”89. Do movimento de introjeção, a partir de Baudelaire, o qual se recusou a ficar

impassível diante da atrofia da experiência, pensamos a modernidade como intensificadora de uma melancolia emergente de outrora, tendo em vista que o avanço desse período – em que o homem passa a olhar para si buscando a autossuficiência e a sua força racional sobre a natureza e a sociedade – fomenta a intensificação do processo de isolamento do eu em meio ao todo mediante a divisão social do trabalho e a aceleração da vida. Sob essa perspectiva, o ego do indivíduo moderno acaba fragilizado, minimizado, esvaziado, fraturado, reduzido a uma ínfima estrutura, dada a impraticabilidade do seu reconhecimento no outro, o qual se torna simbólico. Com o esvaziamento do eu, a partir do fim da experiência, conforme supôs Walter Benjamin, abre-se a fenda narcísica em que o sujeito, apropriando-se da culpa do mundo, melancoliza-se irremediavelmente – cria-se um buraco por onde escoa a pulsão de vida. Posto que me pareça complexo entender essa proposição, é em Baudelaire, no entanto, ao contrário da fisiologia natural que articula a concepção melancólica como consequência do desequilíbrio atrabiliário, que a noção de melancolia comparece por meio da ironia, como um ato de plena consciência. Para Benjamin, por assim dizer, a melancolia seria um modo de conhecer o mundo, por isso um aparato epistemológico. Muito mais recente, pesquisadora Maria Rita Kehl, em sua investigação de base psicanalítica a respeito das contribuições de Walter Benjamin na reflexão sobre o fenômeno da melancolia no século XIX e XX, discorre de modo bastante assertivo sobre esse tópico:

Na modernidade, esta busca até então coletiva se torna solitária; o (re)encontro com o Bem dependeria de um trabalho de criação individual. Uma invenção de destino. Este desajuste é o mesmo que estivera na origem de todas as formas anteriores de melancolia, como expressão do mal-estar na cultura ocidental. Em Baudelaire, poeta da transição para a modernidade, o objeto da melancolia ainda não havia se privatizado. Seria um objeto perdido, sim, tal como Freud viria a descrever no século seguinte – porém, um objeto cuja natureza ainda dizia respeito a representações e sentimentos que relativos à vida pública (em oposição à privacidade familiar).90

Feito alguém que carrega baldes de cimento fresco para embasar um amplo terreno, começando pelas bordas e pelos limites, ainda sem certeza do centro, é do esforço dessa conversa teórico-crítica que eu gostaria de criar um pequeno paralelo, a fim de construir um terreno fértil que me permita articular, em seções posteriores da tese, à emergência da subjetividade melancólica na atualidade o trabalho de criação de Nuno Ramos e de Leila Danziger. Não sei quanto tempo fico perdido em meio às leituras teóricas. Não é por acaso que, após percorrer tantos corredores de espelho para refletir sobre a melancolia, invisto agora na seguinte perspectiva de estudar a obra visual, literária e ensaística desses artistas: no movimento de pensar, ruminar e raciocinar sobre sua relação consigo e com o mundo, as obras deles, no intento frustrante, contínuo e inalcançável de abarcar em totalidade as infusões dos materiais em linguagem, e vice-versa, instigam um gesto de atenção e escuta aos apelos do tempo presente, sobremaneira melancólicos e lutuosos, causados pelo desígnio de apreensão de um tudo-inalcançável. Feito cavalos de corrida que avançam contra o relógio, os constructos artísticos e os ensaios 89 BAUDELAIRE, Charles. Poesia e prosa: volume único. Edição organizada por Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, p. 289. 90 KEHL, Maria Rita. A melancolia em Walter Benjamin e em Freud. In: III Seminario Internacional Politicas de la Memoria. 2010.

Buenos Aires, Argentina. Disponível em <http://conti.derhuman.jus.gov.ar/2010/10/mesa-42/khel_mesa_42.pdf> Acesso em 07 jan. 2019.

críticos de Nuno Ramos, a saber, parecem configurar-se como testemunhas de um movimento subjetivo que, em resposta ao contexto político-cultural contemporâneo, melancolizou a criação. E apesar da vasta obra em diferentes suportes, é no diálogo plástico-discursivo, com seus trâmites e densidades, que o artista se projeta para além de si e elege nos restos e ruínas a potencialidade de gestos artísticos erguidos de uma ausência, uma jamais completude a partir da junção de coisas e materiais cuja convivência se mostra estranha e áspera, de acordo com o crítico Rodrigo Naves.

Estico um pontilhado que vai interligar alguns espaços subjacentes a toda a construção do trabalho. Servindo- me brevemente das crises contemporâneas do globalismo liberal e neoliberal, considero, de fato, que o indivíduo na contemporaneidade assiste a uma série de transmutações sucessivas nos contextos sociais, econômicos e tecnológicos. Algo como um contínuo de desmontes e reavaliações de tudo que se considerava estável em termos de vida comum. Desde a instauração da modernidade, com a indústria de massas e a sua incitação ao consumo, o apelo à ideia de gozo ininterrupto provocado pelo sistema desloca o homem para uma situação de desejo constante frente aos imperativos de consumo. Por outro lado, o que julgamos como delineações fascistizantes fazem também irromper, nesse momento de crises, uma subjetividade conservadora no âmbito mundial, pois, com a quebra de ligação com as subjetividades progressistas, dá-se lugar a uma entrega exacerbada, insistente e inatingível de desejo de regresso a um passado idealizado, o que sucederia mais uma desilusão. Ainda, o esfacelamento mais intensificado da noção de comunidade, consequência da vida moderna, coloca, por um lado, “o esforço de substituir o ‘entendimento natural’ da comunidade de outrora, o ritmo, regulado pela natureza, da lavoura, e a rotina, regulada pela tradição, da vida do artesão, por uma outra rotina artificialmente projetada e coercitivamente imposta e monitorada”91, enquanto, de outro, a complexa

tarefa de criação de um sentido para a comunidade, imbricado a uma dinâmica outra de poder, continua sendo uma diligência contemporânea.

Assim, a tríade formada pelo apelo ao gozo absoluto de tonalidade capitalista, a ascensão de subjetividades conservadoras e a suspensão da prática comunitária parecem suficientes para começar a repensar o indivíduo contemporâneo a partir de uma posição narcísica e egóica em relação à cultura e à sociedade, em um quadro repressor, incapaz de se identificar e pertencer a um todo maior no que diz respeito às relações sociopolíticas. Em linhas mais amplas, o homem deste tempo investe seu desejo não apenas em um objeto inapreensível, mas em uma série deles, oferecidos não raro pela estrutura capitalista, o que intensifica e molda o sujeito como um ser de faltas e ausências que, por sua natureza, não podem ser assimiladas e, assim, voltam para o eu, compondo um quadro de características prototípicas da psicopatologia fenomenológica da melancolia. Poder-se-á, pois, na observação dos limites sociais e políticos da contemporaneidade, encarar a melancolia como um traço constitutivo de mortos-vivos, que procuram substanciais e alternativos modos de sobrevivência frente ao desmonte. Fala-se, então, em melancolias, na flexão de plural. Falo, então, de gestos melancólicos, como exercícios ativos. E, não sem razão, como consequência dessas mais variadas formas de afecção, a irrupção do mercado psicofarmacológico atualmente coloca em relevo a tentativa de busca constante por um anestésico que produza não só uma alteração anímica, mas um eclipse das angústias. Depois dos estudos de Freud, o 91 BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Trad. Plinio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003,

paradigma psiquiátrico redimensionará o significante melancolia para depressão. Herdeiros desse mal-estar, a tensão entre as noções não nos poupa da sensação, conforme Maria Rita Kehl defende:

Analisar as depressões como uma das expressões do sintoma social contemporâneo significa supor que os depressivos constituam, em seu silêncio e em seu recolhimento, um grupo tão incômodo e ruidoso quanto foram as histéricas no século XIX. A depressão é a expressão de mal-estar que faz água e ameaça afundar a nau dos bem-adaptados ao século da velocidade, da euforia prêt-à-porter, da saúde, do exibicionismo e, como já se tornou chavão, do consumo generalizado. A depressão é sintoma social porque desfaz, lenta e silenciosamente, a teia de sentidos e de crenças que sustenta e ordena a vida social desta primeira década do século XXI. Por isso mesmo, os depressivos, além de se sentirem na contramão de seu tempo, veem sua solidão agravar-se em função do desprestígio social de sua tristeza. Se o tédio, o spleen, o luto e outras formas de abatimento são malvistos no mundo atual, os depressivos correm o risco de ser discriminados como doentes contagiosos, portadores da má notícia da qual ninguém quer saber.92

Ainda, em suas constatações a respeito da melancolia, Freud pondera que o indivíduo melancólico estaria sempre em uma relação de proximidade com uma suposta verdade. De que espécie de verdade estaria nos falando o psicanalista em “Luto e Melancolia”? Alargando a pergunta: de que modo podemos falar hoje sobre limites e dobras de uma felicidade autêntica, verdadeira, frente às subjetividades melancólicas emergentes? Talvez, uma hipótese possível seja considerar que, no contexto contemporânea, o investimento em um projeto de felicidade é impertinente ao plano da existência ocidental humana. Sozinho, buscando alívio, assisto outra vez ao filme “Melancolia”, lançado em 2011, dirigido pelo cineasta dinamarquês Lars Von Trier. Com uma abertura de quase oito minutos, embalado pela ópera “Tristão e Isolda”, de Richard Wagner, o espectador é conduzido ao universo onírico onde é iminente a colisão da Terra com um planeta imaginário intitulado Melancholia. Contrapondo o universo minimalista de um núcleo familiar instável à escuridão apocalíptico- imaginária que paira sobre os humanos, o diretor enraíza à melancolia o aspecto simbólico da solidão, indicador de um sintoma social em uma contemporaneidade em ruínas. Frente a um contexto no qual, de um lado, não há mais nada a se perder, e, de outro, tudo pode ser perdido, ainda que não se vislumbre o quê ou como, a melancolia instala-se nos indivíduos, lendo-os mediante a perspectiva de Freud. Eles, consequentemente, retraem a libido para si, desprovendo-se de capacidade de se adaptar ao mundo exterior ou atender a urgência do contato com o outro. Com uma dinâmica quase surrealista, que acaba por propor uma potente alegoria para a condição do humano no século vigente, a produção artístico-visual “Melancolia" constrói-se como metáfora do sintoma social experimentado pelos humanos na contemporaneidade. De modo sutil, as apostas epistemológicas de Freud e Kristeva sobre melancolia e depressão, respectivamente, alastram-se, na epiderme do enredo do filme, como vasos comunicantes que convocam também a concepção de que até mesmo os homens ditos saudáveis, na ilimunação da noção comunitária falaciosa, gozando ainda de uma “gorda saúde dominante”93, tal qual insinua Deleuze, encontram-se terrivelmente doentes.

Seria essa uma imagem possível para pensar a melancolia hoje? É provável que sim, eu sei que sim. Convém, ainda, arrastar para cá outra dinâmica sociopolítica e cultural de constituição do presente e que, mesmo 92 KEHL, Maria Rita. O tempo e o cão: a atualidade das depressões. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 22.

apontando para o passado, também ressoa em minha história. Falo da melancolia originária dos deslocamentos territoriais modernos e contemporâneos, temática presente de modo agudo nos constructos artísticos de Leila Danziger. Caminhante entre crítica, visualidades e literatura, a obra de Leila opera criticamente movimentos artísticos e discursivos de supressão e aparição de visualidades e escritos, articulando a materialidade do trabalho à memória e à melancolia, esta entendida, pela artista, como ação reativa diante da aceleração do tempo. Elenca, aliás, como espinha dorsal das suas produções, as reminiscências de trânsitos dos judeus no século XX, mas não só deles, e toma como fio condutor das suas obras a interrogação constante pela memória do trânsito, buscando antes a contenção dos movimentos de imigração, exílio, diáspora e refúgio em imagens e escritos, do que a própria representação da catástrofe. O que me chama a atenção, neste ponto, é pensar a constituição trágica e traumática do corpo imigrante, sobretudo do corpo refugiado, mediante as vicissitudes do mecanismo da melancolia, comum ao globalismo contemporâneo. O que emerge, à luz desse motor de pensamento crítico, à primeira vista, é a noção de trauma, considerando uma espécie de redução ao resto, ideia originada — nos exílios, nos refúgios, nas diásporas, nas imigrações forçadas — pela intervenção do outro totalitário, ou, também, pela permanência da ruína. Interesso-me, entretanto, não apenas pela questão psicanalítica do trauma, mas por uma produção de pensamento e literária sobre a melancolia que permeia as subjetividades dos corpos em trânsito territorial no contexto atual, encontrando nas obras artísticas um espaço de produção de pensamento para entender o afeto triste de existir e resistir longe de casa. Essa angústia pode ser compreendida como um afeto que, por sua natureza, é impossível de ser traduzido plenamente em significantes por parte do sujeito em deslocamento:

É o que acontece com o imigrante que, no primeiro tempo de negação da perda, idealiza os objetos, as pessoas, a natureza e as relações com o país de origem, tentando manter vivo um passado que deixa de ser, para ele, passado. O choque com as perdas acontece no retorno em que ele não reconhece o que deixou para trás – pessoas e coisas – e também não se reconhece no passado que se transformou. Também pode ocorrer que em vez de luto fiquem ruminando e idealizando reminiscências.94

Sugere-se, então, uma íntima relação entre as dinâmicas de deslocamento territoriais e a melancolia, o que estimula a produção de pensamento sobre o contexto contemporâneo marcado pela sobrevivência dos sujeitos- refugiados, lançados à nudez. Constrói-se um interstício entre vida e morte, no qual irrompe a angústia da sobrevida. Sem conseguir processar essa angústia e o sofrimento por ela gerado, provavelmente ligados à perda de laços, o sujeito-imigrante melancoliza-se numa dinâmica paradoxal com o objeto perdido, pois, à medida que se isola da realidade por não a aceitar ou a compreender, inscreve e reforça os traços desse objeto no seu próprio ego, tal qual defendeu Freud. O banzo, como exemplo breve, caracteriza-se, a saber, por ser um conceito existencial ligado ao afroperspectivismo filosófico referente ao corpo negro brasileiro reterritorializado. Corpos estes que, como um desdobramento da angústia ocidental produzida como reverberação da lógica escravocrata e colonial, adquirem um phátos específico pela ausência de um objeto irrecuperável a par de sua condição

94 ROSA, Miriam Debieux; BERTA, Sandra Letícia; CARIGNATO, Taeco Toma; ALENCAR, Sandra. A condição errante do desejo: os

imigrantes, migrantes, refugiados e a prática psicanalítica clínico-política. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, v. 12, n. 3, setembro de 2009, p. 7.

escrava: o retorno ao lar.95 Acaso não seria isso o que, em consonância com o que pensou Freud, uma zona

intermediária entre luto e melancolia ? Ora, a melancolização do estrangeiro, para além da discussão a respeito do trauma coletivo, me leva a pensar na cada vez maior profusão de narrativas plástico-verbais e constructos visuais nos quais a condição do imigrante é personificada em tramas em que, na máquina de construção criativa, enredam a memória de um acontecimento exterior de deslocamento, abrindo margens para irromper abruptamente um acontecimento de ordem íntima. Minha história também está aí, carregada de segredos.

95 Cf. SILVA, Marcos da Silva e. O banzo, um conceito existencial: um afroperspectivismo filosófico do existir-negro. Revista de Filosofia,